terça-feira, 29 de maio de 2018

Índices do Comércio Internacional - Jan-Mar 2018


Comércio Internacional de Mercadorias
Taxas de variação homóloga
em valor, volume e preço
por grupos e subgrupos de produtos
(Janeiro a Março de 2018/2017)

" Disponível para download > aqui"



1 - Nota introdutória
O presente trabalho visou o cálculo de indicadores de evolução em valor, volume e preço do comércio internacional português de mercadorias no período de Janeiro a Março de 2018, face ao período homólogo do ano anterior.
Os índices de preço, do tipo Paasche, utilizados depois como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume, foram calculados a partir de dados de base elementares recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em primeira versão preliminar, sendo também ainda preliminar a versão dos correspondentes dados de 2017.
Para o cálculo dos índices de preço as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas às importações e exportações com movimento no período em análise, foram agregadas em 11 grupos e 38 subgrupos de produtos (ver Anexo).

2 – Nota metodológica
O método utilizado no cálculo dos índices de preço de Paasche deste trabalho assenta na selecção de uma amostra representativa do comportamento dos preços de cada subgrupo de produtos, que integra produtos com relativa homogeneidade, posteriormente ponderados para o cálculo do índice dos respectivos grupos, por sua vez ponderados para o cálculo do índice do total.
Os índices de preço de cada subgrupo são obtidos a partir de uma primeira amostra automática construída com base nos produtos com movimento nos dois períodos em análise, dentro de um intervalo definido por métodos estatísticos.
Segue-se uma análise crítica, que pode incluir, entre outros, o recurso à evolução do preço das matérias-primas que entram na manufactura de um dado produto, como indicador de consistência de um determinado índice que, apesar de um comportamento aparentemente anormal, pode ser incluído na amostra.
Mais frequentemente procede-se à desagregação por mercados de origem e de destino de posições pautais com peso relevante que se encontram fora do intervalo, incluindo-se na amostra do subgrupo aqueles que apresentam um comportamento coerente na proximidade do intervalo encontrado. Também produtos dominantes incluídos no intervalo e decisivos para o índice do subgrupo podem ser desagregados e considerados por mercados se, através de uma análise crítica, forem encontrados desvios sensíveis entre eles.
3 – Balança Comercial
De acordo com os dados preliminares utilizados, o défice da balança comercial de mercadorias no 1º trimestre de 2018 aumentou +24,8% face ao trimestre homólogo do ano anterior, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 83,6 para 80,8%.

As importações (somatório das chegadas de mercadorias provenientes do espaço comunitário com as importações originárias dos países terceiros), com um acréscimo em valor de +6,3%, terão registado um aumento em volume de +6,7% e um decréscimo em preço de -0,4%. Por sua vez, o acréscimo em valor de +2,7% verificado nas exportações terá resultado de um incremento em volume de +3,1%, com o preço a decrescer -0,3%.
Na presente conjuntura, dada a evolução do preço do petróleo, torna-se conveniente atentarmos na evolução do nosso comércio internacional quando excluído dos produtos que integram o grupo “Energéticos”

De acordo com os dados disponíveis, as importações, com exclusão dos produtos “Energéticos”, terão registado taxas de variação em valor, volume e preço respectivamente de +6,1%, +7,4% e -1,2%. Por sua vez, as exportações terão averbado um aumento em valor de +3,8%, em resultado de num incremento em volume de +4,3% e de uma quebra em preço de -0,5%.
Sem “Energéticos”, o défice da balança comercial cresceu +22,1% (contra +24,8% em termos globais), com o grau de cobertura das importações pelas exportações a descer de 87,5% para 85,6% (em lugar de 83,6% para 80,8%).
A evolução em volume das exportações constitui uma medida da capacidade produtiva da indústria, tendo-se verificado no período em análise uma taxa de crescimento global de +3,1%, e de +4,3% se excluirmos os produtos “Energéticos”. 

Nos primeiros três meses de 2018, o saldo da balança comercial foi positivo em quatro dos onze grupos de produtos considerados, que representaram 30,4% das exportações e 17,1% das importações totais: “Madeira, cortiça e papel”, “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.


