Comércio Internacional português
de "Têxteis" e "Vestuário e acessórios"
(2019-2023)
( disponível para download >> aqui )
1 - Introdução
As exportações do conjunto de produtos “Têxteis” e “Vestuário e acessórios”, que haviam registado um forte incremento após a adesão de Portugal às Comunidades, começaram a decair em 2002, quebra que se acentuou significativamente após a concretização do desmantelamento do “Acordo Multifibras” (Janeiro de 2005), em conformidade com as regras da “Organização Mundial de Comércio” (OMC), e do consequente aumento principalmente, da competição chinesa no sector, a que a indústria reagiu apostando na qualidade, na inovação e no “design”, com aumento de valor acrescentado.
A partir de 2009 assistiu-se a uma recuperação sustentada destas exportações,
que atingiram o seu ponto de maior crescimento em 2018, decrescendo a partir de
então, mais acentuadamente em 2020, na sequência da pandemia que assolou o
mundo, para recuperarem o seu crescimento até 2022, com 122,2% do valor que
detinham em 2000, decaindo para 115,5% em 2023, de acordo com os dados de base
preliminares disponíveis.
Estes produtos continuam a ocupar uma importante posição no contexto das exportações, com grande interligação com as importações ao nível de matérias-primas necessárias para alimentação da indústria exportadora.
Desde o início deste século as
importações de produtos “Têxteis” mantiveram-se abaixo do nível de 2000,
à excepção do ano 2022, enquanto que as importações de “Vestuário e
acessórios” (acessórios como chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas e
guarda-sois, penas e penugem, flores artificiais e obras de cabelo) registaram
um ritmo de crescimento sustentado (com uma inflexão em 2020), atingindo 266,9%
em 2023 face a 2000.
A balança comercial do
conjunto dos “Têxteis” e “Vestuário e acessórios” foi favorável a
Portugal de 2019 a 2023, com um saldo de 595 milhões de Euros no último ano e
um grau se cobertura das importações pelas exportações de 111,3%, na sequência
de quebras em valor, face ao anterior, de -5,6% nas importações e de -5,5% nas
exportações.
Em 2023, tanto na importação
como na exportação predominou o “Vestuáriio e acessórios”, com
respectivamente 58,1% e 59,6% do Total.
Numa óptica de localização das
importações destes produtos por mercados Intra e Extra-comunitários,
verifica-se que no espaço Intra-comunitário tiveram origem 56,9% das
importações de “Têxteis” e 83,2% das de “Vestuário e acessórios”
em 2023.
Por sua vez, no âmbito das
exportações foi também o espaço Intra-comunitário o principal destino dos “Têxteis”
(63,0% do Total) e do “Vestuário e acessórios” (80,1%).
Neste trabalho, que cobre os anos 2019 a 2023, os produtos “Têxteis” vão ser divididos em quatro componentes: “Fibras e Fios”, “Tecidos”, “Têxteis-Lar” e “Outros Têxteis”. Por sua vez o “Vestuário e acessórios” vai ser considerado em três componentes: “Vestuário de Malha”, “Vestuário excepto de malha” e “Outros acessórios” (ver Anexo).
Os dados estatísticos de base aqui
utilizados, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no seu
Portal, correspondem a versões definitivas para os anos de 2019 a 2022 e a
uma versão preliminar para 2023, com última actualização em 9-2-2024.
2 – Comércio internacional português de “Têxteis”
2.1 – Balança Comercial
Em 2023, face a 2022, as importações e as exportações de “Têxteis” registaram taxas de variação homóloga negativas, respectivamente -16,8% e -7,7%.
A balança comercial, que havia sido deficitária no ano anterior (-87
milhões), registou um saldo positivo (+159 milhões), com um grau de cobertura
das importações pelas exportações de 107,2%.
