terça-feira, 17 de abril de 2018

Níveis de intensidade tecnológica - Export/Import - 2012-2017



Exportações e importações de 
Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica

- 2012 a 2017 -

(disponível para download > aqui )


1 - Nota introdutória
A evolução do nível de intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos Industriais Transformados, a que corresponde um maior ou menor valor acrescentado, tem um reflexo directo na balança comercial de mercadorias, sendo na exportação um importante indicador de desenvolvimento industrial. Pretende-se neste trabalho analisar, a partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período 2012-2017, com última actualização em 9/4/2018, a evolução do comércio internacional português destes produtos, na óptica do seu nível de intensidade tecnológica.
2 – Metodologia
Os níveis de intensidade tecnológica considerados neste trabalho são os propostos pela OCDE, definidos com base na Revisão-3 da International Standard Industrial Classification(ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353); Média-alta tecnologia - 24 excl.2423, 29, 31, 34, 352, 359); Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351) e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e 37).
A partir da tabela ISIC correspondente ao ano de 2007, com recurso à “Classificação Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 abrangendo o período de 2007 a 2017, com algumas pequenas rectificações face à utilizada em trabalhos anteriores.
3 – Exportação de Produtos Industriais Transformados
      por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na exportação global portuguesa oscilou, no período de 2012 a 2017, entre 94,8% e 94,3%.

Por níveis de intensidade tecnológica o maior peso nas exportações do conjunto dos Produtos Industriais Transformados em 2017 incidiu na Baixa tecnologia (36,1%), seguido da Média-alta tecnologia (29,8%), da Média-baixa tecnologia (24,9%) e da Alta tecnologia (9,2%).


Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso em 2017, o “Equipamento de rádio, TV e comunicações”, os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão”, os “Produtos farmacêuticos”, os produtos da “Aeronáutica e aeroespacial” e o “Equipamento de escritório e computação”.
A Média-alta tecnologia engloba, ainda por ordem decrescente de valor em 2017, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques”, as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos”, os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos”, as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento de transporte”

Na Média-baixa tecnologia perfilam-se, por ordem decrescente de valor em 2017, os “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear”, os “Produtos da borracha e do plástico”, a “Fabricação de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos”, os “Produtos minerais não metálicos”, a “Metalurgia de base” e a “Construção e reparação naval”.
Por fim, na Baixa tecnologia alinham-se os “Têxteis, vestuário, couros e calçado”, os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco”, a “Pasta, papel, cartão e publicações”, as “Manufacturas não especificadas e reciclagem” e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça”.
As exportações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram sustentadamente ao longo dos últimos seis anos, tendo o maior ritmo de crescimento incidido nos produtos de Alta tecnologia, seguido dos de Baixa tecnologia.
Verificaram-se desacelerações nas exportações dos produtos de Alta tecnologia, em 2013, e de Média-baixa tecnologia entre 2013 e 2016.

4 – Mercados de destino das exportações em 2017
As exportações de Produtos Industriais Transformados têm por principal destino o espaço comunitário.
Em 2017 o maior peso relativo da União Europeia, face ao conjunto dos países terceiros, incidiu na exportação de produtos de Média-alta tecnologia (78,9%).
Seguiram-se os de Baixa tecnologia (75,5%), de Alta tecnologia (67,6%) e de Média-baixa tecnologia (66,5%).

Os onze mercados de destino constantes do quadro seguinte representaram 77,2% das exportações globais portuguesas em 2017 e 77,1% das exportações de Produtos Industriais Transformados, estas com um peso nas exportações globais compreendido ente 84,5% para a China e 99,2% para os EUA.

Entre estes países destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (23,8% do total), seguida da França (12,9%) e da Alemanha (11,8%). Com pesos menores alinham-se o Reino Unido (6,8%), os EUA (5,4%), os Países Baixos (4,0%), a Itália (3,6%), Angola (3,4%), a Bélgica (2,3%). O Brasil (1,7%) e a China (1,4%).
Em 2017 a Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologias, cabendo à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta-tecnologia, seguida do Reino Unido.

A Baixa tecnologia prevaleceu nas exportações para Espanha, França, Países Baixos, Itália, Angola e Brasil, a Média-baixa tecnologia nos fornecimentos aos EUA e a Média-alta tecnologia nas exportações para a Alemanha, Reino Unido, Bélgica e China.

