terça-feira, 25 de maio de 2021

Comércio Internacional com o Brasil - 2016 a 2020 e 1º Trim 2021

 

Comércio Internacional de Mercadorias
com o Brasil
2016 a 2020 e 1º Trimestre 2020-2021

                                                        (disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória

O Brasil ocupou em 2020 a 9ª posição entre os principais mercados de origem das importações portuguesas de mercadorias, com 2,4% do total, e o 11º lugar entre os mercados de destino, com 1,4% do Total. Após uma abordagem à evolução do ‘Comércio Exterior do Brasil’, com base em dados de fonte International Trade Centre (ITC), vai-se analisar a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre Portugal e o Brasil ao longo dos últimos cinco anos (2016-2020) e 1º Trimestre de 2020-2021, com base em dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), definitivos até 2019 e preliminares para 2020 e 2021, com última actualização em 10 de Maio de 2021.

2 – Alguns dados sobre o ‘Comércio Exterior’ do Brasil

2.1 - Balança Comercial

De acordo com os dados disponíveis, medidos em Euros, o saldo (Fob-Cif) da Balança Comercial de mercadorias do Brasil foi positivo ao longo dos últimos cinco anos, tendo-se situado em +44,6 mil milhões de Euros em 2020.

Neste período, o ritmo de evolução das importações e das exportações manteve-se sempre acima do nível de 2016. Tendo aumentado entre 2016 e 2019, o ritmo das importações decaiu em 2020. Por sua vez, o ritmo das exportações, que aumentou entre 2016 e 2018, desacelerou a partir de então.

2.2 – Mercados de origem e de destino

Os principais parceiros do Brasil em 2020, em ambas as vertentes comerciais, foram a China e os EUA, com respectivamente 21,9% e 17,8% do Total das importações e 32,4% e 10,3% das exportações. Portugal ocupou nesse ano a 35ª posição nas importações (0,5% do Total) e o 31º lugar nas exportações (0,8%).


A par de Portugal, o Brasil foi um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), criada durante a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo realizada em Lisboa em 1996, sendo os restantes países fundadores Angola, Cabo Verde, a Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. Em 2002, no decorrer da cimeira de Brasília, foi a vez de integrar Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, na cimeira de Dili, a Guiné-Equatorial.

Esta Comunidade tem, entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus actuais nove membros.

Do quadro seguinte consta o peso relativo de cada um dos países que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Portugal ocupou a primeira posição em cada uma das vertentes comerciais, com cerca de 78% do Total da CPLP, seguido de Angola, com 17,9% das importações e 16,7% das exportações.

2.3 – Importações no Brasil por Grupos de Produtos

O conjunto dos produtos do Sistema Harmonizado, constantes da base de dados do “International Trade Centre” (ITC) aqui utilizada, foram agregados em onze grupos de produtos (ver definição do conteúdo de cada grupo no Anexo-1).

Por Grupos de Produtos), em 2020, face ao ano anterior, verificou-se um decréscimo das importações brasileiras de -12,1% (-19,2 mil milhões de Euros), extensivo a todos os grupos de produtos à excepção do grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+4,9 mil milhões de Euros).

Os maiores decréscimos, em Euros; incidiram nos grupos “Energéticos” (-9,0 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-4,3 mil milhões), “Máquinas, aparelhos e partes”  (‑3,3 mil milhões) e “Químicos” (-3,3 mil milhões).

Em 2020 Portugal pesou 0,4% no Total das importações brasileiras (35ª posição).

Entre os onze grupos, aqueles em que se registaram as maiores quotas de Portugal foram “Agro-alimentares” (4,4%) e“Madeira, cortiça e papel” (1,0%).

2.4 – Exportações no Brasil por Grupos de Produtos

Na vertente das exportações registou-se um decréscimo de -8,1% em 2020 face ao ano anterior (-16,3 mil milhões de Euros).

As principais descidas, em Euros, verificaram-se nos grupos “Energéticos” (-5,2 mil milhões), “Máquinas, aparelhos e partes” (-4,0 mil milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (-3,7 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-2,3 mil milhões,), “Químicos” (-2,0 mil milhões) e “Madeira, cortiça e papel” (-1,5 mil milhões de Euros).

O principal acréscimo incidiu no grupo “Agro-alimentares” (+3,4 mil milhões de Euros), seguido dos grupos “Têxteis e vestuário" (+368 milhões) e “Minérios e metais” (+139 milhões).

Em 2020 Portugal pesou 0,8% nas exportações brasileiras (31ª lugar no “ranking”). Os grupos de produtos em que Portugal registou as maiores quotas foram “Energéticos” (4,0% do grupo), “Madeira, cortiça e papel” e “Calçado, peles e couros” (0,6% de cada um dos grupos),

Em quadros anexos encontram-se relacionadas as importações (Anexo-2) e as exportações brasileiras (Anexo-3) efectuadas em 2019 e 2020, por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2) com valor superior a 1 milhão de Euros, desagregados a 4 dígitos da Nomenclatura (NC-4) com um valor superior a 250 mil Euros.

