segunda-feira, 2 de abril de 2018

Comércio Internacional Portugal-EUA (2012 a 2017)


Comércio Internacional de mercadorias
entre Portugal e os EUA
(2012 a 2017)

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1 – Nota introdutória

Sendo de prever alterações futuras nos fluxos comerciais entre Portugal e os EUA, na sequência das recentes declarações do presidente daquele país, justifica-se desde já uma análise do tipo de produtos transaccionados, principalmente do lado da exportação, seu peso relativo e áreas comerciais que poderão vir a ser de alguma forma afectadas por eventuais medidas que vierem a ser tomadas.

Entre 2012 e 2017 o peso das importações portuguesas com origem nos EUA foi tendencialmente decrescente, caindo de 1,7% para 1,4%.
Por sua vez, o peso das exportações, no mesmo período, foi tendencialmente crescente, subindo de 4,1% para 5,2%.


No período em análise, os EUA ocuparam a 3ª ou a 4ª posição nas importações portuguesas provenientes dos Países Terceiros, a 4ª nos últimos dois anos, precedidos pela China, Rússia e Brasil, com 6,1% dos fornecimentos em 2017. Neste ano os EUA pesaram 1,4% nas importações globais, ocupando a 11ª posição no “ranking”.

Entre 2012 e 2014, os EUA ocuparam a 2ª posição no “ranking” dos principais destinos das nossas exportações para os Países Terceiros, antecedidos de Angola, tendo ultrapassado este parceiro dos PALOP em 2015, para manterem a primeira posição desde então. O peso doa EUA nas exportações portuguesas tem vindo a aumentar desde 2012, tendo passando de 4,1% para 5,2% em 2017, em termos globais, e de 14,2% para 19,9% face ao conjunto dos Países Terceiros.

2 – Balança comercial

A balança comercial de Portugal com os EUA foi favorável a Portugal ao longo dos últimos seis anos, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações.
O saldo positivo da Balança Comercial aumentou consistentemente, com uma ligeira inflexão em 2016, situando-se em 1,8 mil milhões de Euros em 2017.
3 – Importações por grupos de produtos

Para uma análise do tipo de produtos transaccionados, as 97 posições a dois dígitos da Nomenclatura Combinada de codificação de mercadorias em uso na UE, foram agregadas em 11 grupos de produtos (ver Anexo).
Em 2017, os grupos de produtos com maior peso nas importações portuguesas com origem nos EUA foram “Máquinas, aparelhos e partes” (25,9%), “Energéticos” (19,9%), “Agro-alimentares” (14,7%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (14,6%).
Com menor expressão seguiram-se os grupos “Químicos” (7,6%), “Produtos acabados diversos” (6,2%), “Madeira, cortiça e papel” (4,4%), “Minérios e metais” (2,8%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,2%), “Têxteis e vestuário” (1,3%) e “Calçado, peles e couros” (0,3%).

4 – Exportações por grupos de produtos

Em 2017, os grupos de produtos com maior peso nas exportações portuguesas com destino aos EUA foram “Energéticos” (23,6%), “Químicos” (13,8%), “Produtos acabados diversos” (12,0%), “Têxteis e vestuário” (11,3%), “Madeira, cortiça e papel” (10,3%), “Máquinas, aparelhos e partes” (10,0%), “Minérios e metais” (7,4%) e “Agro-alimentares” (5,8%).
Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Calçado, peles e couros” (2,6%), “Aeronaves, embarcações e partes” (2,4%) e “Material de transporte terrestre e partes” (0,8%).

4.1 – Principais tipos de produtos incluídos nos grupos de produtos

Em 2017, os principais tipos de produtos integrados em cada um dos grupos de produtos foram:
- Energéticos – principalmente gasolinas para motor 95 e 98 (95,0%);
- Químicos – com destaque para os produtos farmacêuticos (44,7%) e borracha e suas obras (32,6%);
- Produtos acabados diversos – principalmente mobiliário (24,9%), produtos cerâmicos (20,7%), aparelhos de óptica e de precisão (16,0%), obras de pedra e semelhantes (12,1%), armas e munições (9,0%), relojoaria (8,8%), vidro e suas obras (4,0%), brinquedos e jogos (1,8%);
- Têxteis e vestuário – designadamente têxteis e suas obras (68,5%) e vestuário e acessórios (31,5%);
- Madeira, cortiça e papel - principalmente cortiça e suas obras (57,8%) e papel e cartão (37,2%);
- Máquinas, aparelhos e partes – com predominância das máquinas e aparelhos eléctricos (54,3%) sobre os mecânicos (45,7%);
- Minérios e metais – essencialmente metais (92,5%);
- Agro-alimentares – principalmente vinhos e outras bebidas alcoólicas (51,2%), peixe, crustáceos e moluscos (15,0%), entre outros produtos (30,7%), como preparações de produtos hortícolas e frutas (8,7%), preparações à base de cereais (7,8%), gorduras e óleos (4,1%) e preparações de carne, peixe, crustáceos e moluscos (4,0%);
- Calçado, peles e couros – essencialmente calçado (97,8%);
- Aeronaves, embarcações e partes – principalmente aviões (83,4%) e partes de aviões ou helicópteros (15,6%);
- Material de transporte terrestre e partes – com destaque para as partes e acessórios de veículos automóveis (75,0%) e partes e acessórios de ciclos (13,2%). 

