quinta-feira, 18 de março de 2021

Série Mensal-Janeiro de 2021-Comércio Internacional

 

Comércio Internacional de mercadorias
- Série mensal -
Janeiro  de 2021

( disponível para download  >> aqui )

1 - Balança comercial

De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o mês de Janeiro de 2021 e também ainda preliminares para o ano de 2020, com última actualização em 12 de Março de 2021, as exportações de mercadorias decresceram em valor, em termos homólogos, -9,8% (‑506 milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações de -17,2% (-1,1 mil milhões). 

A partir do mês de Janeiro de 2021, nas estatísticas de base do INE são acrescentados dois novos códigos de países, “XI-Reino Unido (Irlanda do Norte)” e “XU-Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte)”, apresentando-se a zeros a posição pautal com o código “GB-Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. Nos quadros destas séries mensais do Comércio Internacional manteremos, para já, este código GB, corresponndendo ao somatório dos valores dos dois novos códigos, que designamos pela sigla “GB-RUn. e Irl. NT”.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido, incluindo a Irlanda do Norte, excluído), registaram em 2021 uma quebra de ‑6,8% (‑252 milhões de Euros), tendo as exportações para os países terceiros decaído -17,6% (‑255 milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) diminuíram –9,3% (-428 milhões de Euros), com as originárias dos países terceiros a decrescerem -34,9% (-708 milhões).

O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -43,0% ao situar-se em -834 milhões de Euros (menos 630 milhões do que no ano anterior), a que correspondeu uma redução de 176 milhões no comércio intracomunitário e de 454 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 77,9%, em 2020, para 84,8%, em 2021.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em Janeiro de 2021 o valor médio de importação do petróleo desceu, face ao mês homólogo de 2020, de 462 para 310 Euros/Ton.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou 9,0% no total das importações em Janeiro de 2021 e 5,7% do lado das exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações sobe de 84,8%, no comércio global, para 87,8%.

2 – Evolução mensal

3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

Em Janeiro de 2021, as exportações para a UE (expedições), que representaram 74,3% do total (71,8% em 2020), decresceram -6,8%, contribuindo com -4,9 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global negativa de -9,8%. As exportações para o espaço extracomunitário ( 25,7% do total em Janeiro de 2021 e 28,2% em 2020), decaíram -17,6%, contribuindo com -4,9 p.p. para a taxa de ‘crescimento’ global.

Os principais destinos em Janeiro de 2021 foram a Espanha (27,4%), a França (14,0%), a Alemanha (11,4%), o Reino Unido (incl. Irlanda NT) (5,5%), os EUA (4,9%), a Itália (4,8%), os Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,7%), a Polónia (1,4%), Marrocos (1,3%), a Suécia e o Brasil (1,2% cada), Angola (1,1%) e a Suíça (1,0%), destinos que representaram 81,6% do total das exportações.

Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros, depois do Reino Unido e dos EUA, registou em Janeiro de 2021 uma quebra nas exportações de –36,0% (‑28,2 milhões de Euros), envolvendo 9 dos 11 grupos, sendo as excepções os grupos “Energéticos”, “Material de transporte terrestre“ e “Aeronaves, embarcações e partes”.

As principais descidas nas exportações portuguesas para Angola incidiram nos grupos “Energéticos” (-16,4 milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (-5,7 milhões), “Produtos acabados diversos” (-2,7 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-2,6 milhões) e “Minérios e metais” (-2,5 milhões de Euros).

Entre os principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ (negativo) das exportações neste mês de Janeiro (-9,8%), pertenceram a Marrocos (+0,16 p.p.), à Finlândia (+0,15 p.p.), à China (+0,13 p.p.) à Eslováquia (+0,07 p.p.) e  à Polónia (+0,06 p.p.). Os maiores contributos negativos couberam à Alemanha (‑1,3 p.p.), Espanha (-1,2 p.p.), EUA (-1,0 p.p.), França e Reino Unido (-0,8 p.p. cada), Provisões de Bordo para Países Terceiros, para Países Comunitários e Países Baixos (-0,6 p.p. cada), Angola (-0,5 p.p.) e Brasil (-0,4 p.p.). 

Os maiores acréscimos nas expedições para o espaço comunitário, incidiram em Malta, Finlândia, Grécia, Eslováquia, Polónia e Lituânia. Os maiores decréscimos couberam à Alemanha, Espanha, França, Provisões de Bordo, Países Baixos, Irlanda e Áustria.


