Comércio Externo de Moçambique
2023-2024
&
Portugal-Moçambique
2020-2024
Janeiro-Maio 2024-2025
(disponível para download >> aqui )
1 – Nota introdutória
Analisa-se neste trabalho a
evolução do comércio externo de mercadorias de Moçambique face ao mundo, entre
2023 e 2024, a
partir de cálculos do ITC com base em estatísticas do “Instituto Nacional de
Estatística de Moçambique”, e correspondentes quotas de Portugal por Grupos
de Produtos (definição do conteúdo de cada grupo por Capítulos
das Nomenclaturas NC2/SH2 em ANEXO).
Analisa-se em seguida a evolução do comércio
internacional de Portugal com Moçambique ao longo do período 2020-2024 e
Janeiro a Maio de 2024-2025, com base em dados de fonte “Instituto Nacional
de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2023 e
preliminar para 2024 e 2025, com última actualização em 10 de Julho de 2025.
Moçambique é um dos
estados-membros da “Southern Africa
Development Community - SADC”, Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral que
integra dezasseis países: Africa
do Sul, Angola, Botsuana, Comores, Esuatini (a antiga Suazilândia),
Lesoto, Madagáscar, Malaui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD), Seicheles,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabuè. Organização
criada em 1992, na sequência do fim do apartheid na África do Sul,
sucedeu à SADCC, esta criada em 1980 por nove dos actuais membros da SADC,
tendo entre os seus objectivos aprofundar a cooperação económica e estimular o
comércio de produtos e serviços entre os seus membros. As línguas oficiais são
o inglês, o português e o francês.
A África do Sul é o principal
parceiro de Moçambique no âmbito desta organização, tendo rem 2024 representado
89,0% do Total nas importações (25,0% face ao Mundo) e 73,3% nas exportações.
(14,7% face ao Mundo).
Moçambique foi também, em
1996, um dos fundadores da “Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, do
Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Portugal e de São Tomé e Príncipe.
Em 2002 foi admitido
Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, que tinha sido país
observador associado desde 2006.
Em
2024 a CPLP pesou 3.5% nas importações de Moçambique e 0,8% nas Exportações. Nesse
ano Portugal ocupou a primeira posição nas importações moçambicanas no âmbito
da CPLP com 91,8% do Total, seguido do Brasil (7,6%), de Angola (0,5%) e
de Cabo Verde (0,1%). Nas exportações Portugal foi o segundo destino com 32,9%
do Total, depois de Angola (65,7%), seguidos de Cabo Verde (1,9%).
No
âmbito das trocas comerciais de Moçambique com a União Europeia-UE27 (peso de 9,5% nas importações e 8,7% nas exportações),
Portugal ocupou em 2024 a 1ª posição nas importações (34,0% do Total da UE),
seguido da Itália (14,9%), da Alemanha (10,9%), da Espanha (7,2%), dos Países
Baixos (7,0%), da França (6,7% e da Bélgica (5,8%), países que representaram
nesse ano 86,5% do Total da UE. Na vertente das exportações Portugal ocupou o
7º lugar, com apenas 2,8% do Total, precedido dos Países Baixos (36,2%), da Bélgica
(15,2%), da Polónia (12,1%), Itália (10,2%), da Espanha (8,8%) e da Grécia
(5,2%), países que representaram 90,5% do Total em 2024.
2 – Comércio Externo de Moçambique
2.1 – Balança Comercial
A
Balança Comercial de Moçambique foi deficitária nos três anos em análise, tendo
registado quebras sucessivas do saldo, que desceu de -6,0 mil milhões de Euros,
em 2022, para -925 mil Euros em 2024, na sequência de uma descida das
importações de 13,9 para 8,5 mil milhões em 2024, com as exportações a
manterem-se entre 7,8 e 7,6 mil milhões de Euros.
Numa análise por grupos de
produtos (definição do conteúdo em Anexo), as principais importações de
Moçambique em 2024 incidiram no Grupo de Produtos “Energéticos” (21,3%
do Total e 21,2% no ano anterior), seguido de “Agro-alimentares” (20,1%
e 17,7%), “Máquinas, aparelhos e partes” (16,6% e 17,8%) e “Químicos”
(15,9% e 17,3%). Com menor peso alinharam-se depois os grupos “Material de
transporte terrestre e partes” (7,9% e 8,0%), “Minérios e metais”
(7,7% e 8,4%), “Produtos acabados diversos” (4,5% e 4,2%), “Têxteis e
vestuário” (2,6% e 2,8%), “Madeira, cortiça e papel” (2,2% e 1,9%), “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,7% e 0,2%) e “Calçado, peles e couros”
(0,4% e 0,5%).
Em 2024 Portugal terá pesado
3,2% nas importações moçambicanas, tendo incidido as maiores quotas nos grupos “Aeronaves,
embarcações e partes” (7,3%), “Produtos acabados diversos” (7,1%), “Têxteis
e vestuário” (6,8%), “Calçado, peles e couros” (5,8%), “Madeira,
cortiça e papel” (5,2%), “Máquinas, aparelhos e partes” (5,0%) e “Químicos”
(4,9%).
Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados em 2023 e 2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH2/NC2).
As principais exportações de
Moçambique em 2024 incidiram nos grupos de produtos “Energéticos” (58,9%
do Total e 57,6% em 2023), “Minérios e metais” (25,5% e 27,6%) e “Agro-alimentares”
(12,4% e 10,9%). Os restantes grupos registaram pesos muito reduzidos, sendo
praticamente nulos os de “Aeronaves,
embarcações e partes” e de “Calçado, peles e couros”.
Em 2024 Portugal terá pesado 0,3%
nas exportações moçambicanas, tendo incidido as maiores quotas nos grupos “Calçado,
peles e couros” (5,4 % do grupo), “Madeira, cortiça e papel” (5,2%),
“Agro-alimentares” (1,9%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (1,3%).
Na figura seguinte
apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos exportados em 2023
e 2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH2/NC2).
2.4 – Principais mercados de origem e de destino
3 – Comércio Internacional de Portugal com Moçambique 2020-2024 e Janeiro-Maio 2024-2025
Após um comportamento algo
irregular entre 2010 e 2013, ano em que atingiram 63 milhões de Euros, no
período de 2014 a 2021 as importações portuguesas de mercadorias com origem em
Moçambique mantiveram-se numa faixa compreendida entre 35 e 41 milhões de Euros.
Após uma subida acentuada em 2022, quando atingiram 59 milhões de Euros,
decresceram sucessivamente nos dois anos seguintes, descendo em 2024 a 26
milhões de Euros, abaixo do nível que detinham em 2010. Por sua vez as exportações, que entre 2010 e 2015, numa subida sustentada
havia crescido de 151 para 355 milhões de Euros, decresceram acentuadamente a
partir de então, mantendo-se nos anos seguintes num patamar entre 180 e 223
milhões de Euros.
3.1 – Balança
Comercial
A Balança Comercial de
mercadorias de Portugal com Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos
cinco anos e primeiros cinco meses de 2025, com elevados graus de cobertura das
importações pelas exportações.
O saldo anual da Balança
oscilou entre um mínimo de 154 milhões de Euros, em 2021, e 190 milhões, em 2024.
No período de Janeiro a Maio de 2025, face ao período homólogo do ano anterior,
o saldo desceu de 83 para 50 milhões de Euros.
3.2 – Importações
Nos
primeiros cinco meses de 2025 as principais importações com origem em
Moçambique centraram-se no grupo “Agro-alimentares” (80,9% e 81,5% em 2024), em sua grande parte peixe,
crustáceos e moluscos, seguidos do tabaco, frutas e açúcares. Alinharam-se
depois, com muito menor peso, os grupos “Minérios e metais” (12,7% e 4,8%, respectivamente), com destaque para o alumínio e suas
obras, e “Máquinas, aparelhos e partes” (4,8% e 4,7%), com os
motores diesel em evidência.
No quadro seguinte
encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos
importados por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2).
3.3 – Exportações
No
período em análise de 2025, os grupos de produtos com maior peso no Total foram
“Agro-alimentares” (24,8% e 18,4% em 2024), com destaque para as
conservas de peixe, preparações alimentícias
diversas, azeite, enchidos, café e vinhos, “Máquinas, aparelhos e partes” (24,4% e 27,3%), muito diversificados, como
fios e cabos eléctricos, aparelhos telefónicos e de telecomunicações, aparelhos
de interrupção, seccionamento e protecção eléctrica, quadros eléctricos, refrigeradores
e congeladores, máquinas de terraplanar, nivelar e escavar, máquinas
automáticas para processamento de dados, bombas para líquidos e de ar, transformadores
e conversores, torneiras e válvulas, receptores de TV, entre outros, e “Químicos” (23,9% e 26,9%), com destaque para os medicamentos,
reagentes de diagnóstico e de laboratório, matérias corantes, embalagens,
rolhas e tampas de plástico e produtos de lavagem e limpeza.
Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (9,2% e 7,2%), principalmente constituídos por construções e obras de alumínio, ferro ou aço, perfis de ferro ou aço, barras e perfis de alumínio, obras de metais comuns, ferragens cadeados e fechaduras, tubos e perfis de ferro ou aço, entre outros, e “Produtos acabados diversos” (8,3% e 8,7%), principalmente mobiliário, ladrilhos cerâmicos e mosaicos, assentos, instrumentos médicos, candeeiros e aparelhos de iluminação, lavatórios e outra louça sanitária, pedra de cantaria e aparelhos para análises físicas ou químicas.
Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel” (3,8% e 3,6%), “Têxteis e vestuário” (2,4% e 1,4%), “Energéticos” (1,9% nos dois anos), “Material de transporte terrestre e partes” (0,8% e 2,1%), “Calçado, peles e couros” (0,6% e 1,1%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (exportação praticamente nula em 2025 e 1,3%
no ano anterior).