Comércio Internacional de Portugal com os PALOP
(Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)
2019-2023
1º Semestre 2023-2024
Analisa-se neste trabalho a evolução do
Comércio internacional de mercadorias de Portugal com os “Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa” (PALOP), no seu conjunto e individualmente,
no período 2019-2023 e, com maior pormenor, no 1º Semestre 2023-2024, com base
em dados divulgados pelo “Instituto Nacional de Estatística de Portugal”
(INE), em versões definitivas até 2023 e preliminar para 2024, com última
actualização em 9-8-2024.
2 –
Conjunto dos PALOP
O
peso do conjunto dos PALOP na importação anual de mercadorias de Portugal com
origem nos Países Terceiros foi tendencialmente decrescente entre 2019 e 2023
(5,4% do Total para 1,2%), tendo ocorrido a maior quebra em 2021 (0,6%). Tendencialmente
decrescente foi também a exportação (de 10,6% para 8,7%).
No
quadro seguinte pode observar-se a evolução do peso relativo de cada um dos
países componentes no Total das importações e das exportações de Portugal com os
PALOP entre 2019 e 2023 e no 1º Semestre de 2023 e 2024.
Entre
2019 e 2023 e 1º Semestre de 2023 e 2024, Angola ocupou a primeira posição em
ambas as vertentes, seguida de Moçambique, Cabo Verde, S.Tomé e Príncipe e
Guiné-Bissau, nas importações, e de Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e
S.Tomé e Príncipe, nas exportações.
Os
gráficos seguintes mostram o ritmo de evolução anual das importações e
exportações de Portugal com o conjunto dos PALOP e com cada um dos seus componentes
entre 2019 e 2023.
2.1–
Balança Comercial
No
período em análise a Balança Comercial foi favorável a Portugal, com elevados graus
de cobertura das importações pelas exportações.
O
saldo da balança aumentou sustentadamente entre 2019 e 2023, subindo de 737
milhões de Euros para 1,7 mil milhões.
No 1º
Semestre de 2024, face ao semestre homólogo do ano anterior, o saldo registou
uma quebra de -18,5%, ao descer de 933 para 750 milhões de Euros.
2.2–
Importação
As posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura
Combinada (NC-8), tomando em consideração as alterações pautais anuais
introduzidas, foram aqui agregadas, nas duas vertentes comerciais, em 11 grupos
de produtos (ver Anexo).
A
importação portuguesa com origem no conjunto dos cinco PALOP, tem como forte componente o grupo “Energéticos”,
centrado em Angola e constituído por óleos brutos do petróleo, que representou 71,5%
do Total no 1º Semestre de 2024 (64,0% no Semestre homólogo de 2023).
Seguiu-se, neste 1º Semestre, o grupo “Agro-alimenares” com 17,3% do Total (20,5% no ano anterior). Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos Têxteis e vestuário” (3,7% e 3,1%), “Minérios e metais” (1,8% e 1,4%), “Produtos acabados diversos” (1,8% e 1,1%), “Calçado, Peles e couros” (1,3% e 1,2%), “Máquinas, aparelhos e partes” (1,2% e 1,6%) e “Madeira, cortiça e papel” (1,1% e 6,8%), tendo sido muito reduzidas as importações nos restantes grupos.
No
quadro seguinte constam as principais importações por Capítulos da Nomenclatura
(NC2/SH2) efectuadas no 1º Semestre de 2024 e correspondente valor em 2023.
2.3
– Exportação
Na
Exportação, bem mais diversificada, no 1º Semestre de 2024 destacaram-se os
grupos de produtos “Máquinas, aparelhos e partes” (24,8% e 27,2%),
“Agro-alimentares” (22,3% e 21,1%) e “Químicos” (16,9%
e 16,2%).
Seguiram-se,
entre os principais, os grupos “Minérios e metais” (9,9% e 10,6%),
“Produtos acabados diversos” (9,0% e 10,1%) e “Energéticos”
(6,8% e 5,4%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel”
(3,3% e 3,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (3,2%
e 2,8%), “Têxteis e vestuário” (2,3% e 2,1%), “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,8% e 0,5%) e “Calçado, peles e couros” (0,6%
nos dois anos).
Na
página seguinte consta e a Balança Comercial de Portugal com o conjunto e com cada um dos
PALOP no período de 2019 a 2023 e 1º Semestre de 2023 e 2024.
