terça-feira, 9 de março de 2021

Comércio internacional da Pesca - 2019 e 2020

 

Comércio internacional da pesca,
preparações, conservas e
outros produtos do mar
(2019 e 2020)

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1 – Nota introdutória

Portugal, detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) a nível europeu e mundial, mantém no âmbito da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar, uma balança comercial deficitária, representando as importações (Fob) um valor duas vezes superior ao das exportações.

Neste trabalho vai-se analisar a evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística em versão definitiva para 2019 e ainda preliminar para 2020, com última actualização em 9 de Fevereiro de 2021.

2- Peso do sector no comércio internacional global

As importações deste conjunto de produtos representaram 2,8% das importações globais em 2020 (2,7% em 2019) e as exportações, com um peso no Total tendencialmente decrescente nos últimos dois anos, 1,7% (1,8% em 2019).

3 – Balança Comercial

A balança comercial destes produtos do mar foi deficitária em 2019 e 2020, com défices (Fob-Cif) respectivamente de -1115 milhões de Euros e -1019 milhões, o que representou um decréscimo de -8,6%.

Em 2020, face ao ano anterior, as importações decresceram -11,9% e as exportações decaíram -15,3%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) a descer de 49,0% para 47,1%. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, produtos que representaram no seu conjunto, nos dois últimos anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais.


No quadro seguinte consta a balança comercial em 2019 e 2020 de cada um dos sete agregados de produtos aqui considerados.

O único agregado em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, +22,1 milhões de Euros em 2019 e +31,9 milhões em 2020.

Os défices dominantes incidiram no “Peixe”, -825,6 milhões de Euros em 2019 e -778,7 milhões em 2020 e no agregado “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, respectivamente -281,5 e -251,0 milhões de Euros.

Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial dos diversos componentes desagregados por produtos a quatro ou seis dígitos da Nomenclatura Combinada (NC), com indicação das respectivas quantidades transacionadas.

4 – Importação

Em 2020 as importações deste conjunto de produtos decresceram -11,9% face ao ano anterior (‑260,0 milhões de Euros). As maiores quebras couberam ao “Peixe”, -166,4 milhões de Euros, e aos “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, -103,5 milhões.

Nas importações de “Peixe” assumem particular relevância, entre outras, as de bacalhau nos seus diversos estados, que serão adiante objecto de uma análise mais pormenorizada.

4.1 – Mercados de origem

Em 2020 os principais fornecedores deste conjunto de produtos foram a Espanha (40,8%), a Suécia (13,0%), os Países Baixos (8,7%), a China (3,7%), a Dinamarca (3,2%) e a Rússia (2,5%), países que totalizaram 71,9% dos fornecimentos.

Os maiores decréscimos, em Euros, couberam a Espanha (-67,6 milhões), à Rússia (-40,4 milhões), à China (-22,1 milhões), à Índia (-16,3 milhões) e ao Senegal (-14,5 milhões).

Por sua vez, entre os 25 maiores fornecedores os acréscimos incidiram no Equador (+8,3 milhões), Marrocos (+4,7 milhões), Turquia (+4,4 milhões), Itália (+1,2 milhões) e Alemanha (+925 mil Euros).

5 – Exportação

As exportações decresceram -15,3% em termos homólogos (-164,4 milhões de Euros).

A principal quebra incidiu no “Peixe”, componente com um peso de 48,7%n no Total em 2020 (-119,5 milhões de Euros). Seguiram-se os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos“, 21,2% do total (-73,0 milhões), principalmente moluscos, excluindo conservas.

A estas descidas contrapôs-se um aumento das exportações de “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, 28,3% do Total  (+13,1 milhões de Euros), principalmente preparações e conservas de peixe.

5.1 – Mercados de destino

Em 2020 as expedições portuguesas de mercadorias para o espaço intracomunitário representaram 78,6% do Total, com predomínio do mercado espanhol (47,1% do Total). Entre os países terceiros o destino dominante foi o Brasil (6,4%).

