1 - Nota introdutória
As exportações portuguesas de calçado, sustentadamente crescentes desde o início
da década de 80, atingindo 1,7 mil milhões de Euros em 2001, decresceram a
partir de então, tendo-se mantido num patamar médio de 1,3 mil milhões entre
2005 e 2009.
A partir
de 2009, assistiu-se a uma recuperação sustentada do crescimento destas exportações,
que atingiram os 2 mil milhões de Euros em 2017, para decrescerem nos dois anos
seguintes, tendo-se situado em 1,8 mil milhões de Euros em 2019.
Em 2019,
o valor das importações de calçado, incluindo as matérias-primas, representou 46,5%
das exportações.
O peso do
calçado na exportação global, que em 2001 se situava em 6,3%, decresceu
significativamente até 2007, mantendo-se num patamar em torno dos 4% até 2016, para
voltar a decrescer a partir de então, representando 3,1% do Total em 2019, de
acordo com os dados preliminares disponíveis.
Um dos
objectivos deste trabalho é analisar a evolução do sector entre 2017 e 2019 e
primeiros cinco meses de 2020.
2 –Os 25 maiores importadores mundiais de calçado
Da figura
seguinte constam os vinte e cinco maiores importadores mundiais de calçado e as
quotas de Portugal nos fornecimentos a cada um deles, com destaque para os
Países Baixos, França, Espanha, Suécia, Alemanha, Reino Unido e Canadá.
Os valores
das importações de cada país são os constantes das estatísticas do “International
Trade Centre” (ITC), sendo as dos fornecimentos portugueses, por divergências
por vezes grosseiras ao nível de país face às estatísticas nacionais, as
constantes das estatísticas do INE, com as necessárias conversões de valores Fob
a Cif por aplicação de um factor fixo (Cif-Fob 0,9533).
3 – Portugal face à exportação mundial de calçado
De acordo com dados do “International Trade
Centre” (ITC), no período de 2014 a 2019 os principais exportadores
mundiais de calçado foram dois países asiáticos, designadamente a China
(incluindo Hong-Kong e Macau) e o Vietname, que representaram em conjunto cerca
de metade da exportação mundial, respectivamente 33,2% e 16,5%, em 2019.
Seguiram-se, entre os principais exportadores, a Itália
(8,0%), a Alemanha (5,9%), a Bélgica (4,3%), a França e a Indonésia (2,9%
cada), os Países Baixos (2,7%), a Espanha (2,1%), a Índia (1,8%), o Reino Unido
e a Polónia (1,6% cada) e Portugal (1,3%, contra 1,8% em 2014).
Com quotas inferiores a Portugal alinharam-se
depois os EUA (1,1%), a Roménia (0,9%), o Camboja (0,8%) e o Bangladesh, Áustria,
Brasil e Eslováquia (0,7% do Total cada).
Este conjunto de países representou 90,5% da exportação
mundial de calçado em 2019.
Por tipos
de calçado, as exportações dominantes reportam-se ao calçado com pelo menos a parte
superior de couro (36,7% em 2019), seguidas das de calçado com a parte superior
de matérias têxteis (29,4%), de calçado de borracha ou plástico (24,8%), das
partes de calçado (5,9%), de outro calçado n.e. (2,1%) e de calçado impermeável
de borracha ou plástico (1,0%).
4 – Quotas de Portugal e seus competidores no fornecimento de calçado de couro aos principais importadores da UE em 2019
Seis países comunitários, Alemanha, Itália, Bélgica, França, Países Baixos
e Espanha, integram o grupo dos dez principais importadores mundiais de calçado
de couro em 2019, o tipo de calçado com maior valor acrescentado, que em 2019 pesou
mais de 40% do Total nas importações de calçado da União Europeia.
Nos
quadros que se seguem, a partir de fonte EUROSTAT, encontram-se identificados
os principais países fornecedores desses seis países no âmbito Intra e
Extracomunitário, Portugal incluído, com representatividade sempre superior a
80% em cada um dos agrupamentos.
Para cada um destes países, para as oito posições pautais a seis dígitos da
Nomenclatura em que se encontra desagregado este tipo de calçado, foi calculado
o valor médio por unidade de peso praticado, em Euros/Kg por não se dispor, nesta
fonte, de informação em unidades suplementares (pares), nos casos em que existe.
4.1
– Principais fornecedores
4.2
– Valor médio por unidade de peso
Em 2019, a exportação portuguesa de calçado com
pelo menos a parte superior em couro, representou 85,3% do total do calçado. Nos
quadros que se seguem, construídos a partir de dados de base do EUROSTAT, consta o valor médio
por unidade deste calçado exportado para os seis importadores comunitários que
integraram nesse ano a lista dos dez principais importadores mundiais de
calçado, correspondente à média ponderada das oito posições pautais a seis
dígitos em que se subdivide (ver descritivo em Anexo), por principais fornecedores
Intra e Extra comunitários, incluindo Portugal, com uma representatividade sempre
superior a 80%.
