terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Comércio Externo de Angola 2015-2016 e Portugal-Angola 2000-2016 e Jan-Out 2017


Comércio Externo de Angola
(2015-2016)
Comércio Portugal-Angola
(2000-2016 e Jan-Out 2016-2017)

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1 – Nota introdutória
Neste trabalho é feita uma breve análise do comércio externo de mercadorias de Angola nos anos de 2015 e 2016, com base em dados estatísticos divulgados no "Anuário de Estatística de Comércio Externo-2016" editado pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola.
Estes dados, que se encontram em moeda nacional angolana, o Kwanza (AKZ), foram convertidos a Euros, tendo-se utilizado, no cálculo do câmbio médio anual AKZ/EUR nos anos em análise, tabelas de câmbio médio mensal publicadas pelo Banco Nacional de Angola.
Segue-se uma análise da evolução do comércio internacional de mercadorias de Portugal com Angola entre 2000 e 2016 e no período de Janeiro a Outubro de 2017.
2 – Alguns dados sobre o comércio externo de Angola
A economia angolana debate-se com uma acentuada e prolongada descida do preço do petróleo no mercado internacional desde meados de 2014, produto que representa cerca de 1/3 do seu PIB e mais de 90% das exportações do país.
2.1 – Balança Comercial
Em 2016, face ao ano anterior, as importações terão decrescido -43,3% e as exportações -13,2%, quando medidas em Euros.
O saldo da balança comercial, fortemente positivo, terá aumentado +41,3%, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações (237,3%). 

2.2 – Importações e exportações de mercadorias
Os Capítulos do Sistema Harmonizado de mercadorias (SH), coincidentes com os Capítulos da Nomenclatura Combinada em uso na União Europeia, foram aqui agregados em onze Grupos de Produtos (Ver conteúdo em quadro anexo).
Em 2016, face ao ano anterior, as importações, medidas em Euros, decresceram -43,3%, apresentando quebras em todos os grupos de produtos. As importações com maior peso no total incidiram nos grupos “Produtos acabados diversos” (25,2%), “Máquinas, aparelhos e partes” (24,7%), “Agro-alimentares” (15,7%), “Químicos” (11,2%) e “Minérios e metais” (10,3%).

A quota de Portugal nas importações angolanas, calculada a partir das exportações (Fob) de fonte INE de Portugal convertidas a (Cif), representaram 11,3% do total em 2015 e 14,2% em 2016 (13,1% e 14,9% se calculadas em Kwanzas).
Ao nível de grupos de produtos, as maiores quotas em 2016 couberam aos grupos “Madeira, cortiça e papel” (43,4%), “Calçado, peles e couros” (29,8%), “Agro-alimentares” (26,0%), “Químicos” (21,7%) e “Têxteis e vestuário” (19,0%).
Do quadro seguinte constam os grupos de produtos desagregados por conjuntos de capítulos (SH), todos eles com taxas de variação homóloga em valor negativas.



No mesmo período, as exportações decresceram -13,2% em valor em termos homólogos (-4 milhões de Euros), descida assente nas exportações do grupo “Energéticos”, que pesou 93,0% no total em 2016 (94,1% em 2015), essencialmente constituídas por petróleo bruto. O segundo grupo de produtos com maior peso, 4,1% em 2016 e 3,4% em 2015, foi “Minérios e metais”, onde se encontram incluídas as pedras e metais preciosos e o ferro e suas obras.No mesmo período, as exportações decresceram -13,2% em valor em termos homólogos (-4 milhões de Euros), descida assente nas exportações do grupo “Energéticos”, que pesou 93,0% no total em 2016 (94,1% em 2015), essencialmente constituídas por petróleo bruto. O segundo grupo de produtos com maior peso, 4,1% em 2016 e 3,4% em 2015, foi “Minérios e metais”, onde se encontram incluídas as pedras e metais preciosos e o ferro e suas obras.

