segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Comércio Externo do Brasil (2019-23) e Portugal-Brasil (2019-23 e Jan-Maio 2023-24)

 

Comércio Externo do Brasil
(2019-2023)
e
Portugal-Brasil
(2019-2023 e Janeiro-Maio 2023-2024)

                                                    disponível para download  >> aqui )       

1 - Introdução

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo de mercadorias do Brasil face ao mundo, entre 2019 e 2023, com base em dados de fonte ’International Trade Centre’ (ITC) calculados a partir de dados do “Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil”, e de Portugal com o Brasil ao longo dos períodos 2019-2023 e Janeiro-Maio 2023-2024, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 10 de Julho de 2024. 

2 – Comércio Externo do Brasil (2019-2023)

2.1 – Balança Comercial

Entre 2019 e 2022, o ritmo de evolução anual das importações acompanhou de perto o das exportações. Após terem descido em 2020 abaixo do nível que detinham em 2019, o seu ritmo de crescimento subiu acentuadamente até 2022, tendo dasacelerado em 2023, mais acentuadamente do lado das importações do que das exportações.

2.2 – Mercados de origem das importações                                                     e destino das exportações

Os principais parceiros comerciais do Brasil em 2023, em ambas as vertentes, foram a China e os EUA, com respectivamente 22,1% e 16,0% do Total das importações e 31,3% e 11,2% das exportações.

Portugal terá ocupado nesse ano a 39ª posição nas importações (0,4% do Total) e o 21º lugar nas exportações (0,9%).

A par de Portugal, o Brasil foi um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), criada durante a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo realizada em Lisboa em 1996, sendo os restantes países fundadores Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. Em 2002, no decorrer da cimeira de Brasília, foi a vez de ser integrado Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, na cimeira de Dili, a Guiné-Equatorial, que fora ‘observador associado’ desde 2006.

Esta Comunidade tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus membros.

Em 2023 a CPLP representou 0,7% nas importações globais brasileiras de mercadorias e 1,2% nas exportações.

No quadro seguinte consta o valor das importações e exportações brasileiras efectuadas em 2023 relativamente a cada um dos países que integram a CPLP.

Neste ano Portugal ocupou a primeira posição em cada uma das vertentes comerciais, com 59,9% do Total da CPLP nas importações e 87,6% nas exportações, seguido de Angola, com respectivamente 39,9% e 9,7%.

2.3 – Importações no Brasil por Grupos de Produtos

O conjunto dos produtos do ‘Sistema Harmonizado’, constantes da base de dados do “International Trade Centre” (ITC) aqui utilizada, foram agregados em onze Grupos de Produtos (ver definição do conteúdo de cada grupo em Anexo).

Em 2023 os grupos de produtos dominantes nas importações do Brasil foram “Químicos” (27,5% do Total e 31,3% em 2022), “Máquinas, aparelhos e partes” (26,3% e 24,0%) e “Energéticos” (15,3% e 18,2%).

Em 2023, face a 2022, verificou-se um decréscimo das importações de -14,5% (-37,9 mil milhões de Euros), decréscimo extensivo a sete dos onze grupos de produtos.

As excepções foram “Material de transporte terrestre e partes” (+1,5 mil milhões de Euros), “Produtos acabados diversos” (+366 milhões), “Calçado, peles e couros” (+107 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (+13 milhões de Euros).

Os maiores decréscimos, incidiram nos grupos “Químicos” (-20,3 mil milhões) e “Energéticos” (-12,1 mil milhões). Seguiram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-4,0 mil milhões), “Agro-alimentares” (-1,0 mil milhões), “Minérios e metais” (-934 milhões), “Têxteis e vestuário” (-320 milhões) e “Madeira, cortiça e papel” (-16 milhões de Euros).

Em 2023 Portugal pesou 0,4% no Total das importações brasileiras, tendo as maiores quotas incidido nos grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (4,8%) e “Agro-alimentares” (4,6%).

2.4 – Exportações do Brasil por Grupos de Produtos

Em 2023 o grupo de produtos dominante nas exportações foi “Agro-alimentares” (42,9% e 40,4% em 2022), seguido dos grupos “Minérios e metais” (17,9% e 18,4%) e “Energéticos” (16,2% e 17,0%).

Em 2023, face a 2022, verificou-se um decréscimo das exportações de -1,7% (-5,4 mil milhões de Euros), extensivo a oito dos onze grupos de produtos.

As excepções foram “Agro-alimentares” (+5,6 mil milhões de Euros), “Máquinas, aparelhos e partes” (+1,2 mil milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (+826 milhões de Euros).