5 – Comércio Internacional português do calçado 2017-2019 e Janeiro-Maio 2019-2020
5.1 – Balança Comercial
A Balança Comercial portuguesa do calçado é
fortemente favorável, tanto no espaço Intracomunitário como no Extracomunitário.
Em termos globais, as importações cresceram
sustentadamente ao longo dos três últimos anos, +2,8% em 2018 e +5,4% em 2019.
Por sua vez as exportações registaram decréscimos sucessivos, -2,7% em 2018 e
-5,5% em 2019, tanto do lado da UE como dos Países Terceiros.
Nos primeiros cinco meses de 2020, face ao mesmo período
do ano anterior, as importações de calçado decresceram -27,4% e as exportações
-20,5%. Estas descidas significativas incidiram tanto no comércio
intracomunitário como no âmbito dos países terceiros, respectivamente -26,6% e
-29,3% do lado das importações e -18,4% e -28,7% do lado das exportações.
5.2 – Importações por tipos de calçado
Entre 2017 e 2019 a importação portuguesa de
calçado pesou 1,1% na importação global, tendo o seu peso descido para 0,9% nos
primeiros cinco meses de 2020.
Por tipos de produtos, definidos a quatro dígitos
da Nomenclatura Combinada em uso na União Europeia, coincidente até seis
dígitos com o Sistema Harmonizado utilizado pela generalidade dos países,
destaca-se a importação do calçado com pelo menos a parte superior em couro (29,5%
em 2019 e 28,6% em Janeiro-Maio 2020), seguido do calçado com a parte superior
em matérias têxteis (24,1% e 24,9% respectivamente), do calçado com a parte
superior em borracha ou plástico (23,6% e 21,3%) e das partes de calçado (20,1%
e 21,7%).
Com pesos pouco expressivos alinharam-se depois as
importações de calçado não especificado e o calçado impermeável.
5.3 – Principais mercados de origem das importações de calçado
Nos últimos três anos e primeiros cinco meses de 2019 e 2020, os principais fornecedores de calçado a Portugal foram a Espanha, a China, a Bélgica, a Alemanha, a Itália, a França e os Países Baixos, conjunto de países que representou cerca de 80% do total.
5.4 – Exportações por tipos de calçado
O peso do calçado no total das exportações
decresceu sucessivamente de 3,6% do total em 2017 para 3,1% em 2019, situando-se
em 2,7% nos primeiros cinco meses de 2020.
Por tipos de produtos destaca-se, a muito grande
distância dos restantes, a exportação de calçado com pelo menos a parte
superior em couro (85,3% em 2019 e 83,4% em Janeiro-Maio 2020). Seguiu-se o
calçado com a parte superior em borracha ou plástico (4,6% e 4,4%
respectivamente), as partes de calçado (3,0% e 3,5%), o calçado com a parte
superior em matérias têxteis (3,0% e 3,4%), o calçado não especificado (2,2% e
2,5%) e o calçado impermeável (2,0% e 2,9%).
5.5 – Principais mercados de destino das exportações de calçado
De 2017 a 2019 e primeiros cinco meses de 2019 e 2020, os principais destinos das exportações portuguesas de calçado foram a França, a Alemanha, os Países Baixos, a Espanha, o Reino Unido, a Dinamarca e os EUA, países que representaram nesse período cerca de 80% do total. Seguiram-se a Itália, a Bélgica, a Suécia, o Canadá, a China, a Polónia, a Rússia e a Suíça. Estes quinze países totalizam mais de 90% destas exportações.
Nas figuras seguintes encontra-se representado o
ritmo de ‘crescimento’ das exportações para os dez principais mercados de
destino do calçado em 2019, ao longo dos últimos cinco anos (2015=100).
5.6 – Índices de variação anual das exportações de calçado - 2019/2018
Foram calculados os índices de variação anual em
preço, do tipo Paasche, para as exportações de calçado em 2019, a preços de
2018, desagregadas por seis tipos, a partir dos respectivos dados elementares a
oito dígitos da Nomenclatura.
Estes índices de preço foram utilizados depois como
deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de
volume.
De acordo com os dados disponíveis, as exportações
de calçado em 2019, face ao ano anterior, terão decrescido em valor -5,5% e
-6,1% em volume, com o preço a aumentar +0,6%.
O único aumento em valor e volume, +4,7%, ocorreu
na exportação de partes de calçado, com uma estagnação em preço.
O principal produto destas exportações, o calçado
com pelo menos a parte superior de couro (mais de 85% do total nos dois anos), terá
registado quebras de ‑5,6% em valor e -5,9% em volume, com o preço a aumentar
+0,3%.
A única descida em preço entre as seis categorias
de calçado verificou-se no calçado de borracha ou plástico, excepto impermeável
(-4,2%).
O maior acréscimo em preço ocorreu na exportação do calçado com a parte superior de matérias têxteis (+20,3%).
Alcochete, 15 de Julho de 2020.
ANEXO
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