quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Comércio internacional no âmbito dos PALOP - 2013-2017


Comércio internacional de mercadorias
no âmbito dos
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
(PALOP)
(2013-2017)

( disponível para download  >> aqui )


1 - Nota introdutória
Os cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), ocupam uma superfície de mais de 2 milhões de quilómetros quadrados no continente, com uma população superior a 60 milhões de habitantes. Sendo o comércio internacional um importante vector de desenvolvimento, pretende-se neste trabalho analisar as características das trocas comerciais de cada um destes países com o exterior, com o objectivo último de identificar possíveis vias de intensificação das trocas no interior do espaço lusófono africano e com Portugal. 

2 – Intersecção dos PALOP com organizações regionais
A dispersão destes países pela África subsariana e a sua inserção em diversas organizações regionais de âmbito económico, pode potenciar o incremento das trocas comerciais não só dos seus intervenientes mas também, por seu intermédio, dos restantes PALOP.
Das quatro organizações seguintes, a “Comunidade para o desenvolvimento da África Austral” (SADC), onde se insere Angola e Moçambique, é a que envolve um maior volume de negócios, já que integra a África do Sul, a economia mais desenvolvida da África austral.  




3 – Balança comercial de mercadorias dos PALOP face ao mundo

Relativamente aos dados da Guiné-Bissau, de assinalar que a base de dados do “International Trade Centre” (ITC), utilizada neste trabalho, apenas disponibiliza, de momento, dados para o ano de 2017 e, relativamente aos dados de exportação, apenas para uma única posição pautal (essencialmente castanha de cajú). Por esse motivo se recorreu a dados veiculados pela “European Comission–DGTrade”, de fonte IMF, algo desfasados dos anteriores para 2017 (248,0 milhões de Euros, em lugar de 156,5 milhões, na importação, e 338,0 milhões de Euros em vez de 167,5 milhões, do lado da exportação).
4 - Principais mercados de origem e de destino
      do comércio externo dos PALOP 

Dos quadros seguintes constam os 10 principais mercados de origem e de destino do comércio externo para cada um dos PALOP, de acordo com estatísticas constantes da base de dados do “International Trade Centre” (ITC) para 2017, excepto no caso de Angola, que se reportam a 2015, os últimos dados disponíveis por mercados.

5 – Importações e exportações dos PALOP
       por grupos de produtos 

Seguem-se quadros com as importações e exportações em valor de cada um dos países  e respectiva estrutura em percentagem, por grupos de produtos (ver em quadro anexo a definição do conteúdo dos grupos).
5.1 - Importações

Em 2017, os grupos de produtos dominantes em Angola foram: “Máquinas e aparelhos” (23,4%), principalmente partes de guindastes e outras máquinas elevatórias, torneiras e válvulas, fios e cabos eléctricos e grupos electrogéneos ; “Agro-alimentares” (22,3%), como miudezas de aves, açúcar, óleo de palma, farinhas de trigo ou mistura de trigo e centeio, arroz e óleo de soja; “Químicos” (11,7%), com destaque para os medicamentos, embalagens, rolhas e cápsulas de plástico, sabão e outros produtos de lavagem, artefactos para construções em plástico, aglutinantes para moldes ou núcleos de fundição, insecticidas, fungicidas e herbicidas, entre outros.
Em Moçambique prevaleceram os grupos: “Energéticos” (22,4%), principalmente refinados do petróleo; “Minérios e metais” (15,9%), com destaque para o alumínio em formas brutas, cimento e construções em ferro ou aço;  “Agro-alimentares” (14,8%), principalmente arroz, trigo e mistura de trigo e centeio, peixe congelado e milho; “Máquinas e aparelhos” (14,7%), como aparelhos telefónicos e de telecomunicação, máquinas de obras públicas e partes de macacos, guindastes e outras máquinas elevatórias; “Químicos” (12,2%), principalmente medicamentos, pneus e reagentes de diagnóstico ou de laboratório.
Em Cabo Verde destacaram-se os grupos: “Agro-alimentares” (30,3%), principalmente arroz, leite, miudezas de aves, açúcar, cerveja e preparações alimentícias diversas; “Máquinas e aparelhos” (17,4%), como aparelhos telefónicos e de telecomunicação, máquinas automáticas para processamento de dados, motores e máquinas motrizes; “Energéticos” (10,1%), principalmente refinados de petróleo.
Na Guiné-Bissau predominaram os grupos: “Agro-alimentares” (46,1%), principalmente arroz, farinha de trigo ou mistura de trigo e centeio, vinho e bebidas fermentadas, águas minerais ou gaseificadas e outras bebidas não alcoólicas, óleo de soja, miudezas de aves, ovos e açúcar; “Minérios e metais” (19,0%), com destaque para as construções em ferro ou aço e cimento; “Energéticos” (15,1%), designadamente refinados do petróleo.
Em São Tomé e Príncipe sobressaíram os grupos: “Agro-alimentares” (29,8%), como arroz, óleo de soja, vinho, farinhas de trigo e trigo com centeio, águas minerais ou gaseificadas e bebidas não alcoólicas, miudezas de aves, açúcar, preparados para alimentação animal, leite e cerveja; “Energéticos” (19,4%), essencialmente produtos refinados do petróleo; “Máquinas e aparelhos” (19,0%), como grupos electrogéneos, aparelhos telefónicos e de telecomunicação, aparelhos mecânicos diversos com função própria, fios e cabos eléctricos.

