segunda-feira, 21 de abril de 2025

Comércio Internacional de mercadorias - Portugal-Brasil (2020 a 2024)

 

Comércio Internacional de mercadorias
Portugal-Brasil
(2020 a 2024)

                                                    (disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio internacional de mercadorias de Portugal com o Brasil ao longo do período 2020-2024, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 9 de Abril de 2025. 

2 – Comércio de Portugal com o Brasil (2020-2024)

No período de 2020 a 2024 as importações portuguesas de mercadorias com origem no Brasil cresceram em valor a um ritmo acentuado até 2022 (285,2% face a 2000=100), desacelerando no ano seguinte para se manterem a um nível de cerca de 230% até 2024.

Por sua vez o ritmo das exportações, tendo registado uma pequena desaceleração em 2021, face a 2020, aumentou sustentadamente a partir de então, atingindo 156,7% em 2024.

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Portugal com o Brasil registou saldos negativos sucessivamente mais volumosos entre 2020 e 2022, saltando de -874 milhões de Euros para -3,6 mil milhões, situando-se em 2023 e 2024 em -2,6 mil milhões. Este forte aumento do défice ficou a dever-se não só ao acentuado incremento das importações de produtos “Energéticos”, designadamente petróleo bruto, mas também de produtos “Agro-alimentares”, como veremos mais adiante.

Em 2024 o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações situou-se em 30,6%.


2.2 – Importações por grupos de produtos

Numa análise por grupos de produtos (definição do seu conteúdo em Anexo), em 2024 as principais importações portuguesas com origem no Brasil incidiram no grupo de produtos “Energéticos” (67,8% do Total em 2024 e 63,0% em 2023) seguido de “Agro-alimentares” (18,0%% e 21,3%, respectivamente). Com pesos muito inferiores alinharam-se depois, entre os principais, os grupos “Madeira, cortiça e papel” (4,3% e 4,0%) , “Aeronaves, embarcações e partes” (3,3% e 3,2%)  e “ Máquinas, aparelhos e partes” (1,0% e 1,3%).

No quadro seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados do Brasil em 2025 e correspondentes valores em 2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC2/SH2).

2.3 – Exportações por grupos de produtos

Em 2024 as principais exportações portuguesas para o Brasil couberam ao grupo de produtos “Agro-alimentares” (61,7% do Total com 59,2% em 2023), Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (15,4% e 13,9%, respectivamente), “Máquinas, aparelhos e partes” (7,7% e 9,6%), “Químicos” (4,3% e 5,0%), “Minérios e metais” (3,9% e 3,5%), “Produtos acabados diversos” (2,4% e 4,0%), “Têxteis e vestuário” (2,0% e 1,8%) e “Madeira, cortiça e papel” (1,3% e 1,6%). Com pesos inferiores a 1,0% alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes”, “Calçado, peles e couros” e “Energéticos”.

No quadro seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos exportados para o Brasil em 2025 e correspondentes valores em 2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC2/SH2).


Alcochete, 21 de Abril de 2025.


                                                                                     ANEXO


quarta-feira, 16 de abril de 2025

Comércio Internacional de Mercadorias - Série Mensal - Janeiro a Fevereiro de 2025

 

Comércio Internacional 
de mercadorias
- série mensal -
(Janeiro a Fevereiro de 2025)

( disponível para download  >> aqui )


1 - Balança comercial

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a Fevereiro de 2025 e de 2024, em versões preliminares, com última actualização em 9 de Abril de 2025, as exportações de mercadorias em 2025 cresceram, em termos homólogos, +11,9% (+1533 milhões de Euros), a par de um acréscimo das importações de +5,8% (+991 milhões). 

A partir de Janeiro de 2021, nas estatísticas de base do INE foram acrescentados, na sequência do “Brexit”, dois códigos de países, “XI-Reino Unido (Irlanda do Norte)” e “XU-Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte)”, apresentando-se a zeros a posição pautal com o código “GB-Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. Nos quadros desta série mensal manteremos, para já, este código “GB”, correspondente ao somatório dos valores dos dois novos códigos.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total corresponde aqui aos actuais 27 membros, registaram no período em análise um acréscimo de +15,4% (+1422 milhões de Euros), tendo as exportações para os Países Terceiros registado um acréscimo de +3,1% (+111milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) aumentaram +5,3% (+690 milhões) e as originárias dos Países Terceiros cresceram +7,3% (+301 milhões de Euros). 

