Evolução das exportações e importações
de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
(2020-2024)
(disponível para download >> aqui)
1 - Introdução
A evolução do
nível de intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos
Industriais Transformados (PIT), com maior valor acrescentado do que
os restantes, tem um reflexo directo na balança comercial de mercadorias, sendo
na exportação um importante indicador de desenvolvimento industrial.
Pretende-se neste
trabalho analisar a evolução do comércio internacional português destes
produtos a partir de dados de base de fonte “Instituto Nacional de
Estatística” (INE) para os anos de 2020 a 2023, em versões já
definitivas e de 2024 em versão preliminar, com última actualização em 12 de
Março de 2025.
Os níveis de intensidade tecnológica considerados
são os propostos pela OCDE, definidos com base na Revisão-3 da “International Standard Industrial Classification”
(ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353; Média-alta tecnologia - 24 excl.2423, 29, 31, 34,
352, 359; Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351 e Baixa tecnologia - 15 a
22, 36 e 37).
A partir da tabela
correspondente ao ano de 2007, com recurso à “Classificação Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC
Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a
oito dígitos em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as
sucessivas alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8
abrangendo o período de 2007 a 2024.
2 – Balança comercial de Produtos Industriais Transformados por níveis de intensidade tecnológica (2020-2024)
Ao longo do
período de 2020 a 2024, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial anual portuguesa
de “Produtos Industriais Transformados” foi negativo, tendo-se
verificado um acréscimo sustentado do défice, de -8,2 mil milhões de Euros para
-18,2 mil milhões.
No período em análise foi negativo o saldo da
Balança Comercial dos produtos de Alta e de Média-alta
tecnologia, não suficientemente compensado pelos saldos positivos
verificados nos produtos de Média-baixa e de Baixa
tecnologia, com um quota no conjunto muito inferior.
3 – Exportação de Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica (2020-2024)
Em 2020 o peso dos Produtos Industriais
Transformados na exportação global situou-se em 94,1%, tendo decrescido para
93,3% em 2021. A partir de então aumentou sucessivamente, atingindo 93,7% em
2024.
Em 2024, o maior peso entre os níveis de
intensidade tecnológica incidiu na Baixa tecnologia (33,2% e 33,0% em
2023), seguida da Média-alta tecnologia (28,8% e 30,5%), da Média-baixa
tecnologia (24,1% e 23,9%) e da Alta tecnologia (13,9% e 12,5%).
O peso dos produtos de Alta tecnologia no
total das exportações de Produtos Industriais Transformados, que decaíra de 11,5%,
em 2020, para 9,9 em 2021, recuperou sucessivamente nos anos seguintes,
atingindo 13,9% em 2024.
Aqui se enquadram, por ordem decrescente do seu
peso em 2024, os “Produtos farmacêuticos” (34,8% do total deste nível), o
“Equipamento de rádio, TV e comunicações” (30,8%), os “Instrumentos
médicos, ópticos e de precisão” (26,7%), a “Aeronáutica e aeroespacial”
(4,2%) e o “Equipamento de escritório e computação” (3,5%).
O peso dos produtos de Média-alta
tecnologia, que em 2020 e 2021 havia atingido 31,9% do total dos Produtos Industriais
Transformados, decresceu tendencialmente a partir de então, situando-se em 28,8%
em 2024.
Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu
valor em 2024, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (42,9% do
total deste nível), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não
eléctricos” (21,6%), os “Produtos químicos excepto farmacêuticos” (17,6%),
as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (14,2%) e o “Equipamento
ferroviário e de transporte n.e.” (3,7%).
Por sua vez, o peso do conjunto dos produtos de Média-baixa
tecnologia, após uma subida de 21,8%, em 2020, para 25,8%, em 2022, reduziu-se
nos anos seguintes, situando-se em 24,1% do Total em 2024. Incluem-se aqui, por
ordem decrescente do seu peso em 2024, os “Refinados de petróleo,
petroquímicos e combustíveis nucleares” (26,6% deste nível), “Produtos
da borracha e do plástico” (24,7%), “Fabrico de produtos metálicos,
excluindo máquinas e equipamentos” (19,7%), “Metalurgia de base” (14,7%),
“Produtos minerais não metálicos” (13,7%) e “Construção e reparação
naval” (0,7%).
Por fim, nos produtos de Baixa tecnologia, assistiu-se
a uma desaceleração do seu peso no período em análise, de 34,9%, em 2020, para
33,2%, em 2024. Incluem-se a este nível os “Produtos alimentares, bebidas e
tabaco” (36,9% em 2024), os “Têxteis, vestuário, couros e
calçado” (31,6%), a “Pasta, papel, cartão e publicações” (13,8%), “Manufacturas
n.e. e reciclagem” (10,2%) e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça”
(7,6%).
