quarta-feira, 17 de agosto de 2022

 

 Evolução da Exportação e Importação de calçado

(2017-2021 e 1º Semestre 2021-2022)

( disponível para download  >> aqui )


1 – Introdução

A exportação portuguesa de calçado, sustentadamente crescente desde o início da década de 80 do século passado, atingiu 1,7 mil milhões de Euros em 2001, tendo decrescido a partir de então. Manteve-se num patamar em torno de 1,3 mil milhões de Euros entre 2005 e 2009, tendo-se assistido então a um acréscimo sucessivo, atingindo 2 mil milhões de Euros em 2017. Decresceu depois até 1,5 mil milhões, em 2020, invertendo-se nesse ano a tendência decrescente para se situar em 1,7 mil milhões de Euros em 2021.

O peso do calçado na exportação global, que em 2001 se situava em 6,3%, tem vindo a decrescer tendencialmente, tendo representado 2,7% da exportação global em 2021.

Ao longo deste período cerca de 80% da exportação portuguesa de calçado teve por destino o espaço comunitário. Estas exportações não se confrontam apenas com a concorrência de países terceiros, principalmente a China, mas também com o reforço dos fornecimentos dos próprios estados-membros ao longo do último quinquénio, que subiram sucessivamente de 57,0%, em 2017, para 64,2% em 2021.



2 – Exportação e Importação portuguesa de calçado

      (2017-2021 e 1ºSemestre 2021-2022)

2.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial do calçado é fortemente favorável a Portugal.

Após uma desaceleração anual das importações a partir de 2017, mais acentuada em 2020, com uma taxa de variação de -21,7% face ao ano anterior, aumentaram +7,8% em 2021, tendo crescido +39,7% no 1º Semestre de 2022 face ao semestre homólogo do ano anterior.

Por sua vez as exportações, sucessivamente decrescentes desde 2017 (-16,5% em 2020), inverteram essa tendência em 2021 (+12,1%), tendo registado no 1º Semestre de 2022 um aumento de +30,8% face ao semestre homólogo de 2021.


2.2 – Importação por tipos de calçado

No primeiro Semestre de 2022 predominaram as importações de ‘Partes de calçado’ (29,8% do Total), seguidas das de ‘Calçado com a parte superior em matérias têxteis’ (28,1%), do ‘Calçado com a parte superior em couro’ (22,8%), do ‘Calçado com a parte superior em borracha ou plástico’ (17,3%) e, com menor expressão, do ‘Calçado não especificado’, como com sola de madeira, cortiça, corda, feltro, palha, etc. (1,0%), e do ‘Calçado impermeável’ (1,0%).

2.3 – Mercados de origem das importações

Ao longo dos últimos cinco anos o peso das importações de calçado com origem intracomunitária oscilou entre 72,4%, em 2018, e 75,9%, em 2021. No 1º Semestre de 2022 tiveram ali origem 71,8% das importações, contra 75,8% no semestre homólogo de 2021.

A nível global, os principais mercados de origem no ano de 2021 foram a Espanha (31,2%), a Alemanha (10,6%), a Itália (10,0%), a França (8,5%), a China (8,1%) e a Bélgica (7,5%).

Seguiram-se a Índia (6,4%), os Países Baixos (5,5%), a Indonésia (4,3%), o Vietname (1,8%), a República Checa (1,2%), o Reino Unido (0,7%), o Brasil e a Polónia (0,6% cada), países que no seu conjunto representaram 96,6% do Total.

2.4 – Exportação por tipos de calçado

As exportações portuguesas de calçado incidem em sua grande parte no calçado com a parte superior em couro, o de maior valor.

As exportações deste tipo de calçado representaram 82,4% do Total no 1º Semestre de 2022. O peso dos restantes tipos de calçado oscilou entre 4,4%, para o calçado com a parte superior em matérias têxteis, e 2,5%, para o calçado impermeável.

2.5 – Mercados de destino das exportações

Ao longo do último quinquénio o peso das exportações de calçado com destino intracomunitário oscilou entre 78,9%, em 2019, e 81,3%, em 2021. No 1º Semestre de 2022 tiveram ali origem 81,1% das exportações, contra 81,9% no semestre homólogo de 2021.


Os principais mercados de destino ao longo dos últimos cinco anos e 1º Semestre de 2022 foram a Alemanha, a França, os Países Baixos e a Espanha. 

Nas figuras seguintes constam os principais mercados de destino dos seis tipos de calçado.

