Comércio Internacional de mercadorias
com Angola
(2016-2020 e Janeiro-Setembro 2020-2021)
( disponível para download >> aqui )
1 – Nota
introdutória
Neste trabalho é feita uma breve
análise da evolução do comércio externo de mercadorias de Angola nos últimos
anos, com base em dados estatísticos divulgados pelo “Banco Nacional de
Angola” (BNA) e pela “Administração Geral Tributária” (AGT), do
Ministério das Finanças de Angola.
Segue-se uma análise da evolução do
comércio internacional de mercadorias de Portugal com Angola entre 2016 e 2020
e período de Janeiro a Setembro de 2020 e 2021, com base em dados estatísticos
divulgados pelo “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), definitivos
para 2020 e preliminares para 2021, com última actualização em 9 de Novembro de 2021.
2 – Alguns dados sobre
o Comércio Externo de Angola
O peso do sector petrolífero na
exportação global de mercadorias de Angola foi superior a 95% ao longo dos
últimos seis anos, o que torna a economia angolana fortemente dependente do
comportamento deste sector no mercado internacional.
A partir de 2014 o valor das
exportações, essencialmente constituídas por petróleo bruto, desceram
significativamente abaixo do valor que detinham em 2010, arrastando consigo o comportamento
do valor das importações de mercadorias, que desceram também abaixo do nível de
2010.
2.1 – Balança
Comercial
A Balança
Comercial de Angola é ‘superavitária’, com elevados graus de cobertura das
importações pelas exportações.
Em 2020,
face ao ano anterior, as importações terão decrescido -35,4% e as exportações ‑43,3%,
com o saldo da balança a cair -48,6%, ao situar-se em +9,8 mil milhões de
Euros, ou seja uma quebra de -9,3 mil milhões de Euros face ao ano anterior.
2.2 – Principais mercados de origem e de destino das trocas comerciais angolanas
Em 2020, de
acordo com estatísticas da Administração Geral tributária de Angola, o
principal mercado de origem das importações angolanas de mercadorias foi
a China, com 15,5% do Total, seguida de Portugal, com 14,2%. No ano precedente
Portugal havia ocupado a 3ª posição, precedido da China e da França.
Seguiram-se
em 2020, entre os principais mercados, os EUA (6,6%), o Brasil e a Índia (4,8%
cada), o Reino Unida (4,7%), a África do Sul (4,3%), a Bélgica (4,2%), a França
(3,4%) e a Coreia do Sul (3,3%).
As exportações,
centradas no petróleo, tiveram por principal destino a China (56,9% do Total).
Seguiram-se os EUA (8,9%), a Índia (7,3%), os Emirados Árabes Unidos (4,5%), a
Tailândia (3,6%), Singapura (2,5%), a Espanha (1,7%), a França e Portugal (1,6%
cada), Taiwan e Itália (1,4% cada) e a África do Sul (1,0%).
2.3 – Evolução das
exportações angolanas de petróleo bruto (2000 a 2019)
2.4 – Quotas de
Portugal nas importações e exportações angolanas
No gráfico seguinte constam as quotas de Portugal no total das importações e exportações de Angola entre 2015 e 2020, segundo estatísticas angolanas.
2.5 – Importações em
Angola por grupos de produtos e quotas de Portugal
Foram aqui analisados, convertidos em
Euros, os últimos dados disponíveis para as importações de mercadorias em
Angola em 2019 e 2020, de fonte “Administração Geral Tributária de Angola”
(AGT), por Capítulos do Sistema Harmonizado (SH), agregados em Grupos de
Produtos cujo conteúdo, em termos de Nomenclatura SH, se encontra definido em Anexo.
Para o cálculo das quotas de Portugal
por grupos de produtos, por não terem sido encontrados, de fonte angolana, dados
ao nível de capítulo, foram utilizadas estatísticas portuguesas de fonte INE, a que foram aplicadas as necessárias
conversões de valores Cif-Fob, com utilização de um factor fixo (Fob =
Cif x 0,9533), sendo certo que
existem inevitáveis divergências entre os valores de base das duas fontes.
Em 2020 verificaram-se decréscimos das
importações em todos os grupos de produtos, com uma quebra global de -35,4%
face ao ano anterior (cerca de -4,5 mil milhões de Euros). As importações com
maior peso no total incidiram nos grupos “Produtos
acabados diversos” (23,0%), “Químicos” (14,0%), “Minérios e
metais” (13,5%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,2%) e “Calçado,
peles e couros” (13,1%).
Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (11,9%, “Têxteis e vestuário” (11,8%) e “Agro-alimentares”
(11,1%).
Com pesos menores alinharam-se “Material
de transporte terrestre e partes” 3,9%), “Energéticos” (1,4%) e “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,3%).
Por grupos
de produtos, em 2020 as maiores quotas de Portugal ocorreram nos grupos “Produtos acabados diversos” (23,0%), “Químicos” (14,0%),
“Minérios e metais” /13,5%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,2%), “Calçado, peles e couros” (13,1%), “Madeira, cortiça e papel” (11,9%), “Têxteis e vestuário” (11,8%) e “Agro-alimentares” (11,1%).
Com quotas
inferiores alinharam-se os grupos “Material
de transporte terrestre e partes”
(3,9%), “Energéticos” (1,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3%).
