quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Comércio Externo da Argentina e Portugal-Argentina 2018-22 e Jan-Julho 2022-23

 

Comércio Externo da Argentina
Portugal-Argentina
2018-2022
Janeiro-Julho 2022-2023

( disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

No presente trabalho analisa-se a evolução recente do Comércio Externo da Argentina face ao mundo a partir de dados de base do “International Trade Centre” (ITC) e de Portugal com a Argentina, com base em estatísticas do “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE).

A Argentina é um dos quatro países fundadores, em 1991, do “Mercado Comum do Sul”, mais conhecido por MERCOSUL, uma união aduaneira de livre-comércio, a par do Brasil, Paraguai e Uruguai, aguardando a Bolívia ratificação da sua adesão.

O MERCOSUL abrange presentemente uma área de cerca de 15 milhões de Km2, com uma população de 295 milhões de habitantes.

As principais importações e exportações em 2022 couberam ao Brasil (respectivamente 72,5% e 75,4% do Total), seguido da Argentina (20,3% e 19,9%).

De acordo com dados calculados pelo ITC, com base em estatísticas do “Instituto Nacional de Estadística y Censos” da Argentina, Portugal terá pesado em 2022 apenas 0,3% nas importações e 0,2% nas exportações da Argentina.

2 – Comércio Externo da Argentina

Ao longo do último quinquénio o ritmo de ‘crescimento’ do valor das importações anuais manteve-se até 2021 abaixo do nível que detinham em 2018, aumentando significativamente em 2022.  Por sua vez o ritmo das exportações, à excepção do ano de 2020, manteve-se acima do nível de 2018, tendo registado em 2022 uma acentuada aceleração.

2.1 – Balança Comercial da Argentina (2018-2022)

A Balança Comercial da Argentina face ao mundo foi ‘superavitária’ entre 2019 e 2022, tendo registado neste último ano um saldo de +11,6 milhões de Euros, na sequência de um crescimento das importações, face ao ano anterior, de +36,2%, a par de um aumento das exportações de +28,2%, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) de 115,9%.

2.2 – Importações por grupos de produtos

Em 2022 as principais importações da Argentina por grupos de produtos (definição do conteúdo dos grupos em Anexo) incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (25,0% do Total em 2022 e 25,6% em 2021), “Químicos” (24,5% e 26,7%) e “Energéticos” (15,9% e 9,2%).

Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” 89,9% e 10,2%), “Minérios e metais” (7,6% e 9,2%), “Agro-alimentares” (6,1% e 7,8%) e “Produtos acabados diversos” (5,8% e 6,1%). Com pesos bastante inferiores alinharam-se depois os grupos “Têxteis e vestuário” (2,3% e 2,2%), “Madeira, cortiça e papel” (1,8% em cada um dos anos), “Calçado, peles e couros” (1,0% e 0,8%) e “Aeronaves, embarcações e pates” (0,3% e 0,4%).

De acordo com os dados do ITC, em 2022 Portugal terá pesado 0,3% no Total das importações da Argentina, cabendo as maiores quotas aos grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (1,6% do total do grupo), “Têxteis e vestuário” (0,6%), “Químicos” (0,5%) e “Produtos acabados diversos” (0,4%), com destaque para os aparelhos ópticos, médicos e de precisão.

2.3 – Exportações por grupos de produtos

O grupo de produtos dominante nas exportações argentinas em 2022 foi “Agro-alimentares” (54,6% e 64,5% em 2021), principalmente constituídas por cereais, produtos para alimentação animal, gorduras e óleos, sementes de oleaginosas e carnes.

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (15,2% e 4,9%), “Material de transporte terrestre e partes” (8,5% e 8,3%), “Químicos” (8,0% e 8,3%), “Energéticos” (6,5% e 5,5%), “Minérios e metais” (4,0% e 4,8%), “Máquinas, aparelhos e partes” (1,7% e 1,8%), tendo registado os restantes grupos pesos inferiores a 1,0%.

De acordo com os dados do ITC, em 2022 Portugal terá pesado 0,2% no Total das exportações da Argentina, cabendo as maiores quotas aos grupos “Produtos acabados diversos” (0,7% do total do grupo) e “Calçado, peles e couros” (0,5%).

2.4 – Principais mercados de origem e de destino

Os três principais mercados de origem e de destino do Comércio Externo da Argentina são a China, o Brasil e os EUA.

Em 2023 o primeiro fornecedor das importações foi a China (20,8%), seguida do Brasil (19,9%) e dos EUA (12,7%).

