terça-feira, 8 de março de 2022

Sector "Têxteis e Vestuário" - Importações na UE-27 e Comércio Internacional português (2017-2020-2021)

 

Sector "Têxteis e Vestuário"
Importações na UE-27 e quotas de Portugal
(2020)
Comércio Internacional português
(2017-2021)

                                            ( disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória

As exportações de “Têxteis” e “Vestuário”, que haviam registado um forte incremento após a adesão de Portugal às Comunidades, começaram a decair em 2002, quebra que se acentuou em vésperas do desmantelamento do “Acordo Multifibras”, que ocorreu em Janeiro de 2005, face às regras da “Organização Mundial de Comércio” (OMC) que viriam a ser impostas, a que se seguiu um acentuado aumento de exportações de origem asiática, principalmente da China, para mercados das exportações portuguesas, em particular no espaço comunitário.

A indústria reagiu, apostando na qualidade, na inovação e no “design”, com um aumento de valor acrescentado, mas as exportações foram alvo de um novo decréscimo com o eclodir de uma crise financeira mundial a partir de finais de 2007, que teve origem nos EUA e ficou conhecida como crise do “subprime”, tendo as nossas exportações sido rapidamente atingidas.

A partir de 2009 assistiu-se a uma recuperação sustentada destas exportações, que atingiram o seu ponto de maior crescimento em 2018, para decrescerem a partir de então, mais acentuadamente em 2020, na sequência da pandemia que assolou o mundo, para recuperarem em 2021.

Mais de 70% das exportações portuguesas de “Têxteis e Vestuário” têm por destino a União Europeia, de que a China é o principal fornecedor, mesmo considerando as importações intracomunitárias.

Vai-se neste trabalho analisar, com base em dados anuais do EUROSTAT para 2020, os últimos disponíveis, a evolução das importações da UE-27 (Reino Unido e Irlanda NT, excluído), por mercados e capítulos da NC nos últimos anos, e a posição de Portugal.

Os “Têxteis e Vestuário” continuam a ocupar uma importante posição no contexto das exportações portuguesas, com grande interligação com as importações ao nível das matérias-primas necessárias à indústria, analisando-se em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal destes produtos em 2017, 2020 e 2021, com base em dados do INE.

2. Importações de “Têxteis e Vestuário” na UE-27 (2020)

2.1 – Partição Intra e Extra-comunitária

Em 2020, as importações da UE-27 (Reino Unido/Irlanda NT excluído) no conjunto dos “Têxteis” e “Vestuário”, com origem no espaço extra-comunitário, pesou 52,3% no Total, com 56,3% na área dos “Têxteis” e 50,0% no “Vestuário”. No que concerne a Portugal, no mesmo período a importação deste conjunto de produtos representou 35,4% do total dos países terceiros, cabendo 50,9% aos "Têxteis" e apenas 18,7% ao "Vestuário".

2.2 – Principais mercados de importação na UE-27 e em Portugal

Em 2020, o principal mercado de importação Intra e Extra-comunitária de “Têxteis e Vestuário” na UE-27, foi a China (22,5%), seguida da Alemanha (11,1%), da Itália (5,9%), do Bangladesh (5,6%), da Turquia (5,4%), dos Países Baixos (5,1%), da Polónia (4,3%), da Espanha (3,9%), da Bélgica (3,5%) e da França (3,2%). As importações com origem em Portugal representaram 1,3% do Total. 

No mesmo ano, os principais mercados de origem para Portugal foram a Espanha (31,7%), a China (13,3%), a Itália (10,5%), a Alemanha (6,9%, a França (6,2%), a Índia (5,4), os Países Baixos (3,6%), o Paquistão (3,4%) e a Turquia (3,2%).


2.3 – Ritmo de evolução dos fornecimentos à UE-27 de “Têxteis”                                         e de “Vestuário” pela China e Portugal


2.4 – Importações na UE-27 de “Têxteis e Vestuário” e suas componentes                         por capítulos da NC e peso de Portugal

As principais importações (Intra+Extra) de produtos “Têxteis” na União Europeia incidiram, em 2020, em “Artefactos têxteis” muito diversificados, incluindo moldes para vestuário e roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha (47,9%), “Pastas (ouates), feltros, falsos tecidos e cordoaria” (9,2%), “Filamentos sintéticos ou artificiais” (9,2%), “Fibras sintéticas ou artificiais descontínuas” (7,2%), “Tecidos impregnados e artigos de uso técnico” (6,1%),  “Algodão” (5,3%), e “Tapetes e outros revestimentos” (4,5%), produtos que representaram, no seu conjunto, 89,3% do Total.

As principais importações de “Vestuário” dividiram-se em partes praticamente iguais entre vestuário de malha evestuário  excepto de malha, e seus acessórios.

No quadro seguinte pode observar-se, por Capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2), em pontos percentuais, o contributo em 2020 da China e de Portugal para as importações de “Têxteis e Vestuário” e suas componentes na UE-27 e nos cinco principais clientes comunitários de Portugal, que representaram nesse ano 82,3% dos fornecimentos portugueses, designadamente a Espanha (31,3%), a França (20,4%), a Alemanha (14,2%), a Itália (8,8%) e os Países Baixos (7,6%).


