quinta-feira, 27 de março de 2025

Evolução das exportações e importações de Produtos Industriais Transformados (2020-2024)

 

Evolução das exportações e importações
de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
(2020-2024)

                                        (disponível para download  >> aqui)                                         

1 - Introdução

A evolução do nível de intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos Industriais Transformados (PIT), com maior valor acrescentado do que os restantes, tem um reflexo directo na balança comercial de mercadorias, sendo na exportação um importante indicador de desenvolvimento industrial.

Pretende-se neste trabalho analisar a evolução do comércio internacional português destes produtos a partir de dados de base de fonte “Instituto Nacional de Estatística” (INE) para os anos de 2020 a 2023, em versões já definitivas e de 2024 em versão preliminar, com última actualização em 12 de Março de 2025.

Os níveis de intensidade tecnológica considerados são os propostos pela OCDE, definidos com base na Revisão-3 da International Standard  Industrial Classification(ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353; Média-alta tecnologia - 24 excl.2423, 29, 31, 34, 352, 359; Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351 e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e 37).

A partir da tabela correspondente ao ano de 2007, com recurso à “Classificação Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 abrangendo o período de 2007 a 2024.

2 – Balança comercial de Produtos Industriais Transformados                    por níveis de intensidade tecnológica (2020-2024)

Ao longo do período de 2020 a 2024, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial anual portuguesa de “Produtos Industriais Transformados” foi negativo, tendo-se verificado um acréscimo sustentado do défice, de -8,2 mil milhões de Euros para -18,2 mil milhões.


No período em análise foi negativo o saldo da Balança Comercial dos produtos de Alta e de Média-alta tecnologia, não suficientemente compensado pelos saldos positivos verificados nos produtos de Média-baixa e de Baixa tecnologia, com um quota no conjunto muito inferior.


3 – Exportação de Produtos Industriais Transformados,                              por níveis de intensidade tecnológica (2020-2024)

Em 2020 o peso dos Produtos Industriais Transformados na exportação global situou-se em 94,1%, tendo decrescido para 93,3% em 2021. A partir de então aumentou sucessivamente, atingindo 93,7% em 2024.

Em 2024, o maior peso entre os níveis de intensidade tecnológica incidiu na Baixa tecnologia (33,2% e 33,0% em 2023), seguida da Média-alta tecnologia (28,8% e 30,5%), da Média-baixa tecnologia (24,1% e 23,9%) e da Alta tecnologia (13,9% e 12,5%).

O peso dos produtos de Alta tecnologia no total das exportações de Produtos Industriais Transformados, que decaíra de 11,5%, em 2020, para 9,9 em 2021, recuperou sucessivamente nos anos seguintes, atingindo 13,9% em 2024.

Aqui se enquadram, por ordem decrescente do seu peso em 2024, os “Produtos farmacêuticos” (34,8% do total deste nível), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (30,8%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão” (26,7%), a “Aeronáutica e aeroespacial” (4,2%) e o “Equipamento de escritório e computação” (3,5%).

O peso dos produtos de Média-alta tecnologia, que em 2020 e 2021 havia atingido 31,9% do total dos Produtos Industriais Transformados, decresceu tendencialmente a partir de então, situando-se em 28,8% em 2024.

Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu valor em 2024, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (42,9% do total deste nível), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,6%), os “Produtos químicos excepto farmacêuticos” (17,6%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (14,2%) e o “Equipamento ferroviário e de transporte n.e.” (3,7%).

Por sua vez, o peso do conjunto dos produtos de Média-baixa tecnologia, após uma subida de 21,8%, em 2020, para 25,8%, em 2022, reduziu-se nos anos seguintes, situando-se em 24,1% do Total em 2024. Incluem-se aqui, por ordem decrescente do seu peso em 2024, os “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustíveis nucleares” (26,6% deste nível), “Produtos da borracha e do plástico” (24,7%), “Fabrico de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (19,7%), “Metalurgia de base” (14,7%), “Produtos minerais não metálicos” (13,7%) e “Construção e reparação naval” (0,7%).