4.2 – Desagregação das exportações do grupo “Minérios e metais”
Atendendo ao anúncio recentemente feito pelo presidente dos EUA de possível aplicação futura de tarifas aduaneiras às importações de aço e de alumínio, de momento aparentemente apenas aplicáveis às importações destes produtos provenientes da China, interessará avaliar, desde já, o possível impacto dessas restrições nas exportações portuguesas de “Minérios e metais” para este mercado.

Em 2017, as exportações destes produtos para os EUA representaram 7,4% das exportações totais (4,7% em 2016), sendo o grupo de produtos que registou a maior taxa de crescimento em valor face ao ano anterior (+80,6%), a que correspondeu o maior acréscimo em Euros (+93,5 milhões) a seguir ao grupo “Energéticos” (+142,5 milhões). As exportações de “Minérios e metais” centraram-se na área dos metais, que representaram 92,5% deste grupo de produtos, com uma taxa de variação homóloga de +90,9%.

Cerca de metade destas exportações incidiram em “Ferro fundido, ferro e aço”, principalmente barras de ferro e de aço não ligado, com um assinalável incremento de 53 milhões de Euros face ao ano anterior (+277,4%) e “Barras e perfis de ferro ou aço inoxidável” (+76,1%). Seguiram-se as “Obras de ferro fundido, ferro ou aço”, que representaram cerca de 1/4 das exportações do grupo, com um crescimento de +29,1% em valor, onde sobressaíram as estacas-pranchas e perfis por soldadura e as cordas e cabos para uso não eléctrico.

Entre os restantes tipos de produtos, uma referência ao “Alumínio e suas obras”, um dos alvos anunciados que, pesando apenas 3,6% do total do grupo em 2017, registou um acréscimo em valor de +146,4% face a 2016. 

5 – “Mirror statistics”

Há divergências, por vezes acentuadas, entre os dados estatísticos registados no país de origem e no país de destino para determinadas transacções, neste caso entre os dados de fonte International Trade Centre (ITC) reproduzindo dados COMTRADE (fornecidos à ONU pelos EUA) para o ano de 2016 e  Census Bureau dos EUA, para 2017, e os dados de fonte Instituto Nacional de Estatistica de Portugal (INE). Sendo certo que a conversão dos dados nacionais de valores Cif em Fob e vice-versa, para comparação com os dados americanos, por utilização de um factor médio (0,9533) não é susceptível de conduzir a resultados rigorosos constitui, contudo, um indicador aproximado.

Como se pode observar no quadro, os valores veiculados pelos EUA são superiores aos divulgados pelo INE, em ambas as vertentes comerciais. Diversos motivos podem justificar estas assimetrias estatísticas, como seja a dificuldade na definição do valor da mercadoria, (valor Cif, Fob ou outro Incoterm), diferente atribuição do código da mercadoria na nomenclatura de produtos utilizada, desfasamento no tempo do registo da mercadoria na origem e no destino, dependendo por exemplo da duração do tempo de transporte, atribuição de confidencialidade por uma das fontes para determinados produtos, entre outros diferentes critérios de avaliação da transacção, como por exemplo o registo do país de origem ou o de proveniência. No caso das exportações portuguesas para países terceiros, o desfasamento pode ter origem na localização do porto de embarque. A mercadoria, com origem portuguesa, pode ter sido enviada para um outro Estado-membro e posteriormente embarcada, geralmente num porto do Norte da Europa, para o seu destino, e ter sido considerada nas estatísticas nacionais como uma expedição intracomunitária, e no país terceiro de destino como uma importação originária de Portugal.




Alcochete, 2 de Abril de 2018.













































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