Alcochete, 17 de Agosto de 2022.












quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Comércio Internacional de mercadorias - Série Mensal - Jan-Jun 2022

 

Comércio Internacional de mercadorias
- Série mensal -
Janeiro a Junho de 2022

( disponível para download  >> aqui )

1 - Balança comercial

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a Junho de 2021 e 2022, respectivamente em versão ja definitiva e em versão preliminar com última actualização em 9 de Agosto de 2022, as exportações de mercadorias aumentaram em valor, em termos homólogos, +24,5% (+7657 milhões de Euros), a par de um aumento das importações de +36,6% (+14188 milhões).


A partir do mês de Janeiro de 2021, nas estatísticas de base do INE foram acrescentados dois novos códigos de países, “XI-Reino Unido (Irlanda do Norte)” e “XU-Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte)”, apresentando-se a zeros a posição pautal com o código “GB-Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. Nos quadros destas séries mensais do Comércio Internacional manteremos, para já, este código GB, correspondente ao somatório dos valores dos dois novos códigos.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total corresponde aqui aos actuais 27 membros, registaram de Janeiro a Junho de 2022 um acréscimo de +23,4% (+5238 milhões de Euros), tendo as exportações para os Países Terceiros aumentado +27,4% (+2419 milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) aumentaram +25,8% (+7509 milhões) e as originárias dos Países Terceiros +69,2% (+6678 milhões).

O défice comercial externo (Fob-Cif) aumentou +86,5% ao situar-se em -14076 milhões de Euros (superior em 6530 milhões ao do ano anterior), a que corresponderam agravamentos de 2271 milhões no comércio intracomunitário e de 4259 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações desceu de 80,5%, em 2021, para 73,4%, em 2022.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. De Janeiro a Junho de 2022 o valor médio de importação do petróleo bruto subiu, face ao período homólogo de 2021, de 382 para 716 Euros/Ton.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros (o gráfico inclui já a cotação média do mês de Julho).

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou 17,3% no total das importações em 2022 e 8,7% do lado das exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações em 2022 sobe, no comércio global, de 73,4% para 81,1%.


2 – Evolução mensal


3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

Em 2022, no período de Janeiro a Junho, as exportações para a UE (expedições), que representaram 71,1% do Total, cresceram +23,4%, contribuindo com +16,8 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global de +24,5%. As exportações para o espaço extracomunitário (28,9% do Total), cresceram +27,4%, contribuindo com +7,7 p.p. para a taxa de ‘crescimento’ global.

Os dez principais destinos das exportações no período em análise de 2022 foram a Espanha (26,0%), a França (12,7%), a Alemanha (10,9%), os EUA (7,1%), a Itália e o Reino Unido incl. Irlanda NT (4,6% cada), os Países Baixos (4,2%), a Bélgica (2,3%), as Provisões de Bordo para Países Terceiros e a Polónia (1,4% cada), destinos que representaram 75,2% do total das exportações.

Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros no ano de 2021, depois dos EUA e do Reino Unido, registou no período em análise de 2022 um aumento de 52,8% nas nossas exportações (+220,8 milhões de Euros), envolvendo os acréscimos todos os grupos de produtos: “Máquinas, aparelhos e partes” (+52,7 milhões), “Agro-alimentares” (+45,4 milhões), Químicos (+33,3 milhões), “Produtos acabados diversos” (+31,4 milhões), “Minérios e metais” (+22,7 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (+15,5 milhões), “Têxteis e vestuário” (+6,0 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+4,1 milhões), “Energéticos” (+4,0 milhões), “Calçado, peles e couros” (+3,7 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (+2,0 milhões de Euros).

Entre os principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações neste período (+24,5%) pertenceram a Espanha (+6,0 p.p.), aos EUA (+3,7 p.p.), à Alemanha (+2,5 p.p.), à França (+2,3 p.p.), às Provisões de Bordo Extra-UE (1,2 p.p.), aos Países Baixos e Itália (+1,2 p.p. cada), à Suécia e Reino Unido/Irl NT (0,5 p.p. cada). Os maiores contributos negativos couberam a Marrocos (-0,5 p.p.), ao Japão (‑0,3 p.p.) e à China (+0,1 p.p.). 

Os maiores acréscimos nas expedições para o espaço comunitário incidiram em Espanha, Alemanha, França, Países Baixos e Itália, seguidos das Provisões de Bordo, Suécia, Irlanda, Bélgica, Polónia, Eslováquia, Áustria e Finlândia. O maior decréscimo coube a Malta.



No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se os EUA, Provisões de Bordo, Angola, R.Unido, Turquia e Panamá, seguidos do Brasil, Noruega, Suíça, Israel, Canadá e Cabo Verde.

Entre os maiores decréscimos evidenciaram-se os de Marrocos, Japão, China, Rússia, Austrália e Vietname.