5.2 - Exportações

Mais de 90% das exportações de Angola em 2017 incidiram no grupo “Energéticos”, essencialmente petróleo bruto e gás, seguidas das do grupo “Minérios e metais” (7,2%), com destaque para os diamantes.
Em Moçambique predominaram os fornecimentos dos grupos: “Energéticos” (51,8%), como carvão, gás e energia eléctrica; “Minérios e metais” (33,0%), principalmente alumínio em formas brutas, barras, perfis e fios, minérios de titânio e pedras preciosas e semi-preciosas; “Agro-alimentares”, principalmente tabaco não manufacturado.
Nas exportações de Cabo Verde, no mesmo ano, prevaleceram as dos grupos: “Agro-alimentares” (77,3%), como conservas de peixe, peixe congelado, moluscos, álcool etílico e farinhas; “Têxteis e vestuário” (13,0%), principalmente vestuário para homem; “Calçado, peles e couros” (7,5%), designadamente partes de calçado.
As exportações da Guiné-Bissau centraram-se no grupo “Agro-alimentares”, quase exclusivamente constituídas por castanha de cajú, de que o país é um dos maiores produtores e exportadores mundiais.
Por fim, em São Tomé e Príncipe destacam-se as exportações do grupo “Agro-alimentares” (85,4% das exportações totais), constituídas principalmente por cacau. 

6 – Peso dos PALOP na importação 
      e na exportação portuguesa
O peso do conjunto dos PALOP na importação portuguesa ao longo dos últimos cinco anos desceu de 4,7% para apenas 0,5%.

Na vertente da exportação assistiu-se, após uma estabilização em 8,0% do Total em 2013 e 2014, a uma descida nos dois anos seguintes, situando-se em 4,2% em 2016, a que se seguiu uma pequena recuperação no ano seguinte, 4,3%.

No quadro seguinte pode observar-se o peso destes países africanos na exportação portuguesa para o Mundo, para o total dos países terceiros e para o conjunto dos PALOP, no período 2013-2017 e no período de Janeiro a Agosto de 2017-2018.

7 – Importações e exportações entre Portugal e os PALOP 
       por grupos de produtos

7.1 - Importações

Em 2017, o grupo de produtos dominante nas importações portuguesas originárias de Angola foi o grupo “Energéticos” (90,8% do total), essencialmente constituído por petróleo bruto.
Em Moçambique, no mesmo ano, predominou o grupo “Agro-alimentares” (95,7%), com destaque para crustáceos e açúcar.
Nas importações provenientes de Cabo Verde destacaram-se os grupos: “Têxteis e vestuário” (37,8%), principalmente vestuário para homem; “Calçado, peles e couros” (22,6%), designadamente partes de calçado; “Agro-alimentares” (16,6%), principalmente moluscos; “Máquinas, aparelhos e partes” (14,2%), como partes de máquinas e aparelhos de terraplanagem ou escavação, de guinchos, cabrestantes, talhas e cadernais.
Da Guiné-Bissau importaram-se em 2017 principalmente: produtos “Agro-alimentares” (84,6% do total), como castanha de cajú, sucos e extratos vegetais; “Minérios e metais” (13,3%), com destaque para os desperdícios e resíduos de ferro ou aço.
Nas importações de S.Tomé e Príncipe predominaram os grupos: “Minérios e metais” (79,7%), designadamente desperdícios e resíduos de ferro, aço, cobre e alumínio; “Agro-alimentares” (9,4%), essencialmente cacau; “Máquinas, aparelhos e partes” (9,4%), principalmente desperdícios de pilhas e baterias, computadores e unidades de memória, suportes magnéticos para gravação de som e bombas para líquidos.
7.2 - Exportações