5 – Importação de Produtos Industriais Transformados
      por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na importação global portuguesa aumentou, sustentadamente, no período de 2012 a 2016, de 76,2% para 85,0%, tendo descido para 84,0% em 2017.

Por níveis de intensidade tecnológica, em 2017 o maior peso no conjunto das importações dos Produtos Industriais Transformados incidiu na Média-alta tecnologia (39,8%), seguida da Baixa tecnologia (28,1%), da Média-baixa tecnologia (16,6%) e da Alta tecnologia (15,5%).

Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso em 2017, o “Equipamento de rádio, TV e comunicações”, os “Produtos farmacêuticos”, os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão”, o “Equipamento de escritório e computação” e os produtos da “Aeronáutica e aeroespacial”.
No mesmo ano, a Média-alta tecnologia engloba, ainda por ordem decrescente de valor, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques”, os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos”, as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos”, as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento de transporte”

Na Média-baixa tecnologia perfilam-se, por ordem decrescente de valor, a “Metalurgia de base”, os “Produtos da borracha e do plástico”, a “Fabricação de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos”, os “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear”, os “Produtos minerais não metálicos, e residualmente a “Construção e reparação naval”.
Por fim, na Baixa tecnologia alinham-se os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco”, os “Têxteis, vestuário, couros e calçado”, as “Manufacturas não especificadas e reciclagem”, a “Pasta, papel, cartão e publicações” e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça”.
As importações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram sustentadamente ao longo dos últimos seis anos e também em todos os níveis de intensidade tecnológica, à excepção dos produtos de Alta tecnologia em 2013 e de Média-baixa tecnologia em 2015 e 2016, anos em que se registaram descidas.

6 – Mercados de origem das importações em 2017
As importações de Produtos Industriais Transformados têm por principal origem o espaço comunitário.
Em 2017 o maior peso da União Europeia, face ao conjunto dos países terceiros, incidiu na importação de produtos de Média-alta tecnologia (87,6%), seguida da Baixa tecnologia (83,5%), da Média-baixa tecnologia (82,0%) e da Alta tecnologia (78,8%).

Os países constantes do quadro seguinte representaram 77,9% das importações globais portuguesas em 2017 e 83,0% das importações de Produtos Industriais Transformados, que, à excepção da Rússia e do Brasil, pesaram mais de 80% no total em cada um dos países.

No caso da Rússia, entre os produtos não incluídos nos industriais transformados, sobressai o petróleo bruto, seguido da hulha e dos desperdícios de ferro e aço. No caso do Brasil há uma forte componente também de petróleo bruto, mas também soja, milho, frutas, café e algodão.
Entre os onze países acima identificados destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (34,0% do total), seguida da Alemanha (16,0%) e da França (8,2%). Com pesos inferiores alinham-se depois a Itália (6,4%), os Países Baixos (6,0%), o Reino Unido (3,5%), a China (3,2%), a Bélgica (2,9%), os EUA (1,4%), o Brasil (0,8%) e a Rússia (0,6%).
A Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologias, cabendo à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta-tecnologia.

A Espanha foi o único destes onze países em que, entre os quatro níveis, predominou o de Baixa tecnologia. Por sua vez, os EUA foram o único em que prevaleceu a Alta-tecnologia.


7 – Balança comercial de Produtos Industriais Transformados
       por níveis de intensidade tecnológica
Entre 2012 e 2017, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial portuguesa de Produtos Industriais Transformados apenas foi positivo em 2013, num montante de +842 milhões de Euros.
O saldo da balança comercial dos produtos de Média-baixa tecnologia e de Baixa tecnologia foi sempre positivo, por contraposição ao saldo da balança dos produtos de Alta tecnologia e de Média-alta tecnologia, que foi sempre negativo.