2.3 – Principais mercados de origem e de destino

Em 2016 Portugal ocupou a primeira posição entre os fornecedores de mercadorias de Angola, com 14,9% do total das importações, ultrapassando a China (12,5%), que em 2015 fora o principal fornecedor.
Seguiram-se os EUA (10,8%), a África do Sul (5,3%), o Brasil (5,2%, a Bélgica (5,1%) e o Reino Unido (4,1%). Com menos de 4% do total, alinharam-se a Noruega, Singapura, a Malásia, a França, a Coreia do Sul, a Alemanha, a Índia, os Emiratos Árabes Unidos, a Tailândia, os Países Baixos, a Turquia e a Rússia.
Este conjunto de países representou 85,4% das importações totais.


As exportações angolanas em 2016, centradas no petróleo, tiveram por principal destino a China, com 45,5% do total, tendo Portugal ocupado a 9ª posição, com uma quota de 3,2%. Outros países de destino foram, por ordem decrescente do seu peso, a Índia, os EUA, a África do Sul, Taiwan, as Bahamas, os Emiratos Árabes, a França, o Canadá, a Espanha e os Países Baixos. No seu conjunto, estes países absorveram 85,2% das exportações.

3 – Trocas comerciais de Portugal com Angola
      entre 2000 e 2016
Para as trocas comerciais de Portugal com Angola vão agora ser utilizadas estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, com dados definitivos para os anos de 2000 a 2015 e provisórios para 2016.
3.1 – Balança Comercial
A balança comercial de mercadorias de Portugal com Angola é francamente favorável a Portugal, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações. O saldo cresceu sucessivamente de 2000 a 2009, ano em que atingiu 2,1 mil milhões de Euros, para decrescer até 2013 (481 milhões de Euros). Após uma subida significativa em 2014, voltou a cair, para se situar em 692 milhões de Euros em 2016.

3.2 – Importações
As importações, centradas no petróleo, pouco expressivas entre 2000 e 2006, aparte uma quebra pontual em 2009 cresceram sustentadamente em valor até 2013, quando atingiram 2,6 mil milhões de Euros, para decaírem a partir de então, situando.se em 810 milhões de Euros em 2016.
O acréscimo em valor das importações verificado entre 2009 e 2013, ficou a dever-se a um aumento da quantidade importada, em conjugação com um acréscimo do seu preço até 2012. Em 2014, face ao ano anterior, ocorreu uma descida significativa em volume, a que se sobrepôs um decréscimo do preço até 2016.


3.3 – Exportações
As exportações cresceram sucessivamente entre 2000 e 2008, decaindo ligeiramente nos dois anos seguintes no decorrer do impacto da crise que abalou o mundo, para voltarem a crescer até 2014, ano em que atingiram 3,2 mil milhões de Euros, decaindo depois significativamente até 2016.


Nas figuras seguintes pode observar-se o ritmo de variação nominal anual das exportações em cada um dos grupos de produtos considerados, encontrando-se patente na generalidade dos grupos, o seu contributo para a quebra no crescimento global nos anos de 2009 e 2010, e a descida verificada nos dois últimos anos.
O único grupo em que se registou um crescimento em valor em 2016 foi o dos produtos “Energéticos”, constituídos principalmente por óleos para motores, mas também por líquidos para transmissões hidráulicas, óleos para engrenagens e “Jet-fuel”. 


4 – Trocas comerciais de Portugal com Angola no período
      Janeiro-Outubro 2016-2017
Os dados de base do Instituto Nacional de Estatística de Portugal utilizados na análise da evolução do comércio externo com Angola nos primeiros dez meses de 2017, face ao mesmo período do ano anterior, correspondem a uma versão provisória, para 2016, e preliminar para 2017.
4.1 – Balança Comercial
O saldo da Balança comercial de Portugal com Angola nos primeiros dez meses de 2017 registou um forte crescimento (+102,9%), na sequência de uma acentuada quebra das importações (-70,1%), a par de um crescimento das exportações (+32,8%), tendo o grau de cobertura das importações pelas exportações subido de 156,7%, em 2016, para 696,5%, em 2017.

