segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Comércio Internacional - Índices de Valor, Volume e Preço (Jan-Junho 2024/2023)

 

Comércio Internacional de mercadorias
Índices de Valor, Volume e Preço
por grupos e subgrupos de produtos
(Janeiro-Junho 2024/2023)

(disponível para download >>> aqui)

1 - Introdução

Apresentam-se neste trabalho indicadores de evolução em Valor, Volume e Preço das importações e das exportações portuguesas de mercadorias por grupos e subgrupos de produtos, calculados para o período acumulado de Janeiro a Junho de 2024, a preços do período homólogo de 2023.

Para o cálculo dos índices de preço, as posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-8), relativas às importações e às exportações de mercadorias com movimento nos dois anos, foram agregadas em 11 grupos e 38 subgrupos de produtos (ver Anexo).

Os índices de preço, do tipo Paasche, utilizados como deflatores dos índices de valor para o cálculo dos correspondentes índices de volume, foram calculados a partir de dados de base elementares constantes do Portal do Instituto Nacional de Estatística (INE), em versão definitiva para 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 9 de Agosto de 2024.

2 – Nota metodológica

O método utilizado para o cálculo dos índices de preço de Paasche aqui apresentados assenta na selecção de uma amostra representativa do comportamento dos preços de cada subgrupo de produtos, índices posteriormente ponderados para o cálculo dos índices dos respectivos grupos de produtos, e estes por sua vez ponderados para o cálculo do índice do total, em cada uma das vertentes comerciais.

Os índices de preço de cada subgrupo são obtidos a partir de uma primeira amostra automática, construída com base nos produtos com movimento nos dois períodos em análise e respeitando as alterações pautais anualmente introduzidas na Nomenclatura Combinada, dentro de um intervalo calculado por métodos estatísticos.

Segue-se uma análise crítica, que pode incluir, entre outros, o recurso à evolução do preço das matérias-primas que entram na manufactura de um dado produto, como indicador de consistência de um determinado índice que, apesar de um comportamento aparentemente anormal, pode vir a ser incluído na amostra.

Mais frequentemente procede-se à desagregação por países de origem e de destino de posições pautais com peso relevante que se encontram fora do intervalo calculado, incluindo-se na amostra do subgrupo a informação do conjunto dos países que apresentam um comportamento coerente na proximidade do intervalo previamente encontrado. No caso presente foram desagregados por países e analisados os respectivos índices 61 produtos da Nomenclatura Combinada a oito dígitos nas importações e 48 nas exportações.

Também produtos dominantes incluídos no intervalo e decisivos para o índice do subgrupo podem ser desagregados e considerados por países se, através de uma análise crítica, forem encontrados desvios sensíveis face aos restantes produtos do subgrupo.

Na figura seguinte pode observar-se, por grupos de produtos, a representatividade das amostras globais em cada uma das vertentes comerciais, que serviram de base ao cálculo dos índices de preço de Paasche, envolvendo mais de 18000 posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura Combinada na base de dados do INE.

3 – Balança Comercial

De acordo com os dados disponíveis, o défice da balança comercial de mercadorias no 1º semestre de 2024 decresceu -7,4% face ao semestre homólogo do ano anterior, com o grau de cobertura das importações pelas exportações a aumentar de 75,1% para 76,4%.

As importações (somatório das ‘chegadas’ de mercadorias provenientes do espaço comunitário com as importações originárias dos Países Terceiros), com um decréscimo em valor de -2,5%, terão registado um acréscimo em volume de +2,8% e um decréscimo em preço de -5,2%.

Por sua vez, a quebra em valor de -0,9% verificada nas exportações terá resultado de um acréscimo em volume de +0,8%, com o preço a decrescer -1,7%.

Excluindo os produtos “Energéticos” do Total das importações e das exportações, o défice da balança comercial em 2024 situa-se em -9,8 mil milhões de Euros, contra -12,4 mil milhões em termos globais.

Por sua vez, em 2024 o grau de cobertura das importações pelas exportações, excluindo os produtos “Energéticos” sobe de 76,4%, em termos globais, para 79,1%.

Numa análise por Grupos de Produtos, no período em análise de 2024 o saldo da Balança Comercial de mercadorias foi positivo em quatro dos onze grupos de produtos considerados, que pesaram 26,6% no total das exportações e 15,7% no total das importações, designadamente “Madeira, cortiça e papel”, “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.