Por fim, nos produtos de Baixa tecnologia, assistiu-se a uma desaceleração do seu peso no período em análise, de 34,9%, em 2020, para 33,2%, em 2024. Incluem-se a este nível os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco” (36,9% em 2024), os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (31,6%), a “Pasta, papel, cartão e publicações” (13,8%), “Manufacturas n.e. e reciclagem” (10,2%) e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (7,6%).

Ao longo do período de 2020 a 2024 cresceu significativamente o ritmo de crescimento nominal das exportações de Produtos Industriais Transformados, com destaque para os produtos de Alta tecnologia e de Média-baixa tecnologia.


3.1 –Partição das exportações entre espaço Intra e Extra UE-27                  em 2023 e 2024

As exportações de Produtos Industriais Transformados têm a União Europeia por principal destino (70,3% em 2024 e 69,3% em 2023).

No período em análise, o maior peso do espaço Intra-UE nas exportações de Produtos Industriais Transformados coube ao nível de Média-alta tecnologia (75,4% em 2024 e 74,8% em 2023).

Seguiu-se a Baixa tecnologia (71,5% e 70,7%), a Alta tecnologia (68,8% e 63,7%) e a Média-baixa tecnologia (63,3% em cada um dos anos).


4 – Importação de Produtos Industriais Transformados,                              por níveis de intensidade tecnológica (2019-2023)

O peso dos Produtos Industriais Transformados na importação global portuguesa, que em 2020 atingira 86,3%, decaiu para 81,3% em 2022, recuperando o crescimento nos dois anos seguintes, atingindo 86,1% em 2024.

Em 2024, o maior peso entre os níveis de intensidade tecnológica da importação incidiu na Média-alta tecnologia (38,4% e 38,5% em 2023), seguida da Baixa tecnologia (26,1% e 25,7%), da Alta tecnologia (18,1% e 17,2%) e da Média-baixa tecnologia (17,4% e 18,6%). 


O peso dos produtos de Alta tecnologia no total das importações de Produtos Industriais Transformados, que em 2020 representava 18,6%, desceu sucessivamente até 2022, quando atingiu 17,1%, para subir até 18,1% em 2024.

 Aqui se enquadram, em 2024, por ordem decrescente do seu peso, os “Produtos farmacêuticos” (32,4% do total deste nível), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (30,5%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão” (18,6%), o “Equipamento de escritório e computação” (11,3%) e os produtos da área “Aeronáutica e aeroespacial” (7,2%).

O peso dos produtos de Média-alta tecnologia, que em 2020 representaram 38,7% do total dos Produtos Industriais Transformados, decresceu sucessivamente até 2022 (36,9%), situando-se em 38,5% em 2023 e 38,4% em 2024.

Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu valor em 2024, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (36,5% do total deste nível), os “Produtos químicos excepto farmacêuticos” (29,5%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,2%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (10,7%) e o “Equipamento ferroviário e de transporte n.e.” (2,0%).

Por sua vez, o peso dos produtos de Média-baixa tecnologia, que aumentara de 16,4%, em 2020, para 20,6%, em 2022, decaiu a partir de então, até 17,4% em 2024.

Inclui-se aqui “Metalurgia de base” (33,4% do total deste nível), “Produtos da borracha e do plástico” (20,8%), “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustíveis nucleares” (18,4%), “Fabrico de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (17,6%), “Produtos minerais não metálicos” (9,2%) e “Construção e reparação naval” (0,6%).

Os produtos de Baixa tecnologia, após uma queda do seu peso de 26,3%, em 2020, para 24,9%, em 2021, viram o seu peso aumentar sustentadamente até 2024, atingindo 26,1%.

Incluem-se aqui “Produtos alimentares, bebidas e tabaco” (48,9%), “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (29,0%), “Manufacturas n.e. e reciclagem” (10,0%), “Pasta, papel, cartão e publicações” (8,2%) e “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (3,9%).

Em 2024, face a 2020, cresceu significativamente o ritmo das importações nominais de Produtos Industriais Transformados.


4.1 –Partição das importações entre espaço Intra e Extra UE-27                  em 2023 e 2024

As importações de Produtos Industriais Transformados têm a União Europeia por principal origem (80,9% em 2024 e 80,6% em 2023). Em 2024, o maior peso nas importações de Produtos Industriais Transformados, no âmbito do espaço Intra-UE, por níveis de intensidade tecnológica, coube aos produtos de Média-alta tecnologia (83,6% nos dois anos) e de Baixa tecnologia (82,4% e 82,9% em 2023). Seguiu-se a Alta tecnologia (76,8% e 75,7%) e a Média-baixa tecnologia (76,7% e 76,0%). 