Segue-se
uma análise, neste período, da evolução das importações e das exportações de
Portugal com cada um dos PALOP, mais pormenorizada no 1º Semestre de 2023 e 2024.
3 -
Angola
3.1
- Balança Comercial
No
primeiro Semestre de 2024, face ao homólogo do ano anterior, as importações
registaram uma descida de -10,5% e as exportações uma quebra de -30,4%, com o
saldo da balança a decrescer ‑33,5%.
3.2
– Importação
Nos
primeiros seis meses de 2024 a principal importação portuguesa com origem em
Angola incidiu no grupo de produtos “Energéticos”,
representando 84,3% do Total (82,4% no mesmo período do ano anterior),
essencialmente constituída por petróleo bruto.
Seguiu-se,
no mesmo período, o grupo “Agro-alimentares” (11,2% e 13,1%) e, com
pesos inferiores, alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e
papel” (1,3% e 1,5%), “Minérios e metais” (1,2% e 0,8%), “Produtos
acabados diversos” (1,0% e 0,8%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(0,7% e 1,3%).
3.3
– Exportação
As
principais exportações portuguesas com destino a Angola no 1º Semestre de 2024
couberam aos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (24,8% e 27,2%
no ano anterior), “Agro-alimentares” (22,3% e 21,1%) e “Químicos”
(16,9% e 16,2%).
Seguiram-se
os grupos “Minérios e metais” (9,9% e 10,6%), “Produtos
acabados diversos” (9,0% e 10,1%) e “Energéticos” (6,8% e
5,4%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel”
(3,3% e 3,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (3,2%
e 2,8%), “Têxteis e vestuário” (2,3% e 2,1%), “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,8% e 0,5%) e “Calçado, peles e couros”
(0,6% nos dois anos).
4 –
Cabo Verde
4.1
- Balança Comercial
No 1º
Semestre de 2024 as importações portuguesas de Cabo Verde representaram 5,6% do
Total dos PALOP (5,5 milhões de Euros), com um decréscimo de -0,6% face ao mesmo período do ano
anterior. Por sua vez, as exportações ocuparam a segunda posição no conjunto
dos PALOP, a seguir a Angola, com 20,6% do Total (176,9 milhões de Euros), com
um aumento de +0,8% em relação ao período homólogo do ano anterior.
4.2
– Importação
No 1º
Semestre de 2024 as principais importações portuguesas com origem em Cabo Verde
incidiram nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário” (52,3% do
Total e 49,8% no 1º Semestre de 2023), “Calçado, peles e couros”
(23,2% e 26,5%) e “Produtos acabados diversos” (11,5% e 8,7%).
Seguiram-se
os grupos “Agro-alimentares” (5,6% e 3,7%), “Máquinas,
aparelhos e partes” (3,1% e 6,6%), “Minérios e metais” (2,3%
e 1,6%), “Energéticos” (1,1% e 2,1%) e “Material de
transporte terrestre e partes” (0,7% e 0,8%).
Na
figura seguinte relacionam-se os principais produtos transaccionados, por
Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2).
4.3
– Exportação
No 1º
Semestre de 2024 as principais exportações couberam ao grupo “Agro-alimentares”
(30,7% e 30,6% no ano anterior), “Químicos” (15,6% e 14,0%),
“Minérios e metais” (14,3% e 15,3%) e “Máquinas, aparelhos
e partes” (13,8% e 12,9%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados
diversos” (8,8% e 8,1%), “Energéticos” (6,3% e 8,8%), “Madeira,
cortiça e papel” (4,5% e 4,6%), “Têxteis e vestuário” (3,1%
e 2,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,1% em
ambos os anos), “Calçado, peles e couros” (0,7% nos dois anos) e “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,1% e 0,2%).
5 –
Guiné-Bissau
5.1
- Balança Comercial
No 1º
Semestre de 2024 as importações portuguesas com origem na Guiné-Bissau
cifraram-se em escassos 342 mil Euros, contra 39 mil euros no mesmo período do
ano anterior (+777,6%). Por sua vez, as exportações situaram-se respectivamente
em 60,2 e 65,2 milhões de Euros (+8,3%).
5.2
– Importação
No 1º
Semestre de 2024 a principal importação incidiu no grupo “Agro-alimentares”
(60,8% e 98,9% no semestre homólogo de 2023).
Seguiram-se,
com importações nulas em 2023, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes”
(28,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (6,4%), “Madeira, cortiça e papel” (2,1%)
e “Químicos” (1,8%), tendo sido nulas as importações nos
restantes grupos de produtos.
