quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Comércio Internacional Portugal-África (2016-2017)



Comércio internacional de mercadorias 
 de Portugal com África
(2016-2017)
" Disponível para download > aqui"

1 - Balança Comercial
De acordo com dados de base veiculados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para os anos de 2016 e 2017, em 2017, o comércio internacional de mercadorias de Portugal com o conjunto dos 59 países africanos representou 8,0% das exportações totais (8,3% em 2016) e 3,0% das importações (3,5% em 2016). Face ao conjunto dos países terceiros, o seu peso foi, respectivamente, 30,7% (33,2% em 2016) e 12,6% (15,9% em 2016). 
Neste trabalho os países africanos estão agrupados em três componentes: África do Norte (28,3% das importações portuguesas de África e 31,7% das exportações em 2017), Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) (16,3% e 54,4%, respectivamente) e Outros África (55,4% e 13,9%).

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com África foi favorável a Portugal nos dois últimos anos, tendo sido positivo o saldo com os países da África do Norte e com os PALOP e deficitária a balança com os Outros África.

Em 2017 o maior saldo positivo verificou-se com Angola (+1508 milhões de Euros) e o maior défice com a Guiné Equatorial (-382 milhões).

2 – Principais destinos e origens das trocas de mercadorias
      entre Portugal e África
2.1 - Destinos das exportações
Entre os países da África do Norte, que representaram 31,7% do total das exportações portuguesas para África em 2017, com uma taxa de variações homóloga (TVH), face ao ano anterior, de -8,4%, as maiores exportações incidiram em Marrocos (52,7% da região e 16,7% do conjunto dos países africanos, com TVH de +2,6%), seguido da Argélia, da Tunísia e do Egipto. A quebra em valor ficou a dever-se a decidas nas exportações para a Argélia (-36,2%) e para a Líbia (-52,1%).
Entre os PALOP, que representaram 54,4% das exportações para África em 2017 com uma TVH de +12,5% face ao ano anterior, o destaque vai para Angola (40,9% das exportações para África, 75,0% dos PALOP e TVH +19,0%), seguida de Cabo Verde e de Moçambique.
No conjunto dos Outros África (13,9% do total do continente), destacaram-se, por ordem decrescente de valor, a África do Sul, a grande distância dos restantes, o Gana, a Costa do Marfim, o Senegal, os Camarões, a Nigéria, o Quénia, a Guiné, o Burkina Faso, a Guiné Equatorial e a Mauritânia.

Do quadro seguinte constam as quotas de mercado das exportações portuguesas nos principais mercados de destino africanos, bem como a taxa de variação homóloga das importações globais em cada um dos países entre 2016 e 2017 e correspondentes taxas de variação das exportações portuguesas.

2.2 - Origens das importações
Entre os países da África do Norte, que representaram 28,3% das importações portuguesas oriundas da África, destacaram-se em 2017 a Argélia e Marrocos, seguidas do Egipto e da Tunísia.
Nas importações com origem nos PALOP, 16,3% do total África, predominou Angola, a grande distância de Moçambique e de Cabo Verde. As importações provenientes de Angola registaram em 2017 uma quebra de -65,6% face ao ano anterior.
As importações provenientes dos Outros África cresceram +67,1% entre 2016 e 2017, tendo representado 55,4% do total África, contra 31,6% no ano anterior. Os fornecimentos da Guiné Equatorial saltaram de 87,6 para 394,5 milhões de Euros, ocupando a primeira posição, que no ano anterior era ocupada pela África do Sul, apesar de as importações com esta origem terem crescido +40,0%. Aumentos importantes ocorreram também nos três países seguintes no “ranking”, os Camarões (+36,1%), o Congo (+1019,9%) e a Nigéria (+654,7%).