No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se os do Japão, Vietname, Marrocos, China, Austrália e Chile.

Entre os maiores decréscimos evidenciaram-se os EUA, Reino Unido, Provisões de Bordo, Argélia, Brasil, Ceuta e Gibraltar.  

3.2 - Importações

Em Janeiro de 2021, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 75,8% do total (69,3% em 2020), registaram um decréscimo de -9,3% e contribuíram com -6,5 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de ‑17,2%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑34,9%, representando 24,2% do total em 2021 (30,7% em 2020), com um contributo para o ‘crescimento’ global de -10,7 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2021 foram a Espanha (32,7% do Total), a Alemanha (13,9%) e a França (7,1%). Seguiram-se os Países Baixos (5,4%), a China (4,9%), a Itália (4,8%), a Bélgica (3,0%), o Brasil (2,9%), os EUA (2,5%), a Polónia (2,4%) e a Nigéria (1,9%).

Estes países representaram, no seu conjunto, 81,4% das importações totais.

Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga das importações em Janeiro de 2020 (‑17,2%) destacaram-se os da Nigéria (+0,8 p.p.), da Rússia (+0,6 p.p.), da Polónia e da Turquia (+0,4 p.p. cada).

Os maiores contributos negativos couberam a Espanha (-2,6 p.p.) e ao Reino Unido (‑2,4 p.p.).

Seguiram-se Angola (-1,9 p.p.), a Alemanha (-1,8 p.p.), o Brasil (-1,7 p.p.), a Argélia (‑1,0 p.p.), a Guiné Equatorial (-0,9 p.p.), a França e a China (-0,7 p.p. cada) e a Arábia Saudita (‑0,6 p.p.). 

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária e nos países terceiros.



4 – Saldos da Balança Comercial

Em Janeiro de 2021, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+262 milhões de Euros), ao Reino Unido (+228 milhões) e aos EUA (+89 milhões). Seguiram-se Angola (+47 milhões) e Marrocos (+45 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-514 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (-233 milhões), da China (‑222 milhões), dos Países Baixos (‑121 milhões) e do Brasil (-104 milhões).

5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em Janeiro de 2021, representando 83,2% do total, foram “Material de transporte terrestre e partes” (14,8% do Total e -13,1% de TVH), “Máquinas, aparelhos e partes” (14,5% e ‑8,5%), “Químicos” (13,2% e +0,2%) “Agro-alimentares” (12,1% e -5,6%), “Minérios e metais” (9,8% e +0,7%), “Produtos acabados diversos” (9,8% e -7,3%) e “Têxteis e vestuário” (9,0% e -10,1%).

À excepção dos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (+9 milhões de Euros), “Minérios e metais” (+3 milhões) e “Químicos” (+1 milhão), nos restantes grupos registaram-se decréscimos nas exportações face a Janeiro de 2020.

Os maiores contributos para o decréscimo global (-506 milhões de Euros), couberam aos grupos “Energéticos” (‑165 milhões de Euros), “Material de transporte terrestre e partes” (-104 milhões), “Máquinas, aparelhos e partes” (-62 milhões), “Têxteis e vestuário” (-47 milhões) e “Calçado, peles e couros” (-43 milhões).

5.2 – Importações

Em Janeiro de 2021, os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 84,2% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (20,3% do Total e TVH ‑5,1%), “Químicos” (19,7% e -3,6%), “Agro-alimentares” (15,0% e -6,3%), “Material de transporte terrestre e partes” (11,2% e -21,6%), “Minérios e metais” (9,0% e -5,3%) e “Energéticos” (9,0% e -45,9%). 

Verificaram-se decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -1,1 mil milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos” (-416 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-168 milhões) e “Têxteis e vestuário” (-129 milhões de Euros).

6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou em Janeiro de 2021 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 27,4% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição, depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (6ª posição, precedida do Reino Unido, França, Brasil Angola e Suíça).

Seguiram-se no “ranking” a França (14,0%), a Alemanha (11,4%), o Reino Unido (5,5%), os EUA (4,9%), a Itália (4,8%), os Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,7%), a Polónia (1,4%) e Marrocos (1,3%). Estes dez países representaram 77,1% das exportações totais.

6.2 – Importações

Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos, com 32,7% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (3ª posição, precedida do Brasil e da Nigéria) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, depois da França, Israel e EUA).