5.3
– Exportação
No 1º
Semestre de 2024 o principal grupo de produtos nas exportações para a
Guiné-Bissau foi “Energéticos” (49,2% e 46,8% em 2023) e “Agro-alimentares” (28,3% e 33,0%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados
diversos” (5,6% e 5,3%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(5,3% e 4,4%), “Químicos” (4,0% e 3,3%), “Minérios e
metais” (3,1% e 3,6%), “Material de transporte terrestre e
partes” (1,8% e 1,5%), “Madeira cortiça e papel” (1,1%
e 0,9%), “Aeronaves, embarcações e partes” (0,8% e exportação nula em 2023),
“Têxteis e vestuário” (0,7% e 1,2%) e “Calçado, peles e
couros” (0,1% nos dois anos).
6 –
Moçambique
A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com
Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos e 1º
Semestre de 2024, com elevados graus de cobertura das importações pelas
exportações. O saldo da Balança oscilou entre um mínimo de 154 milhões de Euros
em 2021 e um máximo de 179 milhões em 2023 tendo-se situado no 1º Semestre de
2024 em 97 milhões de Euros.
Pouco diversificadas, no
1º Semestre de 2024 as importações portuguesas de mercadorias com origem em
Moçambique centraram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares” (78,9% do Total e 57,5%
em 2023).
Seguiram-se “Têxteis e
vestuário”
(6,9% e 4,8%), “Minérios e metais” (6,1% e 3,5%), “Máquinas,
aparelhos e partes” (3,9% e 1,5%), “Produtos acabados diversos” (3,4% e 0,5%),”Material de
transporte terrestre e partes” (0,3% e 0,5%) e “Químicos” (0,3% e 0,2%). Os restantes grupos de
produtos registaram movimento nulo ou praticamente nulo.
6.3
- Exportação
No 1º Semestre de 2024 os
grupos de produtos com maior peso no total das exportações foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (27,2%
e 30,3% em 2023), “Químicos” (26,2%
e 23,2%) e “Agro-alimentares” (19,2% e 17,7%).
Seguiram-se
os grupos “Produtos acabados diversos” (8,7% e 7,5%), “Minérios
e metais” (7,3% e 9,4%) e “Madeira. cortiça e papel” (3,6%
e 5,9%). Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Material de
transporte terrestre e partes” (1,9% e 2,3%), “Têxteis e
vestuário” (1,8% e 2,4%), “Energéticos” (1,8% e 0,6%), “Aeronaves,
embarcações e partes” (1,1% e exportação nula em 2023) e “Calçado,
peles e couros” (1,1% e 0,8%).
7 –
São Tomé e Príncipe
7.1
- Balança Comercial
No 1º
Semestre de 2024, face ao semestre homólogo do ano anterior, as importações
portuguesas com origem em São Tomé e Príncipe cresceram de 249 para 690 mil
Euros (+177,0%), tendo aumentado também as exportações, de 25,0 para 27,6
milhões de Euros (+10,3%).
7.2
- Importação
Nos
primeiros seis meses de 2024 as principais importações incidiram no grupo “Agro-alimentares”
(64,6% e 16,4% no mesmo período do ano anterior), “Têxteis e vestuário”
(18,9% e importação nula em 2023), “Minérios e metais” (15,9% e 76,8%)
e “Máquinas, aparelhos e partes” (0,6% e 2,3%), tendo os
restantes grupos um valor muito reduzido ou praticamente nulo.
7.3
- Exportação
No 1º Semestre de 2024 as principais exportações portuguesas para São Tomé e Príncipe couberam ao grupo de produtos “Agro-alimentares” (44,0% em 2024 e 43,6% em 2023), Máquinas, aparelhos e partes” (19,4% e 17,3%) e “Químicos” (10,0% e 12,6%).
Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (6,9% e 7,7%), “Produtos acabados diversos” (6,8% e 5,9%), “Material de transporte terrestre e partes” (5,3% e 3,0%),“Madeira, cortiça e papel” (2,8% e 3,0%), “Têxteis e vestuário” (2,4% e 2,2%),“Energéticos” (1,7% e 3,9%), “Calçado, peles e couros” (0,6% e 0,5%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% e 0,2%).
Alcochete, 1 de Setembro de 2024.
Sem comentários:
Enviar um comentário