4.2 – Importações
As importações assentam, em sua grande parte, no grupo dos produtos “Energéticos”, que representou 97,1% do total no período em análise de 2016 e 90,8% em 2017. Registaram uma acentuada descida em valor em 2017 (-72,1%), que se ficou a dever essencialmente a uma redução da quantidade de petróleo bruto importada (‑78,4%), apesar de um aumento do preço de importação (+31,0%), e também ao facto de não ter sido importado em 2017 propano liquefeito, que em 2016 atingira um valor de 10,9 milhões de Euros.

A grande distância, seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (3,1% do total em 2017), constituído principalmente por alimentos preparados para animais, peixe e café, “Máquinas, aparelhos e partes” (2,8%), com destaque para as máquinas e aparelhos para obras públicas, “Madeira, cortiça e papel” (1,9%), principalmente madeira serrada e em bruto, e “Minérios e metais” (0,6%), como ferro, alumínio, e suas obras.
4.3 – Exportações
Nas exportações destacam-se os grupos “Agro-alimentares” (25,8% em 2017), “Máquinas, aparelhos e partes” (24,8%), Químicos” (18,3%), “Produtos acabados diversos” (10,8%) e “Minérios e metais” (9,3%), que representaram no seu conjunto 87,2% do total em 2016 e 89,0% em 2017.
No âmbito do grupo “Agro-alimentares” sobressaíram as exportações de vinhos e bebidas alcoólicas, de leite e lacticínios, de carnes, de crustáceos e algum peixe congelado, entre outros, como gorduras e óleos, enchidos, conservas de carne e de peixe, crustáceos e moluscos, preparações à base de cereais, e preparações de produtos hortícolas e frutas.
O grupo “Máquinas, aparelhos e partes” inclui máquinas e aparelhos mecânicos e elétricos, muito diversificados, em partes praticamente iguais, com destaque para os quadros eléctricos, aparelhos telefónicos, máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades, fios e cabos eléctricos, refrigeradores e congeladores, grupos electrogéneos e conversores rotativos, transformadores eléctricos, aparelhos para interrupção, seccionamento e protecção de circuitos eléctricos, máquinas e aparelhos de elevação e para obras públicas, centrifugadores e aparelhos para filtrar ou depurar líquidos e gases, aparelhos de ar condicionado, bombas para líquidos, máquinas de lavar louça, limpar, secar, encher, fechar, rolhar garrafas, para empacotar mercadorias e para gaseificar bebidas, monitores, projectores e televisores, torneiras e válvulas, motores e geradores (excepto grupos electrogéneos), conjunto de máquinas e aparelhos que representaram mais de 60% das exportações deste grupo de produtos em ambos os períodos.


No grupo “Químicos” destacam-se os plásticos e suas obras, os produtos farmacêuticos, a borracha e suas obras, os sabões e preparações para lavagem. os produtos de perfumaria e de cosmética, os extratos tanantes, tintas e vernizes, e os adubos.
No grupo “Produtos acabados diversos” encontram-se incluídos produtos muito diversificados, principalmente móveis, mobiliário médico-cirúrgico, colchões, almofadas, candeeiros e outros aparelhos de iluminação, anúncios, tabuletas e placas indicadoras, luminosos, construções pré-fabricadas, Instrumentos e aparelhos de óptica, fotografia ou cinematografia, de medida, de controlo ou de precisão, instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos, produtos cerâmicos, vidro e suas obras, obras de pedra e matérias semelhantes, artigos de relojoaria, brinquedos e jogos.
No grupo “Minérios e metais” assumem maior relevância os metais, e dentre estes o ferro fundido, ferro ou aço e suas obras, o alumínio e suas obras, as ferramentas, artefactos de cutelaria, talheres e outras obras em metais comuns.
No quadro seguinte pode observar-se os grupos de produtos desagregados por Capítulos e conjuntos de Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2/SH-2), cujo conteúdo se encontra definido em tabela anexa.



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