4 - Importações

Em 2024 os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas importações de mercadorias foram “Máquinas, aparelhos e partes” (18,1% do Total), “Químicos” (17,4%), “Agro-alimentares” (15,7%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,7%) e “Energéticos” (10,5%).

Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (8,9%), “Produtos acabados diversos” (6,1%), “Têxteis e vestuário” (4,8%), “Madeira, cortiça e papel” (3,0%), “Calçado, peles e couros” (1,8%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,9%).

Foram negativas as taxas de variação em Valor de seis dos Grupos, incidindo os maiores decréscimos em “Energéticos” (-12,4%) e “Madeira, cortiça e papel” (-7,5%). Aumentaram em valor as importações de “Material de transporte terrestre e partes” (+2,8%), “Calçado, peles e couros” (+1,0%), “Produtos acabados diversos” e “Agro-alimentares” (+0,2% cada).

O grupo “Aeronaves, embarcações e partes”, para que não se calcula o índice de preço, registou em 2024 uma taxa de variação homóloga em Valor de +56,9%.

Em Volume, a única taxa de variação negativa ocorreu no grupo “Energéticos” (-6,7%). Os maiores acréscimos incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (+7,6%), “Produtos acabados diversos” (+6,4%) e “Calçado, peles e couros” (+6,3%). Seguiram-se os grupos “Químicos” (+2,9%), “Madeira, cortiça e papel” (+2,3%), “Têxteis e vestuário” (+2,2%), “Material de transporte terrestre e partes” (+2,0), “Agro-alimentares” (+1,8%) e “Minérios e metais” (+1,7%).

Em Preço, foram negativas as taxas de variação de todos os grupos à excepção do “Material de transporte terrestre e partes” (+0,8%). As maiores quebras couberam aos grupos  “Madeira, cortiça e papel” (-9,6%), “Máquinas, aparelhos e partes” (-7,7%), “Minérios e metais” (-7,3%) e “Têxteis e vestuário” (-7,1%).

5 – Exportações

No 1º Semestre de 2024 os grupos de produtos com peso a dois dígitos nas exportações de mercadorias foram “Máquinas aparelhos e partes” (14,8%), “Agro-alimentares” (14,1%), “Químicos” (13,7%), “Material de transporte terrestre e partes” (12,7%) e “Minérios e metais” (10,2%). Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,6%), “Energéticos” e “Têxteis e vestuário” (7,3% cada), “Madeira, cortiça e papel” (6,9%), “Calçado, peles e couros” (2,8%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,7%).

Verificaram-se decréscimos em Valor, face ao ano anterior, em todos os Grupos de Produtos à exepção de “Energéticos” (+10,3%), “Agro-alimentares” (+8,4%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (+13,4%), não constante dos gráficos, para que não se calcula o índice de preço.

Os maiores decréscimos verificaram-se em “Calçado, peles e Couros” (-9,4%), “Têxteis e vestuário” (-7,4%) e “Material de transporte terrestre e partes” (-6,2%).

Em Volume registaram-se decréscimos nos grupos “Calçado. peles e couros” (-8,5%), “Material de transporte terrestre e partes” (-7,8%), “Têxteis e vestuário” (-4,8%), “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,6%) e “Produtos acabados diversos” (-0,4%).

O maior acréscimo ocorreu no grupo “Energéticos” (+17,6%), a que se seguiram os grupos “Agro-alimentares” (+4,7%), “Madeira, cortiça e papel” (+4,5%), “Minérios e metais” (+3,1%) e “Químicos” (+1,8 %).

No âmbito do Preço verificaram-se decréscimos nas exportações de oito dos onze dos Grupos de Produtos, com destaque para “Energéticos” (-6,2%), seguido de “Madeira, cortiça e papel” (-4,8%), “Minérios e metais” (-4,4%), “Químicos” (-3,0%), “Têxteis e vestuário” (-2,7%), “Produtos acabados diversos” (-2,0%), “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,7%) e “Calçado, peles e couros” (-1,0%)

Entre os acréscimos destacou-se o grupo “Agro-alimentares” (+3,5%), seguido de “Material de transporte terrestre e partes” (+1,7%). 


Alcochete, 24 de Agosto de 2024.