Em anexo apresentam-se quadros com os destinos e origens das exportações e importações dos 59 países, em valor, TVH e estrutura, em 2016 e 2017 (Anexos 1 e 2).
3 – Exportações portuguesas para África por grupos de produtos
Os grupos de produtos (ver definição do conteúdo no Anexo 3) com maior peso nas exportações portuguesas de mercadorias para o conjunto dos países africanos foram, em 2017, “Máquinas” (19,1% do Total), “Agro-alimentares” (16,7%), “Minérios e metais” (15,2%) e “Químicos” (13,5%). Seguiram-se os grupos “Energéticos” (9,8%), “Produtos acabados diversos” (8,2%), ”Madeira, cortiça e papel” (7,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (4,3%), “Têxteis e vestuário” (3,8%), “Calçado, peles e couros” (1,5%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,2%).

Decresceram, face ao ano anterior, as exportações de ”Aeronaves, embarcações e partes” (-14,1 milhões de Euros) e praticamente estabilizaram as de “Madeira, cortiça e papel”, tendo aumentado nos restantes grupos de produtos.
Os maiores acréscimos incidiram nos grupos “Químicos” (+78,5 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (+60,6 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (+43,2 milhões de Euros).

África do Norte

Nas exportações para o conjunto dos países da África do Norte os grupos de produtos dominantes em 2017 foram ”Minérios e metais” (22,4% do Total), “Energéticos” (20,0%), “Madeira, cortiça e papel” (13,5%), “Máquinas” (13,4%) e “Químicos” (10,3%).
Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (5,5%), “Produtos acabados diversos” (4,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (4,5%), “Agro-alimentares” (3,3%), “Calçado, peles e couros” (2,3%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3%).
Para a quebra global de -8,4% face ao ano anterior (-126,8 milhões de Euros), contribuíram principalmente os grupos de produtos “Máquinas” (-50,7 milhões), “Energéticos” (-48,7 milhões” e “Minérios e metais” (-47,0 milhões de Euros). Os maiores acréscimos ocorreram nos grupos “Material de transporte terrestre” (+24,2 milhões de Euros) e “Madeira, cortiça e papel” (+9,2 milhões). 

PALOP
Nas exportações para o conjunto dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) destacaram-se, em 2017, pelo seu peso relativo, os grupos de produtos “Agro-alimentares” (26,3% do Total), “Máquinas” (23,4%), “Químicos” (16,6%), “Produtos acabados diversos” (10,6%) e “Minérios e metais” (9,9%). Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (4,3%), “Têxteis e vestuário” (2,7%), “Energéticos” (2,7%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,2%), “Calçado, peles e couros” (1,2%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1%).
Em três dos onze grupos de produtos registaram-se quebras face ao ano anterior, designadamente em “Madeira, cortiça e papel” (-8,0 milhões de Euros), “Aeronaves, embarcações e partes” (-1,7 milhões) e “Calçado, peles e couros” (-111 mil Euros).
Os maiores aumentos ocorreram nos grupos “Químicos” (66,1 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (56,5 milhões), “Máquinas” (54,4 milhões) e “Minérios e metais” (52,1 milhões de Euros). Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (+22,1 milhões), “Têxteis e vestuário” (+14,9 milhões), “Energéticos (+5 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (+3,3 milhões).

Outros África
No conjunto dos restantes países, as exportações por grupos de produtos, em 2017, ordenaram-se da seguinte forma: “Minérios e metais” (19,4%), “Máquinas” (15,4%), “Energéticos” (14,9%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,5%), “Agro-alimentares” (9,3%), “Químicos” (8,5%), “Produtos acabados diversos” (7,2%), “Madeira, cortiça e papel” (6,8%), “Têxteis e vestuário” (4,7%), “Calçado, peles e couros” (0,7%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3%).

Decresceram, face a 2016, as exportações dos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (-16,3 milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (-5,0 milhões) e “Madeira, cortiça e papel” (-1,2 milhões).
O maior aumento ocorreu no grupo “Energéticos” (+58,0 milhões de Euros). Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+15,7 milhões), “Máquinas” (+12,9 milhões), “Minérios e metais” (+11,4 milhões), “Químicos” (+10,0 milhões), “Agro-alimentares” (+9,3 milhões), “Têxteis e vestuário” (+4,4 milhões) e “Calçado, peles e couros” (+617 mil Euros).

