Nota introdutória
Na divulgação dos dados do Comércio Internacional para o mês de Maio de
2020, no portal do Instituto Nacional de Estatística, no Resumo da sua análise
chama-se a atenção do utilizador para o seguinte:
“A informação deste destaque,
respeitante a maio, reflete os efeitos da pandemia COVID-19, quer no
comportamento da actividade económica, quer na quantidade de informação
primária disponível na compilação dos resultados apresentados. Apelamos à
melhor colaboração das empresas, das famílias e das entidades públicas, apesar
das dificuldades, na resposta às solicitações do INE. A qualidade das
estatísticas oficiais, particularmente a sua capacidade para identificar os
impactos da pandemia COVID-19, depende crucialmente dessa colaboração, que o
INE antecipadamente agradece.”
A análise que se segue reporta-se ao período
acumulado de Janeiro a Maio, que estará assim afectada de alguma falta de
informação.
1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), com última actualização em 10 de Julho de 2020, no período acumulado
de Janeiro a Maio de 2020, as exportações de mercadorias, face ao período
homólogo do ano anterior, decresceram em valor ‑18,3% (-4,7 mil milhões de
Euros), a par de uma quebra nas importações de -19,1% (-6,5 mil milhões).
Estas descidas reflectem quebras significativas verificadas nos meses de
Março, Abril e Maio, respectivamente -12,0%, -39,5% e -40,2% na importação, e -13,0%
e -40,1% e ‑39,0% na exportação, em termos homólogos.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo Total corresponde
aqui ao somatório dos valores dos actuais 27 membros, incluindo provisões de bordo,
países não determinados e confidencialidade (Reino Unido excluído), registaram
uma quebra de -18,6% (‑3,4 mil milhões de Euros), tendo as exportações para os
países terceiros decaído -17,5% (‑1,3 mil milhões). Por sua vez, as importações
vindas da UE (chegadas) diminuiram –20,8% (-5,2 mil milhões), com as
originárias dos países terceiros a decrescerem -14,3% (-1,3 mil milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -21,5% ao situar-se em -6,6
mil milhões de Euros (menos 1,8 mil milhões do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de 1,2 mil milhões no comércio intracomunitário e um
aumento de 11 milhões no extracomunitário). Em termos globais, o grau de
cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 75,2%, em 2019,
para 76,0%, em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020,
neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 436 para 318 Euros/Ton.
Para além da variação da
cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da
cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da
evolução do seu preço em Euros.
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos”, Capº 27 da NC (11,3% e 10,5%
do total das importações em 2019 e 2020 no período em análise, e 6,0% e 5,6% na
vertente das exportações), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações
sobe, em 2020, de 76,0% para 80,1%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Em 2020, no
período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que
representaram 70,8% do total (71,1% em 2019), decresceram em valor -18,6%, contribuindo
com -13,2 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global
negativa de -18,3%.
As
exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 29,2%
do total em 2020 (28,9% em 2019), decaíram -17,5%, contribuindo com -5,1 p.p.
para o ‘crescimento’ global.
Os
principais destinos nos primeiros cinco meses de 2020 foram a Espanha (24,6%), a
França (13,2%), a Alemanha (11,8%), o Reino Unido (5,6%), os EUA (5,3%), a Itália
(4,5%), os Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,8%), a Polónia e o
Brasil (1,4% cada), a Suíça, Suécia e Turquia (1,2% cada), destinos que representaram 79,5% do total das exportações.
Angola, o
terceiro maior mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e dos
EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –27,5% em 2020 (-140,7
milhões de Euros), envolvendo dez dos onze grupos de produtos. O único acréscimo
coube ao grupo “Material de transporte terrestre e partes” (+349 mil
Euros.). As maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-39,9 milhões de Euros), “Minérios
e metais” (-26,9 milhões), “Químicos”
(‑26,3 milhões), “Produtos acabados diversos”
(‑16,8 milhões), “Têxteis e vestuário” (-10,0 milhões) e “Agro-alimentares”
(-9,4 milhões de Euros).
Entre os
trinta principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’
negativo das exportações neste período (-18,3%), pertenceram à Irlanda (+0,2 p.p.)
e à Suécia e Turquia (+0,1 p.p. cada). O maior contributo negativo coube
a Espanha (‑4,5 p.p.), seguida da Alemanha (-2,5 p.p.), da França (-2,3 p.p.),
do Reino Unido (-1,6 p.p.), da Itália (-1,1 p.p.), dos Países Baixos e EUA (-0,7
p.p. cada) e do Canadá (-0,6 p.p.).
