Comércio internacional de mercadorias
no âmbito dos
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
(PALOP)
(2013-2017)
( disponível para download >> aqui )
1 - Nota introdutória
Os cinco Países Africanos de
Língua Oficial Portuguesa (PALOP), ocupam uma superfície de mais de 2 milhões
de quilómetros quadrados no continente, com uma população superior a 60 milhões
de habitantes. Sendo o comércio internacional um importante vector de desenvolvimento,
pretende-se neste trabalho analisar as características das trocas comerciais de
cada um destes países com o exterior, com o objectivo último de identificar
possíveis vias de intensificação das trocas no interior do espaço lusófono
africano e com Portugal.
2 – Intersecção dos PALOP com
organizações regionais
A dispersão destes países pela
África subsariana e a sua inserção em diversas organizações regionais de âmbito
económico, pode potenciar o incremento das trocas comerciais não só dos seus
intervenientes mas também, por seu intermédio, dos restantes PALOP.
Das quatro organizações
seguintes, a “Comunidade para o
desenvolvimento da África Austral” (SADC), onde se insere Angola e
Moçambique, é a que envolve um maior volume de negócios, já que integra a
África do Sul, a economia mais desenvolvida da África austral.
3 – Balança comercial de
mercadorias dos PALOP face ao mundo
Relativamente aos dados da
Guiné-Bissau, de assinalar que a base de dados do “International Trade Centre” (ITC), utilizada neste trabalho,
apenas disponibiliza, de momento, dados para o ano de 2017 e, relativamente aos
dados de exportação, apenas para uma única posição pautal (essencialmente
castanha de cajú). Por esse motivo se recorreu a dados veiculados pela “European Comission–DGTrade”, de fonte IMF, algo desfasados dos anteriores para
2017 (248,0 milhões de Euros, em lugar de 156,5 milhões, na importação, e 338,0
milhões de Euros em vez de 167,5 milhões, do lado da exportação).
4 - Principais mercados de origem e de destino
Dos quadros seguintes constam
os 10 principais mercados de origem e de destino do comércio externo para cada
um dos PALOP, de acordo com estatísticas constantes da base de dados do “International Trade Centre” (ITC) para
2017, excepto no caso de Angola, que se reportam a 2015, os últimos dados disponíveis
por mercados.
5 – Importações e exportações dos PALOP
por
grupos de produtos
Seguem-se quadros com as
importações e exportações em valor de cada um dos países e respectiva estrutura em percentagem, por
grupos de produtos (ver em quadro anexo a
definição do conteúdo dos grupos).
5.1 - Importações
Em 2017, os grupos de produtos dominantes em Angola foram: “Máquinas e aparelhos” (23,4%),
principalmente partes de guindastes e outras máquinas elevatórias, torneiras e
válvulas, fios e cabos eléctricos e grupos electrogéneos ; “Agro-alimentares” (22,3%), como miudezas de aves, açúcar, óleo de
palma, farinhas de trigo ou mistura de trigo e centeio, arroz e óleo de soja; “Químicos” (11,7%), com destaque para os
medicamentos, embalagens, rolhas e cápsulas de plástico, sabão e outros
produtos de lavagem, artefactos para construções em plástico, aglutinantes para
moldes ou núcleos de fundição, insecticidas, fungicidas e herbicidas, entre
outros.
Em Moçambique prevaleceram os grupos: “Energéticos” (22,4%), principalmente refinados do petróleo; “Minérios e metais” (15,9%), com
destaque para o alumínio em formas brutas, cimento e construções em ferro ou
aço; “Agro-alimentares”
(14,8%), principalmente arroz, trigo e mistura de trigo e centeio, peixe
congelado e milho; “Máquinas e aparelhos”
(14,7%), como aparelhos telefónicos e de telecomunicação, máquinas de obras
públicas e partes de macacos, guindastes e outras máquinas elevatórias; “Químicos” (12,2%), principalmente
medicamentos, pneus e reagentes de diagnóstico ou de laboratório.
Em Cabo Verde destacaram-se os grupos: “Agro-alimentares” (30,3%), principalmente arroz, leite, miudezas
de aves, açúcar, cerveja e preparações alimentícias diversas; “Máquinas e aparelhos” (17,4%), como
aparelhos telefónicos e de telecomunicação, máquinas automáticas para
processamento de dados, motores e máquinas motrizes; “Energéticos” (10,1%), principalmente refinados de petróleo.