4 – Importações
No período em análise, os grupos de produtos com maior peso nas importações de mercadorias em 2018 foram: “Máquinas, aparelhos e partes” (17,3% do total em 2018 e 16,6% em 2017), “Químicos” (16,6% e 16,8%, respectivamente), “Agro-alimentares” (14,0% e 14,7%), “Material de transporte terrestre e partes” (13,4% e 13,2%) e “Energéticos” (11,9% e 11,7%).
Seguiram-se os grupos de produtos ”Minérios e metais” (8,9% em 2018 e 8,8% em 2017), “Produtos acabados diversos” (5,9% nos dois anos), “Têxteis e vestuário” (5,7% e 6,1%), “Madeira, cortiça e papel” (3,2% nos dois anos), “Calçado, peles e couros” (2,3% e 2,5%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,8% e 0,5%).

De acordo com os cálculos efectuados, à excepção do grupo “Têxteis e vestuário” todos os restantes registaram taxas de crescimento em valor positivas, com destaque para o grupo “Energéticos” (+10,8%).
Em todos os grupos se verificaram taxas de crescimento em volume positivas, com destaque para o grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (+14,6%), seguido dos grupos “Produtos acabados diversos” (+10,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (+6,8%) e “Calçado peles e couros” (+6,3%). A menor taxa de crescimento ocorreu no grupo “Energéticos” (+1,7%).
Na óptica da evolução em preço verificaram-se quebras na maioria dos grupos, com destaque para “Calçado, peles e couros” (-4,9%), “Produtos acabados diversos” (-4,8%) e “Têxteis e vestuário” (-4,.1%), tendo os principais aumentos ocorrido nos grupos “Energéticos” (+6,4%) e “Minérios e metais” (+4,0%).

5 – Exportações
Nos primeiros três meses de 2018, os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas exportações de mercadorias foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,5% do total em 2018 e 15,4% em 2017), “Material de transporte terrestre e partes” (14,1% e 10,6%), “Químicos” (12,2% e 13,2%), e “Agro-alimentares” (11,7% nos dois anos).

Em metade dos grupos de produtos para que foram calculados estes indicadores verificaram-se decréscimos em valor face ao período homólogo do ano anterior.
 A quebra mais acentuada coube ao grupo “Energéticos” (-10,2%), tendo o maior aumento incidido no grupo “Material de transporte terrestre” (+36,5%).
Nos restantes dois indicadores verificaram-se descidas na maioria dos grupos.
Em volume, destaca-se uma descida no grupo “Energéticos” (-11,6%) e um aumento no grupo “Material de transporte terrestre e partes” (+37,4%).
No âmbito do preço, a maior quebra verificou-se no grupo “Produtos acabados diversos” (-4,1%) e os dois maiores crescimentos nos grupos “Minérios e metais” (+5,0%) e “Madeira, cortiça e papel” (+4,3%). 


6 – Representatividade das amostras
A representatividade da amostra global de cada uma das vertentes comerciais, que serviu de base ao cálculo dos respectivos índices de preço de Paasche neste primeiro trimestre foi, respectivamente em 2017 e 2018, de 89,3% e 88,7% nas importações e de 92,1% e 92,7% nas exportações.

Na figura seguinte encontra-se definido o conteúdo dos grupos e subgrupos de produtos aqui considerados, com base na Nomenclatura Combinada em uso na União Europeia.

22 de Maio de 2018.




domingo, 13 de maio de 2018

Série mensal - Jan-Mar 2018-Comércio Internacional


Comércio Internacional de mercadorias
- Série mensal -
Janeiro a Março de 2018 

( disponível para download  >> aqui )


1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 10 de Maio de 2018, nos três primeiros meses de 2018 as exportações de mercadorias cresceram em valor +2,7% face ao mesmo período do ano anterior (+381 milhões de Euros), a par de um acréscimo das importações de +6,3% (+1058 milhões de Euros).
As exportações para o espaço comunitário (expedições) registaram um aumento de +6,2% (+647 milhões de Euros), ao mesmo tempo que as exportações para os países terceiros decresceram -7,5% (-266 milhões de Euros). Por sua vez, as importações de mercadorias provenientes dos parceiros comunitários (chegadas) aumentaram +6,9% (+873 milhões de Euros), com as importações originárias dos países terceiros a crescerem +4,7% (+185 milhões de Euros).
Na sequência deste comportamento, o défice comercial externo (Fob-Cif) aumentou +24,8%, ao situar-se em -3403 milhões de Euros (um acréscimo de 677 milhões, cabendo 227 milhões ao comércio intracomunitário e 450 milhões ao extracomunitário). Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações desceu de 83,6%, em 2017, para 80,8%, em 2018.


