Comércio Internacional
de Portugal com o Reino Unido
no limiar do "Brexit"
no limiar do "Brexit"
(2014 a 2019)
( disponível para download >> aqui )
1 – Nota introdutória
Pretende-se neste trabalho fazer um
ponto de situação do comércio internacional de mercadorias de Portugal com o Reino
Unido no limiar da saída deste país da União Europeia, visando identificar o
tipo de produtos mais importantes cujas trocas possam vir a sofrer alguma perturbação.
Analisa-se a evolução recente do
comércio internacional de mercadorias do Reino Unido com o mundo e com Portugal,
com maior pormenor entre os anos 2014 e 2019, com base em dados estatísticos britânicos
constantes do portal do EUROSTAT, e as trocas comerciais de Portugal com este
país a partir de dados divulgados pelo INE, também com maior detalhe entre os
anos 2014 e 2019.
Os produtos, definidos a dois dígitos
da Nomenclatura Combinada (NC), foram agregados em 11 grupos (definição do seu conteúdo em Anexo). No âmbito de cada grupo de produtos, nas
duas vertentes comerciais, relacionam-se para os anos de 2018 e 2019, com
desagregação a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada, os principais produtos
transaccionados, sempre com um peso superior a 80% em cada um dos anos, encontrando-se
estes valores agregados por ‘acréscimos’ e ‘decréscimos’.
2 – Evolução do comércio internacional do Reino Unido
2.1 – Comércio Intra
e Extra-UE (2000 a 2019)
A partir de
2008, as importações britânicas com origem extra-comunitária, que a partir de
2000 se situavam em níveis bastante inferiores às provenientes do espaço
intra-comunitáro, aproximaram-se destas, ultrapassando-as mesmo em 2019.
Por sua vez,
as exportações para o espaço Intra-UE, que desde o início do milénio se
mantiveram em níveis muito superiores às destinadas aos Países Terceiros, foram
consideravelmente ultrapassadas por estas a partir de 2012.
2.2 – Comércio com
Portugal (2000 a 2019)
As
importações britânicas originárias de Portugal, que entre 2005 e 2010
acompanharam de perto o valor das exportações, cresceram sustentadamente a partir
de então, atingindo 3,6 mil milhões de Euros em 2019, mantendo-se as suas exportações
para Portugal num patamar entre 1,8 e 2,0 mil milhões de Euros, de acordo com
os dados disponíveis.
2.3 – Balança
Comercial de mercadorias do Reino Unido (2014 a 2019)
No período
2014-2019 a Balança Comercial de mercadorias do Reino Unido foi deficitária,
com saldos compreendidos entre -139 mil milhões de Euros, em 2014, e -205 mil
milhões, em 2016.
2.4 – Importações e exportações no Reino Unido por grupos de produtos
e
quotas de Portugal (2014-2019)
3 – Comércio internacional de Portugal com o Reino Unido
3.1 – Ritmo de
evolução anual das importações e das exportações
com o
Reino Unido (2000 a 2019)
O ritmo de
evolução anual em valor das Importações globais de Portugal cresceu acentuadamente
entre 2000 e 2008 (140,5% face a 2000=100), para decair em 2009, na sequência
da crise financeira que abalou o mundo (112,4%). A partir de então subiu moderadamente
até 2016 (134,4%), crescendo depois de forma acentuada até 2019 (175,7%).
Por sua vez,
o ritmo das importações com origem no Reino Unido decresceu tendencialmente entre
2000 e 2008 (79,0%), caindo para 62,8% em 2009. Após uma recuperação no ano
seguinte (82,6%), decaiu até 2012 (62,3%), mantendo-se numa faixa de 62% a 70%
até 2018, para subir significativamente no último ano (78,6%). Desde o ano 2000
o valor das importações manteve-se sempre abaixo do nível que detinha em 2000.
As
exportações globais, aparte uma quebra em 2009, cresceram sustentadamente até
2019, atingindo 220,1% face a 2000=100.
As
exportações para o Reino Unido decaíram de 2003 a 2009 (60,8%), para crescerem sustentadamente
até 2017 (124,2%), tendo ultrapassado em 2014 o nível que detinham em 2000,
para a partir de 2017 se manterem praticamente ao mesmo nível.
3.2 –
Evolução do peso do Reino Unido (%)
nas importações e nas exportações
(2000 a 2019)
O peso do
Reino Unido nas importações portuguesas decresceu tendencialmente desde 2000,
em que representava 5,9% do Total, situando-se em 2,6% em 2019. Por sua vez, o
peso das exportações decresceu entre 2000 (10,8% do Total) e 2008 (5,5%),
manteve-se próximo deste nível até 2013, aumentou até 2016 (7,1%), para decrescer
a partir de então, situando-se em 6,1% em 2019.
3.3 – Evolução do saldo
da Balança Comercial (2000 a 2019)
À excepção
do ano 2008, em que o saldo foi nulo, e 2010 com saldo negativo (-179 milhões
de Euros), a Balança Comercial com o Reino Unido foi sempre favorável a
Portugal. O saldo decresceu entre 2003 (+842 milhões de Euros) e 2010 (-179 milhões),
para crescer sustentadamente até aos anos 2016 a 2018, em que ultrapassou 1,7
mil milhões de Euros, caindo para 1,5 mil milhões em 2019, de acordo com os
dados disponíveis.
