Nota introdutória
Na divulgação, no portal do Instituto Nacional de Estatística, dos dados do
Comércio Internacional para os meses de Maio e também de Junho de 2020, no Resumo
da sua análise chama-se a atenção do utilizador para os efeitos da pandemia que
atravessa o país, designadamente no que se refere à “quantidade de informação
primária disponível na compilação dos resultados apresentados”.
Reportando-se a análise da evolução do comércio internacional que se segue
ao período acumulado de Janeiro a Junho de 2020, face ao período homólogo do
ano anterior, esta estará assim afectada de alguma falta de informação.
1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), com última actualização em 7 de Agosto de 2020, no período acumulado
de Janeiro a Junho de 2020, as exportações de mercadorias, face ao período
homólogo do ano anterior, decresceram em valor ‑17,1% (-5,2 mil milhões de
Euros), a par de uma quebra nas importações de -19,7% (-8,0 mil milhões).
Estas descidas reflectem quebras significativas verificadas nos meses de Março, Abril, Maio e Junho, respectivamente -12,4%, -39,8%, -39,8% e -23,1% na importação, e -13,0%, -41,0%, ‑38,7% e -10,1% na exportação, em termos homólogos.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo Total corresponde
aqui ao somatório dos valores dos actuais 27 membros, incluindo provisões de bordo,
países não determinados e confidencialidade (Reino Unido excluído), registaram
uma quebra de ‑17,1% (‑3,7 mil milhões de Euros), tendo as exportações para os
países terceiros decaído -17,0% (‑1,5 mil milhões). Por sua vez, as importações
vindas da UE (chegadas) diminuiram –20,6% (-6,2 mil milhões), com as
originárias dos países terceiros a decrescerem -17,4% (-1,9 mil milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -27,6% ao situar-se em -7,5
mil milhões de Euros (menos 2,8 mil milhões do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de 2,5 mil milhões no comércio intracomunitário e de
378 milhões no extracomunitário). Em termos globais, o grau de cobertura
(Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 74,7%, em 2019, para 77,1%,
em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020,
neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 438 para 313 Euros/Ton., com uma subida sensível no mês de Junho.
Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida
em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos
factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos”, Capº 27 da NC (11,5% e 9,8%
do total das importações em 2019 e 2020 no período em análise, e 5,9% e 5,2% na
vertente das exportações), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações
sobe, em 2020, de 77,1% para 81,1%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Os
principais destinos nos primeiros seis meses de 2020 foram a Espanha (24,9%), a
França (13,5%), a Alemanha (12,0%), o Reino Unido (5,6%), os EUA (5,1%), a Itália
(4,5%), os Países Baixos (3,9%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%), a Polónia e o
Brasil (1,4% cada), a Suíça e a Suécia (1,2% cada) e a Turquia (1,0%), destinos
que representaram 79,7% do total das
exportações.
Angola, o
terceiro maior mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e dos
EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –28,7% em 2020 (-173,3
milhões de Euros), envolvendo a totalidade dos onze grupos de produtos. As
maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-48,9 milhões de Euros), “Minérios
e metais” (-31,7 milhões), “Químicos”
(‑30,2 milhões), “Produtos acabados
diversos” (‑18,6 milhões), “Agro-alimentares” (-17,9 milhões) e “Têxteis
e vestuário” (-10,6 milhões de Euros).
Entre os
trinta principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’
negativo das exportações neste período (-17,1%), pertenceram à Irlanda (+0,14
p.p.) e à Dinamarca (+0,08 p.p.). O maior contributo negativo coube a Espanha
(‑4,1 p.p.), seguida da Alemanha (-2,3 p.p.), da França (-2,0 p.p.), do Reino
Unido (-1,4 p.p.), da Itália (-1,1 p.p.), dos Países Baixos e EUA (-0,7 p.p.
cada), de Angola (-0,6 p.p.), do Canadá (-0,5 p.p.) e de Marrocos (-0,4 p.p.).