4 – Importações portuguesas de África por grupos de produtos

Mais de metade das importações portuguesas provenientes do conjunto dos países africanos reportam-se a produtos “Energéticos” (57,8% do total em 2017 e 63,0% em 2016). O segundo grupo com maior peso foi, em 2017, “Agro-alimentares” (20,9%). Com menor expressão seguiram-se os grupos “Químicos” (4,8%), “Têxteis e vestuário” (3,5%), “Máquinas” (3,3%), “Minérios e metais” (2,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,5%), “Madeira, cortiça e papel” (2,1%), “Calçado, peles e couros” (2,0%), “Produtos acabados diversos” (0,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1%).
Decresceram em 2017, face ao ano anterior, as importações dos grupos “Energéticos” (‑168,9 milhões de Euros), de “Máquinas” (-12,9 milhões), de “Madeira, cortiça e papel” (-8,2 milhões), de “Calçado, peles e couros” (-582 mil Euros) e de “Aeronaves, embarcações e partes” (-172 mil Euros).
Os maiores acréscimos verificaram-se mos grupos “Agro-alimentares” (+37,4 milhões de Euros), “Minérios e metais” (+30,5 milhões), “Químicos” (+12,8 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+4,4 milhões), “Produtos acabados diversos” (+4,0 milhões) e “Têxteis e vestuário” (+2,7 milhões de Euros).

África do Norte
Nas importações provenientes da África do Norte predominou o grupo “Energéticos” (53,3% do total em 2017 e 47,9% em 2016). Seguiram-se, em 2017, os grupos “Químicos” (12,0%), “Máquinas” (9,4%), “Agro-alimentares” (8,1%), “Calçado, peles e couros” (6,2%), “Têxteis e vestuário” (5,6%), “Minérios e metais” (5,5%), “Madeira, cortiça e papel” (3,1%), “Produtos acabados diversos” (1,2%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,1%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1%).
Os maiores decréscimos, entre os dois anos, ocorreram nos grupos “Energéticos” (-50,8 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (-4,8 milhões de Euros), “Madeira, cortiça e papel” (-3,1 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-2,3 milhões) e “Máquinas” (-1,4 milhões”). Por sua vez, os maiores acréscimos incidiram nos grupos “Minérios e metais” (+19,9 milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (+4,9 milhões) e “Químicos” (+2,7 milhões de Euros).

PALOP
Também no conjunto dos PALOP prevaleceu, nas importações, o grupo “Energéticos” (75,5% do Total em 2017 e 91,5% em 2016, seguido de “Agro-alimentares” (15,1%).
O peso dos restantes grupos oscilou entre apenas 1,8% e 0,2%.

Nas importações de produtos “Energéticos” registou-se uma acentuada quebra de -530,9 milhões de Euros, centrada em Angola.
Seguiram-se descidas nos grupos “Máquinas” (-1,9 milhões de Euros), “Têxteis e vestuário” (-1,7 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-784 mil euros) e “Minérios e metais” (-116 mil Euros).
O maior acréscimo nas importações ocorreu no grupo “Agro-alimentares” (+10,5 milhões de Euros), seguido dos grupos “Madeira, cortiça e papel” (+2,1 milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (+813 mil Euros) e “Químicos” (282 mil Euros).

Outros África
Com o grupo “Energéticos” ainda em destaque (57,8% do Total), seguiu-se em 2017, nas importações portuguesas provenientes dos países Outros África, o grupo “Agro-alimentares” (29,1%).