A variação do preço de importação do petróleo repercute-se também, naturalmente, no valor das exportações de produtos energéticos. O valor médio unitário de importação do petróleo, que no conjunto dos dois primeiros meses de 2017 se situou em 371 Euros/Ton, subiu para 413 Euros/Ton em igual período de 2018.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (respectivamente 11,9% e 6,7% do total no período Janeiro-Março de 2018), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações em 2018 sobe de um total de 80,8% para 85,6%, com o aumento do défice, em termos homólogos, a descer de +21,2% para +17,1%.

2 – Evolução mensal



3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações
No período de Janeiro-Março de 2018, as exportações nacionais para a UE (expedições), que representaram 77,1% do total (74,6% em 2017), cresceram em valor +6,2%, contribuindo com +4,6 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de crescimento global de +2,7%. As exportações para o espaço extracomunitário, que representaram 22,9% do total em 2018 (25,4% em 2017), registaram um decréscimo em valor -7,5%, contribuindo com -1,9 p.p. para a taxa de crescimento global. 


Os principais mercados de destino em 2018 foram a Espanha (25,2%), a França (13,4%), a Alemanha (11,8%), o Reino Unido (6,5%), os EUA (4,8%), os Países Baixos e a Itália (4,0% cada), a Bélgica (2,6%), Angola (2,4%), o Brasil (1,7%) e a Polónia (1,3%), países que no seu conjunto absorveram 77,7% das nossas exportações.
Angola, o segundo mercado de destino entre os países terceiros depois dos EUA, registou no primeiro trimestre de 2018, face ao homólogo de 2017, uma quebra em valor de -22,4% (-100,4 milhões de Euros), envolvendo dez dos onze grupos de produtos, tendo as descidas mais significativas incidido nos grupos “Agro-alimentares” (-26,8 milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (‑25,1 milhões), “Químicos” (-16,8 milhões de Euros), e “Minérios e metais” (-15,3 milhões). O único acréscimo coube ao grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+1,2 milhões de Euros), o grupo menos representativo (0,4% do total), essencialmente constituído por embarcações e estruturas flutuantes.

Entre os trinta principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações no período em análise (+2,7%), couberam a França (+1,1 p.p.), Alemanha (+0,8 p.p.), Áustria e Brasil (+0,5 p.p. cada), Itália (+0,4 p.p.), Bélgica, Espanha, Eslováquia, Suécia e Provisões de bordo (+0,2 p.p. cada). Os maiores contributos negativos pertenceram a Angola (-0,7 p.p.), e EUA, China e Marrocos (-0,4 p.p. cada).

O maior acréscimo em Euros nas exportações para o espaço comunitário (expedições), em termos homólogos, verificou-se em França, seguida da Alemanha, da Áustria e da Itália. Com menor expressão alinharam-se depois a Bélgica, a Polónia, a Eslováquia, a Suécia, a Hungria, as Provisões de Bordo, os Países Baixos e a Espanha.
Os maiores decréscimos couberam à Irlanda e à Finlândia.


Entre os Países Terceiros, os maiores acréscimos ocorreram nas exportações para o Brasil, seguido da Tunísia. Seguiram-se com menor peso as Provisões de Bordo, o Canadá, a Croácia, a Colômbia e Taiwan. Os maiores decréscimos couberam a Angola, EUA, China, Marrocos, Gibraltar, Argentina e Costa do Marfim.

3.2 - Importações
No período em análise de 2018, as importações com origem na UE, que representaram 76,8% do total (76,4% no mesmo período de 2017), registaram um acréscimo de +6,9% e contribuíram com +5,2 p.p. para uma taxa de crescimento global de +6,3%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram um acréscimo de +4,7%, representando 23,2% do total em 2018 (23,6% em 2017), com um contributo para o crescimento de +1,1 p.p..
Os principais mercados de origem das importações em 2018 foram a Espanha (32,0%), a Alemanha (13,9%) e a França (8,0%). Seguiram-se a Itália (5,3%), os Países Baixos (5,2%), a China e a Bélgica (2,9%), o Reino Unido (2,6%), os EUA (1,8%), o Brasil (1,6%), a Federação Russa (1,3%), a Polónia (1,2%) e o Azerbaijão e a Turquia (1,1% cada), países que representaram no seu conjunto 80,9% das nossas importações totais.

Entre os maiores contributos positivos para o crescimento das importações (+6,3%) destacam-se a Espanha (+2,5 p.p.), a Alemanha (+0,9 p.p.), a Argélia e a França (+0,7 p.p. cada), o Cazaquistão (+0,6 p.p.), o Azerbaijão (+0,4 p.p.), a Bélgica, a China e a Itália (+0,3 p.p. cada).