Alcochete, 17 de Abril de 2018.



quinta-feira, 12 de abril de 2018

Série mensal - Jan-Fev 2018-Comércio Internacional


Comércio Internacional de mercadorias
- Série mensal -
Janeiro a Fevereiro de 2018 

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1 - Balança comercial


De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 9 de Abril de 2018, nos dois primeiros meses de 2018 as exportações de mercadorias cresceram em valor +8,1% face ao mesmo período do ano anterior (+702 milhões de Euros), a par de um acréscimo das importações de +10,3% (+1088 milhões de Euros).
As exportações para o espaço comunitário (expedições) registaram um aumento de +10,7% (+697 milhões de Euros), ao mesmo tempo que as exportações para os países terceiros cresciam apenas +0,2% (+5 milhões de Euros). Por sua vez, as importações de mercadorias provenientes dos parceiros comunitários (chegadas) aumentaram +11,4% (+902 milhões de Euros), com as importações originárias dos países terceiros a crescerem +7,2% (+186 milhões de Euros).
Na sequência deste comportamento, o défice comercial externo (Fob-Cif) aumentou +21,2%, ao situar-se em -2211 milhões de Euros (um acréscimo de 386 milhões, cabendo 204 milhões ao comércio intracomunitário e 182 milhões ao extracomunitário). Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações desceu de 82,7%, em 2017, para 81,0%, em 2018.


A variação do preço de importação do petróleo repercute-se também, naturalmente, no valor das exportações de produtos energéticos. O valor médio unitário de importação do petróleo, que no conjunto dos dois primeiros meses de 2017 se situou em 375 Euros/Ton, subiu para 422,5 Euros/Ton em igual período de 2018.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (respectivamente 12,9% e 6,8% do total no período Janeiro-Fevereiro de 2018), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações em 2018 sobe de um total de 79,2% para 86,6%, com o aumento do défice, em termos homólogos, a descer de +21,2% para +17,1%.

2 – Evolução mensal

3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
No período de Janeiro-Fevereiro de 2018, as exportações nacionais para a UE (expedições), que representaram 77,0% do total (75,2% em 2017), cresceram em valor +10,7%, contribuindo com +8,0 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de crescimento global de +8,1%.
As exportações para o espaço extracomunitário, que representaram 23,0% do total em 2018 (24,8% em 2017), registaram um crescimento em valor de apenas +0,2%, contribuindo com +0,1 p.p. para a taxa de crescimento global. 

Os principais mercados de destino em 2018 foram a Espanha (24,8%), a França (13,4%), a Alemanha (11,9%), o Reino Unido (6,7%), os EUA (4,7%), os Países Baixos e a Itália (3,9% cada), a Bélgica (2,8%), Angola (2,4%), o Brasil (2,0%) e a Polónia (1,3%), países que no seu conjunto absorveram 77,8% das nossas exportações.
Angola, o segundo mercado de destino entre os países terceiros depois dos EUA, registou nos dois primeiros meses de 2018, face a 2017, uma quebra em valor de -19,1% (-53 milhões de Euros), envolvendo dez dos onze grupos de produtos, incidindo as descidas mais significativas nos grupos “Agro-alimentares” (-15,3 milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (‑12,4 milhões), “Minérios e metais” (-9,9 milhões), “Químicos” (-8,0 milhões de Euros). O único acréscimo coube ao grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (+1,2 milhões de Euros), o grupo menos representativo a par do grupo “Energéticos” (0,6% do total), essencialmente constituído por embarcações e estruturas flutuantes.

Entre os trinta principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações no período em análise (+9,6%), couberam a França (+1,8 p.p.), Alemanha (+1,3 p.p.), Brasil (+0,9 p.p.), Itália (+0,7 p.p.), Áustria (+0,6 p.p.), Bélgica e Espanha (+0,5 p.p. cada), Polónia e Países Baixos (+0,4 p.p. cada) e Reino Unido (+0,3 p.p.). Os maiores contributos negativos pertenceram a Angola (-0,6 p.p.), Marrocos (-0,5 p.p.) e China (-0,3 p.p.).


O maior acréscimo em Euros nas exportações para o espaço comunitário (expedições), em termos homólogos, verificou-se em França, seguida da Alemanha. Com menor expressão alinharam-se depois a Itália, a Áustria, a Bélgica, a Espanha, a Polónia, os Países Baixos e o Reino Unido. Os maiores decréscimos couberam à Finlândia e ao Luxemburgo.



3.2 - Importações
No período em análise de 2018, as importações com origem na UE, que representaram 76,2% do total (75,5% no mesmo período de 2017), registaram um acréscimo de +11,4% e contribuíram com +8.6 p.p. para uma taxa de crescimento global de +10,3%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram um acréscimo de +7,2%, representando 23,8% do total em 2018 (24,5% em 2017), com um contributo para o crescimento de +1,8 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2018 foram a Espanha (32,0%), a Alemanha (14,0%) e a França (7,9%). Seguiram-se a Itália (5,2%), os Países Baixos (5,0%), a China (3,1%), a Bélgica (2,7%), o Reino Unido (2,5%), o Cazaquistão (1,8%), a Federação Russa (1,7%) e os EUA (1,5%), países que representaram no seu conjunto 77,5% das nossas importações totais.

