Comércio Internacional de mercadoriasde Portugal com Angola(2020 a 2024)
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1 – Nota introdutória
Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio de
mercadorias de Portugal com Angola ao longo do último quinquénio (2020-2024),
com base em dados definitivos do “Instituto Nacional de Estatística de
Portugal” (INE) até 2023 e preliminares para 2024.
Em 2024 Angola ocupou a 5ª posição nas exportações portuguesas
para o espaço Extra-comunitátrio (4,5%), precedida dos EUA (23,2%), do Reino
Unido/Irl.NT (13,8%), de Marrocos (5,1%) e do Brasil (5,0%), e a 17ª posição
na vertente das importações (0,3%).
As importações, após uma quebra em 2021 registaram
uma subida significativa no ano seguinte, atingindo 160,3% do valor que
detinham em 2020 (2020=100), para desacelerarem sucessivamente até 2024, quando
atingiram 24,5% do ano base.
Por sua vez as exportações, após registarem em 2022
uma aceleração significativa face a 2020 (163,5%), desaceleraram nos dois anos
seguintes, mas mantendo-se acima do nível do ano base (118,1% em 2024).
2 – Alguns
dados sobre o Comércio Externo de Angola
A Balança Comercial foi
favorável a Angola ao longo dos últimos cinco anos, com elevados graus de
cobertura das importações pelas exportações.
De acordo com dados de
fonte ‘Administração Geral Tributária’ de Angola, as principais
exportações angolanas incidem no petróleo, que em 2024 representou 94,2% do
Total, tendo sido os principais destinos a China (45,5%), seguida da Índia
(11,7%), da Espanha (5,5%), da Indonésia (3,8%), da França (3,7%), dos EUA
(3,3%) e do Brasil (3,1%).
A segunda maior
exportação coube a minérios e produtos minerais, que nesse ano correspondeu a
4,4% do Total.
Em 2024 predominaram nas
importações as máquinas e aparelhos (24,7%), os combustíveis (19,6%), os
produtos agrícolas e alimentares (16,8%), os metais comuns (10,8%), os produtos
químicos (7,3%), os veículos de transporte (6,6%), os plásticos e produtos de
borracha (4,5%) e os produtos da área têxtil (1,9%), produtos que no seu
conjunto representaram 92,2% do Total.
Neste ano as principais
origens das importações couberam à China (15,1%), Portugal (9,5%), Reino Unido
(7,5%), EUA (6,1%), Índia (6,0%), Coreia do Sul (4,7%), Bélgica (4,4%), Brasil
(3,8%), França (3,7%) e África do Sul (3,6%), países que representaram 64,4% do
Total.
3
– Comércio de Portugal com Angola
3.1
– Balança Comercial
Ao
logo dos últimos cinco anos a Balança Comercial com Angola foi favorável a
Portugal, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações. Os
saldos da Balança oscilaram entre 481 milhões de Euros, em 2020, e 989 milhões,
em 2023, tendo-se situado em 932 milhões em 2024.
Em
2024, face ao ano anterior, as importações registaram um acentuado decréscimo
em valor de -64,7% e as exportações uma
quebra de -18,4%.
3.2 –
Importações
As importações portuguesas provenientes de Angola encontram-se centradas no petróleo bruto, logo sujeitas à flutuação do seu preço no mercado internacional, tendo o grupo de produtos “Energéticos” representado 85,8% do Total em 2023 e 73,6% em 2024.
Em 2024, no
conjunto dos onze Grupos de Produtos considerados nesta análise (definição do
seu conteúdo em Anexo), à excepção dos grupos “Têxteis e Vestuário”,
“Aeronaves, embarcações e partes” e “Produtos acabados diversos”,
registaram-se quebras em valor face ao ano anterior.
Àparte o grupo “Energéticos” predominou, a
grande distância dos restantes, o grupo “Agro-alimentares” (17,8% do
Total em 2024 e 8,8% em 2023).
No quadro
seguinte relacionam-se as principais importações efectuadas em 2024 e
correspondente valor em 2023, por Grupos de Produtos desagregados por Capítulos
da Nomenclatura (NC-2≡SH2).
3.3 – Exportações
Em 2024, face ao ano anterior, registaram-se
quebras em valor em todos os Grupos de Produtos à excepção de “Energéticos”.
As principais exportações incidiram nos grupos “Máquinas,
aparelhos e partes” (28,5% do Total em 2024 e 33,0% em 2023), “Agro-alimentares”
(19,7% e 17,6%), “Químicos” (17,6%
e 15,8%), “Minérios e metais” (11,9% e 10,8%) e “Produtos acabados
diversos” (10,0% e 11,0%).
