Exportações e importações de
Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
- 2012 a 2017 -
(disponível para download > aqui )
1 - Nota introdutória
A evolução do nível de intensidade
tecnológica das exportações e importações de Produtos Industriais Transformados,
a que corresponde um maior ou menor valor acrescentado, tem um reflexo directo
na balança comercial de mercadorias, sendo na exportação um importante
indicador de desenvolvimento industrial. Pretende-se neste trabalho analisar, a
partir de dados de base divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)
para o período 2012-2017, com última actualização em 9/4/2018, a evolução do
comércio internacional português destes produtos, na óptica do seu nível de
intensidade tecnológica.
2 – Metodologia
Os níveis de intensidade
tecnológica considerados neste trabalho são os propostos pela OCDE, definidos com
base na Revisão-3 da “International Standard Industrial Classification”
(ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353); Média-alta tecnologia
- 24 excl.2423, 29, 31, 34, 352, 359); Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28,
351) e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e 37).
A partir da tabela ISIC correspondente ao ano
de 2007, com recurso à “Classificação
Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos
em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas
alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 abrangendo o
período de 2007 a 2017, com algumas pequenas rectificações face à utilizada em
trabalhos anteriores.
3 – Exportação de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na
exportação global portuguesa oscilou, no período de 2012 a 2017, entre 94,8% e 94,3%.
Por níveis de intensidade tecnológica o maior peso nas exportações do
conjunto dos Produtos Industriais Transformados em 2017 incidiu na Baixa tecnologia (36,1%), seguido da
Média-alta tecnologia (29,8%),
da Média-baixa tecnologia (24,9%) e da Alta tecnologia (9,2%).
Na Alta
tecnologia encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso em
2017, o “Equipamento de rádio, TV e
comunicações”, os “Instrumentos
médicos, ópticos e de precisão”, os “Produtos
farmacêuticos”, os produtos da “Aeronáutica
e aeroespacial” e o “Equipamento de
escritório e computação”.
A Média-alta
tecnologia engloba, ainda por ordem decrescente de valor em 2017, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques”,
as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente
não eléctricos”, os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos”, as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” e
o “Equipamento ferroviário e outro
equipamento de transporte”.
Na Média-baixa
tecnologia perfilam-se, por ordem decrescente de valor em 2017, os “Refinados de petróleo, petroquímicos e
combustível nuclear”, os “Produtos da
borracha e do plástico”, a “Fabricação
de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos”, os “Produtos minerais não metálicos”, a “Metalurgia de base” e a “Construção e reparação naval”.
Por fim,
na Baixa
tecnologia alinham-se os “Têxteis,
vestuário, couros e calçado”, os “Produtos
alimentares, bebidas e tabaco”, a “Pasta,
papel, cartão e publicações”, as “Manufacturas
não especificadas e reciclagem” e a “Madeira
e produtos da madeira e cortiça”.
As exportações
anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram sustentadamente
ao longo dos últimos seis anos, tendo o maior ritmo de crescimento incidido nos
produtos de Alta tecnologia, seguido dos de Baixa tecnologia.
Verificaram-se
desacelerações nas exportações dos produtos de Alta tecnologia, em 2013, e de
Média-baixa tecnologia entre 2013 e 2016.
4 – Mercados de destino das exportações
em 2017
As exportações de Produtos Industriais
Transformados têm por principal destino o espaço comunitário.
Em 2017 o maior peso relativo
da União Europeia, face ao conjunto dos países terceiros, incidiu na exportação
de produtos de Média-alta tecnologia (78,9%).
Seguiram-se os de Baixa
tecnologia (75,5%), de Alta tecnologia (67,6%) e de Média-baixa tecnologia (66,5%).
Os onze mercados
de destino constantes do quadro seguinte representaram 77,2% das exportações
globais portuguesas em 2017 e 77,1% das exportações de Produtos Industriais Transformados, estas com um peso nas exportações globais compreendido
ente 84,5% para a China e 99,2% para os EUA.
Entre estes países destaca-se,
no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (23,8% do total),
seguida da França (12,9%) e da Alemanha (11,8%). Com pesos menores alinham-se o
Reino Unido (6,8%), os EUA (5,4%), os Países Baixos (4,0%), a Itália (3,6%), Angola
(3,4%), a Bélgica (2,3%). O Brasil (1,7%) e a China (1,4%).
Em 2017 a Espanha ocupou a
primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologias, cabendo
à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta-tecnologia, seguida do Reino Unido.
