sábado, 4 de dezembro de 2021

Comércio Internacional de mercadorias com Angola - 2016-2020 e Jan-Set 2020-2021

 

Comércio Internacional de mercadorias 
com Angola

(2016-2020 e Janeiro-Setembro 2020-2021)

                                                       ( disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória

Neste trabalho é feita uma breve análise da evolução do comércio externo de mercadorias de Angola nos últimos anos, com base em dados estatísticos divulgados pelo “Banco Nacional de Angola” (BNA) e pela “Administração Geral Tributária” (AGT), do Ministério das Finanças de Angola.

Segue-se uma análise da evolução do comércio internacional de mercadorias de Portugal com Angola entre 2016 e 2020 e período de Janeiro a Setembro de 2020 e 2021, com base em dados estatísticos divulgados pelo “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), definitivos para 2020 e preliminares para 2021, com última actualização em 9 de Novembro de 2021.

2 – Alguns dados sobre o Comércio Externo de Angola

O peso do sector petrolífero na exportação global de mercadorias de Angola foi superior a 95% ao longo dos últimos seis anos, o que torna a economia angolana fortemente dependente do comportamento deste sector no mercado internacional.

A partir de 2014 o valor das exportações, essencialmente constituídas por petróleo bruto, desceram significativamente abaixo do valor que detinham em 2010, arrastando consigo o comportamento do valor das importações de mercadorias, que desceram também abaixo do nível de 2010.

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Angola é ‘superavitária’, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.

Em 2020, face ao ano anterior, as importações terão decrescido -35,4% e as exportações ‑43,3%, com o saldo da balança a cair -48,6%, ao situar-se em +9,8 mil milhões de Euros, ou seja uma quebra de -9,3 mil milhões de Euros face ao ano anterior.

2.2 – Principais mercados de origem e de destino                                                                   das trocas comerciais angolanas

Em 2020, de acordo com estatísticas da Administração Geral tributária de Angola, o principal mercado de origem das importações angolanas de mercadorias foi a China, com 15,5% do Total, seguida de Portugal, com 14,2%. No ano precedente Portugal havia ocupado a 3ª posição, precedido da China e da França.

Seguiram-se em 2020, entre os principais mercados, os EUA (6,6%), o Brasil e a Índia (4,8% cada), o Reino Unida (4,7%), a África do Sul (4,3%), a Bélgica (4,2%), a França (3,4%) e a Coreia do Sul (3,3%).

As exportações, centradas no petróleo, tiveram por principal destino a China (56,9% do Total). Seguiram-se os EUA (8,9%), a Índia (7,3%), os Emirados Árabes Unidos (4,5%), a Tailândia (3,6%), Singapura (2,5%), a Espanha (1,7%), a França e Portugal (1,6% cada), Taiwan e Itália (1,4% cada) e a África do Sul (1,0%).

2.3 – Evolução das exportações angolanas de petróleo bruto (2000 a 2019)

Em 2019, o petróleo bruto terá pesado 90,4% no Total das exportações, e o conjunto dos refinados e gás do petróleo 5,6%. Nas figuras seguintes pode observar-se a evolução das exportações de petróleo bruto.em valor, quantidade e preço (US$/Barril), entre 2000 e 2019.

2.4 – Quotas de Portugal nas importações e exportações angolanas

No gráfico seguinte constam as quotas de Portugal no total das importações e exportações de Angola entre 2015 e 2020, segundo estatísticas angolanas. 

2.5 – Importações em Angola por grupos de produtos e quotas de Portugal

Foram aqui analisados, convertidos em Euros, os últimos dados disponíveis para as importações de mercadorias em Angola em 2019 e 2020, de fonte “Administração Geral Tributária de Angola” (AGT), por Capítulos do Sistema Harmonizado (SH), agregados em Grupos de Produtos cujo conteúdo, em termos de Nomenclatura SH, se encontra definido em Anexo.

Para o cálculo das quotas de Portugal por grupos de produtos, por não terem sido encontrados, de fonte angolana, dados ao nível de capítulo, foram utilizadas estatísticas portuguesas de fonte INE, a que foram aplicadas as necessárias conversões de valores Cif-Fob, com utilização de um factor fixo (Fob = Cif x 0,9533), sendo certo que existem inevitáveis divergências entre os valores de base das duas fontes.

Em 2020 verificaram-se decréscimos das importações em todos os grupos de produtos, com uma quebra global de -35,4% face ao ano anterior (cerca de -4,5 mil milhões de Euros). As importações com maior peso no total incidiram nos grupos “Produtos acabados diversos” (23,0%), “Químicos” (14,0%), “Minérios e metais” (13,5%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,2%) e “Calçado, peles e couros” (13,1%).

Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (11,9%, “Têxteis e vestuário” (11,8%) e “Agro-alimentares” (11,1%).

Com pesos menores alinharam-se “Material de transporte terrestre e partes” 3,9%), “Energéticos” (1,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3%).

Por grupos de produtos, em 2020 as maiores quotas de Portugal ocorreram nos grupos “Produtos acabados diversos” (23,0%), “Químicos” (14,0%), “Minérios e metais” /13,5%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,2%), “Calçado, peles e couros” (13,1%), “Madeira, cortiça e papel” (11,9%), “Têxteis e vestuário” (11,8%) e “Agro-alimentares” (11,1%).