Entre os maiores contributos positivos para o crescimento das importações (+10,3%) destacam-se a Espanha (+4,1 p.p.), a Alemanha (+1,7 p.p.), o Cazaquistão (+1,0 p.p.), a França (+0,9%), a Argélia (+0,8%), a Itália (+0,7%), a China (+0,5 p.p.), a Arábia Saudita (+0,4 p.p.) e a Bélgica (+0,3 p.p.).

Por sua vez, os maiores contributos negativos couberam à Federação Russa (-1,6 p.p.), seguida do Azerbaijão (-0,4 p.p.) e da Colômbia e Reino Unido (-0,1 p.p. cada).
Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária e nos países terceiros.


4 – Saldos da Balança Comercial
No período em análise, o maior saldo positivo da balança comercial (Fob-Cif) coube a França (+341 milhões de Euros), seguido dos saldos do Reino Unido (+336 milhões), dos EUA (+268 milhões), de Angola (+102 milhões) e de Marrocos (+82 milhões de Euros).
O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-1381 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (‑513 milhões), da China (‑251 milhões), da Itália (-244 milhões) e dos Países Baixos (‑214 milhões de Euros).

5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2) em uso na União Europeia, foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver Anexo). Os grupos com maior peso nas exportações de mercadorias, representando 80,7% do total em Jan-Fev 2018, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,4% do total, com uma taxa de variação homóloga de +0,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (14,3% e TVH +46,8%), “Químicos” (12,2% e TVH +4,6%), “Agro-alimentares” (11,7% e TVH +9,0%) “Minérios e metais” (9,5% e TVH +6,4%), “Têxteis e vestuário” (9,4% e TVH +0,8%), e “Produtos acabados diversos” (9,2% e TVH +9,4%).
Os maiores acréscimos, em Euros, ocorreram nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (+217 milhões), “Agro-alimentares” (+56 milhões), “Minérios e metais” (+42 milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (+39 milhões) e “Produtos acabados diversos” (+34 milhões de Euros). Verificaram-se decréscimos em dois grupos: “Energéticos” (-81 milhões de Euros) e “Calçado, peles e couros” (-4 milhões).

5.2 – Importações
No mesmo período, os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 73,4% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (17,1%, com uma taxa de variação homóloga em valor de +15,0%) “Químicos” (16,5% do total e TVH de +10,8%), “Agro-alimentares” (13,8% e TVH de +5,9%), “Material de transporte terrestre e partes” (13,1% e TVH de +9,7%) e “Energéticos” (12,9% e TVH de +7,8%).
Nas importações verificaram-se acréscimos em todos os grupos de produtos, sendo os mais significativos, quando medidos em Euros, os dos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+260 milhões de Euros), “Químicos” (+187 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (+135 milhões), “Minérios e metais” (+110 milhões) e “Energéticos” (+108 milhões de Euros). 


6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os mercados de destino das exportações de mercadorias, a Espanha ocupou em Jan-Fev 2018 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 24,8% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4ª posição).

Seguiram-se no “ranking” a França (13,4%), a Alemanha (11,9%), o Reino Unido (6,7%), os EUA (4,7%), os Países Baixos e a Itália (3,9%), a Bélgica (2,8%), Angola (2,4%), e Brasil (2,0%). Estes dez países cobriram 76,5% das exportações totais.
6.2 – Importações

Nesta vertente do comércio internacional, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos, com 32,0% do total, sendo as excepções os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, antecedida da França, Países Baixos e EUA).
Seguiram-se a Alemanha (14,0%), a França (7,9%), a Itália (5,2%), os Países Baixos (5,0%), a China (3,1%), a Bélgica (2,7%), o Reino Unido (2,5%), o Cazaquistão (1,8%) e a Rússia (1,7%).
 Estes dez países cobriram 76,0% das importações totais. 


