sexta-feira, 23 de abril de 2021

Evolução mensal das expedições para a UE

 

Evolução mensal das expedições globais de mercadorias
para a UE
2019-2020

( disponível para download  >> aqui )

1 - Nota introdutória

Neste trabalho, através de quadros e gráficos, analisa-se a evolução mensal do valor das expedições (designação das exportações no quadro da União Europeia) globais de mercadorias para os nossos parceiros comunitários (Reino Unido excluído), em 2019 e 2020. Em gráficos, para cada um dos 26 países parceiros, pode-se comparar a evolução do andamento destas expedições, mês a mês, ao longo destes dois anos. São para o efeito utilizados dados de base do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), definitivos para 2019 e preliminares para 2020, com última actualização em 09-04-2021.

2 – Desfasamento entre dados estatísticos de fonte                              INE ou EUROSTAT

As estatísticas do comércio intracomunitário de Portugal, quando analisadas através dos dados disponibilizados pelo INE ou por cada um dos organismos estatísticos dos seus parceiros comunitários (mirror statistics), constantes da base de dados do EUROSTAT, apresentam divergências, por vezes significativas, com consequente reflexo nas balanças comerciais construídas a partir das duas fontes. Existe um conjunto de causas habitualmente referidas que, não sendo exaustivas, podem explicar muitas das discrepâncias encontradas nas “mirror statistics”:

Limiares – Com a finalidade de simplificar a recolha da informação estatística, mantendo-se contudo uma aceitável qualidade na informação global, o Intrastat criou um sistema de limiares. É o caso do ‘limiar de assimilação’, que é o limite do valor anual das operações intracomunitárias abaixo do qual o responsável pelo fornecimento da informação fica dispensado de fornecer a declaração Intrastat. A cobertura do comércio, por aplicação dos limiares em cada Estado-membro, é variável, sendo em geral a cobertura das expedições melhor do que a das chegadas (importações). Os limiares de assimilação de Portugal e dos quatro principais países de destino das expedições portuguesas intracomunitárias em 2020 (77,8%) foram os constantes da figura seguinte.

O desfasamento dos limiares entre dois Estados-membros permite que um movimento de mercadorias seja registado num deles e não o seja no outro.

Não-respostas A percentagem das não-respostas difere entre os diversos Estados-membros.

Confidencialidade (do país, do produto ou de ambos) - Um Estado-membro pode excluir uma transacção das estatísticas detalhadas e o parceiro incluí-las; pode ainda atribuir um código diferente ao produto ou ao país.

Comércio triangular – Trata-se de um conjunto de transacções comerciais cujo circuito documental/comercial não acompanha o circuito físico das mercadorias. É o caso de uma empresa do Estado-membro ‘A’ que vende uma mercadoria para o Estado-membro ‘B’, que por sua vez a vende para um Estado-membro ‘C’, mas a mercadoria transitou directamente de ‘A’ para ‘C’. Neste caso, o Intrastat deveria registar ema expedição de ‘A’ para ‘C’ e uma chegada em ‘C’ vinda de ‘A’. Contudo há o risco de ‘A’ ou ‘C’ considerarem o Estado-membro ‘B’ como parceiro comercial, enquanto ‘B’ não registou a transacção.

Definição do valor da mercadoria – Os operadores podem encontrar dificuldade no estabelecimento do valor Cif ou Fob da mercadoria a partir do valor de factura (se, por exemplo, o valor do transporte não está suficientemente detalhado).

Diferente classificação de mercadorias – Por vezes as empresas têm dificuldade em classificar uma mercadoria. Erros ou diferentes interpretações ao nível da NC-8 podem ocasionar divergências, ou mesmo ao nível de Capítulo (NC-2). Em geral a classificação das mercadorias é mais correcta na expedição do que na chegada.

Desfasamento no tempo – A mesma operação pode ser registada no país exportador e no país importador em períodos diferentes dependendo por exemplo da duração do tempo de transporte.

Declaração fraudulenta do IVA – Influencia as estatísticas. É o caso, por exemplo, da chamada ‘fraude em carrossel’, que consiste na criação em diferentes Estados-membros de sociedades que realizam entre elas operações fictícias de revenda, fazendo-se reembolsar do IVA, e que desaparecem antes de serem detectadas pelas administrações fiscais. É presumível que o efeito sobre as estatísticas se faz sentir mais do lado do país de expedição do que do país de chegada.

Na elaboração deste trabalho foram confrontados dados relativos a 2020, de fonte INE para as expedições portuguesas com destino aos quatro principais parceiros comunitários, com os correspondentes dados desses países, de fonte EUROSTAT, para as chegadas originárias de Portugal, distribuídas por onze grupos de produtos (ver definição do conteúdo dos grupos em Anexo).

No quadro seguinte podem observar-se, para o total e por grupos de produtos, as diferenças encontradas entre os dados em valor de fonte INE e os correspondentes dados de fonte EUROSTAT relativos ao ano de 2020. Neste quadro, os valores das expedições ‘Fob’, do INE, foram convertidos a valores ‘Cif’, por aplicação de um factor fixo de conversão, Cif/Fob=0,9533 (entre 4% e 5%), com o objectivo de se obter uma maior aproximação às diferenças reais em relação a estes quatro países.

A diferença global mais significativa ocorreu com a Espanha (+3,1 mil milhões de Euros), principalmente nos grupos de produtos “Material de transporte terrestre e partes”, “Agro-alimentares”, “Têxteis e vestuário” e “Químicos”. Seguiu-se a França (+1,4 mil milhões), incidindo as maiores diferenças nos grupos “Minérios e metais”, “Produtos acabados diversos”, “Agro-alimentares”, “Têxteis e vestuário” e “Material de transporte terrestre e partes”. Na Alemanha destaca-se dos restantes o grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, sendo as diferenças encontradas nas expedições para Itália abaixo de 62 milhões de Euros em todos os grupos de produtos.

3 – Exportações portuguesas para a UE (2019-2020)

De acordo com dados estatísticos constantes da base de dados do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE) para 2019 e 2020, na sequência da pandemia que assola o mundo foi negativa a taxa de variação homóloga das expedições portuguesas de mercadorias para os nossos parceiros comunitários (-8,8%, excluindo as Provisões de bordo, os Países não determinados e a Confidencialidade).

Como se pode ver no quadro seguinte, foram excepção as expedições para a Áustria, Roménia, Suécia, Dinamarca e Hungria.

Em termos globais, o maior decréscimo, em Euros, a grande distância dos restantes países, ocorreu com a Espanha (-1,1 mil milhões).

Com valores acima de 100 milhões de Euros seguiram-se a Alemanha (-810 milhões), a França (-478 milhões), os Países Baixos (-332 milhões), a Itália (-325 milhões), a Áustria (-131 milhões) e a Bélgica (-116 milhões). 

Dos gráficos seguintes consta a evolução mensal comparada dos fornecimentos portugueses de mercadorias aos seus parceiros comunitários em 2019 e 2020, com base em dados das duas fontes.

Seguem-se gráficos com a evolução mensal comparada dos fornecimentos portugueses a cada parceiro comunitário em 2019 e 2020, apenas com base em dados de fonte INE.


Alcochete, 23 de Abril de 2021.

ANEXO


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