ANEXO



terça-feira, 20 de agosto de 2024

Comércio Externo de Cabo Verde (2019-23) e Portugal-Cabo Verde (2019-23 e 1º Semestre 2023-24)

 

Comércio Externo de Cabo Verde
(2019-2023)
e
Portugal-Cabo Verde
(2019-23 e 1º Semestre 2023-24)

                                                    disponível para download  >> aqui )

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo de mercadorias de Cabo Verde face ao mundo entre 2019 e 2023, com base em dados divulgados no “Boletim de Estatísticas do Comércio Externo do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde”, complementados por dados de fonte “International Trade Centre (ITC)”, estes desagregados por produtos do “Sistema Harmonizado (SH)”, coincidente até 6 dígitos com a “Nomenclatura Combinada (NC)”.

Analisa-se em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Cabo Verde ao longo do período de 2019-2023 e 1º Semestre de 2023-2024, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE)”, em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 9 de Agosto de 2024.

Cabo Verde foi, em 1996, um dos fundadores da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus membros, designadamente o Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, desde a sua fundação, tendo em 2002 sido admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial.

Em 2023 Cabo Verde ocupou a 4ª posição nas importações de Portugal com origem no conjunto dos países da CPLP (0,3%), precedido do Brasil, Angola e Moçambique, e o 3º lugar nas exportações (11,8%), depois de Angola e do Brasil.

2 – Comércio externo de Cabo Verde

O ritmo de ‘crescimento’ em valor das importações cabo-verdianas desde 2015, embora com alguma irregularidade foi tendencialmente crescente. Por sua vez as exportações, com acréscimos e decréscimos acentuados ao longo do período em análise, mostrou-se  tendencialmente decrescente.

Os dados de base do INE de Cabo Verde, em escudos caboverdianos, foram convertidos a Euros (1 Euro = 110,265 CVE).

No valor das importações, com esta fonte, não estão incluídas “reimportações”, e nas exportações não estão consideradas “reexportações”, mas apenas a “Exportação nacional”.

2.1 – Balança Comercial de Cabo Verde (2019-2023)

A Balança Comercial de mercadorias (Fob-Cif) foi deficitária ao longo dos últimos cinco anos, com saldos negativos compreendidos entre -585,8 milhões de Euros, em 2020, e -861,9 milhões, em 2023.

Em 2023 as importações cresceram +4,8% face ao ano anterior, com as exportações a aumentarem +11,4%, o que conduziu a um grau de cobertura das importações pelas exportações de 5,6%, face a 5,2% no período homólogo do ano anterior.

2.2 – Importações por Grupos de Produtos                                                     e quotas de Portugal em 2023

Para a análise da evolução das importações e das exportações por Grupos de Produtos foi utilizada a base de dados do “International Trade Centre” (ITC), com os produtos definidos no “Sistema Harmonizado” (SH), não disponíveis na publicação das estatísticas do INE de Cabo Verde para 2023, tendo os 99 Capítulos sido agregados em onze Grupos de Produtos (ver em ANEXO o conteúdo considerado, definido com base nos Capítulos (SH2) da nomenclatura).

Em 2023 o grupo se produtos dominante nas importações foi “Agro-alimentares” (33,3% do Total com 34,4% em 2022), seguido dos grupos “Energéticos” (14,6% e 18,6%), “Máquinas, aparelhos e partes” (10,8% e 10,3%), “Químicos” (9,6% e 10,0%) e “Minérios e metais” (8,7% e 9,9%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados diversos” (6,9% e 6,7%), “Aeronaves, embarcações e partes” (5,6% e 0,3%), “Material de transporte terrestre e partes” (5,0% e 4,8%),  “Madeira, cortiça e papel” (3,3% e 2,8%), “Têxteis e vestuário” (2,0% e 2,1%) e “Calçado, peles e couros” (0,2% nos dois anos).

Portugal terá representado 44,7% das importações em 2023, com um peso significativo na generalidade os grupos de produtos.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH2/NC2).

2.3 – Exportações por Grupos de Produtos                                                       e quotas de Portugal em 2023

Em 2023 as principais exportações de Cabo Verde incidirm no grupo de produtos “Agro-alimentares” (80,8% do Total com 79,4% no ano anterior), com destaque para as conservas de peixe. Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Têxteis e vestuário” (10,2% e 11,3%) e “Calçado, peles e couros” (6,4% e 6,3%), essencialmente partes de calçado e “Produtos acabados diversos” (2,6% e 2,9%).

Portugal terá pesado 17,1% nas exportações cabo-verdianas em 2023, cabendo-lhe a totalidade nos grupos “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Máquinas, aparelhos e partes”.