Em Angola, na vertente das exportações, destacaram-se os grupos: “Agro-alimentares” (26,8%), principalmente óleo de soja, vinho e enchidos; “Máquinas, aparelhos e partes” (24,5%), com destaque para os quadros eléctricos, aparelhos telefónicos e de telecomunuicação, transformadores, fios e cabos eléctricos, grupos electrogéneos, refrigeradores e congeladores e máquinas automáticas para processamento de dados; “Químicos” (17,9%), como medicamentos, sabões e produtos tensoactivos, entre outros; “Produtos acabados diversos” (10,8%),  principalmente móveis, aparelhos de iluminação e assentos mesmo transformáveis em camas, entre muitos outros.

As exportações para Moçambique incidiram maioritariamente nos grupos: “Máquinas, aparelhos e partes” (29,5%), principalmente transformadores, fios e cabos eléctricos, aparelhos telefónicos e de telecomunicação, quadros eléctricos, aparelhos para ligação, seccionamento e protecção de circuitos eléctricos, refrigeradores, congeladores e aparelhos de ar condicionado; “Químicos” (16,9%), com destaque para os reagentes de diagnóstico e de laboratório e medicamentos; “Agro-alimentares” (14,3%), como conservas de peixe, azeite de oliveira, vinho e cerveja; “Produtos acabados diversos” (11,8%), principalmente móveis, ladrilhos de cerâmica, aparelhos de iluminação e assentos, mesmo transformáveis em camas; “Minérios e metais” (10,8%), como construções metálicas, caixilhos portas e janelas, de ferro ou aço; “Madeira, cortiça e papel” (10,2%), principalmente livros, impressos e publicações, caixas e sacos de papel ou cartão.
Em Cabo Verde destacaram-se, em 2007, as exportações dos grupos: “Agro-alimentares” (28,0%), principalmente cerveja, leite, óleo de soja, azeite de oliveira, sumos de frutas, vinho e preparações alimentícias diversas; “Máquinas, aparelhos e partes” (19,2%), como centrifugadores, fios e cabos eléctricos, aparelhos telefónicos e de telecomunicação, refrigeradores e congeladores, quadros eléctricos, torneiras e válvulas, bombas para líquidos e máquinas automáticas para tratamento de informação; “Minérios e metais” (15,5%), como cimento, barras de ferro ou aço, construções metálicas, caixilhos portas e janelas, de ferro ou aço; “Químicos” (13,3%), principalmente medicamentos, tubos e acessórios de plástico; “Produtos acabados diversos” (10,2%), como móveis e ladrilhos de cerâmica.
No mesmo ano as exportações para a Guiné-Bissau incidiram principalmente no grupo “Energéticos” (41,8%), essencialmente constituídas por óleos de petróleo, seguido do grupo “Agro-alimentares” (26,2%), onde se destacaram a cerveja, águas minerais ou gaseificadas e bebidas não alcoólicas, óleo de soja, carnes e miudezas, ovos, leite, massas e outras preparações alimentícias.
Nas exportações para S.Tomé e Príncipe prevaleceram as dos grupos: “Agro-alimentares” (41,8%), como vinho, farinha de trigo ou de mistura de trigo e centeio, arroz, águas minerais ou gaseificadas e bebidas não alcoólicas, óleo de soja, leite, preparações alimentares para animais, carnes e miudezas, legumes de vagem secos, cerveja, massas alimentícias, enchidos e açúcar; “Máquinas, aparelhos e partes” (15,9%), como máquinas automáticas para processamento de dados e aparelhos telefónicos e de telecomunicação; “Químicos” (11,8%), principalmente sabões, medicamentos, pneus, tubos e acessórios de plástico, embalagens, rolhas e cápsulas de plástico; “Produtos acabados diversos” (10,3%), com destaque para os móveis e ladrilhos de cerâmica. 
Alcochete, 1 de Novembro de 2018.



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