Comércio Internacional
de mercadorias
de Portugal com o Reino Unido
2022-2024
Janeiro-Abril 2024-2025
1 – Nota introdutória
No ano do “Brexit”,
2020, as exportações registaram uma quebra significativa, tendo recuperado nos
últimos três anos os níveis dos anos anteriores. Por sua vez as importações acusaram em 2021
uma quebra muito acentuada, mantendo-se a partir de então num patamar pouco
superior a esse nível. Entre 2000 e 2024, o saldo da balança comercial foi
favorável a Portugal, à excepção dos anos de 2008 (saldo nulo) e 2010 (-179
milhões de Euros).
Em 2024 o Reino Unido, incluindo a Irlanda do
Norte, ocupou a 5ª posição entre os principais fornecedores Extracomunitários das
importações portuguesas, com 4,4% do Total, precedido da China (18,7%), do Brasil
(13,6%), dos EUA 8,8% e da Turquia (5,6%).
No mesmo ano ocupou a 2ª posição entre os
principais destinos das exportações portuguesas para o espaço Exra-UE com 15,8%
do Total, precedido dos EUA (23,2%).
Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio
internacional de mercadorias de Portugal com o Reino Unido, incluindo a Irlanda
do Norte, de 2022 a 2024 e no período de Janeiro a Abril de 2024 e 2025, com base
em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE),
em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024 e 2025, com última
actualização em 9 de Junho de 2025.
2 – Comércio de Portugal com o
Reino Unido
2.1 – Balança
Comercial
Com elevados graus de cobertura das importações pelas
exportações nos anos e período em análise, os saldos positivos da Balança
Comercial decresceram -4,2% em 2024,
situando-se em +2,4 mil milhões de Euros, e -12,7% nos primeiros quatro meses de
2025, fixando-se em +774 milhões de Euros.
2.2 – Importação
Numa análise por grupos de produtos (definição do conteúdo dos grupos em
Anexo), as principais importações portuguesas com origem no Reino Unido nos
primeiros quatro meses de 2025 incidiram no grupo “Material de
transporte terrestre e partes” (33,9% do Total em 2025 e 28,5% em 2024),
essencialmente automóveis de passageiros, mas também para o transporte de
mercadorias, partes e peças de veículos automóveis.
Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (15,9% e 22,8% em
2024), principalmente desperdícios e sucata de ferro e aço, aço inoxidável, desperdícios
e sucata de chumbo e chumbo em formas brutas, obras de ferro ou aço, como
parafusos e porcas entre outras, caulino e argilas caulínicas, obras de metais
preciosos, platina e artefactos de joalharia e bijutaria, alumínio e suas
obras;
“Máquinas,
aparelhos e partes” (12,5% e 13,3%), muito diversificadas. Entre as ‘Máquinas e aparelhos
mecânicos’ destacaram-se os “bulldozers”, niveladoras,
escavadoras e semelhantes, as torneiras e válvulas, os veículos elevatórios de
carga, as máquinas automáticas para processamento de dados, as bombas de
ar/vácuo e para líquidos, os centrifugadores, as máquinas de impressão, os
elevadores e escadas rolantes, as partes de motores de explosão, as partes de
macacos e guindastes, as máquinas para trabalhar terras, pedra, minérios etc,
entre muitas outras. Entre as ‘Máquinas e aparelhos eléctricos’ sobressaíram os quadros para distribuição de
energia, os telefones e outros aparelhos de telecomunicação por fios, os transformadores,
conversores e bobinas de reactância, os interruptores, seccionadores e
aparelhos de protecção, os receptores de TV e os suportes para gravação de som;
“Químicos” (10,7% e 12,9%), principalmente os desperdícios e aparas de plástico,
as chapas. folhas, embalagens, rolhas, tampas e outras obras de plástico, os
insecticidas e fungicidas, os reagentes de laboratório, os produtos de lavagem
e limpeza, os medicamentos acondicionados, os fenóis e hidrocarbonetos cíclicos
como benzeno, as tintas e vernizes, as obras de borracha vulcanizada, as chapas
e folhas de borracha, os archotes e acendalhas;
“Agro-alimentares” (8,1% e 8,6%), com destaque para o álcool etílico, seguido das
preparações alimentícias, das preparações para molhos, temperos e mostarda, do
café e chá, da cevada e arroz e dos crustáceos;
“Produtos acabados
diversos” (6,6% e 6,1%), principalmente os aparelhos de
regulação e controle automáticos, os aparelhos para análises físicas e
químicas, os artigos para surdez e outras deficiências, os aparelhos para medir
caudais, níveis e pressão de fluidos e os instrumentos médicos.