Na Guiné-Bissau predominaram os grupos: “Agro-alimentares” (46,1%), principalmente arroz, farinha de trigo
ou mistura de trigo e centeio, vinho e bebidas fermentadas, águas minerais ou
gaseificadas e outras bebidas não alcoólicas, óleo de soja, miudezas de aves,
ovos e açúcar; “Minérios e metais”
(19,0%), com destaque para as construções em ferro ou aço e cimento; “Energéticos” (15,1%), designadamente
refinados do petróleo.
Em São Tomé e Príncipe sobressaíram os
grupos: “Agro-alimentares” (29,8%),
como arroz, óleo de soja, vinho, farinhas de trigo e trigo com centeio, águas
minerais ou gaseificadas e bebidas não alcoólicas, miudezas de aves, açúcar,
preparados para alimentação animal, leite e cerveja; “Energéticos” (19,4%), essencialmente produtos refinados do
petróleo; “Máquinas e aparelhos”
(19,0%), como grupos electrogéneos, aparelhos telefónicos e de telecomunicação,
aparelhos mecânicos diversos com função própria, fios e cabos eléctricos.
5.2 - Exportações
Mais de 90% das exportações de Angola em 2017 incidiram no grupo “Energéticos”, essencialmente petróleo
bruto e gás, seguidas das do grupo “Minérios
e metais” (7,2%), com destaque para os diamantes.
Em Moçambique predominaram os fornecimentos dos grupos: “Energéticos” (51,8%), como carvão, gás e energia eléctrica; “Minérios e metais” (33,0%),
principalmente alumínio em formas brutas, barras, perfis e fios, minérios de
titânio e pedras preciosas e semi-preciosas; “Agro-alimentares”, principalmente tabaco não manufacturado.
Nas exportações de Cabo Verde, no mesmo ano, prevaleceram as dos
grupos: “Agro-alimentares” (77,3%), como
conservas de peixe, peixe congelado, moluscos, álcool etílico e farinhas; “Têxteis e vestuário” (13,0%),
principalmente vestuário para homem; “Calçado,
peles e couros” (7,5%), designadamente partes de calçado.
As exportações da Guiné-Bissau centraram-se no grupo “Agro-alimentares”, quase exclusivamente
constituídas por castanha de cajú, de que o país é um dos maiores produtores e
exportadores mundiais.
Por fim, em São Tomé e Príncipe destacam-se as exportações do
grupo “Agro-alimentares” (85,4% das
exportações totais), constituídas principalmente por cacau.
6 – Peso
dos PALOP na importação
e na exportação portuguesa
e na exportação portuguesa
O peso do conjunto dos PALOP na importação portuguesa ao longo dos
últimos cinco anos desceu de 4,7% para apenas 0,5%.
Na vertente da exportação assistiu-se, após uma estabilização em 8,0% do Total em 2013 e 2014, a uma descida nos dois anos seguintes, situando-se em 4,2% em 2016, a que se seguiu uma pequena recuperação no ano seguinte, 4,3%.
Na vertente da exportação assistiu-se, após uma estabilização em 8,0% do Total em 2013 e 2014, a uma descida nos dois anos seguintes, situando-se em 4,2% em 2016, a que se seguiu uma pequena recuperação no ano seguinte, 4,3%.
No quadro seguinte pode observar-se o peso destes países africanos na
exportação portuguesa para o Mundo, para o total dos países terceiros e para o
conjunto dos PALOP, no período 2013-2017 e no período de Janeiro a Agosto de
2017-2018.
7 – Importações e exportações entre Portugal e os PALOP
por
grupos de produtos
7.1 - Importações
Em 2017, o grupo de produtos dominante nas importações portuguesas originárias
de Angola foi o grupo “Energéticos”
(90,8% do total), essencialmente constituído por petróleo bruto.
Em Moçambique, no mesmo ano, predominou o grupo “Agro-alimentares” (95,7%), com destaque
para crustáceos e açúcar.
Nas importações provenientes de Cabo Verde destacaram-se os grupos:
“Têxteis e vestuário” (37,8%),
principalmente vestuário para homem; “Calçado,
peles e couros” (22,6%), designadamente partes de calçado; “Agro-alimentares” (16,6%),
principalmente moluscos; “Máquinas,
aparelhos e partes” (14,2%), como partes de máquinas e aparelhos de
terraplanagem ou escavação, de guinchos, cabrestantes, talhas e cadernais.
Da Guiné-Bissau importaram-se em 2017 principalmente: produtos “Agro-alimentares” (84,6% do total), como
castanha de cajú, sucos e extratos vegetais; “Minérios e metais” (13,3%), com destaque para os desperdícios e
resíduos de ferro ou aço.