Os maiores acréscimos, em Euros,
nas expedições para o espaço comunitário,
em termos homólogos, incidiram na Irlanda e na Dinamarca. Os maiores
decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Itália e Países Baixos, seguidos
da Áustria, Bélgica, Provisões de Bordo,
Polónia, Eslováquia, Grécia, Finlândia e Roménia.
Nos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se
os de Taiwan, Japão, Gibraltar, Ceuta e Coreia do Sul. Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino
Unido, seguido dos EUA, Angola, Canadá, Marrocos, Provisões de Bordo e China.
3.2 - Importações
De
Janeiro a Junho de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que
representaram 72,9% do total (73,7% em 2019), registaram um decréscimo de -20,6%
e contribuíram com -15,2 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de -19,7%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑17,4%,
representando 27,1% do total em 2020 (26,3% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’
global de -4,6 p.p..
Os
principais mercados de origem das importações em 2020, foram a Espanha (31,3%),
a Alemanha (13,1%) e a França (7,3%). Seguiram-se os Países Baixos (5,5%), a
Itália (5,0%), a China (4,6%), a Bélgica (3,0%), o Reino Unido e o Brasil (2,7%
cada), os EUA (1,7%) e a Nigéria (1,6%). Estes países representaram, no seu
conjunto, 78,6% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑19,7%)
destacou-se o do Brasil (+1,0 p.p.), seguido da Nigéria (+0,4 p.p.), da China
(+0,2 p.p.), de Taiwan e da Suécia (+0,1 p.p. cada).
Os maiores contributos negativos
couberam a Espanha (-4,5 p.p.), à França (-4,4 p.p.) e à Alemanha (-3,1 p.p.).
Seguiram-se a Rússia (-1,2 p.p.), a Itália (-1,0 p.p.), o Azerbaijão (-0,9
p.p.), os EUA, Bélgica e Arábia Saudita (‑0,6 p.p. cada), e o Reino Unido (-0,4
p.p.).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+1026 milhões de Euros), aos EUA (+731 milhões) e ao Reino Unido (+518 milhões). Seguiram-se a Turquia (+245 milhões) e Marrocos (+146 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-3943 milhões de Euros), seguido dos da China (‑1288 milhões), da Alemanha (-1266 milhões), dos Países Baixos (-819 milhões) e do Brasil (-527 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
Registaram-se decréscimos, face a 2019, nas exportações de todos os 11 grupos de produtos, sendo de um pouco mais de 1 milhão de Euros o decréscimo no grupo “Agro-alimentares”. Os maiores contributos para o decréscimo global (-5,2 mil milhões de Euros), couberam aos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (-1,5 mil milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (-562 milhões), “Produtos acabados diversos” (‑535 milhões), “Minérios e metais” (-521 milhões), “Energéticos” (-487 milhões), “Têxteis e vestuário” (-477 milhões) e “Quimicos” (-441 milhões de Euros).
À
semelhança das exportações, verificaram-se decréscimos em todos os 11
grupos de produtos, num total de -8,0 mil milhões de Euros, cabendo os mais
significativos aos grupos “Material de transporte terrestre e partes”
(-1,7 mil milhões), “Energéticos” (-1,5 mil milhões), “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (‑1,2 mil
milhões de Euros).
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 24,9% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4ª
posição, precedida do Brasil, dos EUA e da França).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,5%), a
Alemanha (12,0%), o Reino Unido (5,6%), os EUA (5,1%), a Itália (4,5%), os Países
Baixos (3,9%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%) e Polónia (1,4%). Estes dez
países representaram 74,9% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos, com 31,3% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (3ª posição, precedida do Brasil e Nigéria) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, depois da França, Alemanha e EUA).
Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,1%), a França (7,3%), os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,0%), a China (4,6%), a Bélgica (3,0%), o Reino Unido e o Brasil (2,7% cada) e os EUA (1,7%). Estes dez países cobriram 77,0% das importações totais.
Alcochete, 9 de Agosto de 2020.
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