Comércio internacional de mercadorias
de Portugal com a África do Sul
(2016-2017 e Janeiro-Novembro 2017-2018)
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1 – Nota introdutória
Em 2018,
de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco
Mundial, a economia da África do Sul, medida em Paridade de Poder de Compra (PPC),
terá ocupado a primeira posição entre os países da África Austral, a 2ª na
África Subsariana, depois da Nigéria, e a 3ª em todo o continente, com o Egipto
em 1º lugar.
Neste trabalho,
para o que serão utilizados dados de base do “International Trade Centre” (ITC), vai-se analisar, em termos genéricos,
para o período 2013-2017, a evolução do comércio internacional de mercadorias
deste país face ao mundo, quotas de mercado de Portugal por grupos de produtos,
e a evolução da África do Sul no conjunto dos países da SADC-"Southern African Development
Community", em que ocupa posição dominante em termos económicos, de
que também fazem parte Angola e Moçambique.
É também
analisada a evolução das trocas comerciais de Portugal com a África do Sul nos
anos de 2016 e 2017 e período de Janeiro a Novembro de 2017 e 2018, a partir de
dados veiculados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE).
2 – Balança
Comercial da África do Sul
A Balança
Comercial da África do Sul aproximou-se sucessivamente do equilíbrio desde
2013, tornando-se o saldo positivo em 2017.
Ao longo
dos últimos cinco anos as importações mantiveram-se sempre em níveis inferiores
ao que detinham em 2013, ao mesmo tempo que as exportações, que em 2015 haviam
já registado um pequeno acréscimo em termos relativos, averbaram em 2017 um
significativo aumento.
3 –Importações na
África do Sul por grupos de produtos
- Peso de Portugal
Para uma análise do tipo de
produtos transaccionados, as 96 posições a dois dígitos do Sistema Harmonizado
de codificação de mercadorias, utilizado pelo ITC, foram agregadas em 11 grupos
de produtos (ver Anexo).
Por
grupos de produtos, as importações sul-africanas com maior expressão em 2017 (últimos
dados disponíveis) integraram-se no grupo “Máquinas,
aparelhos e partes”, representando 23,5% do total.
Seguiram-se
os grupos “Químicos” (15,3%), “Energéticos” (14,8%), “Produtos acabados diversos” (14,0%), “Material de transporte terrestre e partes”
(8,8%), “Agro-alimentares” (8,1%), “Minérios e metais” (6,9%), “Têxteis e vestuário” (3,9%), “Madeira, cortiça e papel” (2,2%), “Calçado, peles e couros” (1,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes”
(1,3%).
De acordo
com dados de fonte ITC, Portugal pesou 0,3% nas importações de mercadorias efectuadas
pela África do Sul em 2017.
Por grupos de produtos, as maiores quotas de
Portugal incidiram nos grupos “Madeira,
cortiça e papel” (0,8%), “Material de
transporte terrestre e partes” (0,8%), “Têxteis
e vestuário” (0,6%), “Agro-alimentares”
(0,4%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(0,3%) e “Calçado, peles e couros”
(0,3%).
4 –Exportações da
África do Sul por grupos de produtos
- Peso de Portugal
As
exportações de mercadorias da África do Sul com maior peso em 2017 centraram-se
no grupo de produtos “Minérios e metais”
(41,2% do Total), principalmente platina e outros metais raros (paládio, ródio,
irídio, ósmio e ruténio), ouro e diamantes.
Seguiram-se
os grupos “Energéticos” (12,0%), “Material de transporte terrestre e partes”
(11,4%), “Agro-alimentares” (11,2%), “Químicos” (8,2%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (8,1%).
Com menor
expressão, os grupos “Produtos acabados
diversos” (2,7%), “Madeira, cortiça e
papel” (2,5%), “Têxteis e vestuário”
(1,5%), “Aeronaves, embarcações e partes”
(0,6%) e “Calçado, peles e couros”
(0,6%).
Portugal terá
pesado 0,2% nas exportações de mercadorias efectuadas pela África do Sul em
2017.
De acordo
com os dados disponíveis, as maiores quotas de Portugal, incidiram nos grupos
de produtos “Agro-alimentares” (1,0%),
“Têxteis e vestuário” (0,3%), “Material de transporte terrestre e partes”
(0,3%) e “Químicos” (0,3%).
5 –África do Sul,
enquanto país-membro da SADC
A SADC, “Southern Africa Development Community” (Comunidade para o Desenvolvimento
da África Austral) é um importante bloco económico e político criado em 1992, com
sede em Gaborone, capital do Botswana, de que fazem parte presentemente 16
países da África Austral.