2.2 – Importação de “Têxteis”
por componentes
Em 2023 predominaram as
importações de “Fibras e Fios” (39,9%), principalmente fios de algodão e de
filamentos e fibras sintéticas, algodão não cardado ou penteado e fibras
artificiais. Seguiram-se os “Tecidos”, com destaque para os tecidos de fios de
filamentos sintéticos e de algodão, tecidos de malha, de lã penteada e de
algodão, destinados em grande parte a serem utilizados na fabricação de
vestuário para exportação, que representaram 28,1% das importações, os “Outros Têxteis” (19,8%), como tecidos impregnados
ou revestidos a plástico, falsos tecidos, moldes para vestuário, sacos para
embalagem, produtos para usos técnicos, fitas de matérias têxteis, encerados,
toldos, tendas e velas, etiquetas, emblemas e semelhantes, entre outros. Os “Têxteis-Lar” representaram 12,3% do total
das importações em 2023, como roupas de cama, mesa ou toucador e artigos para
guarnição de interiores, entre outros.
2.3 – Mercados de origem das importações de “Têxteis”
À exepção dos Países Baixos (+3,9%), registaram-se
quebras nos restantes nove principais países de origem das importações de “Têxteis”
em 2023, face ao ano anterior.
Entre os dez principais mercados de origem predominaram a
Espanha (18,6%), a Itália (15,1%), a China (10,0%), a Índia (9,8%) e a Alemanha
(8,6%).
Com pesos inferiores alinharam-se depois a
Turquia (6,9%), o Paquistão (6,3%), a França (4,2%), os Países Baixos (3,5%) e
a Bélgica (2,3%).
2.4 – Exportação de “Têxteis”
por componentes
Em 2023 predominou nas exportações a componente “Outros
Têxteis” (34,2%), designadamente cordéis, cordas e cabos entrançados,
tecidos impregnados ou revestidos com plástico, moldes para vestuário, artefactos
têxteis para uso técnico e telas para pneus, entre outros.
Seguiram-se os “Têxteis-Lar” (29,6%), com destaque
para as roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, tapetes, artigos de
guarnição de interiores, cobertores e mantas, cortinados e estores de interior,
os “Tecidos” (24,5%) de malha ou algodão, de fios de filamentos e de
fibras sintéticas, de lã penteada ou de linho, e os veludos e pelúcias, entre
outros, e as “Fibras e Fios” (11,6%) de conteúdo muito variado, com
destaque para os cabos de filamentos sintéticos, fios de algodão, de fibras ou
filamentos sintéticos, monofilamentos e fios de lã cardada ou penteada, entre
outros.
2.5 – Mercados de destino das exportações de “Têxteis”
Em 2023, entre os dez principais mercados de destino das
exportações portuguesas de “Têxteis”, que representaram cerca de 70% do
Total, apenas na Alemanha, na Roménia e em Marrocos se verificaram taxas de
crescimento positivas face ao ano anterior.
Os principais destinos destas exportações foram a Espanha
(17,0% do Total), a França (12,6%), os EUA (10,1%) e a Alemanha (8,0%).
3 – Comércio internacional português de “Vestuário e acessórios”
3.1 – Balança Comercial
A balança comercial do “Vestuário e acessórios” foi favorável a Portugal no período em
análise.
Com um saldo crescente entre 2019 a 2021, quando atingiu
cerca de 1,1 mil milhões de Euros, o saldo decresceu a partir de então,
situando-se em 436 milhões de Euros em 2023, na sequência de um aumento das
importações de +4,4%, face ao ano anterior, com as exportações a decrecerem
-3,9%, de acordo com os dados preliminares disponíveis.
3.2 – Importação de “Vestuário
a acessórios” por componentes
Em 2023 a importação de “Vestuário
de malha” representou 50,4% do Total, a de “Vestuário excepto malha”
45,8%, e a de “Outros acessórios” (3,8%).
Entre o “Vestuário de malha” destacam-se
as importações de camisolas, pulôveres
e semelhantes, de ‘T-shirts’ e camisolas interiores, de fatos, conjuntos,
casacos, vestidos, saias, calças e calções para senhora, de camisas para homem,
de vestuário de trabalho e para desporto, meias-calças e meias como por exemplo
para varizes, vestuário para bebés, combinações, saiotes, calcinhas, pijamas,
robes e semelhantes para senhora, vestuário de tecido impregnado de borracha ou
plástico, fatos conjuntos, casacos, calças e calções para homem. Este conjunto
de produtos pesou em 2023 cerca de 88% deste tipo de vestuário.