Com pesos muito inferiores, de referir os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (3,7%), “Têxteis e vestuário” (3,0%), “Químicos” (2,5%), “Madeira, cortiça e papel” (1,9%) e “Minérios e metais” (1,4%).
O maior acréscimo nas importações ocorreu no grupo “Energéticos” (+412,5 milhões de Euros), seguido dos grupos “Agro-alimentares” (+31,7 milhões), “Minérios e metais” (+10,8 milhões), “Químicos” (9,8 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (7,5 milhões” e “Têxteis e vestuário” (+4,6 milhões de Euros).

5 – Importações e exportações de “Energéticos” por mercados
Conforme se verifica, as importações portuguesas dominantes em cada um dos três conjuntos de países africanos considerados, incidem em sua grande parte no grupo de produtos “Energéticos”: África do Norte 47,9% em 2017; PALOP 75,5%; Outros África 57,8%.
Estas importações centram-se nos óleos brutos de petróleo, que representaram 97,2% do total dos fornecimentos de produtos “Energéticos” em 2016 (1,3 mil milhões de Euros) e 94,8% em 2017 (1,1 mil milhões).
Em 2017, as importações provenientes da África do Norte tiveram origem principalmente na Argélia, as dos PALOP em Angola e as dos Outros África na Guiné Equatorial, nos Camarões,  no Congo e na Nigéria.
Estes dois últimos países não haviam fornecido estes óleos em 2016, tendo por sua vez o Gabão e o Gana deixado de os exportar para Portugal em 2017.
Parte destes óleos, depois de transformados, são posteriormente exportados de Portugal para África, agora principalmente na forma de refinados de petróleo e óleos lubrificantes, que representaram 93,9% das exportações de produtos do grupo “Energéticos” em 2016 (390,9 milhões de Euros) e 94,8% em 2017 (408,6 milhões).
Estas exportações destinaram-se principalmente a Marrocos e à Tunísia, na África do Norte, à Guiné-Bissau e a Angola, entre os PALOP, e a Gana, Costa do Marfim, Tanzânia e Togo, entre os Outros África.



                   Alcochete, 23 de Dezembro de 2018.


Anexo 1

Anexo 2



Anexo 3







segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Série mensal Jan-Out 2018 - Comércio internacional



Comércio Internacional de mercadorias
- Série mensal -
Janeiro a Outubro de 2018 

                                                  ( disponível para download  >> aqui )

1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 10 de Dezembro de 2018, nos primeiros dez meses de 2018 as exportações de mercadorias cresceram em valor +6,5% face ao mesmo período do ano anterior (+2987 milhões de Euros), a par de um acréscimo das importações de +7,5% (+4347 milhões de Euros).
As exportações para o espaço comunitário (expedições) registaram um aumento de +9,4% (+3195 milhões de Euros), ao mesmo tempo que as exportações para os países terceiros decresceram -1,7 (-208 milhões de Euros). Por sua vez, as importações de mercadorias provenientes dos parceiros comunitários (chegadas) aumentaram +6,6% (+2886 milhões de Euros), com as importações originárias dos países terceiros a crescerem +10,5% (+1461 milhões de Euros).

Na sequência deste comportamento, o défice comercial externo (Fob-Cif) aumentou +11,3%, ao situar-se em -13417 milhões de Euros (um acréscimo de 1359 milhões de Euros face a igual período do ano anterior, com uma redução de 309 milhões no comércio intracomunitário e um aumento de 1669 milhões no extracomunitário). Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações desceu de 79,1%, em 2017, para 78,4%, em 2018.


A variação do preço de importação do petróleo repercute-se, naturalmente, no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo sensível na Balança Comercial. O valor médio unitário de importação do petróleo, que no conjunto dos dez primeiros meses de 2017 se situou em 345 Euros/Ton, subiu para 452 Euros/Ton em 2018.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (respectivamente 12,2% e 7,1% do total no período de Janeiro-Outubro de 2018), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações sobe, em 2018, de 78,4% para 83,0%.