O défice comercial externo (Fob-Cif), -12,9% face a 2024, situou-se em -3651 milhões de Euros (inferior em 542 milhões ao do ano anterior), a que correspondeu um desagravamento de 732 milhões no comércio intracomunitário e um agravamento de 190 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 75,4% em 2024, para 79,8% em 2025.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. No período de Janeiro a Fevereiro o valor médio de importação do petróleo bruto desceu muito ligeiramente, de 569  Euros/Ton em 2024, para 568 Euros/Ton. 

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros (O gráfico inclui já a cotação média do mês de Março).

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou 10,5% no total das importações em 2025 e 5,9% nas exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações sobe, em 2025, de 79,8% no comércio global, para 83,3%.

2 – Evolução mensal

3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

Em 2025, no período em análise, as exportações para a UE (expedições), que representaram 74,1% do Total, cresceram +15,4%, contribuindo com +11,0 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global de +11,9%.

As exportações para o espaço extracomunitário, 25,9% do Total, cresceram +3,1%, contribuindo com uma taxa de +0,9% para o crescimento global.

Os dez principais destinos das exportações foram a Espanha (24,6%), a Alemanha (18,7%), a França (11,4%), os EUA (5,2%), o Reino Unido incl. Irlanda NT (4,4%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (3,4%), a Bélgica (2,7%), a  Polónia (1,5%), e as Provisões de Bordo Extra-UE (1,4%), destinos que representaram 77,2% do Total.

Angola, que no ano de 2024 ocupou a 5ª posição no conjunto dos Países Terceiros, depois dos EUA, do Reino Unido, de Marrocos e do Brasil, registou no período em análise um acréscimo de +15,0% nas nossas exportações com este destino (+22,3 milhões de Euros).

Ocorreram acréscimos nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (+10,5 milhões de Euros), “Minérios e metais” (+8,3 milhões), “Produtos acabados diversos” (+4,9 milhões), Químicos (+1,9 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+1,6 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (+829 mil Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (+355 mil Euros) e “Calçado, peles e couros” (+172 mil Euros).

Os decréscimos incidiram em “Energéticos” (-2,5 milhões de Euros),  “Aeronaves, embarcações e partes” (-2,5 milhões) e “Têxteis e vestuário” (-1,4 milhões).

Entre os principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações neste período (+11,9%) pertenceram à Alemanha (+9,4 p.p.), seguida a grande distância por Espanha (+1,1 p.p.), Países Baixos e Gibraltar (+0,7 p.p. cada), Provisões de Bordo Extra-UE e Irlanda (+0,3 p.p. cada), Polónia, Dinamarca e Angola (+0,2 p.p. cada).

Os maiores contributos negativos couberam ao Brasil e Finlândia (-0,4 p.p. cada), Reino Unido/Irl NT e França (-0,3 p.p. cada), Marrocos (-0,2 p.p.), Bélgica, Argélia, Provisões de Bordo Intra-UE e República Checa (-0,1 p.p. cada).

Os maiores acréscimos nas exportações para o espaço comunitário (expedições) incidiram na Alemanha, seguida a grande distância pela Espanha, Países Baixos, Irlanda, Polónia, Dinamarca, Suécia e Eslováquia. Os principais decréscimos couberam à Finlândia, França, Bélgica e Provisões de Bordo.


No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se Gibraltar, Provisões de Bordo, Israel,  Panamá EUA, Angola, Canadá, Noruega e Turquia.

Entre os decréscimos evidenciaram-se o Brasil, Reino Unido, Marrocos, Japão, Ceuta, Argélia, Egipto e Vietname.

3.2 – Importações

No período de Janeiro a Fevereiro de 2025 as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 75,4% do total, registaram um acréscimo de +5,3% e contribuíram com +4,0 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de +5,8%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram no mesmo período um acréscimo de +7,3% representando 24,6% do total, com um contributo para o ‘crescimento’ global de +1,8 p.p..