3.2 - Importações

Em 2022, no período em análise, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 69,2% do total, registaram um acréscimo de +25,8% e contribuíram com +19,4 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de +36,6%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram no mesmo período um acréscimo de +69,2%, representando 30,8% do total, com um contributo para o ‘crescimento’ global de +17,2 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2022 foram a Espanha (32,0% do Total) e a Alemanha (11,3%).

Seguiram-se a França (5,9%), os Países Baixos (4,9%), a China e a Itália (4,7% cada), o Brasil (4,6%), os EUA (3,5%), a Bélgica (3,1%) e a Nigéria (1,8%).

Estes países representaram, no seu conjunto, 76,5% do total das importações.

Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga anual das importações em 2022 (+36,6%) destacou-se o da Espanha, (+11,0 p.p.), seguida do Brasil (3,3 p.p.), dos EUA (+2,8 p.p.), da China e da Alemanha (+2,1 p.p. cada), dos Países Baixos e da Bélgica (+1,2 p.p. cada), da Itália e da França (+1,0 p.p. cada) e da Índia (+0,8 p.p.). O principal contributo negativo incidiu na Ucrânia (‑0,2 p.p.).

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos das importações com origem intracomunitária (não ocorreram decréscimos) e os maiores acréscimos e decréscimos nos Países Terceiros, entre 2021 e 2022.





4 – Saldos da Balança Comercial        

Nos primeiros seis meses de 2022, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+1814 milhões de Euros), ao Reino Unido (+1246 milhões), aos EUA (+925 milhões), a Gibraltar (+253 milhões) e a Angola (+206 milhões).

O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-6841 milhões de Euros), seguida da China (-2156 milhões), do Brasil (-2049 milhões), da Alemanha (‑1738 milhões) e dos Países Baixos (-997 milhões).


5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos, tendo em atenção as alterações pautais de 2022 (ver ANEXO).

No período de Janeiro a Junho de 2022, todos os grupos registaram acréscimos nas exportações face a 2021.

Os grupos que detiveram maior peso na estrutura foram “Químicos” (14,5% do Total e +1353 milhões de Euros face a 2021), “Máquinas, aparelhos e partes” (12,8% e +407 milhões), “Agro-alimentares” (12,3% e +888 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (11,6% e +240 milhões), “Minérios e metais” (11,2% e +1104 milhões). Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,1% e +498 milhões), “Energéticos” (8,7% e +1578 milhões), “Têxteis e vestuário” (8,2% e +504 milhões), “Madeira cortiça e papel” (7,8% e +767 milhões), “Calçado, peles e couros” (3,1% e +273 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes) (0,7% e +43 milhões de Euros).


5.2 – Importações

Em 2022, no período em análise, foi também positiva a taxa de variação homóloga em valor, face ao período homólogo do ano anterior, em todos os grupos de produtos.

Os grupos de produtos com maior peso foram “Químicos” (17,7% e +1927 milhões de Euros), “Energéticos” (17,3% e +5469 milhões), “Máquinas, aparelhos e partes” (16,0% e +962 milhões), “Agro-alimentares” (13,6% e +1436 milhões de Euros).

Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (9,8% e +1406 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (9,1% e +756 milhões), “Produtos acabados diversos” (5,7% e +578 milhões), “Têxteis e vestuário” (5,1% e +746 milhões), Madeira, cortiça e papel” (3,3% e +520 milhões), “Calçado, peles e couros” (1,7% e +296 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,9% e +143 milhões de Euros). 


6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou no período de Janeiro a Junho de 2022 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 26,0% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição, depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5ª posição, precedida da Irlanda, Brasil, EUA e França).

Seguiram-se no “ranking” a França (12,7%), a Alemanha (10,9%), os EUA (7,1%), a Itália e o Reino Unido/Irl NT (4,6% cada), os Países Baixos (4,2%), a Bélgica (2,3%), Angola (1,6%) e as Provisões de Bordo Extra-UE (1,3%).

Estes dez destinos representaram 75,5% das exportações totais.

6.2 – Importações

Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em dez dos onze grupos de produtos, com 32,0% do total.

A única excepção foi o grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (6º lugar, depois da Alemanha, EUA, Brasil, Canadá e França).

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (11,3%), a França (5,9%), os Países Baixos (4,9%), a China e a Itália (4,7% cada), o Brasil (4,6%), os EUA (3,5%), a Bélgica (3,1%) e a Nigéria (1,8%). Estes dez países cobriram 76,5% das importações totais.

7 – Valor dos grupos de produtos das exportações em 2022                        face a 2021, por meses homólogos não acumulados


Alcochete, 11 de Agosto de 2022.


ANEXO