2 – Evolução mensal

3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
No período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que representaram 76,0% do total (74,0% em 2017), cresceram em valor +9,4%, contribuindo com +7,0 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de crescimento global de +6,5%. As exportações para o espaço extracomunitário, que representaram 24,0% do total em 2018 (26,0% em 2017), registaram um decréscimo em valor -1,7% contribuindo negativamente, com -0,5 p.p., para a taxa de crescimento global. 


Os principais mercados de destino foram a Espanha (25,3%), a França (12,7%), a Alemanha (11,6%), o Reino Unido (6,3%), os EUA (5,0%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (3,8%), Angola (2,6%), a Bélgica (2,3%), o Brasil (1,4%), a Polónia (1,3%), Marrocos (1,3%) e a China (1,2%), países que representaram 79,0% do total.
Angola, o segundo mercado entre os países terceiros depois dos EUA, registou uma quebra em valor de –14,6% nos primeiros dez meses do ano (-218,9 milhões de Euros), envolvendo dez dos onze grupos de produtos. As maiores descidas incidiram nos grupos “Agro-alimentares” (‑62,1 milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (‑60,2 milhões), “Químicos” (-40,1 milhões), “Produtos acabados diversos” (-24,6 milhões) e “Minérios e metais” (‑15,9 milhões de Euros).
O único acréscimo coube ao grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+2,8 milhões de Euros), envolvendo essencialmente embarcações de pesca. 

Entre os trinta principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações no período em análise (+6,5%), couberam a Espanha (+1,7 p.p.), França (+1,1 p.p.), Alemanha (1,0 p.p.), Itália (+1,0 p.p.), Áustria (+0,4 p.p.), Provisões de Bordo Extra-UE (0,3 p.p.) e Polónia (0,2 p.p.).
Os maiores contributos negativos pertenceram a Angola (‑0,5 p.p.), China (-0,3 p.p.),  Brasil (-0,2 p.p.) e Taiwan (-0,1 p.p.).

O maior acréscimo, em Euros, nas exportações (expedições) para o espaço comunitário no período de Janeiro a Outubro de 2018, em termos homólogos, verificou-se em Espanha, seguido dos da França, da Alemanha, da Itália e da Áustria. Com menor expressão alinharam-se depois a Polónia, a Eslováquia, as Provisões de bordo, a Suécia, a Bélgica, a Hungria a Dinamarca, a Lituânia e a Finlândia. Os maiores decréscimos couberam à Irlanda e ao Luxemburgo.

Entre os Países Terceiros, os maiores acréscimos ocorreram nas exportações para Provisões de bordo, seguidas da Turquia, da Austrália, dos EUA, do Canadá, da Tunísia, do México, de Israel, do Chile e da Argentina. Os maiores decréscimos couberam a Angola, à China, ao Brasil, ao Líbano, a Ghana, a Gibraltar, à Arábia Saudita, a Taiwan, ao Irão e ao Bahrein.

3.2 - Importações
Em 2018, no período em análise, as importações (chegadas) com origem na UE, que representaram 75,4% do total (76,0% no mesmo período de 2017), registaram um acréscimo de +6,6% e contribuíram com +5,0 p.p. para uma taxa de crescimento global de +7,5%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram um acréscimo de +10,5%, representando 24,6% do total em 2018 (24,0% em 2017), com um contributo para o crescimento de +2,5 p.p..
Os principais mercados de origem das importações em 2018 foram a Espanha (31,3%), a Alemanha (13,7%) e a França (7,5%). Seguiram-se a Itália (5,3%), os Países Baixos (5,2%), a China (3,2%), a Bélgica (2,8%), o Reino Unido (2,5%), a Federação Russa (1,8% cada), os EUA (1,7%) e o Brasil (1,3%), países que representaram no seu conjunto 76,4% das nossas importações totais.