O principal mercado de origem das importações foi a Espanha (32,0% do Total) seguida da Alemanha (11,7%), da França (7,4%), dos Países Baixos (5,5%), da China (5,2%), da Itália (5,1%), da Irlanda (3,9%), da Bélgica (3,1%), do Brasil (2,3%) e dos EUA (2,2%).

Estes países representaram, no seu conjunto, 78,5% do total das importações.

Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga das importações  (+5,8%), destacou-se a Irlanda (+1,4 p.p.), seguida da China (+1,1 p.p.), França e Países Baixos (+0,9 p.p.), Espanha (+0,8 p.p.), Alemanha (+0,4 p.p.), Itália (+0,3 p.p.), EUA e Reino Unido/Irl NT (+0,2 p.p. cada).

Os principais contributos negativos incidiram na Áustria (-0,7 p.p.), no Azerbaijão (-0,5 p.p.), Arábia Saudita e Nigéria /-0,4 p.p. cada), Noruega (-0,3 p.p.), no Japão e Polónia (-0,2 p.p.), na Índia, Dinamarca e Marrocos (-0,1 p.p. cada).

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos do valor das importações com origem Intracomunitária (chegadas) e nos Países Terceiros, entre o período em análise de 2025 e de 2024.


4 – Saldos da Balança Comercial        

Em 2025, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à Alemanha (+592 milhões de Euros), ao Reino Unido (+417 milhões), aos EUA (+348 milhões), à França (+297 milhões) e a Gibraltar (+147 milhões).

  O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-2234 milhões de Euros), seguida da China (-840 milhões), da Irlanda (-594 milhões), dos Países Baixos (-508 milhões) e da Itália (-333 milhões).


5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO).

Em 2025, os grupos que detiveram maior peso na estrutura foram “Químicos” (21,5% do Total e +1491 milhões de Euros face ao ano anterior), “Máquinas, aparelhos e partes” (14,4% e +159 milhões), “Agro-alimentares” (13,0% e +47 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (11,0% e -175 milhões), “Minérios e metais” (9,1% e +41 milhões), “Produtos acabados diversos” (8,5% e -14 milhões).

Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (6,9% e +40 milhões), “Madeira cortiça e papel” (6,1% e -16 milhões), “Energéticos” (5,9% e -76 milhões), “Calçado, peles e couros” (2,8% e +17 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,8% e +20 milhões de Euros).


5.2 – Importações

Em 2025 os grupos de produtos com maior peso foram “Químicos” (18,8% do Total e +21 milhões de Euros face ao ano anterior), “Máquinas, aparelhos e partes” (18,2% e +140 milhões), “Agro-alimentares” (15,1% e +73 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (13,1% e +244 milhões), “Energéticos” (10,5% e ‑359 milhões) e “Minérios e metais” (9,0% e -31 milhões).

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (5,9% e +12 milhões), “Têxteis e vestuário” (4,5% e -88 milhões), Madeira, cortiça e papel” (3,0% e -41 milhões), “Calçado, peles e couros” (1,6% e -33 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,2% e -152 milhões de Euros).


6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou em 2025 a primeira posição em 7 dos 11 grupos de produtos com 24,6% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Químicos” (2ª posição depois da Alemanha), “Calçado, peles e couros” (3ª posição, depois da França e da Alemanha), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4ª posição, precedida do Brasil, França e Irlanda).

Seguiram-se no “ranking” a Alemanha (18,7%), a França (11,4%), os EUA (5,2%), o Reino Unido e Irl NT (4,4%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (3,4%), a Bélgica (2,7%), a Polónia (1,5%) e as “Provisões de Bordo Extra-UE” (1,4%).

Estes dez destinos representaram 77,2% da exportação total.

6.2 – Importações


Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em dez dos onze grupos de produtos, com 32,0% do total.

A excepção foi o grupo ““Aeronaves, embarcações e partes” (2º lugar, depois dos EUA.