12 de Abril de 2018.








segunda-feira, 2 de abril de 2018

Comércio Internacional Portugal-EUA (2012 a 2017)


Comércio Internacional de mercadorias
entre Portugal e os EUA
(2012 a 2017)

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1 – Nota introdutória

Sendo de prever alterações futuras nos fluxos comerciais entre Portugal e os EUA, na sequência das recentes declarações do presidente daquele país, justifica-se desde já uma análise do tipo de produtos transaccionados, principalmente do lado da exportação, seu peso relativo e áreas comerciais que poderão vir a ser de alguma forma afectadas por eventuais medidas que vierem a ser tomadas.

Entre 2012 e 2017 o peso das importações portuguesas com origem nos EUA foi tendencialmente decrescente, caindo de 1,7% para 1,4%.
Por sua vez, o peso das exportações, no mesmo período, foi tendencialmente crescente, subindo de 4,1% para 5,2%.


No período em análise, os EUA ocuparam a 3ª ou a 4ª posição nas importações portuguesas provenientes dos Países Terceiros, a 4ª nos últimos dois anos, precedidos pela China, Rússia e Brasil, com 6,1% dos fornecimentos em 2017. Neste ano os EUA pesaram 1,4% nas importações globais, ocupando a 11ª posição no “ranking”.

Entre 2012 e 2014, os EUA ocuparam a 2ª posição no “ranking” dos principais destinos das nossas exportações para os Países Terceiros, antecedidos de Angola, tendo ultrapassado este parceiro dos PALOP em 2015, para manterem a primeira posição desde então. O peso doa EUA nas exportações portuguesas tem vindo a aumentar desde 2012, tendo passando de 4,1% para 5,2% em 2017, em termos globais, e de 14,2% para 19,9% face ao conjunto dos Países Terceiros.

2 – Balança comercial

A balança comercial de Portugal com os EUA foi favorável a Portugal ao longo dos últimos seis anos, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações.
O saldo positivo da Balança Comercial aumentou consistentemente, com uma ligeira inflexão em 2016, situando-se em 1,8 mil milhões de Euros em 2017.
3 – Importações por grupos de produtos

Para uma análise do tipo de produtos transaccionados, as 97 posições a dois dígitos da Nomenclatura Combinada de codificação de mercadorias em uso na UE, foram agregadas em 11 grupos de produtos (ver Anexo).
Em 2017, os grupos de produtos com maior peso nas importações portuguesas com origem nos EUA foram “Máquinas, aparelhos e partes” (25,9%), “Energéticos” (19,9%), “Agro-alimentares” (14,7%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (14,6%).
Com menor expressão seguiram-se os grupos “Químicos” (7,6%), “Produtos acabados diversos” (6,2%), “Madeira, cortiça e papel” (4,4%), “Minérios e metais” (2,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,2%), “Têxteis e vestuário” (1,3%) e “Calçado, peles e couros” (0,3%).

4 – Exportações por grupos de produtos

Em 2017, os grupos de produtos com maior peso nas exportações portuguesas com destino aos EUA foram “Energéticos” (23,6%), “Químicos” (13,8%), “Produtos acabados diversos” (12,0%), “Têxteis e vestuário” (11,3%), “Madeira, cortiça e papel” (10,3%), “Máquinas, aparelhos e partes” (10,0%), “Minérios e metais” (7,4%) e “Agro-alimentares” (5,8%).
Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Calçado, peles e couros” (2,6%), “Aeronaves, embarcações e partes” (2,4%) e “Material de transporte terrestre e partes” (0,8%).

4.1 – Principais tipos de produtos incluídos nos grupos de produtos

Em 2017, os principais tipos de produtos integrados em cada um dos grupos de produtos foram:
- Energéticos – principalmente gasolinas para motor 95 e 98 (95,0%);
- Químicos – com destaque para os produtos farmacêuticos (44,7%) e borracha e suas obras (32,6%);
- Produtos acabados diversos – principalmente mobiliário (24,9%), produtos cerâmicos (20,7%), aparelhos de óptica e de precisão (16,0%), obras de pedra e semelhantes (12,1%), armas e munições (9,0%), relojoaria (8,8%), vidro e suas obras (4,0%), brinquedos e jogos (1,8%);
- Têxteis e vestuário – designadamente têxteis e suas obras (68,5%) e vestuário e acessórios (31,5%);
- Madeira, cortiça e papel - principalmente cortiça e suas obras (57,8%) e papel e cartão (37,2%);
- Máquinas, aparelhos e partes – com predominância das máquinas e aparelhos eléctricos (54,3%) sobre os mecânicos (45,7%);
- Minérios e metais – essencialmente metais (92,5%);
- Agro-alimentares – principalmente vinhos e outras bebidas alcoólicas (51,2%), peixe, crustáceos e moluscos (15,0%), entre outros produtos (30,7%), como preparações de produtos hortícolas e frutas (8,7%), preparações à base de cereais (7,8%), gorduras e óleos (4,1%) e preparações de carne, peixe, crustáceos e moluscos (4,0%);
- Calçado, peles e couros – essencialmente calçado (97,8%);
- Aeronaves, embarcações e partes – principalmente aviões (83,4%) e partes de aviões ou helicópteros (15,6%);
- Material de transporte terrestre e partes – com destaque para as partes e acessórios de veículos automóveis (75,0%) e partes e acessórios de ciclos (13,2%). 