Entre os maiores contributos positivos para o crescimento das importações (+7,5%) destacam-se a Espanha (+1,7 p.p.), a Alemanha (+1,2 p.p.), a França (0,7%), o Cazaquistáo (0,5%), os EUA e a China (+0,4 p.p. cada), seguidos da Turquia, Itália, Bélgica e Países Baixos (+0,3 p.p. cada) e da Argélia e Rep.Checa (0,2p.p. cada).

Por sua vez, os maiores contributos negativos couberam a Singapura e ao Brasil (-0,5 p.p. cada), à Federação Russa (-0,4 p.p.) e à Colômbia (-0,1 p.p.).
Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária e nos países terceiros.


4 – Saldos da Balança Comercial
No período em análise, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam ao Reino Unido (+1538 milhões de Euros), à França (+1518) e  aos EUA (+1397 milhões). Seguiram-se Angola (+1284 milhões) e Marrocos (+478 milhões de Euros).
O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-7144 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (‑2861 milhões), da China (-1403 milhões), dos Países Baixos (-1370 milhões), e da Itália (‑1285 milhões de Euros).

5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2/SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver Anexo). Os grupos com maior peso nas exportações de mercadorias em 2018, representando 80,8% do total no período em análise, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,3% do total e TVH -1,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (13,7% e TVH +35.8%), “Químicos” (12,2% e TVH +1,8%), “Agro-alimentares” (12,1% e TVH +4,9%) “Minérios e metais” (9,8% e TVH +8,0%), “Produtos acabados diversos” (9,4% e TVH +6,3%) e “Têxteis e vestuário” (9,3% e TVH + 2,5%).
Os maiores acréscimos, em Euros, ocorreram nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+1,8 mil milhões de Euros), “Minérios e metais” (+355 milhões), “Agro-alimentares” (+274 milhões), “Produtos acabados diversos” (+271 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (+214 milhões) e “Energéticos” (+144 milhões de Euros). Os decréscimos incidiram em “Máquinas, aparelhos e partes” (-117 milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (-92 milhões) e “Calçado, peles e couros” (-37 milhões).

5.2 – Importações
No mesmo período, os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 73,0% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (17,4%, com uma taxa de variação homóloga em valor de +9,6%), “Químicos” (16,3% do total e TVH de +8,6%), “Agro-alimentares” (14,7 e TVH +2,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,4% e TVH +9,1%) e “Energéticos” (12,2% e TVH de +12,9%).
À excepção do grupo “Aeronaves, embarcações e partes”, que registou em 2018 uma quebra de -179 milhões de Euros face ao período homólogo do ano anterior, em todos os restantes se verificaram acréscimos nas importações, tendo ocorrido os mais significativos nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+948 milhões), “Energéticos” (+863 milhões), “Químicos” (+805 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+647 milhões), e “Minérios e metais” (+489 milhões de Euros). 


6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os mercados de destino das exportações de mercadorias, a Espanha ocupou de Janeiro a Outubro de 2018 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 25,3% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição, depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4ª posição, antecedida do Brasil,  EUA e França).

Seguiram-se no “ranking” a França (12,7%), a Alemanha (11,6%), o Reino Unido (6,3%), os EUA (5,0%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (3,8%), Angola (2,6%), a Bélgica (2,3%), e o Brasil (1,4%). Estes dez países cobriram 75,3% das exportações totais.
6.2 – Importações

Nesta vertente do comércio internacional, a Espanha ocupou o primeiro lugar em dez dos onze grupos de produtos, com 31,3% do total, sendo a excepção o grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (5º lugar, antecedida dos EUA, da Alemanha, da França e dos Países Baixos).
Seguiram-se a Alemanha (13,7%), a França (7,5%), a Itália (5,3%), os Países Baixos (5,2%), a China (3,2%), a Bélgica (2,8%), o Reino Unido (2,5%), a Rússia (1,8%) e os EUA (1,7%).
Estes dez países cobriram 75,1% das importações totais.

Alcochete, 17 de Dezembro de 2018.