Alcochete, 27 de Março de 2025.


domingo, 23 de março de 2025

Comércio Internacional da Pesca (2023-2024)

 

Comércio Internacional da pesca,
preparações, conservas e outros
produtos do mar
(2023-2024)

(Disponível para download >>> aqui )


 1 - Introdução

Portugal, detentor de uma das maiores “Zonas Económicas Exclusivas” (ZEE) a nível europeu e mundial, mantém, no âmbito da “Pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar” uma balança comercial deficitária, com as importações (Fob) a representarem cerca do dobro do valor das exportações (Fob).

O peso destes produtos, no contexto do comércio global, foi tendencialmente decrescente ao longo dos últimos cinco anos do lado das importações (de 2,8%, em 2020, para 2,5%, em 2024), e tendencialmente crescente no âmbito das exportações (de 1,7% para 1,8%).

Neste trabalho vai-se analisar a evolução das importações e das exportações anuais destes produtos em 2024 (versão preliminar), face a 2023 (versão definitiva), a partir de dados de base divulgados no portal do ‘Instituto Nacional de Estatística’ (INE), com última actualização em 2 de Março de 2025.

2 – Balança Comercial

Em 2023 e 2024 a Balança Comercial destes produtos do mar foi deficitária, com défices (Fob-Cif) respectivamente de -1238 milhões e -1283 milhões de Euros.

Em 2024 as importações cresceram em valor +5,0% e as exportações +6,3%, tendo a défice aumentado +3,6%. O grau de cobertura das importações pelas exportações subiu de 52,0% para 52,6%.

Entre os agregados de produtos aqui considerados destacam-se o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e moluscos”, que representaram 97,9% do total das importações e 98,8% do total das exportações em 2024.

Na figura seguinte pode observar-se a Balança Comercial das sete componentes em que foram agregados os produtos em análise.


Como se pode observar, “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” foi a única componente em que o saldo da Balança Comercial foi positivo em cada um dos anos em análise, +33,5 milhões de Euros em 2023 e +54,4 milhões em 2024.

Os maiores défices incidiram nas componentes “Peixe” (-998 milhões de Euros em 2023 e ‑1032 milhões em 2022) e “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (respectivamente -258 milhões e -267 milhões de Euros).

Apresentam-se em Anexo quadros e gráficos com a Balança Comercial da desagregação de cada uma das componentes por produtos a 4 ou 6 dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação das quantidades transaccionadas.

3 – Importação

Em 2024 as importações deste conjunto de produtos cresceram +5,0% face ao ano anterior (+129,4 milhões de Euros) tendo o maior acréscimo cabido à componente “Peixe” (+5,2%, +85,0 milhões), seguida de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+3,7%, +22,5 milhões) e “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e moluscos” (+7,4%, +22,1 milhões de Euros.)

 Nas importações de “Peixe” assumem relevância as de bacalhau, nos seus diversos estados, que serão mais adiante abordadas com algum pormenor.


3.1 – Mercados de Origem

Em 2023 o principal mercado de origem das importações destes produtos foi a Espanha (43,8% do Total), seguida dos Países Baixos (10,0%) e da Suécia (8,0%).

Alinharam-se depois a China (3,8%), a Dinamarca (3,6%), o Equador (3,1%), a Noruega (3,1%), a Federação Russa (2,9%), a Índia (1,7%), a Alemanha (1,6%), a França (1,6%), Marrocos (1,2%), a África do Sul (1,1%), o Vietname (1,1%), a Grécia (0,9%), Turquia (0,8%), a Itália (0,8%), a Mauritânia (0,8%), o Chile (0,7%) e a Namíbia (0,6%).   

Este conjunto de países representou 91,1% do Total das importações dos produtos do mar em 2024 (91,0% em 2023).

4 – Exportação

Em 2024 as exportações cresceram em valor +6,3% face ao ano anterior (+84,4 milhões de Euros), tendo ocorrido acréscimos nas componentes “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e moluscos” (+43,0 milhões de Euros), “Peixe” (+31,4 milhões) e “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+14,4 milhões).