Os principais decréscimos verificaram-se nos grupos “Energéticos” (-3,3 mil milhões), “Químicos” (-3,2 mil milhões), “Minérios e metais” (-2,6 mil milhões) e ”Madeira, cortiça e papel” (-2,4 mil milhões de Euros).

Em 2023 Portugal terá pesado 1,1% no Total das exportações, tendo a maior quota incidido nos grupos de produtos “Aeronaves, embarcações e partes” (6,2 %) e “Energéticos” (4,3%).

3 – Comércio de Portugal com o Brasil                                                          (2019-2023 e Janeiro-Maio 2023-2024)

No período de 2019 a 2023 as importações portuguesas de mercadorias com origem no Brasil cresceram sustentadamente, em particular em 2022, ano em que atingiram 444,5% do valor que detinham em 2019, tendo desacelerado no ano seguinte, 357,0%. Por sua vez as exportações, tendo decrescido sucessivamente entre 2019 e 2021, aumentaram nos dois anos seguintes, atingindo 138,6% do nível de 2019.

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Portugal com o Brasil registou saldos negativos sucessivamente mais volumosos entre 2019 e 2022, saltando de -277 milhões de Euros para -3,6 mil milhões, situando-se em 2023 em -2,6 mil milhões. Este forte aumento do défice ficou a dever-se não só ao forte incremento das importações de produtos “Energéticos”, designadamente petróleo bruto, mas também de produtos “Agro-alimentares”, como milho. Nos primeiros cinco meses de 2024, face ao ano anterior, o défice reduziu-se de -1,3 para ‑1,1 mil milhões de Euros.

Em 2023 o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações situou-se em 28,4%, contra 73,1% em 2019. No período de Janeiro a Maio de 2024, face ao período homólogo do ano anterior, o grau de cobertura subiu de 22,4% para 31,3%.

3.2 – Importações por grupos de produtos

Numa análise por grupos de produtos, no período de Janeiro a Maio de 2024 as principais importações portuguesas com origem no Brasil incidiram nos grupos de produtos “Energéticos” (66,7% do Total em 2024 e 65,5% em 2023) e “Agro-alimentares” (21,6% e 18,4% respectivamente).

Seguiram-se, entre os principais, os grupos “Madeira, cortiça e papel” (4,7% e 5,6%) e “Minérios e metais” (3,0% e 6,3%).

Na figura seguinte apresentam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados do Brasil nos primeiros cinco meses de 2023 e 2024, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (Capítulos).

3.3 – Exportações por grupos de produtos

Nos primeiros cinco meses de 2024 as principais exportações couberam ao grupo de produtos “Agro-alimentares” (64,2% do Total com 57,9% em 2023), com destaque para o azeite de oliveira, vinho, peixe congelado, filetes e bacalhau.

Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Aeronaves, embarcações e partes” (13,9% e 15,4%), principalmente aeronaves, “Máquinas, aparelhos e partes” (8,1% e 8,6%), muito diversificados.

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Minérios e metais” (4,0% e 3,7%), como ferro e suas obras, artefactos de joalharia, ferramentas e seus acessórios, e cutelaria, entre outros, “Químicos” (3,8% e 4,4%), com destaque para os plásticos, insecticidas, lixívias residuais, colofónias, essência de terebintina, produtos farmacêuticos, borracha e suas obras, tintas e vernizes, “Produtos acabados diversos” (2,6% e 5,1%), como abrasivos e pedra de cantaria, serviços de mesa e outros artigos cerâmicos de uso doméstico, artigos ortopédicos, instrumentos médicos, aparelhos para análises físicas ou químicas, assentos mesmo transformáveis em cama e móveis diversos, “Têxteis e vestuário” (1,7% e 1,8%), principalmente pastas, feltros e falsos tecidos, tecidos impregnados ou revestidos, artigos para uso técnico e fibras sintéticas ou artificiais, “Madeira, cortiça e papel” (1,1% e 1,5%), principalmente cortiça e suas obras, “Material de transporte terrestre e partes” (0,6% e 1,4%), com destaque para as partes e acessórios de motocicletas, bicicletas, cadeiras de rodas e outros veículos para deficientes, e “Calçado, peles e couros” (0,1% nos dois anos), principalmente calçado.

O grupo “Energéticos” registou uma exportação praticamente nula nos dois anos.

Na figura seguinte constam, por grupos de produtos, os principais produtos exportados para o Brasil no período de Janeiro a Maio de 2022 e 2023, desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (NC2).



ANEXO


Alcochete, 1 de Agosto de 2024.


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