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (11,7%), a França (7,4%), os Países Baixos (5,5%), a China (5,2%), a Itália (5,1%), a Irlanda (3,9%), a Bélgica (3,1%), o Brasil (2,3%) e os EUA (2,2%).

Estes dez países cobriram 78,5% da importação total.

 7 – Valor dos grupos de produtos das exportações em 2025                       face a 2024, por meses homólogos não acumulados


Alcochete, 15 de Abril de 2025.

ANEXO





sábado, 12 de abril de 2025

"Ranking" dos EUA nas exportações portuguesas para o espaço Extra-UE em 2024

 

"Ranking" dos EUA
nas exportações portuguesas
para o espaço Extra-UE em 2024

                                                    ( disponível para download  >> aqui )


1 – Nota introdutória

Analisa-se neste trabalho a posição dos EUA nas exportações portuguesas de mercadorias com destino ao espaço Extra-UE27 em 2024, por Grupos de Produtos (definição do conteúdo dos grupos em Anexo), o que poderá ser útil para uma breve avaliação da incidência das repercussões que se avizinham no âmbito das anunciadas alterações de tarifas alfandegárias impostas por este país.

Utilizam-se para o efeito dados de base divulgados pelo ‘Instituto Nacional de Estatística de Portugal’ (INE) para 2024, em versão preliminar, com última actualização em 9 de Abril de 2025.

2- Peso das exportações portuguesas para o espaço Extra-UE27

Ao longo do último quinquénio, após um aumento do peso das exportações para o conjunto dos Países Terceiros, face às exportações globais, de 28,6%, em 2020, para 29,9% em 2023, registou-se em 2024 uma quebra para 28,9%.


3 – ‘Ranking’ dos EUA

De acordo com os dados disponíveis, nas exportações para o conjunto dos Países Terceiros em 2024 os EUA ocuparam a 1ª posição, com 23,2% do Total, o que representou  6,7% das exportações globais.

Numa análise por Grupos de Produtos, os EUA terão ocupado neste ano a 1ª posição em 6 dos 11 grupos, designadamente “Químicos”, “Energéticos”, “Têxteis e vestuário”, “Máquinas, aparelhos e partes”, “Madeira, cortiça e papel” e “Produtos acabados diversos”, a 2ª posição em 3 grupos, “Calçado, peles e couros”, “Minérios e metais” e “Aeronaves, embarcações e partes”, a 3ª posição no grupo “Agro-alimentares” e a 14ª posição no grupo “Material de transporte terrestre e partes”.

No quadro seguinte relacionam-se os 10 principais destinatários das exportações portuguesas de mercadorias para o espaço Extra-UE, por Grupos de Produtos.


4 - Peso dos Grupos de Produtos nas exportações para os EUA

Em 2024 as principais exportações portuguesas para os EUA incidiram nos grupos de produtos “Químicos” (32,9% do Total) e “Energéticos” (20,3%).

Seguiram-se, entre os principais, os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (10,0%), “Têxteis e vestuário” (8,9%) e “Produtos acabados diversos” (8,4%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Minérios e metais” (6,1%), “Madeira, cortiça e papel” (5,6%), “Agro-alimentares” (4,7%), “Calçado, peles e couros” (2,1%), “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6%) e “Material de transporte terrestre e partes” (0,4%).


5 – Principais exportações por Capítulos da Nomenclatura

No quadro seguinte podem observar-se as principais exportações desagregadas por capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2), por Grupos de Produtos.


Numa análise mais fina verifica-se que nos grupos de produtos com maior peso, “Químicos” (32,9%) e “Energéticos” (20,3% do Total) sobressaíram respectivamente as exportações de medicamentos e pneus novos, e de gasolinas para motor e óleos leves.

Seguiu-se o grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (10,0%), muito diversificado, com destaque para os aparelhos telefónicos incluindo os telefones inteligentes, os aparelhos para interrupção, seccionamento e protecção de circuitos eléctricos, as caixas de fundição e moldes para diversos materiais, os emissores de radiodifusão e televisão, os aparelhos para tratamento de matérias que impliquem mudança de temperatura, os elevadores, escadas rolantes e teleféricos, as bombas, compressores, ventiladores e exaustores, os quadros, cabinas, armários e outros suportes eléctricos, os receptores de radiodifusão, telefonia ou telegrafia, os aparelhos de sinalização, acústica e visual, as torneiras e válvulas, os condensadores eléctricos e as máquinas de impressão, entre outros.