Seguiram-se, com decréscimos em valor, as exportações de “Farinhas e outros produtos da pesca” (-3,1 milhões de Euros), “Gorduras e óleos de peixe de mamíferos aquáticos” (-790 mil Euros), “Sal, águas-mãe de salinas e algas” (-340 mil Euros) e “Extractos e sucos de carnes”, de peixe, crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos (-331 mil Euros).


4.1 – Mercados de Destino

Mais de 80% das exportações destes produtos tiveram por destino em 2024 a União Europeia, com destaque para a Espanha (55,3% do Total), França (10,3%), Itália (9,1%) e Brasil (6,1%).

Seguiram-se, entre os principais países de destino os EUA (2,3%), o Reino Unido (1,7%), a China (1,6%), a Suíça (1,3%), a Alemanha e os Países Baixos (1,2% cada), a Bélgica (1,1%),  Áustria e o Canadá (0,9% cada) e Angola (0,8%).


5 – Importação e exportação de sardinha

Face à acentuada redução da espécie ao longo dos últimos anos em zonas em que operam habitualmente os pescadores portugueses e espanhois, existem limitações anuais impostas à pesca da sardinha, importante para o sector português da exportação de conservas, tendo mesmo havido um parecer científico do “Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES)” que aconselhava a sua proibição.


Em 2024 aumentou a importação de “Sardinha fresca, refrigerada ou congelada” (+10,4% em valor e +6,7% em quantidade) e aumentou a sua exportação (+19,3% e +32,9%, respectivamente). O valor médio por quilo subiu de 1,5 para 1,6 Euros na importação e desceu de 1,5 para 1,4 Euros na exportação. Os principais fornecedores foram a Espanha (78,5%), Marrocos (8,6%) e a França (7,5%). Os principais mercados de destino foram a Espanha (54,2%), a França (23,3%), o Canadá (5,3%), os EUA (4,1%) e a Alemanha (2,9%). 


Em 2024 aumentou a importação de “Conservas de sardinha” (+58,7%), cifrando-se em 6,2 milhões de Euros, com o valor médio por quilo a subir de 3,8 para 5,7 Euros.

A exportação, num valor de 83,4 milhões de Euros, aumentou +20,1% face a 2023, com o valor médio por quilo a subir de 6,5 para 7,0 Euros.


Em 2024 os principais mercados de origem foram a Espanha (52,5%), os Países Baixos (24,3%) e Marrocos (21,2%).

Os principais destinos foram a França (37,7%), o Reino Unido/Irl.NT (18,2%), os EUA (8,9%),  a Espanha (6,0%) e a Áustria (5,3%).

Seguiram-se a Bélgica (4,0%), os Países Baixos (3,2%), a Suíça (1,8%), a Alemanha (1,7%), Hong-Kong (1,5%), Macau (1,1%), o Brasil (1,1%), a Austrália (0,9%), o Canadá (0,9%), Israel, Colômbia e Itália (0,7% cada), a Finlândia e Angola (0,6% cada), a África do Sul (0,5%), a Dinamarca (0,4%) e a Suécia (0,3%).


6 – Importação e exportação de bacalhau

Em 2024 o bacalhau pesou 26,4% no total das importações dos produtos do mar (igual ao ano anterior) e 12,8% no total das exportações (12,7% em 2023).


O bacalhau ocupa uma posição importante na alimentação dos portugueses, tendo nos últimos dois anos o peso das importações sido cerca de quatro vezes superior ao das exportações.


Em 2024, face ao ano anterior, a importação de bacalhau aumentou +5,1% em valor e a exportação aumentou +7,3%. O valor médio por quilo da importação subiu de 7,1 para 7,9 Euros e o da exportação subiu de 9,0 para 10,0 Euros.


Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se, nas importações, o “Seco, salgado, em salmoura ou fumado” (67,3% em 2024) e o “Congelado excluindo filetes” (21,5%).

Nas exportações predominaram, em 2024, o bacalhau “Congelado excluindo filetes” (43,8%), os “Filetes em qualquer estado” (21,3%) e o “Seco, salgado, em salmoura ou fumado” (20,9%).