Nas importações de S.Tomé e Príncipe predominaram os grupos: “Minérios e metais” (79,7%),
designadamente desperdícios e resíduos de ferro, aço, cobre e alumínio; “Agro-alimentares” (9,4%),
essencialmente cacau; “Máquinas, aparelhos
e partes” (9,4%), principalmente desperdícios de pilhas e baterias,
computadores e unidades de memória, suportes magnéticos para gravação de som e
bombas para líquidos.
7.2 - Exportações
Em Angola, na vertente das exportações, destacaram-se os grupos: “Agro-alimentares” (26,8%),
principalmente óleo de soja, vinho e enchidos; “Máquinas, aparelhos e partes” (24,5%), com destaque para os
quadros eléctricos, aparelhos telefónicos e de telecomunuicação,
transformadores, fios e cabos eléctricos, grupos electrogéneos, refrigeradores
e congeladores e máquinas automáticas para processamento de dados; “Químicos” (17,9%), como medicamentos,
sabões e produtos tensoactivos, entre outros; “Produtos acabados diversos” (10,8%), principalmente móveis, aparelhos de
iluminação e assentos mesmo transformáveis em camas, entre muitos outros.
As exportações para Moçambique incidiram maioritariamente nos
grupos: “Máquinas, aparelhos e partes” (29,5%),
principalmente transformadores, fios e cabos eléctricos, aparelhos telefónicos
e de telecomunicação, quadros eléctricos, aparelhos para ligação, seccionamento
e protecção de circuitos eléctricos, refrigeradores, congeladores e aparelhos
de ar condicionado; “Químicos”
(16,9%), com destaque para os reagentes de diagnóstico e de laboratório e
medicamentos; “Agro-alimentares”
(14,3%), como conservas de peixe, azeite de oliveira, vinho e cerveja; “Produtos acabados diversos” (11,8%), principalmente
móveis, ladrilhos de cerâmica, aparelhos de iluminação e assentos, mesmo
transformáveis em camas; “Minérios e
metais” (10,8%), como construções metálicas, caixilhos portas e janelas, de
ferro ou aço; “Madeira, cortiça e papel” (10,2%),
principalmente livros, impressos e publicações, caixas e sacos de papel ou
cartão.
Em Cabo Verde destacaram-se, em 2007, as exportações dos grupos: “Agro-alimentares” (28,0%), principalmente
cerveja, leite, óleo de soja, azeite de oliveira, sumos de frutas, vinho e
preparações alimentícias diversas; “Máquinas,
aparelhos e partes” (19,2%), como centrifugadores, fios e cabos eléctricos,
aparelhos telefónicos e de telecomunicação, refrigeradores e congeladores,
quadros eléctricos, torneiras e válvulas, bombas para líquidos e máquinas
automáticas para tratamento de informação; “Minérios
e metais” (15,5%), como cimento, barras de ferro ou aço, construções
metálicas, caixilhos portas e janelas, de ferro ou aço; “Químicos” (13,3%), principalmente medicamentos, tubos e acessórios
de plástico; “Produtos acabados diversos”
(10,2%), como móveis e ladrilhos de cerâmica.
No mesmo ano as exportações para a Guiné-Bissau incidiram
principalmente no grupo “Energéticos”
(41,8%), essencialmente constituídas por óleos de petróleo, seguido do grupo “Agro-alimentares” (26,2%), onde se
destacaram a cerveja, águas minerais ou gaseificadas e bebidas não alcoólicas,
óleo de soja, carnes e miudezas, ovos, leite, massas e outras preparações
alimentícias.
Nas exportações para S.Tomé e Príncipe prevaleceram as dos grupos:
“Agro-alimentares” (41,8%), como
vinho, farinha de trigo ou de mistura de trigo e centeio, arroz, águas minerais
ou gaseificadas e bebidas não alcoólicas, óleo de soja, leite, preparações alimentares
para animais, carnes e miudezas, legumes de vagem secos, cerveja, massas
alimentícias, enchidos e açúcar; “Máquinas,
aparelhos e partes” (15,9%), como máquinas automáticas para processamento
de dados e aparelhos telefónicos e de telecomunicação; “Químicos” (11,8%), principalmente sabões, medicamentos, pneus,
tubos e acessórios de plástico, embalagens, rolhas e cápsulas de plástico; “Produtos acabados diversos” (10,3%), com
destaque para os móveis e ladrilhos de cerâmica.
Alcochete, 1 de Novembro de 2018.
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