A SADC tem, entre os seus principais objectivos:
▪ Estimular
o comércio de produtos e serviços entre os países membros;
▪ Reduzir e unificar as tarifas alfandegárias e taxas de importação e exportação nas relações comerciais entre os países-membros.
Esta Comunidade, a que aderiu a África do Sul em 1994, surgiu da
transformação, em 1992, da então SADCC (Conferência para a Coordenação do
Desenvolvimento da África Austral), que tinha sido criada em 1980 com o
objectivo de reduzir a dependência económica dos países da região austral
relativamente à África do Sul, em que vigorava então o regime do “apartheid”.
O último país a aderir a esta organização, em 2017, foi a União de Comores.
Entre 2015
e 2017, a Balança Comercial da África do Sul com os seus parceiros na SADC foi-lhe
favorável em todos os países, excepto com Angola (-672 milhões de Euros).
Os
maiores saldos positivos ocorreram com o Botswana (+3,0 mil milhões de Euros), Namíbia
(+2,4 mil milhões), Zâmbia (+1,8 mil milhões), Moçambique (+1,8 mil milhões) e
Zimbabwe (+1,7 mil milhões de Euros).
Em
2017, as importações da África do Sul com origem na SADC representaram 7,1% das
mundiais, e as exportações 22,9%.
Em 2017,
os principais mercados de origem no seio da SADC foram Angola, a Suazilândia,
Moçambique e a Namíbia.
Seguiram-se
o Botswana, o Lesoto, a Zâmbia as Maurícias e o Zimbabwe e, com menor
expressão, Madagáscar, a R.D. Congo, o Malawi, as Seicheles e as Comores.
Por sua
vez, os principais destinos das exportações foram o Botswana, a Namíbia, Moçambique,
a Zâmbia e o Zimbabwe.
Seguiram-se
o Lesoto, a Suazilândia, a R.D.Congo, Angola, a Tanzânia, o Malawi, as
Maurícias, as Seicheles e as Comores.
6 – Comércio internacional de mercadorias
de Portugal com a África do Sul
6.1 - Balança Comercial
A Balança
Comercial de Portugal com a África do Sul é deficitária. O défice agravou-se acentuadamente
de 2016 para 2017 (de -7,4 milhões de Euros para-36,1 milhões), para nos
primeiros onze meses de 2018, face ao período homólogo do ano anterior, registar
um novo agravamento significativo (de -30,6 milhões de Euros para ‑61,6
milhões).
No
período de Janeiro a Novembro de 2018 as importações cresceram, face a igual
período do ano anterior, +12,5%, com as exportações a decaírem -3,9%, tendo o
grau de cobertura das importações pelas exportações descido de 84,4% para 72,2%.
6.2 - Importações
O grupo de produtos
dominante nas importações portuguesas com
origem na África do Sul é o de “Agro-alimentares” (56,8% do Total nos
primeiros onze meses de 2017 e 64,0% em 2018, com uma taxa de variação homóloga
[TVH] de +26,6%), seguido dos grupos “Material de transporte terrestre e partes”
(19,8%, 18,8% e TVH +6,4%), “Químicos” (7,8%, 6,1% e TVH de -11,5%)
e “Minérios
e metais” (6,7%, 5,7% e TVH de -3,3%). Os restantes grupos apresentaram
pesos pouco significativos nos dois períodos acima referidos, à excepção do
grupo “Energéticos” em 2017 (6,3%).
No grupo “Agro-alimentares” destacaram-se, nos primeiros
11 meses de 2018, as importações de Citrinos
(85,5 milhões de Euros), de Peixe
congelado, excepto filetes (14,7 milhões), de Açúcar (12,1 milhões, não importado em 2017), de Filetes de peixe (10,6 milhões), de Moluscos e semelhantes (7,7 milhões), de
Maçãs e peras (5,1 milhões), de Tâmaras, figos, ananases, abacates, goiabas,
e mangas (2,2 milhões), de Uvas
frescas ou secas (1,6 milhões), de Legumes
de vagem, secos ou em grão (466 mil Euros), de Conservas de peixe (432 mil Euros) e de Sumos de frutas e hortícolas (351 mil Euros).
No grupo “Material de transporte terrestre” as
importações distribuíram-se por Veículos
para o transporte de mercadorias (20,4 milhões de Euros), Automóveis de passageiros (18,5 milhões)
e Partes e acessórios de veículos (2,4
milhões de Euros).