2.4 – Principais mercados do Comércio Externo de Cabo Verde

Na figura seguinte relacionam-se os principais mercados de origem e destino das importações e exportações cabo-verdianas em 2022 e 2023, segundo estatísticas do país e do ITC.

Portugal é desde há muito a principal origem das importações de Cabo Verde, tendo representado 44,7% do Total em 2023, segundo estatísticas do ITC, e 41,4% segundo o INE de Cabo Verde. Entre as restantes origens destacaram-se a Espanha e os EUA, seguidos do Brasil, Países Baixos, China e França. Entre os mercados de destino das exportações a primeira posição foi ocupada pela Espanha, com 65,8% do Total segundo o ITC e 59,7% de acordo com o INE de Cabo Verde, seguida de Portugal (17,1% e 16,1% respectivamente) e da Itália (14,2% e 17,1%).

3 – Comércio de Portugal com Cabo Verde

Face a 2019, o ritmo de evolução das importações portuguesas com origem em Cabo Verde, após uma descida acentuada em 2020, inverteu esse comportamento a partir de então, mantendo-se contudo em 2023 ainda abaixo do nível de 2019 (86,2%).

Por sua vez o ritmo de ‘crescimento’ das exportações, que se manteve praticamente estacionário até 2021, aumentou a partir de então, atingindo nos dois anos seguintes cerca de 130% do valor que detinha em 2019.

3.1 – Balança Comercial

O saldo da Balança Comercial de Portugal com Cabo Verde é amplamente favorável a Portugal, tendo atingido +350 milhões de Euros em 2023 e +171,5 milhões no 1º Semestre de 2024.

No 1º Semestre de 2024, face ao homólogo do ano anterior, as importações registaram um decréscimo em valor de -0,6% e as exportações um aumento de +0,8%.

3.2 – Importações por grupos de produtos

Ao longo dos últimos cinco anos e 1º Semestre de 2024 as importações portuguesas de mercadorias provenientes de Cabo Verde incidiram principalmente nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.

No 1º Semestre de 2024 estes três grupos de produtos representaram, no seu conjunto, 87,0% do Total das importações (85,0% no ano anterior): “Têxteis e vestuário” (52,3% e 49,8% em 2023), “Calçado, peles e couros” (23,2% e 26.5%) e “Produtos acabados diversos” (11,5% e 8,7%). Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (5,6% e 3,7%), “Máquinas, aparelhos e partes” (3,1% e 6,6%), “Minérios e metais” (2,3% e 1,6%), “Energéticos” (1,1% e 2,1%), “Material de transporte terrestre e partes” (0,7% e 0,8%), tendo sido praticamente nulas as importações dos restantes grupos.

No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2), os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.

3.3 – Exportações por grupos de produtos

Ao longo do período em análise as principais exportações portuguesas para Cabo Verde incidiram no grupo de produtos “Agro-alimetares” (30,7% no 1º Semestre de 2024 e 30,6% no semestre homólogo dp ano anterior).

Seguiram-se os grupos “Químicos” (15,6% e 14,0% respectivamente), “Minérios e metais” (14,3% e 15,3%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,8% e 12,9%),

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados diversos” (8,8% e 8,1%), “Energéticos”  (6,3% e 8,8%), “Madeira, cortiça e papel” (4,5% e 4,6%),  “Têxteis e vestuário” (3,1% e 2,6%),  “Material de transporte terrestre e partes” (2,1% nos dois semestres), “Calçado, peles e couros” (0,7% em ambos os semestres) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% e 0,2%). 

No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da Nomenclatura, os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.


ANEXO


quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Comércio Internacional de Mercadorias - Série Mensal - Janeiro-Junho 2024

 

Comércio Internacional 
de mercadorias
- série mensal -
(Janeiro-Junho 2024)

( disponível para download  >>aqui )


1 - Balança comercial

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a Junho de 2023, em versão definitiva, e de 2024, em versão preliminar, com última actualização em 6 de Agosto de 2024, as exportações de mercadorias em 2024 decresceram, em termos homólogos, -0,9% (-376 milhões de Euros), a par de um decréscimo das importações de -2,5% (-1368 milhões).

