terça-feira, 15 de julho de 2025

Comércio Externo de Moçambique 2023-24 e Portugal-Moçambique 2020-24 e Jan-Maio 2024-25

 

Comércio Externo de Moçambique

2023-2024

&

Portugal-Moçambique

2020-2024

Janeiro-Maio 2024-2025

                                      (disponível para download  >> aqui )


1 – Nota introdutória

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo de mercadorias de Moçambique face ao mundo, entre 2023 e 2024, a partir de cálculos do ITC com base em estatísticas do “Instituto Nacional de Estatística de Moçambique”, e correspondentes quotas de Portugal por Grupos de Produtos (definição do conteúdo de cada grupo por Capítulos das Nomenclaturas NC2/SH2 em ANEXO).

Analisa-se em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Moçambique ao longo do período 2020-2024 e Janeiro a Maio de 2024-2025, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024 e 2025, com última actualização em 10 de Julho de 2025.

Moçambique é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community - SADC”, Comunidade de Desenvolvimento da África Austral  que integra dezasseis países: Africa do Sul, Angola, Botsuana, Comores, Esuatini (a antiga Suazilândia), Lesoto, Madagáscar, Malaui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD), Seicheles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabuè. Organização criada em 1992, na sequência do fim do apartheid na África do Sul, sucedeu à SADCC, esta criada em 1980 por nove dos actuais membros da SADC, tendo entre os seus objectivos aprofundar a cooperação económica e estimular o comércio de produtos e serviços entre os seus membros. As línguas oficiais são o inglês, o português e o francês. 

A África do Sul é o principal parceiro de Moçambique no âmbito desta organização, tendo rem 2024 representado 89,0% do Total nas importações (25,0% face ao Mundo) e 73,3% nas exportações. (14,7% face ao Mundo).

Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Portugal e de São Tomé e Príncipe.

Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial, que tinha sido país observador associado desde 2006. 

Em 2024 a CPLP pesou 3.5% nas importações de Moçambique e 0,8% nas Exportações. Nesse ano Portugal ocupou a primeira posição nas importações moçambicanas no âmbito da CPLP com 91,8% do Total, seguido do Brasil (7,6%), de Angola (0,5%) e de Cabo Verde (0,1%). Nas exportações Portugal foi o segundo destino com 32,9% do Total, depois de Angola (65,7%), seguidos de Cabo Verde (1,9%).

No âmbito das trocas comerciais de Moçambique com a União Europeia-UE27 (peso de 9,5% nas importações e 8,7% nas exportações), Portugal ocupou em 2024 a 1ª posição nas importações (34,0% do Total da UE), seguido da Itália (14,9%), da Alemanha (10,9%), da Espanha (7,2%), dos Países Baixos (7,0%), da França (6,7% e da Bélgica (5,8%), países que representaram nesse ano 86,5% do Total da UE. Na vertente das exportações Portugal ocupou o 7º lugar, com apenas 2,8% do Total,  precedido dos Países Baixos (36,2%), da Bélgica (15,2%), da Polónia (12,1%), Itália (10,2%), da Espanha (8,8%) e da Grécia (5,2%), países que representaram 90,5% do Total em 2024.


2 – Comércio Externo de Moçambique

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Moçambique foi deficitária nos três anos em análise, tendo registado quebras sucessivas do saldo, que desceu de -6,0 mil milhões de Euros, em 2022, para -925 mil Euros em 2024, na sequência de uma descida das importações de 13,9 para 8,5 mil milhões em 2024, com as exportações a manterem-se entre 7,8 e 7,6 mil milhões de Euros.



2.2 – Importações em Moçambique e quotas de Portugal  


Numa análise por grupos de produtos (definição do conteúdo em Anexo), as principais importações de Moçambique em 2024 incidiram no Grupo de Produtos “Energéticos” (21,3% do Total e 21,2% no ano anterior), seguido de “Agro-alimentares” (20,1% e 17,7%), “Máquinas, aparelhos e partes” (16,6% e 17,8%) e “Químicos” (15,9% e 17,3%). Com menor peso alinharam-se depois os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (7,9% e 8,0%), “Minérios e metais” (7,7% e 8,4%), “Produtos acabados diversos” (4,5% e 4,2%), “Têxteis e vestuário” (2,6% e 2,8%), “Madeira, cortiça e papel” (2,2% e 1,9%), “Aeronaves, embarcações e partes” (0,7% e 0,2%) e “Calçado, peles e couros” (0,4% e 0,5%).

Em 2024 Portugal terá pesado 3,2% nas importações moçambicanas, tendo incidido as maiores quotas nos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (7,3%), “Produtos acabados diversos” (7,1%), “Têxteis e vestuário” (6,8%), “Calçado, peles e couros” (5,8%), “Madeira, cortiça e papel” (5,2%), “Máquinas, aparelhos e partes” (5,0%) e “Químicos” (4,9%).

Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados em 2023 e 2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH2/NC2).


2.3 – Exportações de Moçambique e quotas de Portugal 
                                             

As principais exportações de Moçambique em 2024 incidiram nos grupos de produtos “Energéticos” (58,9% do Total e 57,6% em 2023), “Minérios e metais” (25,5% e 27,6%) e “Agro-alimentares” (12,4% e 10,9%). Os restantes grupos registaram pesos muito reduzidos, sendo praticamente nulos os de Aeronaves, embarcações e partes” e de “Calçado, peles e couros”.

Em 2024 Portugal terá pesado 0,3% nas exportações moçambicanas, tendo incidido as maiores quotas nos grupos “Calçado, peles e couros” (5,4 % do grupo), “Madeira, cortiça e papel” (5,2%), “Agro-alimentares” (1,9%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (1,3%).

Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos exportados em 2023 e 2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH2/NC2).

2.4 – Principais mercados de origem e de destino


3 – Comércio Internacional de Portugal com Moçambique                           2020-2024 e Janeiro-Maio 2024-2025

Após um comportamento algo irregular entre 2010 e 2013, ano em que atingiram 63 milhões de Euros, no período de 2014 a 2021 as importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique mantiveram-se numa faixa compreendida entre 35 e 41 milhões de Euros. Após uma subida acentuada em 2022, quando atingiram 59 milhões de Euros, decresceram sucessivamente nos dois anos seguintes, descendo em 2024 a 26 milhões de Euros, abaixo do nível que detinham em 2010. Por sua vez as exportações, que entre 2010 e 2015, numa subida sustentada havia crescido de 151 para 355 milhões de Euros, decresceram acentuadamente a partir de então, mantendo-se nos anos seguintes num patamar entre 180 e 223 milhões de Euros.


3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos e primeiros cinco meses de 2025, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.

O saldo anual da Balança oscilou entre um mínimo de 154 milhões de Euros, em 2021, e 190 milhões, em 2024. No período de Janeiro a Maio de 2025, face ao período homólogo do ano anterior, o saldo desceu de 83 para 50 milhões de Euros.

 3.2 – Importações

Nos primeiros cinco meses de 2025 as principais importações com origem em Moçambique centraram-se no grupo “Agro-alimentares” (80,9% e 81,5% em 2024), em sua grande parte peixe, crustáceos e moluscos, seguidos do tabaco, frutas e açúcares. Alinharam-se depois, com muito menor peso, os grupos “Minérios e metais” (12,7% e 4,8%, respectivamente), com destaque para o alumínio e suas obras, e “Máquinas, aparelhos e partes (4,8% e 4,7%), com os motores diesel em evidência.

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos importados por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2).

3.3 – Exportações

No período em análise de 2025, os grupos de produtos com maior peso no Total foram “Agro-alimentares” (24,8% e 18,4% em 2024), com destaque para as conservas de peixe,  preparações alimentícias diversas, azeite, enchidos, café e vinhos, “Máquinas, aparelhos e partes” (24,4% e 27,3%), muito diversificados, como fios e cabos eléctricos, aparelhos telefónicos e de telecomunicações, aparelhos de interrupção, seccionamento e protecção eléctrica, quadros eléctricos, refrigeradores e congeladores, máquinas de terraplanar, nivelar e escavar, máquinas automáticas para processamento de dados, bombas para líquidos e de ar, transformadores e conversores, torneiras e válvulas, receptores de TV, entre outros, e “Químicos” (23,9% e 26,9%), com destaque para os medicamentos, reagentes de diagnóstico e de laboratório, matérias corantes, embalagens, rolhas e tampas de plástico e produtos de lavagem e limpeza. 

Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (9,2% e 7,2%), principalmente constituídos por construções e obras de alumínio, ferro ou aço, perfis de ferro ou aço, barras e perfis de alumínio, obras de metais comuns, ferragens cadeados e fechaduras, tubos e perfis de ferro ou aço, entre outros, e “Produtos acabados diversos” (8,3% e 8,7%), principalmente mobiliário, ladrilhos cerâmicos e mosaicos, assentos, instrumentos médicos, candeeiros e aparelhos de iluminação, lavatórios e outra louça sanitária, pedra de cantaria e aparelhos para análises físicas ou químicas. 

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel” (3,8% e 3,6%), “Têxteis e vestuário” (2,4% e 1,4%), “Energéticos” (1,9% nos dois anos), “Material de transporte terrestre e partes” (0,8% e 2,1%), “Calçado, peles e couros” (0,6% e 1,1%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (exportação praticamente nula em 2025 e 1,3% no ano anterior).

No quadro seguinte encontram-se discriminados, por grupos de produtos, os principais produtos exportados, por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2).


Alcochete, 15 de Julho de 2025.


ANEXO




Sem comentários:

Enviar um comentário