No grupo “Químicos” destacaram-se as importações
de Polímeros de propileno (8,2
milhões de Euros), de Ácidos nucleicos e
sais (1,7 milhões), de Extractos tanantes
vegetais, taninos e seus derivados (1,1 milhões), de Produtos de beleza, incluindo anti-solares e bronzeadores (717 mil
Euros), de Embalagens, cápsulas e tampas
de plástico (402 mil Euros) e de ‘Tall
oil’ (326 mjil Euros).
As importações
do grupo “Minérios e metais” centraram-se
em Máquinas para trabalhar terras, pedra, minérios, cimento, gesso
etc. (1,7 milhões de Euros), Caixas
de fundição e moldes para borracha, plástico e outros (743 mil Euros), Aparelhos de radionavegação (623 mil
Euros), Partes de macacos e outros aparelhos
de elevação (327 mil) e Máquinas de
soldar de vários tipos (326 mil Euros, não importadas em 2017).
Do quadro
seguinte constam os maiores acréscimos e decréscimos das importações, a quatro
dígitos da nomenclatura, entre o período de Janeiro a Novembro de 2018 e de
2017.
6.3 - Exportações
Nos primeiros onze
meses de 2018, o grupo de produtos com maior peso nas exportações portuguesas
para a África do Sul foi o de “Material
de transporte terrestre e partes” (31,0% do Total e 29,0% em 2017).
Seguiram-se os
grupos “Químicos” (15,1% em 2018 e 11,9% em
2017), “Máquinas, aparelhos e partes”
(13,7% e 17,7%), “Agro-alimentares”
(9,4% e 14,2%), “Madeira, cortiça e
papel” (9,2% e 6,5%), “Têxteis e
vestuário” (8,9% e 7,6%), “Produtos
acabados diversos” (5,5% e 6,0%), “Minérios
e metais” (5,5% e 5,5%), “Calçado,
peles e couros” (1,3% e 1,0%), “Energéticos”
(0,3% e 0,4%) e “Aeronaves, embarcações
e partes” (apenas 0,04% em 2018 e 0,1% em 2017).
No grupo “Material de transporte terrestre e partes”,
à semelhança das importações, destacaram-se em 2018 as exportações de Veículos
para o transporte de mercadorias (26,4 milhões de Euros), de Automóveis
de passageiros (13,9 milhões) e de Partes
e acessórios de veículos (9,0 milhões de Euros).
No grupo “Químicos” prevaleceram as exportações
de Pneus novos de borracha (7,9
milhões de Euros), de Chapas, folhas e
lâminas de plástico não alveolar (3,4 milhões), de Serviços mesa, higiene, toucador e outros, de plástico (1,8
milhões), de Embalagens, rolhas, cápsulas
e tampas, de plástico (1,8 milhões), de Polímeros
de cloreto de vinilo e outras olefinas, em
formas primárias (1,5 milhões), de Outras chapas, folhas, tiras e lâminas, de
plástico (1 milhão), de Polímeros de
etileno em formas primárias (878 mil Euros), de Tintas e vernizes (855 mil Euros), de Outras obras de plástico (714 mil Euros), de Medicamentos (597 mil Euros), de Tubos, juntas e uniões, de plástico (514 mil Euros), de Polímeros de propileno em formas primárias
(450 mil), de Polímeros de estireno em
formas primárias (445 mil), de Banheiras,
lavatórios e outros, de plástico (374 mil), de Pigmentos para tintas (355 mil) e de Chapas, folhas e outras formas de plástico, autoadesivas (239 mil
Euros).
No grupo “Maquinas, aparelhos e partes” os principais produtos exportados foram Aparelhos de sinalização e comando, para via
férrea, estrada, portos e outros (4,5 milhões de Euros), Partes de emissores e receptores de rádio e
TV (2,7 milhões), Caixas de fundição
e moldes (2,3 milhões), Fios e cabos
eléctricos isolados e fibra óptica (2,0 milhões), Refrigeradores e congeladores (1,4 milhões), Elevadores, escadas rolantes e semelhantes (970 mil Euros), Motores e geradores eléctricos (823 mil
Euros), Interruptores e seccionadores
eléctricos (745 mil), Quadros eléctricos
(730 mil), Aparelhos que utilizam
mudança de temperatura, mesmo eléctricos (614 mil), Grupos electrogéneos e conversores rotativos (467 mil), Partes de aparelhos telefónicos e
aparelhos para recepção ou transmissão de voz e imagem (461 mil Euros), Máquinas de impressão (366 mil), Aparelhos mecânicos com função própria
n.e. (362 mil), Máquinas para encadernar
e semelhantes (350 mil), Bombas para
líquidos (333 mil) e Partes de
macacos, guindastes e outros aparelhos de elevação (302 mil Euros).