Com quotas inferiores alinharam-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (3,9%), “Energéticos” (1,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3%).

2.6 – Exportações em Angola por grupos de produtos e quotas de Portugal

As exportações de Angola, como já ficou evidenciado, radicam nos produtos petrolíferos, que representam mais de 90% do Total. 

Em 2020, à excepção de “Aeronaves, embarcações e partes”, verificaram-se decréscimos nas exportações dos restantes grupos de produtos, sendo a queda global de -43,3% (-13,8 mil milhões de Euros). Neste ano, as exportações de produtos “Energéticos” representaram 93,2% do Total.


3. Comércio Internacional de Portugal com Angola                                                            (2016-2020 e Janeiro-Setembro 2020-2021)

Para as trocas comerciais de Portugal com Angola vão agora ser utilizadas estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, com dados definitivos até 2020 e preliminares para 2021. 

Após um decréscimo em relação ao valor que detinham em 2016, as importações de Portugal com origem em Angola aceleraram nos dois anos seguintes, para descerem em 2020 abaixo do nível de 2016. Por sua vez as exportações, tendo aumentado em 2017, desaceleram sucessivamente a partir de então, situando-se abaixo do nível de 2016 nos dois últimos anos.

3.1 – Balança Comercial

A balança comercial de 2016 a 2020 e nos primeiros nove meses de 2021 foi francamente favorável a Portugal, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações. 

Após um significativo aumento em 2017 face ao ano anterior, (+117,9%), o saldo da balança comercial decresceu até 2019, passando de 1,5 mil milhões de Euros para apenas 163 milhões, tendo-se invertido este comportamento de descida em 2020 ao situar-se então em 389 milhões de Euros. Nos primeiros nove meses de 2021, face ao mesmo período do ano anterior, o saldo da balança mais que duplicou, ao passar de 294 para 594 milhões de Euros.

3.2 – Importações

As importações provenientes de Angola encontram-se centradas no petróleo bruto e logo sujeitas à flutuação do seu preço no mercado internacional, tendo o grupo dos produtos “Energéticos”  representado 96,2% nos primeiros nove meses de 2020. 

Nos primeiros nove meses de 2021 este grupo viu o seu peso descer para 74,1% do Total, com o grupo “Agro-alimentares” a representar 13,8%, contra 2,3% no período homólogo de 2020. Estas importações centraram-se em farelos e outros resíduos de moagem, crustáceos, bananas, café e fruta diversa.

O grupo “Minérios e metais” representou 1,7% do Total em 2021, com destaque para as importações de granito em bruto ou cortado à serra.

No mesmo ano o grupo “Madeira, cortiça e papel” pesou 1,4% no Total, essencialmente madeira serrada.

3.3 – Exportações

Ao longo do último quinquénio e primeiros nove meses de 2021 as principais exportações portuguesas para Angola incidiram nos grupos de produtos “Máquinas, aparelhos e partes”, “Agro-alimentares” e “Químicos”.

No período acumulado de Janeiro a Setembro de 2021 as exportações de “Máquinas, aparelhos e partes”, muito diversificadas, representaram 30,2% do Total (26,3% no ano anterior), tendo-se destacado os suportes para gravação de som, as máquinas automáticas para processamento de dados, os quadros de comando e distribuição de energia eléctrica, as partes de guindastes e outros aparelhos de elevação e os fios e cabos eléctricos.

Entre os produtos “Agro-alimentares” (19,8% em 2021 e 24,6% em 2020) predominaram o óleo de soja, os vinhos e os enchidos de carne.

No âmbito dos produtos “Qúímicos” (18,0% em 2021 e 17,8% em 2020) ocuparam posição dominante os medicamentos.

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (11,6% em 2021 e 11,1% em 2020), principalmente aparelhos para uso médico, mobiliário, aparelhos de iluminação, assentos mesmo transformáveis em cama e os ladrilhos cerâmicos, entre muitos outros, e “Minérios e metais (9,4% em cada um dos anos), com destaque para as construções em ferro/aço ou alumínio e suas partes, e obras diversas de ferro/aço.

Com pesos mais reduzidos alinharam-se depois os grupos: “Madeira, cortiça e papel” (4,0% e 3,7% respectivamente em 2021 me 2020), principalmente caixas e embalagens de papel ou cartão, papel e cartão em rolos ou folhas, obras de carpintaria para construção, painéis de fibras de madeira, livros e impressos; “Material de transporte terrestre e partes” (2,8% e 2,7%), com destaque para as partes e acessórios de veículos automóveis, veículos para o transporte de mercadorias, reboques e veículos para usos especiais; “Têxteis e vestuário” (2,4% e 2,5%), muito diversificados, evidenciando-se os moldes para vestuário, a roupa de cama, mesa, toucador e cozinha, as T-shirts de malha e os cortinados; “Energéticos” (1,0% e 1,2%), essencialmente produtos refinados; “Calçado, peles e couros” (0,6% e 0,7%), designadamente calçado de diversos tipos e malas, pastas, carteiras e semelhantes em couro; e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3% e 0,1%), essencialmente embarcações de pesca.

Alcochete, 2 de Dezembro de 2021.

ANEXO





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