3. Comércio Internacional português de “Têxteis e Vestuário”                                        e suas componentes

Estes produtos continuam a ocupar uma importante posição no contexto das exportações portuguesas, com uma grande interligação com as importações ao nível das matérias-primas para a indústria. Contudo, face ao desenvolvimento de outros sectores, como o sector automóvel, por exemplo, o seu peso no total das exportações tem vindo a decrescer desde 2001, quando representa 18,7%, tendo pesado 8,7% em 2021.

Neste trabalho vai-se analisar, separadamente, a evolução dos produtos “Têxteis” e do “Vestuário” ao longo do último quinquénio (2017-2021).

Os “Têxteis” vão ser divididos em quatro componentes: “Fibras e Fios”, “Tecidos”, “Têxteis-Lar” e “Outros Têxteis”. Por sua vez o “Vestuário” vai ser desdobrado em três componentes: “Vestuário de Malha e acessórios”, “Vestuário excepto de Malha, e acessórios” e “Outros acessórios”, como chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas, bengalas, obras de penas ou de cabelo e flores artificiais (ver Anexo).

Os “Têxteis” prevalecem nas importações do sector (51,6% em 2021), sendo o “Vestuário” maioritário nas exportações (58,4%).


3.1 – Balança Comercial do sector “Têxteis e Vestuário”

A balança comercial do sector “Têxteis e Vestuário” foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos.

O saldo positivo, que havia decrescido entre 2017 e 2020 de +1056 para +860 milhões de Euros, cifrou-se em 2021 num valor superior ao de 2017 (+1159 milhões), com um grau de cobertura das importações pelas exportações de +126,7%. 

3.2 – Comércio internacional de “Têxteis”

3.2.1 – Balança Comercial de “Têxteis”

À excepção de 2019, em que o saldo foi negativo (-8 milhões de Euros), a balança comercial anual de “Têxteis” foi favorável a Portugal no período em análise, com saldos positivos pouco significativos,

3.2.2 – Evolução das importações de “Têxteis” por componentes

A componente com maior peso nestas importações é a de “Fibras e Fios” (45,4% em 2021), seguida de “Tecidos” (26,0%), de “Outros têxteis”, que não têxteis-lar (19,9%) e de “Têxteis-Lar” (8,7%). 


Os “Têxteis-Lar” englobam principalmente roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, cortinados, tapetes e outros revestimentos, e outras guarnições para interiores.

Entre os “Outros têxteis” destacam-se os moldes para vestuário, os tecidos impregnados, os falsos tecidos, produtos diversos para uso técnico, fitas de fios e fibras, sacos para embalagem, etiquetas e emblemas, encerados, estores, tendas e velas.

3.2.3 – Mercados de origem de “Têxteis”


3.2.4 – Evolução das exportações de “Têxteis” por componentes


A componente com maior peso nestas exportações é a de “Têxteis-Lar” (33,5% em 2021), seguida de “Outros têxteis”, que não tecidos ou fibras e fios (31,8%), de “Tecidos” (21,4%) e de “Fibras e Fios” (13,4%).

Nos “Têxteis-Lar” destacam-se as exportações de roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, cobertores e mantas, tapetes e outros revestimentos, cortinados estores e sanefas, e artefactos diversos. Os “Outros têxteis” incidiram principalmente em cordéis, cordas e cabos, revestidos de borracha ou plástico, em tecidos impregnados, revestidos ou recobertos com plástico, telas para pneus e tecidos com borracha.

3.2.5 – Mercados de destino de “Têxteis”


3.3 – Comércio internacional de “Vestuário”

3.3.1 – Balança Comercial de “Vestuário”


No período de 2017 a 2021 a balança comercial anual de “Vestuário” foi favorável a Portugal, com saldos positivos compreendidos entre 762 milhões de Euros em 2019 e 1,1 mil milhões em 2021, com os correspondentes graus de cobertura das importações pelas exportações de 131,3% e 152,8%.

3.3.2 – Evolução das importações de “Vestuário” por componentes

A componente com maior peso nestas importações é a de “Vestuário de malha e seus acessórios” (49,5% em 2021), seguida de “Vestuário excepto de malha e seus acessórios” (46,3% em 2021), e de “Outros acessórios” (4,2%), onde se incluem chapéus, flores artificiais, guarda-chuvas, sombrinhas e guarda-sóis, entre outros.

3.3.3 – Mercados de origem de “Vestuário”

3.3.4 – Evolução das exportações de “Vestuário” por componentes




A componente com maior peso nas exportações de “Vestuário” é a de “Vestuário de malha e seus acessórios” (72,8% em 2021), contra 67,2% em 2017. Seguiu-se a de “Vestuário excepto de malha e seus acessórios” (24,8% em 2021), e a de “Outros acessórios” (2,4%), onde se incluem maioritariamente chapéus, esboços, discos e cilindros, de feltro para chapéus, e guarda-chuvas, sombrinhas e guarda-sóis.

3.2.5 – Mercados de destino de “Vestuário”




Alcochete, 3 de Março de 2022


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