Os acréscimos, em Euros, nas expedições para o espaço comunitário, em termos homólogos, incidiram na Irlanda,
Suécia e Dinamarca. Os maiores decréscimos couberam a Espanha, Alemanha,
França, Itália e Países Baixos, a que se seguiram a Áustria, a Bélgica, a
Polónia, a Eslováquia, a Finlândia, as Provisões de Bordo e a Grécia.
Nos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se
os de Taiwan, Ceuta, Japão, Gibraltar, Turquia e Coreia do Sul. Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino
Unido, seguido dos EUA, Canadá, Angola, Marrocos China e Provisões de Bordo.
3.2 - Importações
De
Janeiro a Maio de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que
representaram 72,1% do total (73,6% em 2019), registaram um decréscimo de -20,8%
e contribuíram com -15,3 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de -19,1%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑14,3%,
representando 27,9% do total em 2020 (26,4% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’
global de -3,8 p.p..
Os
principais mercados de origem das importações em 2020, foram a Espanha (30,7%),
a Alemanha (12,9%) e a França (7,5%). Seguiram-se os Países Baixos (5,4%), a
Itália (5,0%), a China (4,5%), a Bélgica e o Brasil (3,0 cada%), o Reino Unido
(2,8%), os EUA (1,9%) e a Argélia (1,7%). Estes países representaram, no seu
conjunto, 78,3% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑19,1%)
destacou-se o do Brasil (+1,3 p.p.), seguido da Nigéria (+0,4 p.p.), da Suécia
(+0,2 p.p.), da China e Taiwan (+0,1 p.p. cada).
Os maiores contributos negativos
couberam a Espanha (-4,9 p.p.), à França (-3,9 p.p.) e à Alemanha (-3,3 p.p.).
Seguiram-se a Rússia (-1,1 p.p.), a Itália (-1,0 p.p.), o Azerbaijão (-0,7
p.p.), os EUA (‑0,6 p.p.), e a Bélgica, Paises Baixos e Arábia Saudita (-0,5
p.p. cada).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif)
couberam à França (+717 milhões de Euros), aos EUA (+585 milhões) e ao Reino
Unido (+408 milhões). Seguiram-se a Turquia (+244 milhões) e Marrocos (+128
milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a
Espanha (-3300 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (‑1084 milhões), da
China (-1066 milhões), dos Países Baixos (-661 milhões) e do Brasil (-519
milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso
nas exportações em 2020, representando 54,3% do total, foram “Agro-alimentares” (14,2% e TVH -0,7%), “Máquinas, aparelhos e partes” (14,1% do
total e -15,3%), “Químicos” (13,3% e -12,5%) e “Material
de transporte terrestre e partes” (12,7% e TVH -34,6%).
Registaram-se
decréscimos, face a 2019, nas exportações de todos os 11 grupos de
produtos. Os maiores contributos para o decréscimo global (-4,7 mil milhões de
Euros), couberam aos grupos “Material de
transporte terrestre e partes” (-1,4
mil milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (-534 milhões), “Produtos
acabados diversos” (‑531 milhões), “Minérios e metais” (-469 milhões),
“Têxteis e vestuário” (-430 milhões) e “Quimicos” (-400 milhões
de Euros).
5.2 – Importações
Em 2020,
os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 73,6% do total, foram “Químicos”
(18,8% do total e TVH -6,9%), “Máquinas, aparelhos e partes” (17,5% e -20,9%), “Agro-alimentares”
(15,9% e TVH -4,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,9% e TVH -30,4%) e
“Energéticos” (10,5% e TVH -25,3%).
À
semelhança das exportações, verificaram-se decréscimos em todos os 11
grupos de produtos, num total de -6,5 mil milhões de Euros, cabendo os mais
significativos aos grupos “Material de transporte terrestre e partes”
(-1,3 mil milhões), “Máquinas, aparelhos
e partes” (-1,3 mil milhões), “Energéticos”
(-978 milhões9 e “Aeronaves, embarcações e partes” (‑843 milhões).
6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 24,6% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4ª
posição, precedida do Brasil, dos EUA e da França).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,2%), a
Alemanha (11,8%), o Reino Unido (5,6%), os EUA (5,3%), a Itália (4,5%), os
Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,8%) e Brasil (1,4%). Estes
dez países representaram 74,6% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente da importação, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 30,7% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (3ª posição, precedida do
Brasil e Nigéria) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, depois
da França, EUA e Alemanha).
Seguiram-se,
no “ranking”, a Alemanha (12,9%), a
França (7,5%), os Países Baixos (5,4%), a Itália (5,0%), a China (4,5%), a Bélgica
e o Brasil (3,0% cada), o Reino Unido (2,8%) e os EUA (1,9%). Estes dez países
cobriram 76,7% das importações totais.
Alcochete, 11 de Julho de 2020.
ANEXO