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,9%), a França (7,1%), os Países Baixos (5,4%), a China (4,9%), a Itália (4,8%), a Bélgica (3,0%), o Brasil (2,9%), os EUA (2,5%) e a Polónia (2,4%). Estes dez países cobriram 79,5% das importações totais.

Alcochete, 18 de Março de 2021.

ANEXO




sábado, 13 de março de 2021

 

Comércio Internacional de mercadorias
de Portugal com Espanha
(2016 a 2019)
( Disponível para download >> aqui )
1 – Nota introdutória

A Espanha é o principal parceiro de Portugal em ambas as vertentes comerciais, tendo sido em 2020 a origem de 32,6% das importações globais de mercadorias e o destino de 25,4% das exportações. 

Por sua vez, em 2020 Portugal ocupou a 7ª posição no “ranking” dos fornecedores de mercadorias a Espanha (4,1%), precedido da Alemanha, China, França, Itália, EUA e Países Baixos, e o 4º lugar entre os principais destinos das exportações espanholas (7,2%), depois da França, Alemanha e Itália.

De acordo com dados para 2017 constantes da publicação do AICEP “Espanha, as Comunidades Autónomas (Julho 2018)”, com dados de base de fonte ICEX-España Exportación e Inversiones, as Comunidades Autónomas de Espanha que registaram as maiores quotas de importação de mercadorias portuguesas foram Madrid (17,6%), a Galiza (17,4%) e a Catalunha (14,6%). Seguiram-se a Andaluzia (9,2%), a Comunidade Valenciana (8,6%) e Castela e Leão (5,9%).

Pretende-se neste trabalho avaliar, com algum detalhe, a evolução das chegadas e das expedições de mercadorias de e para Espanha (que designaremos respectivamente por importações e exportações) nos últimos cinco anos (2016-2020).

Para a análise da evolução das importações e exportações por produtos transaccionados foram estes agregados em 11 Grupos de Produtos, cujo conteúdo, em termos de Nomenclatura Combinada, se encontra definido em Anexo.

2 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Espanha é deficitária, tendo o saldo oscilado ao longo dos últimos cinco anos entre -7,4 mil milhões de Euros em 2016 e -9,6 mil milhões em 2019 (-8,5 mil milhões em 2020), com um grau de cobertura das importações pelas exportações em torno de 61%. 


O ritmo de 'crescimento' das importações ao logo do último quinquénio, face aos níveis de 2016, foi superior ao das exportações.

3 – Importações

O grupo de produtos com maior peso nas importações portuguesas originárias de Espanha é “Agro-alimentares”, sempre acima de 20% na estrutura ao longo dos últimos cinco anos (22,4% em 2020).

Alinharam-se depois, em 2020, os grupos “Químicos” (16,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (14,4%), “Minérios e metais” (11,1%) e “Material de transporte terrestre e partes” (10,7%). Com pesos inferiores a 10% seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (7,9%), “Têxteis e vestuário” (5,6%), “Madeira, cortiça e papel” (5,4%), “Energéticos” (4,5%), “Calçado, peles e couros” (1,7%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1%).


No quadro seguinte relacionam-se as principais importações nos últimos dois anos, por grupos de produtos, desagregadas por Capítulos da Nomenclatura Combinada e divididas por acréscimos e decréscimos em valor.

Nos gráficos seguintes encontra-se representada, por grupos de produtos, a variação em valor das importações originárias de Espanha ao longo do último quinquénio (2016=100), sendo particularmente notória uma quebra generalizada em 2020, face ao ano anterior.

4 – Exportações

O grupo com maior peso nas exportações é também aqui o dos produtos “Agro-alimentares”. Representando 17,5% do Total entre 2016 e 2018, o seu peso desceu no ano seguinte para 17,1%, para se situar em 18,7% em 2020.

Seguiram-se neste ano os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (14,9%), “Químicos” (13,3%), “Minérios e metais” (12,0%), “Máquinas, aparelhos e partes” (10,6%), “Têxteis e vestuário” (8,9%), “Produtos acabados diversos” (8,7%), “Madeira, cortiça e papel” (7,2%), “Energéticos” (4,1%), “Calçado, peles e couros” (1,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,2%).

No quadro seguinte encontram-se relacionadas as principais exportações efectuadas nos últimos dois anos, por grupos de produtos, desagregadas por Capítulos da Nomenclatura Combinada e divididas por acréscimos e decréscimos em valor.