No grupo “Têxteis e vestuário” (8,9%), as exportações, muito diversificadas, incidiram nas  roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, nas camisolas, pulôveres, cardigãs e semelhantes, nos esboços de feltro para chapéus, nas T-shirts e camisolas interiores de malha, nos cordéis, cordas e cabos, nos fatos, vestidos e outro vestuário de uso masculino e feminino, nos tecidos de malha-urdidura, nos cobertores e mantas, nos artigos para guarnição de interiores, nas camisas de tecido para homem e nos tecidos impregnados ou revestidos com plástico, entre muitos outros.

No grupo “Produtos acabados diversos” (8,4%), destacaram-se o mobiliário, os serviços de mesa, artigos de cozinha e outros artigos de uso doméstico não de porcelana, os contadores, diversos, como por exemplo velocímetros e taxímetros, as partes e acessórios de armas, espingardas e carabinas de caça, a pedra de cantaria e construção, as armas de fogo, os relógios de variados tipos, os assentos mesmo transformáveis em camas, os ladrilhos cerâmicos, os suportes para camas (sommiers), colchões, edredões, almofadas e semelhantes, os aparelhos de medida e controlo, as estatuetas e outros objectos ornamentais de cerâmica, e os instrumentos de medicina e cirurgia, incluindo para veterinária, entre outros.

No âmbito dos “Minérios e metais” (6,1%), as principais exportações incidiram nas construções em ferro ou aço, como pontes, comportas, torres, pórticos, estruturas para telhados, portas, janelas e caixilhos, entre outros,  nas barras e perfis de aço inoxidável, nas cordas e cabos de ferro ou aço excepto isolados para uso eléctrico, nas construções em alumínio, nas barras de ferro ou aço, nas ferragens e outras guarnições em metais comuns, nos recipientes para gases comprimidos ou liquefeitos em ferro ou aço, nos reservatórios, tambores, latas e semelhantes em ferro ou aço para quaisquer outras matérias, e nos minérios de tungsténio (volfrâmio).

No grupo “Madeira, cortiça e papel” (5,6%) prevaleceram as obras de cortiça, natural, a cortiça alomerada com ou sem aglutinantes, o papel e cartão não revestidos, as caixas, bolsas e outras embalagens de papel, cartão ou celulose, as obras de marcenaria e de carpintaria para construção e a cortiça natural em bruto.

Entre os produtos “Agro-alimentares” (4,7%) destaque para os vinhos, para os produtos de padaria ou pastelaria, para o azeite de oliveira, para produtos hortícolas não congelados, para as tripas, bexigas e buxos, para as conservas de peixe e para os moluscos próprios para alimentação humana.

No grupo “Calçado, peles e couros” (2,1%) destaca-se o calçado de couro, seguido das obras de couro natural ou reconstituído, o calçado com a parte superior em matérias têxteis, as malas, pastas, estojos, artigos de viajem e muitos outros, o calçado com a parte superior de outras matérias, o calçado impermeável e as partes de calçado.

As exportações de “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6%) centraram-se em veículos aéreos com propulsão a motor, e em iates e embarcações de recreio ou desporto.

Por fim, no grupo “Material de transporte terrestre e partes” (0,2%), de referir os veículos automóveis para o transporte de mais de 10 pessoas e suas partes e peças, as partes e acessórios para motocicletas, bicicletas, cadeiras de rodas, veículos para pessoas com incapacidades não especificadas, e os reboques e semi-reboques.

 

Alcochete, 12 de Abril de 2025.


ANEXO




segunda-feira, 7 de abril de 2025

Comércio Internacional de mercadorias de Portugal com Angola (2020-2024)

 

Comércio Internacional de mercadorias
de Portugal com Angola
(2020 a 2024)

                                                    ( disponível para download  >> aqui )


1 – Nota introdutória

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio de mercadorias de Portugal com Angola ao longo do último quinquénio (2020-2024), com base em dados definitivos do “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE) até 2023 e preliminares para 2024.