A Baixa tecnologia prevaleceu
nas exportações para Espanha, França, Países Baixos, Itália, Angola e Brasil, a
Média-baixa tecnologia nos fornecimentos aos EUA e a Média-alta tecnologia nas
exportações para a Alemanha, Reino Unido, Bélgica e China.
5 – Importação de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na importação
global portuguesa aumentou, sustentadamente, no período de 2012 a 2016, de 76,2%
para 85,0%, tendo descido para 84,0% em 2017.
Por níveis de intensidade tecnológica, em 2017 o maior peso no conjunto das
importações dos Produtos Industriais Transformados incidiu na Média-alta tecnologia (39,8%),
seguida da Baixa tecnologia (28,1%),
da Média-baixa tecnologia (16,6%) e da Alta tecnologia (15,5%).
Na Alta
tecnologia encontram-se incluídos, por ordem decrescente do seu peso em
2017, o “Equipamento de rádio, TV e
comunicações”, os “Produtos
farmacêuticos”, os “Instrumentos
médicos, ópticos e de precisão”, o “Equipamento
de escritório e computação” e os produtos da “Aeronáutica e aeroespacial”.
No mesmo ano,
a Média-alta
tecnologia engloba, ainda por ordem decrescente de valor, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques”,
os “Produtos químicos, excepto
farmacêuticos”, as “Máquinas e
equipamentos n.e., principalmente não eléctricos”, as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento de transporte”.
Na Média-baixa
tecnologia perfilam-se, por ordem decrescente de valor, a “Metalurgia de base”, os “Produtos da borracha e do plástico”, a “Fabricação de produtos metálicos, excluindo
máquinas e equipamentos”, os “Refinados
de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear”, os “Produtos minerais não metálicos, e residualmente a “Construção e reparação naval”.
Por fim,
na Baixa
tecnologia alinham-se os “Produtos
alimentares, bebidas e tabaco”, os “Têxteis,
vestuário, couros e calçado”, as “Manufacturas
não especificadas e reciclagem”, a “Pasta,
papel, cartão e publicações” e a “Madeira
e produtos da madeira e cortiça”.
As
importações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram
sustentadamente ao longo dos últimos seis anos e também em todos os níveis de
intensidade tecnológica, à excepção dos produtos de Alta tecnologia em 2013 e de
Média-baixa tecnologia em 2015 e 2016, anos em que se registaram descidas.
6 – Mercados de origem das importações
em 2017
As importações de Produtos Industriais
Transformados têm por principal origem o espaço comunitário.
Em 2017 o maior peso da União
Europeia, face ao conjunto dos países terceiros, incidiu na importação de
produtos de Média-alta tecnologia (87,6%), seguida da Baixa tecnologia (83,5%),
da Média-baixa tecnologia (82,0%) e da Alta tecnologia (78,8%).
Os países
constantes do quadro seguinte representaram 77,9% das importações globais
portuguesas em 2017 e 83,0% das importações de Produtos Industriais Transformados,
que, à excepção da Rússia e do Brasil, pesaram mais de 80% no total em cada um dos
países.
No caso da Rússia, entre os
produtos não incluídos nos industriais transformados, sobressai o petróleo
bruto, seguido da hulha e dos desperdícios de ferro e aço. No caso do Brasil há
uma forte componente também de petróleo bruto, mas também soja, milho, frutas,
café e algodão.
Entre os onze países acima
identificados destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a
Espanha (34,0% do total), seguida da Alemanha (16,0%) e da França (8,2%). Com
pesos inferiores alinham-se depois a Itália (6,4%), os Países Baixos (6,0%), o
Reino Unido (3,5%), a China (3,2%), a Bélgica (2,9%), os EUA (1,4%), o Brasil
(0,8%) e a Rússia (0,6%).
A Espanha ocupou a primeira
posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa tecnologias, cabendo à
Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta-tecnologia.
A Espanha foi o único destes onze
países em que, entre os quatro níveis, predominou o de Baixa tecnologia. Por
sua vez, os EUA foram o único em que prevaleceu a Alta-tecnologia.
7 – Balança comercial de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade
tecnológica
Entre 2012 e 2017, o saldo
(Fob-Cif) da balança comercial portuguesa de Produtos Industriais Transformados
apenas foi positivo em 2013, num montante de +842 milhões de Euros.
O saldo da balança comercial
dos produtos de Média-baixa tecnologia e de Baixa tecnologia foi sempre
positivo, por contraposição ao saldo da balança dos produtos de Alta tecnologia
e de Média-alta tecnologia, que foi sempre negativo.
Alcochete, 17 de Abril de 2018.