4.2 – Desagregação das exportações do grupo “Minérios e metais”
Atendendo ao anúncio recentemente feito pelo presidente dos EUA de possível aplicação futura de tarifas aduaneiras às importações de aço e de alumínio, de momento aparentemente apenas aplicáveis às importações destes produtos provenientes da China, interessará avaliar, desde já, o possível impacto dessas restrições nas exportações portuguesas de “Minérios e metais” para este mercado.

Em 2017, as exportações destes produtos para os EUA representaram 7,4% das exportações totais (4,7% em 2016), sendo o grupo de produtos que registou a maior taxa de crescimento em valor face ao ano anterior (+80,6%), a que correspondeu o maior acréscimo em Euros (+93,5 milhões) a seguir ao grupo “Energéticos” (+142,5 milhões). As exportações de “Minérios e metais” centraram-se na área dos metais, que representaram 92,5% deste grupo de produtos, com uma taxa de variação homóloga de +90,9%.

Cerca de metade destas exportações incidiram em “Ferro fundido, ferro e aço”, principalmente barras de ferro e de aço não ligado, com um assinalável incremento de 53 milhões de Euros face ao ano anterior (+277,4%) e “Barras e perfis de ferro ou aço inoxidável” (+76,1%). Seguiram-se as “Obras de ferro fundido, ferro ou aço”, que representaram cerca de 1/4 das exportações do grupo, com um crescimento de +29,1% em valor, onde sobressaíram as estacas-pranchas e perfis por soldadura e as cordas e cabos para uso não eléctrico.

Entre os restantes tipos de produtos, uma referência ao “Alumínio e suas obras”, um dos alvos anunciados que, pesando apenas 3,6% do total do grupo em 2017, registou um acréscimo em valor de +146,4% face a 2016. 

5 – “Mirror statistics”

Há divergências, por vezes acentuadas, entre os dados estatísticos registados no país de origem e no país de destino para determinadas transacções, neste caso entre os dados de fonte International Trade Centre (ITC) reproduzindo dados COMTRADE (fornecidos à ONU pelos EUA) para o ano de 2016 e  Census Bureau dos EUA, para 2017, e os dados de fonte Instituto Nacional de Estatistica de Portugal (INE). Sendo certo que a conversão dos dados nacionais de valores Cif em Fob e vice-versa, para comparação com os dados americanos, por utilização de um factor médio (0,9533) não é susceptível de conduzir a resultados rigorosos constitui, contudo, um indicador aproximado.

Como se pode observar no quadro, os valores veiculados pelos EUA são superiores aos divulgados pelo INE, em ambas as vertentes comerciais. Diversos motivos podem justificar estas assimetrias estatísticas, como seja a dificuldade na definição do valor da mercadoria, (valor Cif, Fob ou outro Incoterm), diferente atribuição do código da mercadoria na nomenclatura de produtos utilizada, desfasamento no tempo do registo da mercadoria na origem e no destino, dependendo por exemplo da duração do tempo de transporte, atribuição de confidencialidade por uma das fontes para determinados produtos, entre outros diferentes critérios de avaliação da transacção, como por exemplo o registo do país de origem ou o de proveniência. No caso das exportações portuguesas para países terceiros, o desfasamento pode ter origem na localização do porto de embarque. A mercadoria, com origem portuguesa, pode ter sido enviada para um outro Estado-membro e posteriormente embarcada, geralmente num porto do Norte da Europa, para o seu destino, e ter sido considerada nas estatísticas nacionais como uma expedição intracomunitária, e no país terceiro de destino como uma importação originária de Portugal.




Alcochete, 2 de Abril de 2018.