Em 2024 Angola ocupou a 5ª posição nas exportações portuguesas para o espaço Extra-comunitátrio (4,5%), precedida dos EUA (23,2%), do Reino Unido/Irl.NT (13,8%), de Marrocos (5,1%) e do Brasil (5,0%), e a 17ª posição na vertente das importações (0,3%).

As importações, após uma quebra em 2021 registaram uma subida significativa no ano seguinte, atingindo 160,3% do valor que detinham em 2020 (2020=100), para desacelerarem sucessivamente até 2024, quando atingiram 24,5% do ano base.

Por sua vez as exportações, após registarem em 2022 uma aceleração significativa face a 2020 (163,5%), desaceleraram nos dois anos seguintes, mas mantendo-se acima do nível do ano base (118,1% em 2024).


2 – Alguns dados sobre o Comércio Externo de Angola

A Balança Comercial foi favorável a Angola ao longo dos últimos cinco anos, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.


De acordo com dados de fonte ‘Administração Geral Tributária’ de Angola, as principais exportações angolanas incidem no petróleo, que em 2024 representou 94,2% do Total, tendo sido os principais destinos a China (45,5%), seguida da Índia (11,7%), da Espanha (5,5%), da Indonésia (3,8%), da França (3,7%), dos EUA (3,3%) e do Brasil (3,1%).

A segunda maior exportação coube a minérios e produtos minerais, que nesse ano correspondeu a 4,4% do Total.

Em 2024 predominaram nas importações as máquinas e aparelhos (24,7%), os combustíveis (19,6%), os produtos agrícolas e alimentares (16,8%), os metais comuns (10,8%), os produtos químicos (7,3%), os veículos de transporte (6,6%), os plásticos e produtos de borracha (4,5%) e os produtos da área têxtil (1,9%), produtos que no seu conjunto representaram 92,2% do Total.

Neste ano as principais origens das importações couberam à China (15,1%), Portugal (9,5%), Reino Unido (7,5%), EUA (6,1%), Índia (6,0%), Coreia do Sul (4,7%), Bélgica (4,4%), Brasil (3,8%), França (3,7%) e África do Sul (3,6%), países que representaram 64,4% do Total.

3 – Comércio de Portugal com Angola

3.1 – Balança Comercial

Ao logo dos últimos cinco anos a Balança Comercial com Angola foi favorável a Portugal, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações. Os saldos da Balança oscilaram entre 481 milhões de Euros, em 2020, e 989 milhões, em 2023, tendo-se situado em 932 milhões em 2024.

Em 2024, face ao ano anterior, as importações registaram um acentuado decréscimo em valor de -64,7% e as exportações uma quebra de -18,4%.

3.2 – Importações

As importações portuguesas provenientes de Angola encontram-se centradas no petróleo bruto, logo sujeitas à flutuação do seu preço no mercado internacional, tendo o grupo de produtos “Energéticos” representado 85,8% do Total em 2023 e 73,6% em 2024

Em 2024, no conjunto dos onze Grupos de Produtos considerados nesta análise (definição do seu conteúdo em Anexo), à excepção dos grupos “Têxteis e Vestuário”, “Aeronaves, embarcações e partes” e “Produtos acabados diversos”, registaram-se quebras em valor face ao ano anterior.

Àparte o grupo “Energéticos” predominou, a grande distância dos restantes, o grupo “Agro-alimentares” (17,8% do Total em 2024 e 8,8% em 2023).

No quadro seguinte relacionam-se as principais importações efectuadas em 2024 e correspondente valor em 2023, por Grupos de Produtos desagregados por Capítulos da Nomenclatura (NC-2≡SH2). 

3.3 – Exportações

Em 2024, face ao ano anterior, registaram-se quebras em valor em todos os Grupos de Produtos à excepção de “Energéticos”.

As principais exportações incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (28,5% do Total em 2024 e 33,0% em 2023), “Agro-alimentares” (19,7% e 17,6%),  “Químicos” (17,6% e 15,8%), “Minérios e metais” (11,9% e 10,8%) e “Produtos acabados diversos” (10,0% e 11,0%).