Por sua vez, os maiores contributos negativos couberam à Federação Russa (-1,7 p.p.), seguida do Reino Unido (-0,2 p.p.) e da Colômbia (-0,1 p.p.).
Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária e nos países terceiros.


4 – Saldos da Balança Comercial
No período em análise, o maior saldo positivo da balança comercial (Fob-Cif) coube a França (+502 milhões de Euros), seguido dos saldos do Reino Unido (+482 milhões), dos EUA (+361 milhões), de Angola (+224 milhões) e de Marrocos (+112 milhões de Euros).
O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-2059 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (‑776 milhões), da Itália (-369 milhões), da China (‑365 milhões) e dos Países Baixos (‑350 milhões de Euros).

5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2/SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver Anexo). Os grupos com maior peso nas exportações de mercadorias, representando 81,2% do total em 2018, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,5% do total e TVH -3,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (14,1% e TVH +36,5%), “Químicos” (12,2% e TVH -5,3%), “Agro-alimentares” (11,7% e TVH +2,2%) “Minérios e metais” (9,7% e TVH +3,5%), “Têxteis e vestuário” (9,6% e TVH -0,2%), e “Produtos acabados diversos” (9,4% e TVH +4,5%).
Os maiores acréscimos, em Euros, ocorreram nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+538 milhões), “Produtos acabados diversos” (+59 milhões), “Minérios e metais” (+47 milhões) e “Agro-alimentares” (+36 milhões).
Os maiores decréscimos incidiram nos grupos “Energéticos” (-109 milhões de Euros),  “Químicos” (-98 milhões) e “Máquinas, aparelhos e partes” (-82 milhões).

5.2 – Importações
No mesmo período, os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 73,2% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (17,3%, com uma taxa de variação homóloga em valor de +10,8%) “Químicos” (16,6% do total e TVH de +5,1%), “Agro-alimentares” (14,0% e TVH de +1,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (13,4% e TVH de +8,0%) e “Energéticos” (11,9% e TVH de +8,2%).
À excepçãp do grupo “Têxteis e vestuário”, que registou em 2018 uma quebra de 4 milhões de Euros face ao período homólogo do ano anterior, em todos os restantes se verificaram acréscimos nas importações, tendo ocorrido os mais significativos nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+300 milhões de Euros), “Material de transporte terrestre e partes” (+176 milhões), “Energéticos” (+160 milhões), “Químicos” (+141 milhões) e “Minérios e metais” (+111 milhões). 

6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os mercados de destino das exportações de mercadorias, a Espanha ocupou em Jan-Mar 2018 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 25,2% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (3ª posição), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4ª posição).

Seguiram-se no “ranking” a França (13,4%), a Alemanha (11,8%), o Reino Unido (6,5%), os EUA (4,8%), a Itália e os Países Baixos (4,0%), a Bélgica (2,6%), Angola (2,4%), e Brasil (1,7%). Estes dez países cobriram 76,4% das exportações totais.
6.2 – Importações

Nesta vertente do comércio internacional, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos, com 32,0% do total, sendo as excepções os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, antecedida dos EUA, França e Países Baixos).
Seguiram-se a Alemanha (13,9%), a França (8,0%), a Itália (5,3%), os Países Baixos (5,2%), a China e a Bélgica (2,9% cada), o Reino Unido (2,6%), os EUA (1,8%) e o Brasil (1,6%).
 Estes dez países cobriram 76,2% das importações totais. 


12 de Maio de 2018.



domingo, 6 de maio de 2018

Comércio Internacional Português do Calçado (2012-2017)


Comércio Internacional Português 
do Calçado
(2012 a 2017)

(disponível para download > aqui )


1 - Nota introdutória
O sector português do calçado, essencialmente exportador, conheceu um processo de expansão a partir dos anos 70 do século passado, no contexto da primeira fase da integração europeia, e com grande força a partir de meados da década de 80.
À medida que os salários em Portugal se foram aproximando dos padrões europeus, houve que se procurar novos factores de competitividade e de versatilidade, a par de uma maior produtividade e cumprimento dos prazos de entrega, por forma a dar resposta pronta às exigências dos mercados.
A facilidade da sua implantação, devido à utilização de uma tecnologia relativamente acessível e à forte componente de mão-de-obra, que justificaram a entrada em Portugal de empresas multinacionais do sector, são as mesmas razões que explicam mais tarde a deslocalização de empresas europeias, incluindo a partir de Portugal, com consequente quebra na produção, para países menos desenvolvidos, em particular asiáticos, onde os custos salariais são mais baixos, gerando uma forte competitividade, situação que se tornou mais crítica por altura da entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001. 
Ainda na década de 90, em vésperas da entrada da China na OMC, houve já empresas que iniciaram então um processo de modernização, assente num up-grade da tecnologia aplicada, na utilização de recursos humanos mais qualificados e no apuramento do “design”, visando um maior valor acrescentado dos produtos face a uma quebra quantitativa da produção, processo algo moroso, como se pode observar no andamento do gráfico principalmente entre os anos 2001 e 2005.



