Exportações e importações
de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
(2015-2019 e Janeiro-Julho 2019-2020)
( disponível para download >> aqui )
1 - Nota introdutória
A evolução do nível de
intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos Industriais
Transformados, a que corresponde um maior ou menor valor acrescentado, tem um
reflexo directo na balança comercial de mercadorias, sendo na exportação um
importante indicador de desenvolvimento industrial. Pretende-se neste trabalho analisar,
a partir de dados de base do INE para os anos de 2015 a 2019 e, com maior
pormenor, no período acumulado de Janeiro a Julho de 2020, com última actualização
em 9/9/2020, a evolução do comércio internacional português destes produtos por
níveis de intensidade tecnológica.
2 – Metodologia
Os níveis de intensidade
tecnológica considerados neste trabalho são os propostos pela OCDE, definidos com
base na Revisão-3 da “International
Standard Industrial Classification” (ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30,
32 33, 353); Média-alta tecnologia - 24 excl. 2423, 29, 31, 34, 352, 359);
Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351) e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e
37).
A partir da tabela correspondente ao ano de
2007, com recurso à “Classificação Tipo
do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos
em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas
alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 abrangendo o
período de 2007 a 2020, com alguns ajustamentos introduzidos à tabela utilizada
em trabalhos anteriores.
3 – Balança comercial dos Produtos Industriais Transformados por níveis de intensidade tecnológica
Ao longo dos últimos cinco anos e período acumulado de Janeiro a Julho de 2020, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial portuguesa do conjunto dos Produtos Industriais Transformados foi negativo.
Neste período o saldo da
balança dos produtos de Média-baixa e de Baixa tecnologia foi positivo,
enquanto que o saldo da balança dos produtos de Alta tecnologia e de Média-alta tecnologia foi negativo.
4 – Exportação de Produtos Industriais Transformados por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na
exportação global portuguesa decresceu sucessivamente, no período de 2015 a 2019,
de 94,5%, em 2015, para 93,6%, em 2019, situando-se respectivamente em 93,8% e 93,5%
nos primeiros sete meses de 2019 e 2020.
Por níveis de intensidade tecnológica, o maior peso nas exportações do
conjunto dos Produtos Industriais Transformados no período Janeiro-Julho 2020 incidiu
na Baixa tecnologia (36,0%), seguida da Média-alta tecnologia
(30,4%), da Média-baixa tecnologia (22,4%) e da Alta tecnologia (11,2%).
O peso da
Alta
tecnologia no total das exportações de produtos industriais
transformados, exceptuando uma pequena desaceleração em 2018, tem subido sustentadamente desde 2015.
Aqui se encontram incluídos, por ordem decrescente
do seu peso nos primeiros sete meses de 2020, os “Instrumentos médicos, ópticos e de
precisão” (32,7%), o “Equipamento de
rádio, TV e comunicações” (30,6%), os “Produtos
farmacêuticos” (25,1%), os produtos da “Aeronáutica
e aeroespacial” (6,7%) e o “Equipamento
de escritório e computação” (4,9%).
A Média-alta
tecnologia engloba, ainda por
ordem decrescente de valor no período em análise de 2020, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques”
(43,8%), as “Máquinas e equipamentos
n.e., principalmente não eléctricos” (20,1%), os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos” (19,6%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (13,6%)
e o “Equipamento ferroviário e outro
equipamento de transporte” (2,9%).
Na Média-baixa
tecnologia perfilam-se, por
ordem decrescente de valor em 2020, os “Produtos
da borracha e do plástico” (27,0%), os “Refinados
de petróleo, petroquímicos e combustível nuclear” e a “Fabricação de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (20,3%
cada), os “Produtos minerais não
metálicos” (16,0%), a “Metalurgia de
base” (15,9%) e, residualmente, a “Construção
e reparação naval” (0,5%).
Por fim,
na Baixa
tecnologia alinham-se os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (36,4%),
os “Produtos alimentares, bebidas e
tabaco” (31,6%), a “Pasta, papel,
cartão e publicações” (13,5%), as
“Manufacturas não especificadas e
reciclagem” (9,4%) e a “Madeira e
produtos da madeira e cortiça” (9,1%).
As exportações
anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram
sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos. Verificaram-se desacelerações,
face ao ano anterior, nas exportações dos produtos de Média-alta tecnologia em 2016
e de Média-baixa
tecnologia em 2016 e 2019.
4.1 – Mercados de destino das exportações
As exportações globais de Produtos
Industriais Transformados, têm por principal destino o espaço comunitário. No período
acumulado de Janeiro a Julho de 2020 as exportações para o espaço comunitário
representaram 71,1% do Total destes produtos (70,8% em 2019) e 28,9% para os
países terceiros (29,2% em 2019).
Neste período, o maior peso da
União Europeia nas exportações portuguesas de Produtos Industriais Transformados,
por níveis de intensidade tecnológica, incidiu nos produtos de Média-alta
tecnologia (75,9%). Seguiram-se
a Baixa
tecnologia (70,6%), a Média-baixa
tecnologia (67,8%) e a Alta tecnologia (65,7%).
Os países
constantes do quadro seguinte representaram 75,1% das exportações globais
portuguesas nos primeiros sete meses de 2020 e 75,0% das exportações de Produtos
Industriais Transformados.