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Comércio internacional da pesca - Janeiro a Setembro 2017-2018


Comércio internacional da pesca,
preparações, conservas e
outros produtos do mar
(Janeiro a Setembro de 2017 e 2018)
" Disponível para download > aqui"


1 – Nota introdutória

De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 10 de Dezembro de 1982, os países costeiros têm direito a declarar uma zona económica exclusiva (ZEE) de espaço marítimo para além das suas águas territoriais, na qual têm prerrogativas na utilização dos recursos do leito do mar, fundos marinhos e seu subsolo, com responsabilidade na sua gestão ambiental.
Portugal é detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE), a nível europeu e mundial, com mais de 1,7 milhões de Km2, compreendendo três subáreas: Continente (287,5 mil Km2), Açores (930,7 mil Km2) e Madeira (442,2 mil Km2). Aguarda-se uma decisão das Nações Unidas sobre uma proposta de extensão da sua plataforma continental das 200 para as 350 milhas, apresentada em Maio de 2009, que a ser aceite alargará a ZEE nacional para mais de 3 milhões de Km2.
Apesar da enorme extensão já hoje disponível, a balança comercial da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar é deficitária, representando as importações um valor duplo do das exportações. No presente trabalho pretende-se analisar a evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística para o os primeiros nove meses de 2017 (versão provisória) e 2018 (versão preliminar), com última actualização em 9 de Novembro de 2018.
2- Peso do sector no comércio internacional global
De acordo com os dados disponíveis, as importações de produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar, representaram 3,0% das importações globais no período de Janeiro a Setembro de 2018 (3,1% em 2017) e 1,8% das exportações (1,9% no mesmo período de 2017).


3 – Balança Comercial

A balança comercial destes produtos do mar foi deficitária nos primeiros nove meses dos anos em análise, com défices de -812 milhões de Euros em 2017 e -859 milhões em 2018 e um grau de cobertura das importações pelas exportações inferior a 50%. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, que representaram no seu conjunto, nos dois anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais de produtos do mar.

O único agregado, entre os sete considerados, em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos”.


Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial destas componentes desagregadas por produtos da NC e quantidades transaccionadas.

4 – Importações
As importações do conjunto destes produtos cresceram +4,0% nos primeiros nove meses de 2018, face ao mesmo período do ano anterior (+64,7 milhões de Euros), tendo os maiores aumentos incidido nas importações de “Peixe” (62,1% do total e +35,0 milhões de Euros) e de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos“ (26,8% no total e um acréscimo de +31,4 milhões de Euros).

Nestas importações assumem particular relevância as de bacalhau, nos seus diversos estados, que serão adiante objecto de uma análise mais pormenorizada.
4.1 – Mercados de origem
Em termos globais, no período de Janeiro a Setembro de 2018 os principais fornecedores destes produtos foram a Espanha (36,6%), a Suécia (11,0%), os Países Baixos (8,7%), a China (4,6%), a Rússia (4,0%), a Dinamarca (2,9%), a Índia (2,5%), a Grécia (2,3%) e o Vietname (2,0%), conjunto de países fornecedores de cerca de 75% do total importado por Portugal neste período.


5 – Exportações
As Exportações cresceram +2,3% em termos homólogos (+17,8 milhões de Euros). Este aumento centrou-se em “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos“, 30,8% no total e um acréscimo de +25,4 milhões de Euros.
Os fornecimentos de “Conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (22,3% do Total), registaram um aumento de 4,7 milhões de Euros. 
Por sua vez, as exportações de “Peixe” (44,6% do Total) acusaram uma quebra (-4,5%, -17,0 milhões de Euros), com principal incidência no ‘peixe fresco ou refrigerado’ e nos ‘filetes e outra carne de peixe’.

5.1 – Mercados de destino
Também do lado das exportações é a Espanha o principal mercado de destino, com mais de metade do total em 2018 (51,7%). Seguiram-se a Itália (13,6%), a França (9,4%) e o Brasil (6,6%), representando estes quatro países mais de 80% das exportações efectuadas n0 período em análise.