A partir de Janeiro de 2021, nas estatísticas de base do INE foram acrescentados, na sequência do “Brexit”, dois códigos de países, “XI-Reino Unido (Irlanda do Norte)” e “XU-Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte)”, apresentando-se a zeros a posição pautal com o código “GB-Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. Nos quadros desta série mensal manteremos, para já, este código GB, correspondente ao somatório dos valores dos dois novos códigos.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total corresponde aqui aos actuais 27 membros, registaram no período em análise um decréscimo de -0,9% (-249 milhões de Euros), tendo as exportações para os Países Terceiros registado um decréscimo de -1,1% (-127 milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) decresceram -2,3% (-901 milhões) e as originárias dos Países Terceiros decairam -3,4% (-467 milhões de Euros). 

O défice comercial externo (Fob-Cif), -7,4% face a 2023, situou-se em -12394 milhões de Euros (inferior em 992 milhões ao do ano anterior), a que corresponderam desagravamentos de 652 milhões no comércio intracomunitário e de 340 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 75,1%, em 2023, para 76,4%, em 2024.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo no comportamento da Balança Comercial. No período de Janeiro a Junho de 2024 o valor médio de importação do petróleo bruto subiu de 569 Euros/Ton, no mesmo período de 2023, para 591 Euros/Ton. 


Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros (o gráfico inclui já a cotação média do mês de Julho).

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou 10,5% no total das importações em 2024 e 7,3% nas exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações sobe, em 2024, de 76,4% no comércio global, para 79,1%.

2 – Evolução mensal


3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

Em 2024, no período em análise, as exportações para a UE (expedições), que representaram 71,1% do Total, decresceram -0,9%, contribuindo com -0,6 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global de -0,9%. As exportações para o espaço extracomunitário, 28,9% do Total, decresceram -1,1%, contribuindo com -0,3 p.p. para a taxa de variação global.

Os dez principais destinos das exportações foram a Espanha (25,8%), a França (12,7%), a Alemanha (11,4%), os EUA (6,9%), o Reino Unido/ Irl.NT (4,7%), a Itália (4,6%), os Países Baixos (3,5%), a Bélgica (2,8%), a Polónia (1,6%) e Marrocos (1,4%), países que representaram 75,3% do Total.

Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros, depois dos EUA e do Reino Unido, registou no período em análise um decréscimo de -30,4% nas nossas exportações (-210,9 milhões de Euros). À excepção dos grupos “Energéticos” (+1,6 milhões de Euros) e “Aeronaves, embarcações e partes” (+364 mil Euros), ocorreram decréscimos em todos os restantes grupos de produtos, tendo as maiores quebras incidido nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-76,1 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (‑34,0 milhões), Químicos (-33,6 milhões), “Produtos acabados diversos” (-32,7 milhões) e “Minérios e metais” (-23,2 milhões de Euros). Seguiram-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (‑6,2 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-2,8 milhões), “Têxteis e vestuário” (-2,5 milhões), e “Calçado, peles e couros” (-1,8 milhões de Euros).

Entre os principais destinos, os maiores contributos negativos para a taxa de variação homóloga de -0,9 p.p. couberam a França (-1,1 p.p.), Angola e Turquia
(-0,5% cada), Países Baixos (-0,3 p.p.), China, Eslováquia, Provisões de Bordo Intra-UE e Irlanda, (-0,2 p.p. cada), Israel e Roménia (-0,1 p.p. cada).

Os maiores contributos positivos pertenceram aos EUA (+0,7 p.p.), Alemanha (+0,4 p.p.), Gibraltar (+0,3 p.p.), Brasil, Finlândia e Itália (+0,2 p.p. cada), Rep. Checa, Bélgica, Dinamarca e Polónia (+0,1 p.p. cada).

Os maiores acréscimos nas expedições para o espaço comunitário incidiram na Alemanha, Finlândia, Itália, República Checa, Bélgica, Dinamarca, Polónia, Espanha, Letónia, Hungria e Grécia. Os maiores decréscimos ocorreram na França, Países Baixos, Eslováquia, Provisões de Bordo, Irlanda e Roménia. 



No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se os dos EUA, Gibraltar, Brasil, Egipto, Vietname, Ucrânia, Argentina, Ceuta e Marrocos.

Entre os maiores decréscimos evidenciaram-se os de Angola, Turquia, China, Japão, Israel, África do Sul, Argélia, Panamá, Austrália, Noruega e Arábia Saudita.