Alinharam-se depois, com pesos inferiores, os grupos “Aeronaves,
embarcações e partes” (4,4% e 0,5%), com predomínio dos veículos aéreos
com motor e suas partes e das embarcações de recreio ou desporto; “Madeira,
cortiça e papel” (3,2% e 3,0%), principalmente papel e cartão
‘kraft’. caixas e embalagens de papel e cartãp, impressos e gravuras, livros e
brochuras; “Têxteis e vestuário” (2,8% e 2,4%), com predomínio dos tecidos de lã e da lã não
cardada, das linhas de costura e monofilamentos sintéticos, doa fatos,
conjuntos, casacos e calças de tecido para homem, dos fatos, conjuntos, casacos
e outro vestuário exterior para senhora, das camisolas, ‘pull-overs’ e cardigans
de malha, das ‘T-shirts’ e camisolas interiores de malha e dos tecidos
impregnados ou revestidos com plástico; “Energéticos” (1,0% em ambos os anos), designadamente gás e refinados de petróleo; “Calçado, peles e
couros”
(1,0% e 1,1%), principalmente couros curtidos, malas, pastas e estojos em
couro, e calçado com a parte superior em couro ou em matérias têxteis.
2.3 – Exportação
As principais exportações portuguesas
para o Reino Unido no período em análise de 2025 couberam ao grupo de produtos “Material
de transporte terrestre e partes” (25,1% e 28,0% em 2024), principalmente
automóveis de passageiros e também partes e peças de veículos automóveis.
Seguiram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (12,3%
e 12,4%), muito diversificadas, com destaque, entre as ‘Máquinas e aparelhos
mecânicos’, para as caldeiras de aquecimento central, para os aparelhos
que utilizam aquecimento, para os refrigeradores e congeladores, para as partes
de motores de explosão, para as torneiras e válvulas, para as caixas de
fundição e moldes, para os elevadores e escadas rolantes e para as bombas de
líquidos, entre muitos outros produtos com menor valor. Entre as ‘Máquinas
e aparelhos eléctricos’ sobressaíram as partes de emissores, radares,
receptores de rádio e TV, os fios e cabos eléctricos, os transformadores,
conversores e bobinas de reactância, os radares e aparelhos de radionavegação,
os acumuladores eléctricos, os interruptores, seccionadores e aparelhos de
protecção e os emissores de rádio, TV, telegrafia e câmaras TV;
“Agro-alimentares” (11,9% e 11,5%), principalmente as preparações de tomate, os sumos de
frutas e hortícolas, as preparações de produtos hortícolas, os vinhos, as
preparações para molhos, temperos e mostarda, os produtos de padaria e
pastelaria, as maçãs, peras e marmelos e as couves, repolhos e semelhantes;
“Produtos acabados diversos” (11,0% e 9,9%), muito diversificados, com predomínio de contadores, taxímetros, velocímetros etc., de fibras e cabos ópticos, lentes e espelhos, de
artigos ortopédicos, para surdez e outras deficiências, de instrumentos
médicos, de assentos e mobiliário, de candeeiros e aparelhos de iluminação, de
suportes para camas, de ladrilhos cerâmicos, de louça e artigos domésticos
excepto de porcelana, de lavatórios e banheiras de cerâmica, de estatuetas e
outros objectos ornamentais de cerâmica, de pedra de cantaria e construção, de
obras de gesso, e de lajes de pedra natural;
“Têxteis e vestuário” (9,8% e 9,2%), principalmente os fios de lã cardada não acondicionada
para venda a retalho, o vestuário de malha ou tecido para homem e senhora, e a
roupa de cama, mesa, toucador e cozinha;
“Minérios e metais” (8,9% e 9,7%), com destaque para o ferro, aço e suas obras, como
fio-máquina, construções, reservatórios, telas, chapas e recipientes de gases,
e para os cimentos hidráulicos;
“Químicos” (8,7% e 7,7%),
principalmente as chapas, tiras e lâminas de plástico, as obras de plástico
como rolhas, tampas e cápsulas, os pneus novos e obras de borracha vulcanizada,
e os medicamentos;
“Madeira, cortiça e papel” (7,8% e 7,7%), onde sobressaiu o papel e cartão não revestido para
escrita, cartões etc., em rolos, as obras de carpintaria para construção, os
aglomerados de madeira, a lenha e estilhas de madeira, a cortiça aglomerada e
suas obras e as obras de cortiça natural.
Com pesos
inferiores alinharam-se depois os grupos “Calçado,
peles e couros” (3,1% e 2,9%), essencialmente calçado de couro; “Aeronaves,
embarcações e partes” (1,4% e 0,8%), designadamente aeronaves com motor
e suas partes e aeronaves não tripuladas (drones); “Energéticos” –
foi praticamente nula nos dois anos a exportação deste grupo de
produtos.
Na figura seguinte identificam-se por Grupos de produtos, a dois dígitos da Nomenclatura (NC2/SH2), os principais produtos exportados no período de Janeiro a Abrl de 2025, e correspondente exportação no período homólogo do ano anterior.
Alcochete, 27 de Junho de 2025.