Entre estes dez países
destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (23,7%
do total), seguida da França (14,3%) e da Alemanha (12,4%). Com pesos menores
alinham-se depois o Reino Unido (5,5%), os EUA (5,4%), a Itália (4,6%), os
Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,8%) e a Polónia (1,3%).
Em 2020, no período em análise,
a Espanha ocupou a primeira posição na Média-alta, na Média-baixa e na Baixa
tecnologias, cabendo à Alemanha o primeiro lugar ao nível da Alta
tecnologia. Ao nível da Alta tecnologia, depois da Alemanha (24,3%)
alinharam-se a Espanha (11,8%), a França (8,2%), os EUA (8,1%), o Reino Unido
(6,7%), Angola (2,4%), os Países Baixos e a Itália (2,3% cada), a Bélgica
(1,8%) e a Polónia (1,1%).
Na figura seguinte encontra-se
representada a distribuição das exportações para cada um destes mercados por
níveis de intensidade tecnológica.
5 – Importação de Produtos Industriais Transformados por níveis de intensidade tecnológica
O peso dos Produtos Industriais Transformados na importação
global portuguesa aumentou de 82,4% em 2015 para 85,0% em 2016, manteve-se em
cerca de 84% nos dois anos seguinte, subindo para 85,5% em 2019.
No período de Janeiro a Julho de 2020, de acordo com os dados preliminares disponíveis, o conjunto dos Produtos Industriais Transformados representou 85,2% do total global das importações.
Neste período, por níveis de intensidade tecnológica, o maior peso no
conjunto das importações de Produtos Industriais Transformados incidiu na Média-alta tecnologia (38,4%).
Seguiu-se a Baixa tecnologia (26,8%), a Alta tecnologia (18,3%) e a Média-baixa tecnologia (16,4%).
Na Alta tecnologia encontram-se incluídos, por
ordem decrescente do seu peso no no período em análise de 2020, os “Produtos farmacêuticos” (32,1%), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (29,6%),
os “Instrumentos médicos, ópticos e de
precisão” (15,9%), o “Equipamento de
escritório e computação” (12,3%) e os produtos da “Aeronáutica
e aeroespacial” (10,0%).
No mesmo
período, a Média-alta tecnologia
engloba, ainda por ordem decrescente de valor, os “Produtos químicos, excepto farmacêuticos” (33,1%), os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques”
(32,0%), as “Máquinas e equipamentos n.e.,
principalmente não eléctricos” (22,1%),
as “Máquinas e aparelhos eléctricos
n.e.” (10,9%) e o “Equipamento ferroviário e outro equipamento
de transporte” (1,9%).
Na Média-baixa
tecnologia perfilam-se, por
ordem decrescente de a “Metalurgia de base”
(34,4%), os “Produtos da borracha e do
plástico” (24,8%), a “Fabricação de
produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (18,3%), os “Refinados de petróleo, petroquímicos e
combustível nuclear” (11,8%), os “Produtos
minerais não metálicos” (10,4%) e, residualmente, a “Construção e reparação naval” (0,3%).
Na Baixa
tecnologia alinham-se, por
ordem decrescente do seu peso, os “Produtos
alimentares, bebidas e tabaco” (46,3%), os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (30,8%), a “Pasta, papel, cartão e publicações” (9,5%),
as “Manufacturas não especificadas e reciclagem”
(9,0%), e a “Madeira e produtos da
madeira e cortiça” (4,5%).
As
importações anuais do conjunto dos Produtos Industriais Transformados cresceram
sustentadamente ao longo dos últimos cinco anos, bem como em todos os níveis de
intensidade tecnológica à excepção da Média-baixa tecnologia,
em que se verificou uma desaceleração em 2016.
O ritmo de crescimento anual com maior amplitude verificou-se-se na Alta tecnologia (+76,6% em 2019, face a 2015).
5.1 – Mercados de origem das importações
À semelhança do que acontece
na vertente das exportações, as importações globais portuguesas, e igualmente as
de Produtos Industriais Transformados, têm por principal origem o espaço
comunitário.
Nos primeiros sete meses de
2020 as importações provenientes do espaço comunitário representaram 79,9% do
Total destes produtos industriais (81,1% em igual período de 2019), contra 20,1%
das oriundas dos países terceiros (18,9% em 2019).
Neste período, o maior peso da
União Europeia nas importações portuguesas de Produtos Industriais Transformados,
por níveis de intensidade tecnológica, incidiu nos produtos de Média-alta
tecnologia (81,9%).
Seguiram-se a Média-baixa
tecnologia (79,5%), a Baixa
tecnologia (78,9%) e a Alta
tecnologia (77,3%).
Os países
constantes do quadro seguinte representaram 77,4% das importações globais
portuguesas no período de Janeiro a Julho de 2020 e 82,3% das importações de
produtos industriais transformados.
Entre estes dez países
destaca-se, no âmbito dos Produtos Industriais Transformados, a Espanha (31,9%
do total), seguida da Alemanha (15,2%) e da França (11,7%).
Com pesos inferiores
alinham-se depois a Itália (6,0%), os Países Baixos (5,4%), a China (4,3%), a Bélgica
(3,5%), o Reino Unido (2,5%), os EUA (1,5%) e o Brasil (0,5%).
Na figura seguinte encontra-se
representada a distribuição das importações com origem em cada um destes mercados,
por níveis de intensidade tecnológica.
Alcochete, 23 de Setembro de 2020.
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