Nos gráficos seguintes encontra-se representado, por grupos de produtos, o ritmo de 'crescimento' em valor das exportações portuguesas para Espanha ao longo dos últimos cinco anos (2016=100), sendo de referir que os dois únicos grupos que em 2020 não registaram uma quebra face ao ano anterior foram “Agro-alimentares” e “Máquinas, aparelhos e partes”.



5 – Quotas de Espanha no comércio

       internacional de Portugal 


Alcochete, 12 de Março de 2021.

ANEXO






terça-feira, 9 de março de 2021

Comércio internacional da Pesca - 2019 e 2020

 

Comércio internacional da pesca,
preparações, conservas e
outros produtos do mar
(2019 e 2020)

" Disponível para download >> aqui )

1 – Nota introdutória

Portugal, detentor de uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) a nível europeu e mundial, mantém no âmbito da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar, uma balança comercial deficitária, representando as importações (Fob) um valor duas vezes superior ao das exportações.

Neste trabalho vai-se analisar a evolução destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística em versão definitiva para 2019 e ainda preliminar para 2020, com última actualização em 9 de Fevereiro de 2021.

2- Peso do sector no comércio internacional global

As importações deste conjunto de produtos representaram 2,8% das importações globais em 2020 (2,7% em 2019) e as exportações, com um peso no Total tendencialmente decrescente nos últimos dois anos, 1,7% (1,8% em 2019).

3 – Balança Comercial

A balança comercial destes produtos do mar foi deficitária em 2019 e 2020, com défices (Fob-Cif) respectivamente de -1115 milhões de Euros e -1019 milhões, o que representou um decréscimo de -8,6%.

Em 2020, face ao ano anterior, as importações decresceram -11,9% e as exportações decaíram -15,3%, com o grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) a descer de 49,0% para 47,1%. 

Entre os agregados de produtos considerados destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, produtos que representaram no seu conjunto, nos dois últimos anos, cerca de 98% das importações e das exportações totais.


No quadro seguinte consta a balança comercial em 2019 e 2020 de cada um dos sete agregados de produtos aqui considerados.

O único agregado em que a Balança Comercial foi favorável a Portugal foi o de “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, +22,1 milhões de Euros em 2019 e +31,9 milhões em 2020.

Os défices dominantes incidiram no “Peixe”, -825,6 milhões de Euros em 2019 e -778,7 milhões em 2020 e no agregado “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, respectivamente -281,5 e -251,0 milhões de Euros.

Em Anexo apresentam-se quadros e gráficos com a balança comercial dos diversos componentes desagregados por produtos a quatro ou seis dígitos da Nomenclatura Combinada (NC), com indicação das respectivas quantidades transacionadas.

4 – Importação

Em 2020 as importações deste conjunto de produtos decresceram -11,9% face ao ano anterior (‑260,0 milhões de Euros). As maiores quebras couberam ao “Peixe”, -166,4 milhões de Euros, e aos “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”, -103,5 milhões.

Nas importações de “Peixe” assumem particular relevância, entre outras, as de bacalhau nos seus diversos estados, que serão adiante objecto de uma análise mais pormenorizada.

4.1 – Mercados de origem

Em 2020 os principais fornecedores deste conjunto de produtos foram a Espanha (40,8%), a Suécia (13,0%), os Países Baixos (8,7%), a China (3,7%), a Dinamarca (3,2%) e a Rússia (2,5%), países que totalizaram 71,9% dos fornecimentos.

Os maiores decréscimos, em Euros, couberam a Espanha (-67,6 milhões), à Rússia (-40,4 milhões), à China (-22,1 milhões), à Índia (-16,3 milhões) e ao Senegal (-14,5 milhões).

Por sua vez, entre os 25 maiores fornecedores os acréscimos incidiram no Equador (+8,3 milhões), Marrocos (+4,7 milhões), Turquia (+4,4 milhões), Itália (+1,2 milhões) e Alemanha (+925 mil Euros).

5 – Exportação

As exportações decresceram -15,3% em termos homólogos (-164,4 milhões de Euros).

A principal quebra incidiu no “Peixe”, componente com um peso de 48,7%n no Total em 2020 (-119,5 milhões de Euros). Seguiram-se os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos“, 21,2% do total (-73,0 milhões), principalmente moluscos, excluindo conservas.