3.2 – Importações

Em 2024 as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 74,5% do total, registaram um decréscimo de -2,3% e contribuíram com -1,7 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de -2,5%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram no mesmo período um decréscimo de -3,4% representando 25,5% do total, com um contributo para o ‘crescimento’ global de -0,9 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2024 foram a Espanha (32,8% do Total), seguida da Alemanha (11,7%), da França (7,2%), dos Países Baixos (5,3%), da Itália (5,2%), da China (4,7%), do Brasil (3,4%), da Bélgica (3,1%), dos EUA (2,1%) e da Polónia (1,8%).

Estes países representaram, no seu conjunto, 77,3% do total das importações.

Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga das importações no período em análise (-2,5%), destacaram-se os do Azerbaijão (+0,4 p.p.), da Nigéria, Argélia, Turquia, Arábia Saudita e França (+0,3 p.p. cada), e da Roménia, Itália e Suécia (+0,1 p.p. cada).

Os principais contributos negativos incidiram em Espanha (-1,4 p.p.), no Brasil
(-0,6 p.p.), nos EUA (-0,5 p.p.), na Irlanda e Polónia (-0,3 p.p.), e na China e Países Baixos (-0,2 p.p.).

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos do valor das importações com origem intracomunitária (chegadas) e nos Países Terceiros, entre o período de Janeiro a Junho de 2024 e 2023.




4 – Saldos da Balança Comercial        

No período de Janeiro a Junho de 2024, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam aos EUA (+1669 milhões de Euros), a França (+1290 milhões) e  ao Reino Unido (+1283 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-6899 milhões de Euros), seguida da China (-2154 milhões), da Alemanha (‑1572 milhões), dos Países Baixos (-1378 milhões) e do Brasil (-1223 milhões).


5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO).

Em 2024, os grupos de produtos que detiveram maior peso na estrutura foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,7% do Total e -202 milhões de Euros face ao ano anterior), “Agro-alimentares” (14,1% e +438 milhões), “Químicos” (13,7% e -72 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (12,7% e -335 milhões), “Minérios e metais” (10,2% e -59 milhões) e “Produtos acabados diversos” (9,6% e ‑89 milhões de Euros).

Seguiram-se os grupos “Energéticos” (7,3% e +273 milhões), “Têxteis e vestuário” (7,3% e -231 milhões), “Madeira cortiça e papel” (6,9% e -15 milhões), “Calçado, peles e couros” (2,8% e -116 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,7% e +32 milhões de Euros).


5.2 – Importações

No período em análise de 2024 os grupos de produtos com maior peso nas importações foram “Máquinas, aparelhos e partes” (18,1% e -62 milhões de Euros face ao ano anterior), “Químicos” (17,4% e -374 milhões), “Agro-alimentares” (15,7% e +18 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (12,7% e +183 milhões), “Energéticos” (10,5% e -783 milhões) e “Minérios e metais” (8,9% e -286 milhões de Euros).

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (6,1% e +7 milhões de Euros), “Têxteis e vestuário” (4,8% e -134 milhões), Madeira, cortiça e papel” (3,0% e -126 milhões),“Calçado, peles e couros” (1,8% e +9 milhões) e “Aeronaves. Embarcações e partes” (0,9% e +179 milhões de Euros).


6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou em 2024 a primeira posição em 7 dos 11 grupos de produtos com 25,8% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Energéticos” (3ª posição, depois dos EUA e das Previsões de Bordo para países terceiros), “Calçado, peles e couros” (3ª posição, depois da França e da Alemanha), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5ª posição, precedida do Brasil França, EUA e Ucrânia.


Seguiram-se no “ranking” a França (12,7%), a Alemanha (11,4%), os EUA (6,9%), o Reino Unido e Irl NT (4,7%), a Itália (4,6%), os Países Baixos (3,5%), a Bélgica (2,8%), a Polónia (1,6%) e Marrocos (1,4%).

Estes dez destinos representaram 75,3% da exportação total.

6.2 – Importações


Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos, com 33,8% do total.

As excepções foram os grupos “Energéticos” (2º lugar depois do Brasil) e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, depois da França, Áustria e Malta).

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (11,7%), França (72%), Países Baixos  (5,3%), Itália (5,2%), China (4,7%), Brasil (3,4%), Bélgica (3,1%), EUA (2,1%) e Polónia (1,8%).

Estes dez países cobriram 77,3% da importação total.

7 – Valor dos grupos de produtos das exportações em 2024           face a 2023, por meses homólogos não acumulados


Alcochete, 14 de Agosto de 2024.


ANEXO