sexta-feira, 8 de abril de 2022

Comércio Internacional da Pesca (2020-2021)

 

Comércio Internacional da pesca,
preparações, conservas e
outros produtos do mar
(2020 e 2021)

Disponível para download >> aqui )

1 – Nota introdutória

Portugal, detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE), mantém no âmbito da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar, uma balança comercial deficitária, tendo as importações (Fob) registado em 2020 um valor duas vezes superior ao das exportações (Fob), e 1,8 vezes em 2021.

Neste trabalho vai-se analisar a evolução destas trocas comerciais em 2021, face a 2020, a partir de dados de base divulgados no Portal do Instituto Nacional de Estatística em versão definitiva para 2020 e preliminar para 2021, com última actualização em 11 de Março de 2022.

2 - Peso destes produtos no comércio internacional português

As importações deste conjunto de produtos representaram 3,1% das importações globais em 2017 e 2,5% em 2021. Por sua vez, o peso das exportações decresceu, neste mesmo período, de 1,9% para 1,7%.  

3 – Balança Comercial

Em 2020 e 2021 a Balança Comercial destes produtos do mar foi deficitária, com défices (Fob-Cif) respectivamente de -1026,4 e -976,5 milhões de Euros. Em 2021 as importações cresceram em valor +7,7% e as exportações +22,1%, tendo-se o saldo negativo reduzido -4,9% face ao ano anterior. Por sua vez, o grau de cobertura das importações pelas exportações subiu de 46,7% para 53,0%.

Entre os agregados de produtos que vão ser considerados destacam-se, tanto nas importações como nas exportações, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, produtos que representaram 98,1% e 98,0% respectivamente em 2020 e 2021.

No quadro seguinte pode observar-se a Balança Comercial das sete componentes consideradas. O único agregado em que o saldo da Balança em 2021 foi favorável foi “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, +32,0 milhões de Euros (+24,4 milhões em 2020). Os maiores défices incidiram nos agregados “Peixe” (-728,1 milhões de Euros em 2021 e -783,1 milhões em 2020) e “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (-263,5 e – 248,4 milhões, respectivamente).

Apresentam-se em Anexo quadros e gráficos com a Balança Comercial da desagregação das diversas componentes por produtos a quatro ou a seis dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação do valor e das quantidades transaccionadas nos anos em análise.

4 - Importação

Em 2021 as importações cresceram +7,7% face ao ano anterior (+149,0 milhões de Euros). O maior acréscimo, face ao ano anterior, coube a “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+121,5 milhões de Euros), seguido de “Peixe” (+27,9 milhões).

Nas importações de “Peixe” assumem particular relevância as de bacalhau, nos seus diversos estados, que são mais adiante analisadas com algum pormenor.

4.1 – Mercados de origem

Em 2021 os principais fornecedores destes produtos foram a Espanha (42,6% do Total), a Suécia (13,2%), os Países Baixos (7,1%), a Dinamarca (3,4%), a China (3,3%), a Federação Russa (2,3%), a Índia (2,2%) e o Equador (2,1%), países que averbaram 76,2% do Total. Os maiores acréscimos, em Euros, couberam a Espanha (104,1 milhões), à Suécia (+24,4 milhões) e ao Equador (+10,4 milhões), tendo a maior quebra incidido nos Países Baixos (-20,2 milhões).


5- Exportação

Em 2021 as exportações aumentaram, em termos homólogos, +22,1% (+199 milhões de Euros). Registaram-se acréscimos em todas as componentes, com destaque para “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+106,4 milhões de Euros) e “Peixe” (+82,9 milhões).

Seguiram-se “Produtos da pesca impróprios para a alimentação humana” (+3,5 milhões), “Sal, águas-mãe de salinas e algas” (+3,1 milhões), “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” (+2,9 milhões), e “Gorduras e óleos de peixe e mamíferos aquáticos”  (+123 mil Euros).

5.1 – Mercados de destino

Os principais mercados de destino das exportações em 2021 foram a Espanha (50,3%), a França (11,9%), a Itália (10,3%, o Brasil (5,8%), os EUA (3,8%) e o Reino Unido (2,3%), países que absorveram 84,4% do Total. Os principais acréscimos, em Euros, couberam a Espanha (+128,2 milhões), aos EUA (+16,5 milhões), a Itália (+16,4 milhões) e a França (12,4 milhões). O maior decréscimo coube ao Reino Unido (-7,9 milhões).

6 – Importação e exportação de sardinha

São conhecidas as limitações impostas à pesca da sardinha, importante para o sector de exportação das conservas, em zonas em que operam habitualmente os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” verificada ao longo da última década, tendo havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição.

Em 2021, face ao ano anterior, reduziu-se a importação de “Sardinha fresca, refrigerada ou congelada” (-2,2% em valor e -11,1% em quantidade), tendo aumentado a sua exportação (+12,6% em valor e +35,3% em quantidade).

No âmbito das conservas, a importação em 2021 cifrou-se em 5,3 milhões de Euros, com uma quebra em valor de -34,4% face ao ano anterior, tendo no entanto aumentado a quantidade importada em +11,8%. Por sua vez, a exportação, 56,0 milhões de Euros, decaiu em valor -0,5%, com a quantidade a aumentar +1,6%.

Em 2021 os principais fornecedores de “Sardinha fresca, refrigerada ou congelada” foram a  Espanha (75,9%), Marrocos (11,0%) e a França (8,7%). Os principais mercados de destino foram a Espanha (57,9%), a França (16,3%), o Canadá (5,8%) e os EUA (5,6%).

 No âmbito das “Conservas de sardinha” destacaram-se, na importação, a Espanha (55,9%), Marrocos (29,8%) e os Países Baixos (12,5%), e na exportação a França (39,2%), o Reino Unido (11,1%), a Áustria (8,6%), a Bélgica (6,7%) e os EUA (6,0%).

7 – Importação e exportação de bacalhau

É sabido que o bacalhau ocupa uma posição importante na dieta alimentar dos portugueses. Nos anos em análise o valor da importação de bacalhau, nos seus diversos estados, foi cerca de três vezes superior ao da exportação. Em 2021 a sua importação pesou 23,7% no Total dos produtos do mar e 15,8% na vertente da exportação.

Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se, nas importações, o seco, salgado, em salmoura ou fumado, que representou 65,4% do Total, seguido do congelado (26,4%). Nas exportações prevaleceram os filetes em qualquer estado (33,3%), seguidos do seco, salgado, em salmoura ou fumado (29,4%), e do congelado (25,6%).


Os principais mercados de origem das importações de bacalhau em 2021 foram a Suécia (48,7% e 45,9% em 2020), seguida dos Países Baixos (18,6% e 20,0%) e da Federação Russa (10,4% e 10,2%).

Sabe-se contudo que uma grande parte do bacalhau consumido em Portugal tem origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia. Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os fornecedores contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na UE do bacalhau norueguês destinado a Portugal, depois de cumpridas as formalidades aduaneiras.


Os principais mercados de destino das exportações de bacalhau em 2021 foram o Brasil (39,3%), a França (17,6%) e a Espanha (10,9%).

Alcochete, 7 de Abril de 2022.

 ANEXO














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