A partir de 2009, assistiu-se a uma recuperação sustentada das exportações, sendo um dos objectivos deste trabalho analisar a evolução do sector entre 2012 e 2017.
No ponto 2 deste trabalho faz-se uma abordagem ao sector mundial do calçado e à posição relativa de Portugal, para no ponto 3 se analisar a evolução do comércio internacional português do sector nos últimos anos.

2 - Abordagem ao sector mundial do calçado
Os principais exportadores mundiais de calçado no biénio 2015-2016 foram dois países asiáticos, a China e o Vietname, que representaram em conjunto mais de metade da exportação mundial, com o último destes países a ultrapassar a Itália, que mantinha a segunda posição no “ranking”. Seguiram-se a Alemanha, a Bélgica, a Indonésia, a França, os Países Baixos, a Espanha, a Índia e, na 11ª posição, Portugal, com 1,6% do total. Abaixo de Portugal, mas a curta distância, seguiu-se o Reino Unido, e depois a Roménia, os EUA, a Polónia e o Brasil. Este conjunto de 16 países representou, neste período, cerca de 88% das exportações mundiais de calçado.

Como se pode observar no quadro, o peso da exportação portuguesa de calçado para o mundo desceu sustentadamente de 3,1% do total no biénio 2001-2002 (3,2% de acordo com as estatísticas portuguesas), para 1,6% em 2015-2016, com o peso da China a subir de 34,4% para 40,1% e o do Vietname de 3,7% para 11,5%.
Por tipos de calçado, prevalece o calçado com a parte superior em couro, que viu contudo o seu peso no total descer sucessivamente de 55,4%, no biénio 2001-2002, para 38,5% em 2015-2016, seguido do calçado de borracha ou plástico e do calçado com a parte superior em têxteis, cujo peso subiu respectivamente de 18,9% para 27,5% e de 10,5% para 24,0% no mesmo período.
As partes de calçado ocupam presentemente a quarta posição, tendo o seu peso no total descido sucessivamente de 10,7% em 2001-2002 para 5,9% em 2015-2016.
Com peso residual situam-se depois o calçado não especificado e o calçado impermeável de borracha ou plástico. 

3 – Comércio internacional português do calçado                            (2012 a 2017)
3.1 – Balança Comercial
A Balança Comercial do calçado é amplamente favorável a Portugal, tanto no espaço Intra-comunitário com em relação aos Países Terceiros, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.
Tanto as importações como as exportações cresceram sustentadamente ao longo do período de 2012 a 2017.

3.2 – Principais mercados de origem das importações de                   calçado
No período em análise, o principal mercado de origem das importações portuguesas de calçado foi a Espanha, com 33,9% do total em 2017.
Seguiram-se neste ano a Itália (9,2%), a Alemanha (9,0%), a França (8,0%), a Bélgica (7,6%), a China (7,0%), os Países Baixos (6,7%), a Indonésia (5,9%), a Índia (4,8%) e o Reino Unido (1,8%), países que, no seu conjunto, representaram 93,9% do total das importações de calçado neste ano.
Em 2017, cerca de 80% das importações tiveram origem no espaço da União Europeia.
Face ao ano anterior, as importações de calçado cresceram 37 milhões de Euros, cabendo um aumento de 17 milhões à Indonésia, de 7 milhões ao Reino Unido, de 5 milhões à Alemanha e de 3 milhões à Bélgica.