Em 2024 os principais mercados de origem das importações de bacalhau foram os Países Baixos (30,1% do Total), a Suécia (25,7%), a Noruega (11,2%) e a Federação Russa (10,9%). 

Seguiram-se, entre os principais, a Espanha (7,2%), a Dinamarca (6,0%), a China (3,7%), a Lituânia (1,5%), os EUA (1,3%) e a Gronelândia (0,8%), conjunto de países que representaram 98,4% do Total.

Os principais países de destino foram o Brasil (37,4%), a Espanha (30,3%) e a França (11,7%).

Seguiram-se a Itália (3,3%), a Suíça (3,0%), os EUA (2,6%), Angola (2,3%), a Bélgica (2,0%), o Luxemburgo (1,5%) e o Reino Unido/ Irl.NT (1,1%), países que representaram 95,2% do Total.



Segue-se, em Anexo, em quadros e gráficos, a Balança Comercial da desagregação de cada uma das componentes por produtos a 4 ou 6 dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação das quantidades transaccionadas.


ANEXO




























Alcochete, 23 de Março de 2025.




terça-feira, 11 de março de 2025

Comércio Externo da Índia (2019-2023) e Portugal-Índia (2020-2024)

 

Comércio Externo da Índia

2019-2023

e Portugal-Índia

 2020-2024

( disponível para download  >> aqui )

1 - Introdução

A Índia, com uma população superior a 1,4 mil milhões de habitantes,  idêntica à da China, compreende 28 “Estados” e 8 “Territórios da União”.

Os antigos territórios coloniais portugueses de Goa, Damão e Diu, e enclaves de Dadrá e Nagar Aveli, que constituíam o então chamado “Estado Português da Índia”, estão agora integrados no “Conselho Zonal do Oeste” da Índia, que compreende os estados de Goa, Guzerate, Maarastra e os territórios da União de Dadrá e Nagar Aveli, Damão e Diu.

As importações anuais portuguesas de mercadorias com origem na Índia atingiram em 2024 um crescimento em valor de +57,3% face a 2020, ao mesmo tempo que as exportações, acompanhando de perto, embora com níveis inferiores, o ritmo de crescimento das importações, atingiram +47,5%.

Neste trabalho é feita uma breve análise do Comércio Externo da Índia ao longo do período 2019-2023, com base em dados calculados pelo ’International Trade Centre’ (ITC) a partir de dados de fonte ‘COMTRADE’, da ONU, para o período 2019-2022, e do 'Directorate General of Commercial Intelligence Statistics,' da Índia, para 2023.

Segue-se uma análise da evolução do Comércio Internacional de Portugal com este país, com base em versões definitivas do ‘Instituto Nacional de Estatística de Portugal’ (INE) para os anos de 2020 a 2023 e preliminares para 2024.

2 – Comércio Externo da Índia (2019-2023)

2.1 – Balança Comercial

Entre os anos 2019 e 2023 a Balança Comercial da Índia foi deficitária, com o saldo a situar-se em -222,5 mil milhões de Euros em 2023.

Nesse ano as importações terão decaído -11,2% face ao ano anterior e as exportações -7,8%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a situar-se em 64,2%.

2.2 – Importação

Em 2023, numa análise das importações de mercadorias por grupos de produtos (ver Anexo), as principais importações na Índia incidiram nos grupos “Energéticos” (32,8% do Total em 2023 e 37,8% em 2022), “Máquinas, aparelhos e partes” (19,8% e 17,0%),“Minérios e metais” (19,3% e 18,0%) e “Químicos” (13,7% e 14,2%).

Entre os restantes, de referir os grupos “Agro-alimentares” (4,7% em ambos os anos) e “Produtos acabados diversos” (3,3% e 2,7%)

De acordo com os dados calculados pelo ITC com base em estatísticas da Índia, em 2023 as importações indianas com origem em Portugal terão totalizado cerca de 189 milhões de Euros, cabendo os maiores pesos aos grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (48 milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (45 milhões), “Minérios e metais” (35 milhões), “Químicos” (34 milhões) e “Produtos acabados diversos” (10 milhões de Euros).