Seguiram-se, a grande distância, os grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (3,3% em 2024 e 3,1% em 2023), “Material de transporte terrestre e partes” (3,2% e 3,6%), “Energéticos” (2,5% e 1,5%), “Têxteis e vestuário” (2,2% em cada um dos anos), “Calçado, peles e couros” (0,2% nos dois anos) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6% e 0,8% respectivamente).

No quadro seguinte relacionam-se as principais exportações efectuadas para Angola em 2024 e o seu correspondente valor em 2023, por Grupos de Produtos desagregados por Capítulos da Nomenclatura, (NC2/SH2) com uma representatividade em cada grupo sempre superior a 90%.

Como se pode observar, verificaram-se quebras em valor na esmagadora maioria dos grupos de produtos, sendo as mais significativas as de “Máquinas, aparelhos e partes” (-123,2 milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (-36,8 milhões), “Agro-alimentares” (-19,4 milhões), “Químicos” (-18,4 milhões), “Minérios e metais” ( -13,0 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (-11,9 milhões de Euros).


Analisa-se agora, com mais pormenor, o tipo de produtos exportadosas no âmbito dos cinco principais grupos de produtos.

Entre as “Máquinas, aparelhos e partes”, muito diversificados, agora com base num descritivo a 4 digítos da Nomenclatura, destacaram-se as partes e peças destinadas, por exemplo, a guinchos e macacos, guindastes e tapetes rolantes, veículos para remoção de cargas, buldozers, niveladoras, pás mecânicas, escavadoras e similates, as máquinas automáticas para processamento de dados, os fios e cabos eléctricos incluindo coaxiais, os aparelhos telefónicos, os refrigeradores e congeladores, as máquinas para tratar terras, pedras e minérios, os centrifugadores, as bombas para líquidos, os aparelhos para interrupção, protecção e seccionamento eléctrico, os quadros e cabines eléctricos, os transformadores e conversores eléctricos e as torneiras e válvulas, entre muitos outros.

Entre os produtos “Agro-alimentares” evidenciaram-se os vinhos, óleo de soja, queijo, azeite, preparações diversas à base de farinhas, enchidos, leire e preparações para alimenmtação animal, entre outros.

No âmbito dos produtos “Químicos”, também muito diversificados, de realçar os medicamentos, os reagentes de diagnóstico, os tubos, acessórios e obras diversificadas de plástico, as misturas de substâncias odoríferas para a indústria, os carbonatos de amónio, as preparações tensoactivas e para lavagem, as embalagens, rolhas, cápsulas e tampas de plástico, os pneus novos de borracha, os produtos de beleza e maquilhagem, os corantes, as chapas, folhas e películas de plástico, as colas e adesivos, as tintas e vernizes, as preparações lubrificantes, os aglutinantes para moldes, os revestimentos de plástico para pavimentos, os sulfatos e alumenes, as preparações para barbear, perfumes e outras preparações cosméticas, os insecricidas, fungicidas e herbicidas e os tubos de borracha vulcanizada, entre outros.

Entre os “Minérios e metais” assumem relevância as construções metálicas e suas partes, os perfis de ferro ou aço não ligado, as obras de ferro ou aço não especificadas, os parafusos, anilhas e porcas de ferro ou aço, os fios, tubos, varetas, chapas e semelhantes em metais comuns, as cordas e cabos, os acessórios para tubos, em ferro ou aço, as guarnições, ferragens e semelhantes para móveis em metais comuns, os tubos e perfis sem costura em ferro ou aço, as barras e perfis de alumínio, entre muitos outros.

Finalmente, entre as principais exportações do grupo “Produtos acabados diversos”, de referir os aparelhos para medicina, os móveis, os aparelhos de iluminação, as máquinas, aparelhos e suas partes de óptica, fotografia, medida e precisão, os assentos mesmo transformáveis em cama, os ladrilhos e placas de cerâmica, os instrumentos e aparelhos para análises físicas ou químicas, as construções pré-fabricadas, e os relógios, entre outros.


Alcochete, 7 de Abrl de 2025 


ANEXO