3.3 – Importações por tipos de calçado
Entre 2012 e 2017 a importação portuguesa de calçado representou cerca de 1% da importação global.
Por tipos de produtos, definidos ao nível de quatro dígitos da Nomenclatura Combinada em uso na União Europeia, coincidente até seis dígitos com o Sistema Harmonizado utilizado pela generalidade dos países, destaca-se a importação de calçado com a parte superior em couro (27,6% em 2017), seguida do calçado com a parte superior em têxteis (25,0%), das partes de calçado (22,9%) e de outro calçado de borracha ou plástico, não impermeável (21,1%).
Com peso residual alinham-se depois outro calçado não especificado (2,3%) e o calçado impermeável, de borracha ou plástico (1,0% do total em 2017).
Em 2017, face a 2012, os maiores aumentos em Euros verificaram-se nas importações de calçado com a parte superior de têxteis (+108,2 milhões de Euros), de calçado de borracha ou plástico, não impermeável (+65,4 milhões), de partes de calçado (+61,8 milhões) e de calçado com a parte superior de couro (41,7 milhões de Euros).

Do quadro seguinte constam os principais mercados de origem das importações portuguesas por tipos de calçado, em 2017.

3.4 – Principais mercados de destino das exportações de                   calçado
O Peso das exportações de calçado para o espaço Extra-comunitário no total aumentou de 9,4%, em 2012, para 14,0%, em 2017, com as exportações para os parceiros comunitários a crescerem também, mas a um ritmo inferior.  


Entre 2012 e 2015 os principais mercados de destino das exportações portuguesas de calçado foram a França (20,8% do total em 2017), a Alemanha (19,1%), os Países Baixos (14,0%) e a Espanha (9,1%).
Com quotas inferiores alinharam-se depois, ainda em 2017, o Reino Unido (6,2%), a Dinamarca (5,3%), os EUA (3,6%), a Itália (2,8%), a Bélgica (2,4%), e a Suécia (2,0%).


De 2012 a 2017, entre os dez países, aqueles em que o calçado deteve anualmente o maior peso no total das exportações com esse destino foram a Dinamarca (29,8% em 2017) e os Países Baixos (12,7%). Em 2017 seguiram-se a Suécia (7,9%), a Alemanha e da França (6,1% cada).

3.5 – Exportações por tipos de calçado
De 2012 e 2017 a exportação portuguesa de calçado representou entre 3,6% e 4,0% da importação global. Por tipos de produtos, definidos ao nível de quatro dígitos da Nomenclatura Combinada, destaca-se a exportação de calçado com a parte superior em couro (85,0% do total em 2017), seguida do calçado de borracha ou plástico, não impermeável (5,0%), do calçado com a parte superior de têxteis (3,3%), das partes de calçado (2,6%), de outro calçado não especificado (2,2%) e do calçado impermeável de borracha ou plástico (1,9%).


Em 2017, face ao valor que detinham em 2012, os maiores aumentos em Euros verificaram-se nas exportações de calçado com a parte superior de couro (+293,9 milhões de Euros) e de calçado de borracha ou plástico, não impermeável (+62,7 milhões). Aumentaram também as exportações de calçado com a parte superior de têxteis (+26,1 milhões), de calçado impermeável de borracha ou plástico (+12,1 milhões) e de partes de calçado (+7,2 milhões), tendo diminuído as de outro calçado, não especificado (‑34,8 milhões de Euros).
Do quadro seguinte constam os principais mercados de destino das exportações portuguesas por tipos de calçado, em 2017.

3.6 – Índices de variação homóloga das exportações                         de calçado em valor, volume e preço
Foram calculados os índices de evolução em preço, do tipo Paasche, para as exportações de cada tipo de calçado, e daí para o total, a partir dos respectivos dados elementares a oito dígitos da Nomenclatura Combinada divulgados pelo INE para o ano de 2017, em versão ainda preliminar, com base no ano anterior.
Estes índices de preço foram depois utilizados como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume.
De acordo com os dados disponíveis, verifica-se que as exportações de calçado em 2017, terão crescido +2,7% em valor, +2,6% em volume e +0,1% em preço, face ao ano anterior.
O maior aumento em volume coube ao calçado com a parte superior de têxteis (+59,9%), seguido do calçado impermeável de borracha ou plástico (+7,3%), do calçado de borracha ou plástico não impermeável (+2,1%) e do calçado com a parte superior em couro (+1,2%). Registaram-se quebras em volume nas exportações do calçado não especificado (-4,0%) e das partes de calçado (-3,7%).
Verificaram-se aumentos em preço na exportação de partes de calçado (+12,4%), no calçado de borracha ou plástico, não impermeável (+3,6%), no calçado não especificado (+2,2%) e no calçado com a parte superior de couro (+0,2%), e decréscimos no calçado com a parte superior de têxteis (-11,9%) e no calçado impermeável de borracha ou plástico (‑3,0%).


  Alcochete, 4 de Maio de 2018.