Entre os produtos do grupo
“Agro-alimentares” destacam-se as
exportações de Oleos alimentares (4,4 milhões de Euros), Tomate preparado ou em conserva (1,7 milhões), Chocolate e preparações com cacau (1,2 milhões), Glicerol, águas e lixívias glicéricas
(1,1 milhões), Produtos de padaria e pastelaria (800 mil Euros), Sorvetes (791 mil), Azeite de oliveira (740 mil), Vinhos
(713 mil), Margarina e preparações de
gordura ou óleos (683 mil), Conservas
de peixe (438 mil Euros), Massas alimentícias
(357 mil), Leveduras (326 mil) e Cerveja (255 mil Euros).
No grupo “Madeira, cortiça e papel” destacam-se
as exportações de Papel e cartão não
revestidos, para escrita, cartões, etc. (5,4 milhões de Euros), Obras de cortiça natural (4,1 milhões), Cortiça aglomerada e suas obras (3,0
milhões), Caixas, sacos e embalagens de
papel ou cartão (579 mil Euros), Folhas
para folheados, contraplacados e outros, com espessura <= 6 mm (505 mil),
Outros papéis e cartões não revestidos,
em rolos ou folhas (502 mil) e Obras
de carpintaria para construções (257 mil Euros).
As exportações de “Têxteis e vestuário” incidiram
principalmente em Tecidos impregnados ou
revestidos com plástico (4,0 milhões de Euros), Roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha (1,9 milhões), Tecidos com borracha (1,4 milhões), Fibras sintéticas não cardadas ou penteadas,
para fiação (1 milhão de Euros), Produtos
e artefactos têxteis para uso técnico (947 mil Euros), Fatos, conjuntos, casacos e calças para homem (891 mil), Cabos de filamentos sintéticos (679
mil), Veludos, pelúcias e tecidos de
froco (656 mil), Cordéis, cordas e
cabos revestidos a plástico (510 mil), Fibras
sintéticas cardadas ou penteadas, para
fiação (344 mil), Camisas para homem
(259 mil) e Tecidos de fios de filamentos
sintéticos (252 mil Euros).
Entre os “Produtos acabados diversos” de referir
as exportações de Ladrilhos e mosaicos
cerâmicos (2,9 milhões de Euros), de Assentos,
mesmo transformáveis em cama (1,2 milhões), de Objectos de vidro para cozinha, mesa, escritório ou ornamentação
(1,1 milhões), de Louça e outros artigos
domésticos não de porcelana (645 mil Euros), de Obras de cimento, betão ou pedra artificial (423 mil), de Abrasivos (263 mil), de Aparelhos para análises físicas ou químicas
(353 mil), de Aparelhos de medida ou
controlo (307 mil) e de Mobiliário
não médico e suas partes (271 mil Euros).
Nas exportações de “Minérios e metais” salientam-se as de Cal viva, apagada ou hidráulica (2,3
milhões de Euros), de Tubos e perfis ocos
de ferro ou aço (1,6 milhões), de Fogões,
caldeiras e grelhadores em ferro ou aço (751 mil Euros), de Cordas e cabos de ferro ou aço para uso não
eléctrico (510 mil Euros), de Facas e
lâminas (401 mil), de Molas e suas
folhas, em ferro ou aço (311 mil), de Cápsulas,
tampões e semelhantes, de metais comuns (296 mil) e de Colheres, garfos e semelhantes (264 mil Euros).
As exportações de “Calçado, peles e couros”, centraram-se
em Calçado com a parte superior em couro
natural (1,8 milhões de Euros), predominando o calçado com a sola exterior
de borracha, plástico ou couro reconstituído, sobre o calçado com sola em couro
natural.
No grupo “Energéticos” os fornecimentos reduziram-se
a Óleos lubrificantes e outros óleos
pesados (483 mil Euros).
As exportações de “Aeronaves, embarcações e partes” tiveram
reduzido significado.
Do
quadro seguinte constam os maiores acréscimos e decréscimos das exportações, a
quatro dígitos da nomenclatura, entre o período de Janeiro a Novembro de 2018 e
de 2017.
Anexo
Alcochete, 14 de Janeiro de 2019.