A estas descidas contrapôs-se um aumento das exportações de “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, 28,3% do Total  (+13,1 milhões de Euros), principalmente preparações e conservas de peixe.

5.1 – Mercados de destino

Em 2020 as expedições portuguesas de mercadorias para o espaço intracomunitário representaram 78,6% do Total, com predomínio do mercado espanhol (47,1% do Total). Entre os países terceiros o destino dominante foi o Brasil (6,4%).

Os maiores decréscimos em Euros, couberam a Espanha (-129,4 milhões), Itália (-22,2 milhões), Brasil (-19,9 milhões), China (-6,6 milhões), Angola (-3,8 milhões) e Polónia (-1,6 milhões).

Os principais acréscimos incidiram nas exportações para França (+7,1 milhões), Reino Unido (+6,3 milhões), Alemanha (+3,7 milhões), Suíça e EUA (+2,9 milhões cada), Bélgica (+2,2 milhões), Japão (+2,0 milhões), Países Baixos (+1,7 milhões) e Vietname (+1 milhão de Euros).

6 – Importação e exportação de sardinha

São conhecidas as limitações impostas ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, tendo havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição.

Em 2020, face ao ano anterior, aumentou a importação de sardinha fresca, refrigerada ou congelada (+20,1% em valor e +29,1% em quantidade) e também a sua exportação (respectivamente +18,1% e +36,8%).

Em 2020 o principal mercado de origem foi a Espanha (64,0%), seguida à distância pelo Reino Unido (18,5%), Marrocos (9,0%), Croácia (4,3%) e França (3,1%). Por sua vez, o principal mercado de destino das exportações foi ainda a Espanha (64,9%), seguida da França (7,8%), dos EUA (7,4%), do Canadá (6,8%), da Suíça (2,5%), da Alemanha (1,6%), do Reino Unido e Luxemburgo (1,4% cada).

As principais exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que registaram em 2020 acréscimos de +23,3% em valor e +25,3% em quantidade.

As importações destas conservas, que representaram neste ano cerca de 14% do valor das exportações, registaram o significativo aumento em relação ao ano anterior de +79,3%.

Em 2020, o principal destino das conservas de sardinha foi a França (34,3%), seguida do Reino Unido (14,5%), Áustria e EUA (7,9% cada), Bélgica (6,7%), Alemanha (5,0%), Espanha (3,1%) e Países Baixos (3,0%).

Os principais fornecedores foram a Espanha (55,1%), Marrocos (17,7%) e a Alemanha (16,3%).

7 – Importação e exportação de bacalhau

O bacalhau, também conhecido em Portugal pela designação de “fiel amigo” por não se deteriorar por longos períodos de tempo, ocupa uma posição importante na alimentação dos portugueses, sendo as suas importações mais de quatro vezes superiores às exportações

A importação de bacalhau, nos seus diversos estados, representou 26,1% do conjunto dos componentes em análise em 2020 (27,1% em 2019), com a exportação a pesar respectivamente 13,6% e 13,4% do Total.

Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ (64,8% em 2019), seguido do ‘Congelado, excluindo filetes’ (25,1%).


O principal mercado de origem do bacalhau foi a Suécia (38,2% do Total em 2019 e 43,1% em 2020), seguida dos Países Baixos (21,7% e 25,0%, respectivamente), da Rússia (14,8% e 9,4%) e da Espanha (8,3% e 8,6%).

Sabe-se que uma grande parte do bacalhau consumido em Portugal tem origem na Noruega, país extracomunitário limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um fornecimento, pela Noruega, em 2020, de apenas 2,1 mil toneladas (13,8 milhões de Euros), contra 29,8 mil toneladas no valor de 217 milhões de Euros fornecidos pela Suécia.

Tudo indica que a prevalência da Suécia entre os fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades aduaneiras.

Em 2020 Portugal exportou 18,6 mil toneladas de bacalhau (21,4 mil no ano anterior), principalmente ‘Congelado, excluindo filetes’ e ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado”.

Em 2020 as principais exportações de bacalhau tiveram por destino o Brasil (35,1%), a França (18,8%) e a Espanha (13,9%).

Seguem-se, em Anexo, quadros e gráficos com a balança comercial dos componentes do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar consideradas neste trabalho, desagregadas por produtos da NC a 4 ou 6 dígitos e indicação das quantidades transaccionadas.

Alcochete, 9 de Março de 2021.

ANEXO