2.3 – Exportação

Em 2023 as principais exportações de mercadorias da Índia incidiram no grupo de produtos “Energéticos” (20,7% e 21,8% em 2022), “Minérios e metais” (17,3% e 18,6%), “Químicos” (16,2% nos dois anos), “Maquinas, aparelhos e partes” (14,3% e 11,9%), e “Agro-alimentares” (11,4% em ambos os anos).

Seguiram-se, entre os principais, os grupos “Têxteis e vestuário” (8,1% e 8,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (4,9% e 4,8%) e “Produtos acabados diversos” (3,6% e 3,3%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (1,5% e 1,0%), “Calçado, peles e couros” (1,3% e 1,4%) e “Madeira, cortiça e papel” (0,9% nos dois anos).

De acordo com os dados calculados pelo ITC, em 2023 as exportações da Índia para Portugal terão totalizado 1092 milhões de Euros, cabendo os maiores valores aos grupos “Energéticos” (240 milhões de Euros), “Têxteis e vestuário” (239 milhões), “Químicos” (179 milhões), “Minérios e metais” (172 milhões) e “Agro-alimentares” (87 milhões de Euros).

2.4 – Principais mercados

Em 2023 o principal mercado de origem das importações indianas foi a China (18,1% do Total). Seguiram-se a Federação Russa (10,0%), os EUA (6,3%), os Emiratos (5,6%), a Arábia Saudita (5,2%), o Iraque (4,4%), a Indonésia (3,6%), a Coreia do Sul (2,9%), o Japão, Suíça e Austrália (2,8% cada) e a Alemanha (2,7%). Portugal terá representado apenas 0,03%.

Do lado das exportações destacaram-se os EUA (17,6% do Total), seguidos dos Emiratos (7,7%), dos Países Baixos (5,4%), da China (3,8%), do Reino Unido (3,1%), de Singapura (2,8%), do Bangladesh (2,6%), da Arábia Saudita (2,5), da Alemanha (2,2%) e de Hong-Kong (2,0%). Portugal terá representado 0,3% das exportações indianas.


3 – Comércio de Portugal com a Índia (2020-2024)

3.1 – Balança Comercial

Ao longo do último quinquénio a Balança Comercial de Portugal com o Índia foi deficitária. O maior défice ocorreu em 2022, com -1024 milhões de Euros, tendo-se situado em -889 milhões em 2024, na sequência de uma redução das importações de -2,4% face ao ano anterior e de um acréscimo das exportações de +8,7%.

3.2 – Importação

Numa análise por grupos de produtos (ver a composição dos grupos em Anexo), as principais importações portuguesas com origem na Índia em 2024 incidiram nos grupos “Têxteis e vestuário” (22,7% e 24,3% em 2022), “Químicos” (17,1% e 18,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (15,9% e 5,4%) e “Minérios e metais” (15,7% e 14,6%). Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (8,2% e 7,8%), “Energéticos” (7,3% e 7,2%), “Calçado, peles e couros” (6,3% em ambos os anos), “Material de transporte terrestre e partes” (3,0% e 2,2%), “Produtos acabados diversos” (2,6% e 2,8%), “Madeira, cortiça e papel” (1,1% e 1,0%), tendo sido nulas nos dois anos as importações do grupo “Aeronaves, embarcações e partes”.

Na figura seguinte encontram-se relacionados, por Grupos de Produtos, os principais produtos importados em 2024, e correspondentes valores em 2023, definidos a dois dígitos da Nomenclatura.

3.3 – Exportação

Em 2024 as principais exportações para a Índia couberam aos grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (33,2% e 26,4% em 2023), “Máquinas, aparelhos e partes” (19,8% e 19,4%), “Minérios e metais” (18,6% e 21,3%) e “Químicos” (16,7% e 18,7%).

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (4,2% e 6,3%), “Têxteis e vestuário” (3,8% e 3,7%), “Calçado, peles e couros” (1,8% e 2,0%), “Agro-alimentares” (1,2% e 1,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (0,4% e 0,3%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3% em ambos os anos), tendo sido praticamente nulas as exportações do grupo “Energéticos”.

Na figura seguinte encontram-se relacionados, por Grupos de Produtos, os principais produtos exportados em 2024, e correspondentes valores em 2023, definidos a dois dígitos da Nomenclatura.


Alcochete, 11 de Março de 2025.


ANEXO