2.6 – Exportações em
Angola por grupos de produtos e quotas de Portugal
As exportações de Angola, como já ficou evidenciado, radicam nos produtos petrolíferos, que representam mais de 90% do Total.
Em 2020, à excepção de “Aeronaves, embarcações e partes”,
verificaram-se decréscimos nas exportações dos restantes grupos de produtos, sendo
a queda global de -43,3% (-13,8 mil milhões de Euros). Neste ano, as
exportações de produtos “Energéticos” representaram 93,2% do Total.
3. Comércio Internacional de Portugal com Angola (2016-2020 e Janeiro-Setembro 2020-2021)
Para as trocas comerciais de Portugal
com Angola vão agora ser utilizadas estatísticas do Instituto Nacional de
Estatística de Portugal, com dados definitivos até 2020 e preliminares para 2021.
Após um
decréscimo em relação ao valor que detinham em 2016, as importações de Portugal
com origem em Angola aceleraram nos dois anos seguintes, para descerem em 2020 abaixo
do nível de 2016. Por sua vez as exportações, tendo aumentado em 2017, desaceleram
sucessivamente a partir de então, situando-se abaixo do nível de 2016 nos dois
últimos anos.
3.1 – Balança Comercial
A balança comercial de 2016 a 2020
e nos primeiros nove meses de 2021 foi francamente favorável a Portugal, com um
elevado grau de cobertura das importações pelas exportações.
Após um significativo aumento em 2017
face ao ano anterior, (+117,9%), o saldo da balança comercial decresceu até
2019, passando de 1,5 mil milhões de Euros para apenas 163 milhões, tendo-se
invertido este comportamento de descida em 2020 ao situar-se então em 389
milhões de Euros. Nos primeiros nove meses de 2021, face ao mesmo período do
ano anterior, o saldo da balança mais que duplicou, ao passar de 294 para 594
milhões de Euros.
3.2 – Importações
As importações provenientes de Angola encontram-se centradas no petróleo bruto e logo sujeitas à flutuação do seu preço no mercado internacional, tendo o grupo dos produtos “Energéticos” representado 96,2% nos primeiros nove meses de 2020.
Nos primeiros nove meses de 2021 este grupo viu o seu peso descer para 74,1% do Total, com o grupo “Agro-alimentares” a representar 13,8%, contra 2,3% no período homólogo de 2020. Estas importações centraram-se em farelos e outros resíduos de moagem, crustáceos, bananas, café e fruta diversa.
O grupo “Minérios e metais”
representou 1,7% do Total em 2021, com destaque para as importações de granito
em bruto ou cortado à serra.
No mesmo ano o grupo “Madeira, cortiça e papel” pesou 1,4% no Total, essencialmente madeira serrada.
3.3 – Exportações
Ao longo do último quinquénio e
primeiros nove meses de 2021 as principais exportações portuguesas para Angola
incidiram nos grupos de produtos “Máquinas, aparelhos e partes”,
“Agro-alimentares” e “Químicos”.
No período acumulado de Janeiro a
Setembro de 2021 as exportações de “Máquinas, aparelhos e partes”, muito
diversificadas, representaram 30,2% do Total (26,3% no ano anterior),
tendo-se destacado os suportes para gravação de som, as máquinas automáticas
para processamento de dados, os quadros de comando e distribuição de energia eléctrica,
as partes de guindastes e outros aparelhos de elevação e os fios e cabos
eléctricos.
Entre os produtos “Agro-alimentares”
(19,8% em 2021 e 24,6% em 2020) predominaram o óleo de soja, os vinhos e os
enchidos de carne.
No âmbito dos produtos “Qúímicos”
(18,0% em 2021 e 17,8% em 2020) ocuparam posição dominante os medicamentos.
Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (11,6% em 2021 e
11,1% em 2020), principalmente aparelhos para uso médico, mobiliário, aparelhos
de iluminação, assentos mesmo transformáveis em cama e os ladrilhos cerâmicos,
entre muitos outros, e “Minérios e metais” (9,4% em cada um dos
anos), com destaque para as construções em ferro/aço ou alumínio e suas partes,
e obras diversas de ferro/aço.
Com pesos mais reduzidos alinharam-se
depois os grupos: “Madeira, cortiça e papel” (4,0% e 3,7%
respectivamente em 2021 me 2020), principalmente caixas e embalagens de papel
ou cartão, papel e cartão em rolos ou folhas, obras de carpintaria para construção,
painéis de fibras de madeira, livros e impressos; “Material de transporte
terrestre e partes” (2,8% e 2,7%), com destaque para as partes e
acessórios de veículos automóveis, veículos para o transporte de mercadorias,
reboques e veículos para usos especiais; “Têxteis e vestuário”
(2,4% e 2,5%), muito diversificados, evidenciando-se os moldes para vestuário,
a roupa de cama, mesa, toucador e cozinha, as T-shirts de malha e os cortinados; “Energéticos” (1,0% e 1,2%), essencialmente
produtos refinados; “Calçado, peles e couros” (0,6% e 0,7%),
designadamente calçado de diversos tipos e malas, pastas, carteiras e
semelhantes em couro; e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3% e
0,1%), essencialmente embarcações de pesca.
Alcochete,
2 de Dezembro de 2021.
ANEXO
Sem comentários:
Enviar um comentário