Comércio Externo de Moçambique
2022-2023
Portugal-Moçambique
2019-2023
Janeiro-Novembro 2023-2024
1 - Introdução
Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo
de mercadorias de Moçambique face ao mundo, entre 2022 e 2023, com
base em dados divulgados na publicação da série anual “Estatísticas do
Comércio Externo de Bens-Moçambique - Instituto Nacional de Estatística”, e
correspondentes quotas de Portugal. Analisa-se em seguida a evolução do
comércio internacional de Portugal com
Moçambique ao longo do período 2019-2023 e Janeiro a Novembro de 2023-2024,
com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal”
(INE), em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última
actualização em 9 de Janeiro de 2025.
Moçambique é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community –
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC), que integra dezasseis países: Africa
do Sul, Angola, Botsuana, Comores, Esuatini (a antiga Suazilândia),
Lesoto, Madagáscar, Malauii, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD), Seicheles,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabuè. Organização
criada em 1992, na sequência do fim do apartheid na África do Sul,
sucedendo à SADCC, esta criada em 1980 por nove dos actuais membros da SADC,
tem entre os seus objectivos aprofundar a cooperação económica e estimular o
comércio de produtos e serviços entre os seus membros. As línguas oficiais são
o inglês, o português e o francês.
A África do Sul é o principal parceiro de Moçambique no âmbito desta organização, tendo rem 2023 representado 88,2% do Total das importações e 73,7% das exportações.
Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores
da “Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa” (CPLP), a par de Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe.
Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais
recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, que tinha sido observador associado
desde 2006.
Nas exportações foi ainda
Portugal o principal destino com 73,0% do Total, seguido de Angola, 12,4%, da
Guiné Equatorial, 10,3%, e do Brasil, 4,2%.
2 – Comércio
Externo de Moçambique
2.1 – Balança
Comercial
A Balança Comercial de
Moçambique tem-se mantido deficitária desde 2010 em níveis superiores ao desse
ano, à excepção do ano de 2017.
Em 2022 aumentaram significativamente,
face ao ano anterior, a importação (+91,2%), a exportação (+66,6%) e o défice da
Balança Comercial (+136,4%), com o grau de cobertura da importação pela
exportação a decrescer de 64,8%, em 2021, para 56,4%.
Em 2023 assistiu-se a uma quebra significatriva de
-32,9% nas importações, com as exportações a decaírem -2,6% e uma redução de
-72,2% no défice da Balança.
2.2 – Importações em Moçambique por grupos de produtos (2022-2023) e quotas de Portugal em 2023
Não se dispondo de fonte ‘Instituto Nacional de
Estatística de Moçambique’ de dados desagregados por produtos para as
trocas com Portugal, foram utilizados, tanto nas importações como nas
exportações, dados de base do ‘International Trade Centre’ (ITC),
consentâneos em termos globais com os daquele Instituto.
Em termos globais, em 2023 o peso de Portugal nas
importações moçambicanas terá sido de 2,7%, segundo as duas fontes.
Em 2023, por grupos de produtos (ver em ANEXO
a definição do conteúdo por Capítulos das Nomenclaturas NC2/SH2), as principais
importações em Moçambique incidiram nos grupos de produtos “Energéticos”
(21,3%), “Máquinas, aparelhos e partes” (17,8%), “Agro-alimentares”
(17,7%) e “Químicos” (17,3%).
Seguiram-se os grupos “Minérios e metais”
(8,4%), “Material de transporte terrestre e partes” (8,0%), “Produtos
acabados diversos” (4,2%), “Têxteis e vestuário” (2,8%), “Madeira
cortiça e papel” (1,9%), “Calçado, peles e couros” (0,5%) e “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,2%), que no ano anterior havia pesado 32,0% no
Total.
As maiores quotas de Portugal, por grupos de
produtos, incidiram em “Madeira, cortiça e papel” (7,2%), “Calçado,
peles e couros” (4,7%), “Máquinas, aparelhos e partes” (4,6%), “Produtos
acabados diversos” (4,5%), “Químicos” (4,1%) e “Têxteis e
vestuário” (3,7%).
Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados por Moçambique em 2022 e 2023, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura Combinada (NC2/SH2).
2.3 – Exportações de Moçambique por grupos de produtos (2022-2023) e quotas de Portugal em 2023
As principais exportações de Moçambique em 2023
incidiram nos grupos de produtos “Energéticos” (57,6% e 50,8% em 2022), “Minérios
e metais” (27,6% e 34,1%) e “Agro-alimentares” (10,9% e 11,0%).
Com pesos muito inferiores alinharam-se depois os
grupos “Químicos” (1,4% nos dois anos), Têxteis e vestuário” (1,1%
e 1,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (0,7% e 0,5%), e “Madeira,
cortiça e papel” (0,5% e 0,6%), sendo as exportações dos restantes grupos pouco
significativas.
Em 2023 Portugal, que terá pesado 0,3% no Total das
exportações moçambicanas, registou as maiores quotas nos grupos de produtos “Madeira,
cortiça e papel” (11,7%), “Calçado, peles e couros” (7,1%), “Têxteis
e vestuário” (2,4%), “Agro-alimentares” (1,5%) e “Produtos
acabados diversos” (1,1%).
Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de
produtos, os principais produtos exportados por Moçambique em 2022 e 2023,
desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC-2/ SH2).
2.4 – Principais mercados de origem e de destino em
2023
De acordo com os dados de base divulgados pelo INE
de Moçambique, em 2023 o principal mercado de origem das importações moçambicanas
foi a África do Sul (23,2%), seguida da China (15,4%), dos Emiratos Árabes
Unidos (10,3%), da Índia (8,0%) e de Singapura (6,1%). Portugal terá ocupado a
7ª posição no ‘ranking’, com 2,7%. O conjunto dos países da SADC
representou 26,3% das importações e a UE-27 foi a origem de 9,2%.
Em 2023 o principal mercado de destino das exportações
foi a Índia (15,6%), seguida da China (14,2%), África do Sul (14,0%), Coreia do
Sul (5,6%), Reino Unido (4,8%), Singapura (4,7%) e Tailândia (4,6%), entre os
principais. A SADC, no seu conjunto, pesou 19,0%, cabendo 12,4% à UE-27.
Segundo a fonte moçambicana Portugal terá ocupado a 34ª posição, com 0,3% do
Total.
3 – Comércio de Portugal com Moçambique 2019-2023 e Janeiro-Novembro 2023-2024
Após um comportamento algo irregular entre 2010 e
2013, ano em que atingiram 63 milhões de Euros, no período de 2014 a 2023 o
ritmo das importações de mercadorias com origem em Moçambique, à excepção de
uma subida pontual significativa em 2022, manteve-se numa faixa compreendida entre
35 e 41 milhões de Euros, face a 29 milhões em 2010.
Por sua vez o ritmo das
exportações, que entre 2010 e 2015, numa subida sustentada havia crescido de
151 para 355 milhões de Euros, decresceu acentuadamente a partir de então, mantendo-se
nos anos seguintes num patamar entre 180 e 223 milhões de Euros.
3.1 – Balança Comercial
A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com
Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos e primeiros
onze meses de 2024, com elevados graus de cobertura das importações pelas
exportações.
O saldo anual da Balança oscilou entre um mínimo de
154 milhões de Euros, em 2021, e 179 milhões, em 2023. No período de Janeiro a Novembro
de 2024, face ao período homólogo do ano anterior, o saldo subiu de 164 para 183
milhões de Euros.
3.2 –
Importações
Nos primeiros onze meses
de 2024 as principais importações com origem em Moçambique centraram-se no
grupo “Agro-alimentares” (70,7% e 58,5% em 2023), designadamente peixe, crustáceos e moluscos, seguido dos
grupos “Madeira, cortiça e papel” (14,0% e 30,3%, respectivamente), essencialmente madeira em bruto, “Minérios e
metais” (7,4%
e 4,4%), com destaque para o alumínio, Têxteis e vestuário” (4,3% e 4,0%),
principalmente algodão e outras fibras têxteis e “Máquinas, aparelhos e partes” (2,0% e 1,9%), com os motores
diesel em evidência. No quadro seguinte
encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos
importados por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2).
3.3 –
Exportações
No período em análise de 2024,
os grupos de produtos com maior peso no Total foram “Máquinas, aparelhos e partes” (30,4% e 27,7% em 2023),
muito diversificados, como fios e cabos eléctricos, grupos electrogéneos,
aparelhos de interrupção, seccionamento e protecção eléctrica, quadros
eléctricos, emissores de rádio e TV, telefones, transformadores, máquinas
automáticas para processamento de dados, centrifugadores, refrigeradores e
congeladores, impressoras, bombas para líquidos, torneiras e válvulas, entre
outros, “Químicos” (24,8% e 25,1%), com destaque para os
produtos farmacêuticos e outros produtos diversos das indústrias químicas,
plásticos e suas obras, tintas e vernizes, produtos cosméticos e sabões, e “Agro-alimentares” (19,0% e 20,8%), como
preparações e conservas de carnes, peixe, crustáceos e moluscos, preparações à
base de cereais e leite, gorduras e óleos, bebidas alcoólicas, entre muitos
outros. Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (8,4% e 8,1%),
principalmente constituídos por obras de ferro ou aço, como torres, pilares, armações e estruturas
diversas, recipientes para gases, produtos próprios para construções como
caixilhos de portas e janelas, barras e perfis de alumínio, obras de metais
comuns como ferragens, cadeados, fechaduras, fios e varetas, ferramentas
diversas e artigos de cutelaria, e “Produtos acabados diversos” (7,9% e 7,4%), principalmente
mobiliário, aparelhos de iluminação, assentos, aparelhos para análises físicas
ou químicas, aparelhos de medicina, aparelhos diversos de controlo automático,
ladrilhos cerâmicos para pavimentação, louça sanitária e artigos cerâmicos de
uso doméstico.
Com pesos inferiores
alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel” (3,1% e 5,2%), “Têxteis e
vestuário” (1,7% e 2,0%), “Material de transporte terrestre e partes” (1,6% e 1,9%), “Energéticos” (1,4% e 0,6%), “Calçado,
peles e couros” (1,1% em cada um dos anos), e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6% e 0,0%).
No quadro seguinte encontram-se discriminados, por
grupos de produtos, os principais produtos exportados, por Capítulos da
Nomenclatura (NC-2/SH-2).