6 – Importação e exportação de sardinha
São conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, havendo mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselha a sua proibição em 2019.
Nos primeiros nove meses de 2018 assistiu-se a uma quebra na importação de sardinha fresca, refrigerada ou congelada de -28,0% em quantidade, em termos homólogos, e a uma redução na exportação de -36,5%, sendo o grau de cobertura do valor das importações pelas exportações de 64,4% em 2017 e de 77,3% em 2018.
As principais exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que registaram uma descida em quantidade de -21,4%.

No período de Janeiro a Setembro de 2018 o principal mercado de origem das importações de sardinha fresca, refrigerada ou congelada foi a Espanha (70,9%), seguida de Marrocos (20,3%), do Reino Unido (3,2%), da Croácia (2,7%), dos Países Baixos (1,7%) e da França (1,1%).

Os principais formecedores de conservas de sardinha foram Marrocos (43,2% em 2018 e 64,9% em 2017) e a Espanha (respectivamente 42,3% e 34,2%). Por sua vez, o principal mercado de destino das exportações foi a França (36,2%), seguida do Reino Unido (10,3%), da Áustria (8,5%), dos EUA (6,8%), da Bélgica (6,1%), da Espanha (5,7%) e da Alemanha (5,4%).

7 – Importação e exportação de bacalhau
Cerca de 1/4 das importações do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar reportam-se a bacalhau, nos seus variados estados.
Entre os vários tipos de bacalhau importados destaca-se o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’, seguido do ‘Congelado (excluindo filetes)’.

A principal origem da importação de bacalhau no período em análise foi a Suécia (37,5% do Total em 2018 e 37,7% em 2017), seguida dos Países Baixos (23,1% e 30,0%, respectivamente) e da Rússia (15,8% e 9,3%).
Sabe-se que a maior parte do bacalhau consumido em Portugal tem a sua origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um fornecimento de apenas 115 toneladas nos primeiros 9 meses de 2018 (fornecimento nulo em 2017), contra mais de 25 000 toneladas provenientes da Suécia em cada um dos anos.
Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os principais fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras. 



No período de Janeiro a Setembro de 2017 e 2018 Portugal exportou, em cada um dos anos, 14,1 mil toneladas de bacalhau, principalmente ‘Congelado (excluindo filetes)’ e ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’, tendo sido os principais destinatários o Brasil, a Espanha e a França.

8 – Taxas de variação homóloga em valor, volume e preço
      das importações e exportações dos produtos do mar
Os índices de preço, do tipo Paasche, utilizados depois como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume, foram calculados a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a Setembro de 2018, em primeira versão preliminar, sendo ainda provisória a versão dos correspondentes dados utilizados para 2017.
Para o cálculo dos índices de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas às importações e exportações destes produtos, foram agregadas em sete agrupamentos.
Os índices de preço de cada agrupamento foram obtidos a partir de uma primeira amostra automática construída com base nos produtos a 8 dígitos da NC com movimento nos dois anos, dentro de um intervalo definido por métodos estatísticos.
Seguiu-se uma análise crítica, que incluiu a desagregação por mercados de origem e de destino de posições pautais com peso relativo relevante que se encontravam fora do intervalo, incluindo-se na amostra aquelas que apresentavam um comportamento coerente na proximidade do intervalo encontrado.
De acordo com os cálculos efectuados, entre os dois anos as importações cresceram em preço +2,7% e as exportações +4,5%, com as importações a aumentarem em volume +1,3% e as exportações a decrescerem -2,1%.
Nos quadros seguintes pode observar-se a evolução das importações e das exportações dos produtos do mar em valor, volume e preço, nos sete agregados de produtos considerados.



Alcochete, 4 de Dezembro de 2018.

ANEXOS



Quadros e gráficos com a balança comercial das componentes
desagregadas por produtos NC e quantidades transacionadas