No âmbito do “Vestuário excepto de malha” predominaram as importações de fatos,
conjuntos, casacos, vestidos, saias, calças e calções para senhora, de fatos, casacos, calças e calções para homem, de fatos
para desporto, fatos-macaco, fatos de banho e biquínis, calções e slips de
banho, de casacos compridos, capas, anoraques e blusões, camiseiros e blusas de
uso feminino, de camisas, sobretudos, capas e blusões de uso masculino, de suitiãs,
cintas, espartilhos, ligas e artefactos semelhantes.
Este conjunto de produtos
pesou, em 2023, cerca de 89% do Total deste tipo de vestuário.
Os “Outros acessórios”, com peso mais reduzido, centraram-se em chapéus e
outros artefactos de uso semelhante, guarda-chuvas, sombrinhas e guarda-sois, flores
artificiais, perucas, sobracelhas, pestanas, madeixas e artefactos semelhantes.
3.3 – Mercados de origem das importações de “Vestuário e acessórios”
Em 2023 o principal mercado de origem das importações de “Vestuário
e acessórios” foi a Espanha, com 53,0% do Total.
Seguiram-se a Itália (9,2%), a França (7,1%), a China (6,5%),
a Alemanha (5,2%), o Bangladeche (3,1%), os Países Baixos (2,6%), a Bélgica (2,2%),
a Polónia (1,7%) e a Índia (1,6%).
3.4 – Exportação de “Vestuário
e acessórios” por componentes
Nas exportações de “Vestuário
e acessórios” prevaleceu o “Vestuário
de malha”, que em 2023 representou 66,6% do Total, seguido do “Vestuário
excepto de malha” (30,2%) e dos “Outros acessórios” (3,2%).
Entre o “Vestuário
de malha” destacaram-se, em 2023, as exportações de “T-shirts”, camisolas
interiores e semelhantes, de camisolas e pulôveres, cardigans e artigos
semelhantes, de fatos de saia-casaco, conjuntos, casacos, vestidos, saias,
calças, jardineiras e calções para senhora, de camisas de malha para homem, de
meias-calça e meias de variados tipos incluindo para varizes, de fatos,
conjuntos, casacos, calças, bermudas, jardineiras e calções para homem, e de
vestuário e seus acessórios para bebé, produtos que que representaram cerca de
90% do Total.
No âmbito do “Vestuário
excepto de malha” prevaleceram,
em 2023, as exportações de fatos, conjuntos,
casacos, calças e calções para homem, de fatos de saia-casaco, conjuntos,
casacos, vestidos, saias, calças e calções para senhora, de camisas para homem,
de camiseiros e blusas para senhora, de fatos de treino, fatos-macaco, fatos de
banho e biquínis, de casacos compridos, anoraques e blusões para senhora, e de
sobretudos, capas e blusões para homem, produtos que pesaram cerca de 90% no
Total.
Os “Outros acessórios” centraram-se em chapéus e seus esboços não
enformados, guarda-chuvas, sombrinhas e guarda-sois, partes de aves com penas e
penugem, e flores artificiais.
3.5 – Mercados de destino das exportações de “Vestuário e acessórios”
Entre os dez principais destinos das exportações de "Vestuário
e acessórios” em 2023 destacaram-se a Espanha (27,4%), a França (18,7%), a
Alemanha (9,4%) e a Itália (8,3%). Seguiram-se o Reino Unido, incluindo a
Irlanda do Norte (6,8%), os EUA (6,3%) e os Países Baixos (6,0%) e, com pesos
inferiores, a Bélgica (2,3%), a Suécia (2,5%) e a Dinamarca (1,8%), países que,
no seu conjunto, representaram cerca de 90% do Total.
Alcochete, 21 de Março de 2024.