Na vertente das exportações o Brasil ocupou a primeira posição (14,3%), seguido pela China (9,0%) e pelos EUA (7,6%).

De acordo com os dados do ICT, no mesmo ano Portugal terá pesado nas importações da Argentina escassos 0,3% e 0,2% nas exportações.

3 – Comércio Internacional de Portugal com a Argentina

Ao longo dos últimos cinco anos o ritmo de ‘crescimento’ do valor das importações anuais manteve-se acima do nível que detinham em 2018, tendo aumentado significativamente nos dois últimos anos.

Por sua vez o ritmo de ‘crescimento’ das exportações manteve-se até 2021 abaixo do nível de 2018, ultrapassando-o em 2022.

3.1 – Balança Comercial

Entre 2019 e 2022 e período de Janeiro a Julho de 2023, a Balança Comercial de mercadorias de Portugal com a Argentina foi deficitária.

Nos primeiros sete meses de 2023, face ao período homólogo do ano anterior, as importações decresceram -32,2% e as exportações -71,8%, tendo-se situado o défice em -39 milhões de Euros, com um grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações de 39,4%.

3.2 – Importações por grupos de produtos

No período acumulado de Janeiro a Julho de 2023 as principais importações portuguesas com origem na Argentina centraram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares” (74,3% do Total em 2023 e 70,0% em igual período de 2022), com destaque para os legumes de vagem, tabaco, amendoim, gorduras e óleos, cereais como arroz milho e trigo, maçãs, peras, citrinos e nozes, mel, resinas e ouitros extractos vegetais. No período de Janeiro a Julho de 2022 haviam-se importado 26,2 milhões de Euros de sementes de girassol, tipo de importação que não se efectuou em 2023.

Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (14,3% e 9,4%), principalmente partes e acessórios de veículos automóveis, “Químicos” (8,7% e 11,5%), como colofónias e ácidos resínicos, estabilizadores para borracha ou plástico, ácidos acíclicos, ácidos nucleicos e extractos tanantes e tintoriais, e “Calçado, peles e couros” (5,1% e 4,5%), essencialmente peles e couros. Os restantes grupos registaram pesos muito inferiores ou mesmo nulos.

Na figura seguinte identificam-se por Grupos de produtos, a dois dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-2), os principais produtos importados por Portugal da Argentina no período de Janeiro a Julho de 2023, a par das correspondentes importações efectuadas no período homólogo do ano anterior. 

3.3 – Exportações com destino à Argentina

Nos primeiros sete meses de 2023 os grupos de produtos com maior peso nas exportações para a Argentina foram “Máquinas, aparelhos e partes” (26,5% do Total e 5,7% em 2022), principalmente constituído por máquinas automáticas para processamento de dados, máquinas para a indústria têxtil, partes de máquinas para o tratamento de substâncias minerais sólidas, refrigeradores e congeladores, balanças, máquinas-ferramenta, máquinas de impressão e partes de motores de pistão, entre outras, e “Madeira, cortiça e papel” (26,3% e 11,0%), principalmente cortiça aglomerada e natural, e suas obras.

Seguiu-se o grupo “Químicos” (13,9% e 61,4%), com destaque para as tintas, vernizes e pigmentos, tetraciclinas, preparações para lavagem e sabões, tendo o elevado peso deste grupo em 2022 ficado a dever-se à exportação de ácidos policarboxílicos, que não se efectuou em 2023.

Alinharam-se depois, por ordem decrescente, os grupos “Produtos acabados diversos” (11,0% e 4,4%), como pedra de cantaria ou construção, abrasivos, instrumentos para análises físicas e químicas, fibras ópticas, contadores, instrumentos de desenho, aparelhos médicos e outros de precisão, “Têxteis e vestuário” (7,0% e 8,0%), com destaque para os tecidos de malha, fibras sintéticas ou artificiais, tecidos para uso técnico, feltros, falsos tecidos, cordoaria e vestuário excepto de malha, “Material de transporte terrestre e partes” (6,6% e 5,1%), designadamente partes e peças de veículos automóveis, veículos automóveis para usos especiais, partes e acessórios de motociclos, “Minérios e metais” (6,6% e 3,8%), como ferramentas, talheres, rolhas, tampas, cápsulas e guarnições para interiores, em metais comuns,  e “Agro-alimentares” (1,9% e 0,8%), principalmente vinho, moluscos e açafrão, não se tendo exportado em 2023 produtos de padaria e pastelaria. Os restantes grupos registaram valores muito reduzidos ou mesmo nulos.


ANEXO


Alcochete, 6 de Outubro de 2023.



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