Seguiram-se, a grande distância, os grupos de
produtos “Madeira, cortiça e papel” (3,3% em 2024 e 3,1% em 2023), “Material
de transporte terrestre e partes” (3,2% e 3,6%), “Energéticos” (2,5%
e 1,5%), “Têxteis e vestuário” (2,2% em cada um dos anos), “Calçado,
peles e couros” (0,2% nos dois anos) e “Aeronaves, embarcações e partes”
(0,6% e 0,8% respectivamente).
No quadro
seguinte relacionam-se as principais exportações efectuadas para Angola em 2024
e o seu correspondente valor em 2023, por Grupos de Produtos desagregados por
Capítulos da Nomenclatura, (NC2/SH2) com uma representatividade em cada grupo
sempre superior a 90%.
Como se pode observar, verificaram-se quebras em valor na esmagadora maioria dos grupos de produtos, sendo as mais significativas as de “Máquinas, aparelhos e partes” (-123,2 milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (-36,8 milhões), “Agro-alimentares” (-19,4 milhões), “Químicos” (-18,4 milhões), “Minérios e metais” ( -13,0 milhões) e “Material de transporte terrestre e partes” (-11,9 milhões de Euros).
Analisa-se
agora, com mais pormenor, o tipo de produtos exportadosas no âmbito dos cinco
principais grupos de produtos.
Entre
as “Máquinas, aparelhos e partes”, muito diversificados,
agora com base num descritivo a 4 digítos da Nomenclatura, destacaram-se as
partes e peças destinadas, por exemplo, a guinchos e macacos, guindastes e
tapetes rolantes, veículos para remoção de cargas, buldozers, niveladoras, pás
mecânicas, escavadoras e similates, as máquinas automáticas para processamento
de dados, os fios e cabos eléctricos incluindo coaxiais, os aparelhos
telefónicos, os refrigeradores e congeladores, as máquinas para tratar terras,
pedras e minérios, os centrifugadores, as bombas para líquidos, os aparelhos
para interrupção, protecção e seccionamento eléctrico, os quadros e cabines
eléctricos, os transformadores e conversores eléctricos e as torneiras e
válvulas, entre muitos outros.
Entre
os produtos “Agro-alimentares” evidenciaram-se os vinhos, óleo de
soja, queijo, azeite, preparações diversas à base de farinhas, enchidos, leire
e preparações para alimenmtação animal, entre outros.
No
âmbito dos produtos “Químicos”, também muito diversificados, de
realçar os medicamentos, os reagentes de diagnóstico, os tubos, acessórios e
obras diversificadas de plástico, as misturas de substâncias odoríferas para a
indústria, os carbonatos de amónio, as preparações tensoactivas e para lavagem,
as embalagens, rolhas, cápsulas e tampas de plástico, os pneus novos de
borracha, os produtos de beleza e maquilhagem, os corantes, as chapas, folhas e
películas de plástico, as colas e adesivos, as tintas e vernizes, as
preparações lubrificantes, os aglutinantes para moldes, os revestimentos de
plástico para pavimentos, os sulfatos e alumenes, as preparações para barbear,
perfumes e outras preparações cosméticas, os insecricidas, fungicidas e
herbicidas e os tubos de borracha vulcanizada, entre outros.
Entre
os “Minérios e metais” assumem relevância as construções
metálicas e suas partes, os perfis de ferro ou aço não ligado, as obras de
ferro ou aço não especificadas, os parafusos, anilhas e porcas de ferro ou aço,
os fios, tubos, varetas, chapas e semelhantes em metais comuns, as cordas e
cabos, os acessórios para tubos, em ferro ou aço, as guarnições, ferragens e
semelhantes para móveis em metais comuns, os tubos e perfis sem costura em
ferro ou aço, as barras e perfis de alumínio, entre muitos outros.
Finalmente, entre as principais exportações do grupo “Produtos acabados diversos”, de referir os aparelhos para medicina, os móveis, os aparelhos de iluminação, as máquinas, aparelhos e suas partes de óptica, fotografia, medida e precisão, os assentos mesmo transformáveis em cama, os ladrilhos e placas de cerâmica, os instrumentos e aparelhos para análises físicas ou químicas, as construções pré-fabricadas, e os relógios, entre outros.
Alcochete, 7 de Abrl de 2025.