3.4 – Balança Comercial (2014 a 2019)
Entre 2014
e 2018 o valor das importações manteve-se entre 1,8 e 1,9 mil milhões de
Euros, subindo para 2,1 mil milhões em 2019.
Por sua
vez, ao longo dos últimos seis anos o valor das exportações oscilou
entre os 3,0 e 3,7 mil milhões de Euros.
O saldo
positivo da balança comercial, que em 2014 se situava em 1,1 mil milhões de
Euros, subiu no ano seguinte para 1,5 mil milhões, manteve-se entre 1,7 e 1,8 mil
milhões de Euros até 2018, para descer, em 2019, para próximo do nível de 2015.
O elevado grau
de cobertura das importações pelas exportações, que entre 2016 e 2018 se
aproximou dos 200%, desceu em 2019 para 172,7%.
Os únicos
grupos de produtos, entre os onze considerados, em que o saldo não foi
favorável a Portugal ao longo de todos estes seis anos foram “Energéticos” e “Químicos”.
O saldo do
grupo “Minérios e metais” só não foi positivo em 2014 e o de “Aeronaves, embarcações e partes”, que era negativo desde 2014, tornou-se positivo
em 2019.
Os saldos
positivos mais volumosos em 2019 incidiram nos grupos “Material de transporte terrestre e
partes” (+527,2 milhões de Euros), “Têxteis e vestuário” (+295,8 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (+244,7 milhões), “Produtos acabados diversos” (+232,7 milhões) e “Máquinas, aparelhos e partes” (+150,5 milhões de Euros).
3.5 – Importações
Em 2019, os grupos de produtos mais
representativos nas importações portuguesas com origem no Reino Unido foram “Máquinas, aparelhos e partes” (23,1% do total em 2019 e 24,5% em 2018)
e “Químicos” (21,6% e 25,5%).
Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares”
(11,5% e 9,5%), “Energéticos” (10,1%
e 2,4%), “Minérios e metais”
(9,6% e 11,6%) e “Material de transporte
terrestre e partes” (8,8% e 10,7%).
Com menor peso no total alinharam-se
depois os grupos “Produtos acabados diversos”
(5,4% e 5,2%), “Têxteis e vestuário”
(4,7% e 5,2%), “Madeira, cortiça e papel”
(2,4% e 3,2%), “Aeronaves, embarcações
e partes” (1,5% em 2019 e 1,0%) e “Calçado,
peles e couros” (1,5% e 1,4% em 2018).
Do quadro seguinte consta o peso da
Reino Unido nas importações totais portuguesas e por grupos de produtos entre
2014 e 2019.
3.6 – Exportações
Em 2019 os grupos de produtos mais
representativos nas exportações portuguesas com destino no Reino Unido foram “Material de transporte terrestre e partes”
(19,5% do total em 2019 e 18,6% em 2018) e “Máquinas,
aparelhos e partes” (17,5% e
19,8%).
Seguiram-se os grupos “Têxteis e vestuário” (10,8% e 10,9%), “Químicos” (10,7% e 11,9%), “Agro-alimentares”
(9,8% e 9,3%), “Produtos acabados diversos”
(9,5% e 9,3%), “Madeira, cortiça e papel”
(8,1% e 7,0%) e “Minérios e metais” (8,1%
e 8,7%).
Com menor peso no total alinharam-se
depois os grupos “Calçado, peles e couros”
(3,4% e 3,5%), “Aeronaves, embarcações
e partes” (1,8% e 0,2%) e “Energéticos” (0,8% em cada um dos anos).
Do quadro seguinte, à semelhança das
importações, consta o peso da Reino Unido nas exportações totais portuguesas e
por grupos de produtos entre 2014 e 2019.
3.7 – Principais
acréscimos e decréscimos por grupos de produtos,
desagregados
a 4 dígitos da Nomenclatura Combinada
Nos quadros
seguintes relacionam-se, por grupos de produtos, os acréscimos e decréscimos
verificados nas importações e nas exportações portuguesas de e para o Reino
Unido em 2018 e 2019, desagregados a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada, cujo
conjunto representa um peso, no respectivo grupo, sempre superior a 80%.
Nas
importações, os maiores acréscimos em 2019 incidiram nos grupos “Energéticos” (+169,4 milhões de Euros) e “Agro-alimentares” (+62,3 milhões). O maior decréscimo coube ao grupo
“Químicos” (-27,6 milhões).
Do lado das
exportações os principais acréscimos registaram-se nos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (+59,4 milhões de Euros), “Madeira, cortiça e papel” (+36,7 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+31,2 milhões) e “Agro-alimentares”
(+17,0 milhões), Os principais decréscimos ocorreram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (‑87,5 milhões) e “Químicos”
(-47,2 milhões de Euros)
3.7.1 – Importações
3.7.2 – Exportações
Alcochete, 25 de Março de 2020.
ANEXO