3 – Comércio de Portugal com o Brasil

3.1 – Evolução do peso do Brasil nas importações e exportações globais

O peso das importações portuguesas com origem no Brasil representou 1,7% do Total em 2016 e 2017, tendo descido nos dois anos seguintes para 1,3%, para se situar em 2,4% em 2020. No período de Janeiro a Março decaiu de 3,3%, em 2020, para 2,3%, em 2021.

Por sua vez o peso das exportações nacionais para o Brasil no Total, que havia crescido de 1,1%, em 2016, para 1,7%, em 2017, manteve-se nos três anos seguintes entre 1,3% e 1,4%. Após ter atingido 1,5% no 1º Trimestre de 2020, desceu para 1,1% no Trimestre homólogo de 2021.

Após uma forte aceleração em 2017, face a 2016, o ritmo de crescimento anual em valor das exportações face a 2016 desacelerou sucessivamente até 2020. Por sua vez, do lado das importações, após descidas em 2018 e 2019 abaixo do nível de 2016, verificou-se uma aceleração acentuada em 2020.

3.2 – Posição do Brasil nas trocas de Portugal no âmbito da CPLP

Em 2020 o Brasil foi a origem de 67,3% das importações de Portugal no conjunto dos seus parceiros na CPLP, seguido de Angola e Guiné-Equatorial com respectivamente 16,4% e 14,4%, e o destino de 32,6% das exportações, precedido de Angola, com 39,0%.



3.3 – Balança Comercial


A Balança Comercial de Portugal com o Brasil é desfavorável. Ao longo dos últimos cinco anos o maior défice ocorreu em 2020, com -874 milhões de Euros, com um grau de cobertura das importações pelas exportações de 45,4%.

No primeiro Trimestre de 2021 as importações decresceram ‑34,6% em termos homólogos face a 2020, com as exportações a caírem -23,3%, o défice a diminuir -40,6%% e o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações a subir de 34,8% para 40,8%.

3.4 – Importações por grupos de produtos

Em 2020 as maiores importações portuguesas com origem no Brasil incidiram nos grupos de produtos “Energéticos”, “Agro-alimentares” e ”Minérios e metais”,

No 1º Trimestre de 2021 prevaleceu ainda na primeira posição o grupo “Energéticos”, seguido de “Agro-alimentares” e  “Madeira, cortiça e papel”.

No quadro seguinte encontram-se relacionados os três grupos de produtos que representaram no 1º Trimestre de 2020 e 2021 mais de 90% do Total das importações, desagregados a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada.

O grupo “Energéticos” é praticamente constituído por petróleo bruto.

No grupo “Agro-alimentares” destaca-se a soja, a grande distância dos restantes produtos.

No grupo “Madeira, cortiça e papel” predominam as estilhas, partículas e desperdícios de madeira e a madeira em bruto.

3.5 – Exportações por grupos de produtos

As principais exportações para o Brasil no último quinquénio e 1º Trimestre de 2021 inserem-se no grupo de produtos “Agro-alimentares”, que representou 58,7% do total em 2020 e 60,7% no 1º Trimestre de 2021.

O segundo grupo dominante nos últimos cinco anos foi “Aeronaves, embarcações e partes”, essencialmente constituído por partes de veículos aéreos.

No 1º Trimestre de 2021 este grupo foi ultrapassado em peso pelo grupo “Máquinas, aparelhos e partes”.

No quadro seguinte encontram-se relacionados os seis grupos de produtos que representaram no 1º Trimestre de 2020 e 2021 mais de 90% do Total das exportações, desagregados a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada (coincidente a este nível com o Sistema Harmonizado).

Nas exportações de Agro-alimentares destacaram- se o azeite de oliveira, os vinhos e o peixe congelado. Nas de “Maquinas, aparelhos e partes”, muito diversificados e diferenciadas entre os dois trimestres, evidenciaram-se, em 2021, os fios e cabos eléctricos, as partes de motores de explosão e a diesel, os refrigeradores e congeladores e os aparelhos de aquecimento, torrefacção, esterilização e secagem, entre outros. O grupo Aeronaves, embarcações e partes é constituído quase integralmente por partes de veículos aéreos. No grupo Minérios e metais prevaleceram, em 2021, as exportações de minérios de zinco e laminados planos de ferro ou aço. No grupo “Químicos” destacaram-se, no 1º Trimestre de 2021, as exportações de insecticidas, fungicidas e herbicidas, de tintas e vernizes, de polímeros de etileno em formas primárias, de chapas, folhas e lâminas de plástico, de resinas e polímeros de PVC, de pneus novos, e de medicamentos acondicionados para venda a retalho. Nas exportações de “Produtos acabados diversos” sobressaíram, em 2021, as de mós e produtos para triturar, polir ou cortar, a de louça e artigos domésticos de porcelana, e de abrasivos.  


Alcochete, 25 de Maio de 2021.


ANEXO-1



ANEXO-2


ANEXO-3





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