Ao longo do período de 2020 a 2024 cresceu
significativamente o ritmo de crescimento nominal das exportações de Produtos
Industriais Transformados, com destaque para os produtos de Alta tecnologia e
de Média-baixa tecnologia.
3.1 –Partição das exportações entre espaço Intra e Extra UE-27 em 2023 e 2024
As exportações de Produtos Industriais
Transformados têm a União Europeia por principal destino (70,3% em 2024 e 69,3%
em 2023).
No período em análise, o maior peso do espaço
Intra-UE nas exportações de Produtos Industriais Transformados coube ao nível de
Média-alta tecnologia (75,4% em 2024 e 74,8% em 2023).
Seguiu-se a Baixa tecnologia (71,5% e 70,7%),
a Alta tecnologia (68,8% e 63,7%) e a Média-baixa tecnologia (63,3%
em cada um dos anos).
4 – Importação de Produtos Industriais Transformados, por níveis de intensidade tecnológica (2019-2023)
O peso dos Produtos Industriais Transformados na
importação global portuguesa, que em 2020 atingira 86,3%, decaiu para 81,3% em
2022, recuperando o crescimento nos dois anos seguintes, atingindo 86,1% em
2024.
Em 2024, o maior peso entre os níveis de
intensidade tecnológica da importação incidiu na Média-alta tecnologia (38,4%
e 38,5% em 2023), seguida da Baixa tecnologia (26,1% e 25,7%), da Alta
tecnologia (18,1% e 17,2%) e da Média-baixa tecnologia (17,4% e 18,6%).
O peso dos
produtos de Alta tecnologia no total das importações de Produtos
Industriais Transformados, que em 2020 representava 18,6%, desceu
sucessivamente até 2022, quando atingiu 17,1%,
para subir até 18,1% em 2024.
Aqui se
enquadram, em 2024, por ordem decrescente do seu peso, os “Produtos
farmacêuticos” (32,4% do total deste nível), o “Equipamento de rádio, TV
e comunicações” (30,5%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de
precisão” (18,6%), o “Equipamento de escritório e computação” (11,3%)
e os produtos da área “Aeronáutica e aeroespacial” (7,2%).
O peso dos produtos de Média-alta
tecnologia, que em 2020 representaram 38,7% do total dos Produtos Industriais
Transformados, decresceu sucessivamente até 2022 (36,9%), situando-se em 38,5%
em 2023 e 38,4% em 2024.
Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu
valor em 2024, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (36,5% do
total deste nível), os “Produtos químicos excepto farmacêuticos” (29,5%),
as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,2%),
as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (10,7%) e o “Equipamento
ferroviário e de transporte n.e.” (2,0%).
Por sua vez, o peso dos produtos de Média-baixa
tecnologia, que aumentara de 16,4%, em 2020, para 20,6%, em 2022, decaiu a
partir de então, até 17,4% em 2024.
Inclui-se aqui “Metalurgia de base” (33,4%
do total deste nível), “Produtos da borracha e do plástico” (20,8%), “Refinados
de petróleo, petroquímicos e combustíveis nucleares” (18,4%), “Fabrico
de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (17,6%), “Produtos
minerais não metálicos” (9,2%) e “Construção e reparação naval” (0,6%).
Os produtos de Baixa tecnologia, após uma
queda do seu peso de 26,3%, em 2020, para 24,9%, em 2021, viram o seu peso
aumentar sustentadamente até 2024, atingindo 26,1%.
Incluem-se aqui “Produtos alimentares, bebidas e
tabaco” (48,9%), “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (29,0%), “Manufacturas
n.e. e reciclagem” (10,0%), “Pasta, papel, cartão e publicações” (8,2%)
e “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (3,9%).
Em 2024, face a 2020, cresceu significativamente
o ritmo das importações nominais de Produtos Industriais Transformados.
4.1 –Partição das importações entre espaço Intra e Extra UE-27 em 2023 e 2024
As importações de Produtos Industriais
Transformados têm a União Europeia por principal origem (80,9% em 2024 e 80,6%
em 2023). Em 2024, o maior peso nas importações de Produtos Industriais
Transformados, no âmbito do espaço Intra-UE, por níveis de intensidade
tecnológica, coube aos produtos de Média-alta tecnologia (83,6% nos dois
anos) e de Baixa tecnologia (82,4% e 82,9% em 2023). Seguiu-se a Alta
tecnologia (76,8% e 75,7%) e a Média-baixa tecnologia (76,7% e 76,0%).