Os maiores decréscimos em Euros, couberam a Espanha (-129,4 milhões), Itália (-22,2 milhões), Brasil (-19,9 milhões), China (-6,6 milhões), Angola (-3,8 milhões) e Polónia (-1,6 milhões).

Os principais acréscimos incidiram nas exportações para França (+7,1 milhões), Reino Unido (+6,3 milhões), Alemanha (+3,7 milhões), Suíça e EUA (+2,9 milhões cada), Bélgica (+2,2 milhões), Japão (+2,0 milhões), Países Baixos (+1,7 milhões) e Vietname (+1 milhão de Euros).

6 – Importação e exportação de sardinha

São conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, tendo havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição.

Em 2020, face ao ano anterior, aumentou a importação de sardinha fresca, refrigerada ou congelada (+20,1% em valor e +29,1% em quantidade) e também a sua exportação (respectivamente +18,1% e +36,8%).

Em 2020 o principal mercado de origem foi a Espanha (64,0%), seguida à distância pelo Reino Unido (18,5%), Marrocos (9,0%), Croácia (4,3%) e França (3,1%). Por sua vez, o principal mercado de destino das exportações foi ainda a Espanha (64,9%), seguida da França (7,8%), dos EUA (7,4%), do Canadá (6,8%), da Suíça (2,5%), da Alemanha (1,6%), do Reino Unido e Luxemburgo (1,4% cada).

As principais exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que registaram em 2020 acréscimos de +23,3% em valor e +25,3% em quantidade.

As importações destas conservas, que representaram neste ano cerca de 14% do valor das exportações, registaram o significativo aumento em relação ao ano anterior de +79,3%.

Em 2020, o principal destino das conservas de sardinha foi a França (34,3%), seguida do Reino Unido (14,5%), Áustria e EUA (7,9% cada), Bélgica (6,7%), Alemanha (5,0%), Espanha (3,1%) e Países Baixos (3,0%).

Os principais fornecedores foram a Espanha (55,1%), Marrocos (17,7%) e a Alemanha (16,3%).

7 – Importação e exportação de bacalhau

O bacalhau, também conhecido em Portugal pela designação de “fiel amigo” por não se deteriorar por longos períodos de tempo, ocupa uma posição importante na alimentação dos portugueses, sendo as suas importações mais de quatro vezes superiores às exportações

A importação de bacalhau, nos seus diversos estados, representou 26,1% do conjunto dos componentes em análise em 2020 (27,1% em 2019), com a exportação a pesar respectivamente 13,6% e 13,4% do Total.

Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ (64,8% em 2019), seguido do ‘Congelado, excluindo filetes’ (25,1%).


O principal mercado de origem do bacalhau foi a Suécia (38,2% do Total em 2019 e 43,1% em 2020), seguida dos Países Baixos (21,7% e 25,0%, respectivamente), da Rússia (14,8% e 9,4%) e da Espanha (8,3% e 8,6%).

Sabe-se que uma grande parte do bacalhau consumido em Portugal tem origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um fornecimento, pela Noruega, em 2020, de apenas 2,1 mil toneladas (13,8 milhões de Euros), contra 29,8 mil toneladas no valor de 217 milhões de Euros fornecidos pela Suécia.

Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras.

Em 2020 Portugal exportou 18,6 mil toneladas de bacalhau (21,4 mil no ano anterior), principalmente ‘Congelado, excluindo filetes’ e ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado”.

Em 2020 as principais exportações de bacalhau tiveram por destino o Brasil (35,1%), a França (18,8%) e a Espanha (13,9%).

Seguem-se, em Anexo, quadros e gráficos com a balança comercial dos componentes do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar consideradas neste trabalho, desagregadas por produtos da NC a 4 ou 6 dígitos e indicação das quantidades transaccionadas.

Alcochete, 9 de Março de 2021.

ANEXO















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