terça-feira, 20 de agosto de 2024

Comércio Externo de Cabo Verde (2019-23) e Portugal-Cabo Verde (2019-23 e 1º Semestre 2023-24)

 

Comércio Externo de Cabo Verde
(2019-2023)
e
Portugal-Cabo Verde
(2019-23 e 1º Semestre 2023-24)

                                                    disponível para download  >> aqui )

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio externo de mercadorias de Cabo Verde face ao mundo entre 2019 e 2023, com base em dados divulgados no “Boletim de Estatísticas do Comércio Externo do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde”, complementados por dados de fonte “International Trade Centre (ITC)”, estes desagregados por produtos do “Sistema Harmonizado (SH)”, coincidente até 6 dígitos com a “Nomenclatura Combinada (NC)”.

Analisa-se em seguida a evolução do comércio internacional de Portugal com Cabo Verde ao longo do período de 2019-2023 e 1º Semestre de 2023-2024, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE)”, em versão definitiva até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 9 de Agosto de 2024.

Cabo Verde foi, em 1996, um dos fundadores da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), que tem entre os seus objectivos, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus membros, designadamente o Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, desde a sua fundação, tendo em 2002 sido admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014, a Guiné-Equatorial.

Em 2023 Cabo Verde ocupou a 4ª posição nas importações de Portugal com origem no conjunto dos países da CPLP (0,3%), precedido do Brasil, Angola e Moçambique, e o 3º lugar nas exportações (11,8%), depois de Angola e do Brasil.

2 – Comércio externo de Cabo Verde

O ritmo de ‘crescimento’ em valor das importações cabo-verdianas desde 2015, embora com alguma irregularidade foi tendencialmente crescente. Por sua vez as exportações, com acréscimos e decréscimos acentuados ao longo do período em análise, mostrou-se  tendencialmente decrescente.

Os dados de base do INE de Cabo Verde, em escudos caboverdianos, foram convertidos a Euros (1 Euro = 110,265 CVE).

No valor das importações, com esta fonte, não estão incluídas “reimportações”, e nas exportações não estão consideradas “reexportações”, mas apenas a “Exportação nacional”.

2.1 – Balança Comercial de Cabo Verde (2019-2023)

A Balança Comercial de mercadorias (Fob-Cif) foi deficitária ao longo dos últimos cinco anos, com saldos negativos compreendidos entre -585,8 milhões de Euros, em 2020, e -861,9 milhões, em 2023.

Em 2023 as importações cresceram +4,8% face ao ano anterior, com as exportações a aumentarem +11,4%, o que conduziu a um grau de cobertura das importações pelas exportações de 5,6%, face a 5,2% no período homólogo do ano anterior.

2.2 – Importações por Grupos de Produtos                                                     e quotas de Portugal em 2023

Para a análise da evolução das importações e das exportações por Grupos de Produtos foi utilizada a base de dados do “International Trade Centre” (ITC), com os produtos definidos no “Sistema Harmonizado” (SH), não disponíveis na publicação das estatísticas do INE de Cabo Verde para 2023, tendo os 99 Capítulos sido agregados em onze Grupos de Produtos (ver em ANEXO o conteúdo considerado, definido com base nos Capítulos (SH2) da nomenclatura).

Em 2023 o grupo se produtos dominante nas importações foi “Agro-alimentares” (33,3% do Total com 34,4% em 2022), seguido dos grupos “Energéticos” (14,6% e 18,6%), “Máquinas, aparelhos e partes” (10,8% e 10,3%), “Químicos” (9,6% e 10,0%) e “Minérios e metais” (8,7% e 9,9%).

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados diversos” (6,9% e 6,7%), “Aeronaves, embarcações e partes” (5,6% e 0,3%), “Material de transporte terrestre e partes” (5,0% e 4,8%),  “Madeira, cortiça e papel” (3,3% e 2,8%), “Têxteis e vestuário” (2,0% e 2,1%) e “Calçado, peles e couros” (0,2% nos dois anos).

Portugal terá representado 44,7% das importações em 2023, com um peso significativo na generalidade os grupos de produtos.

Na figura seguinte constam, por Grupos de Produtos, os principais produtos desagregados a dois dígitos da Nomenclatura (SH2/NC2).

2.3 – Exportações por Grupos de Produtos                                                       e quotas de Portugal em 2023

Em 2023 as principais exportações de Cabo Verde incidirm no grupo de produtos “Agro-alimentares” (80,8% do Total com 79,4% no ano anterior), com destaque para as conservas de peixe. Seguiram-se, a grande distância, os grupos “Têxteis e vestuário” (10,2% e 11,3%) e “Calçado, peles e couros” (6,4% e 6,3%), essencialmente partes de calçado e “Produtos acabados diversos” (2,6% e 2,9%).

Portugal terá pesado 17,1% nas exportações cabo-verdianas em 2023, cabendo-lhe a totalidade nos grupos “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Máquinas, aparelhos e partes”.


2.4 – Principais mercados do Comércio Externo de Cabo Verde

Na figura seguinte relacionam-se os principais mercados de origem e destino das importações e exportações cabo-verdianas em 2022 e 2023, segundo estatísticas do país e do ITC.

Portugal é desde há muito a principal origem das importações de Cabo Verde, tendo representado 44,7% do Total em 2023, segundo estatísticas do ITC, e 41,4% segundo o INE de Cabo Verde. Entre as restantes origens destacaram-se a Espanha e os EUA, seguidos do Brasil, Países Baixos, China e França. Entre os mercados de destino das exportações a primeira posição foi ocupada pela Espanha, com 65,8% do Total segundo o ITC e 59,7% de acordo com o INE de Cabo Verde, seguida de Portugal (17,1% e 16,1% respectivamente) e da Itália (14,2% e 17,1%).

3 – Comércio de Portugal com Cabo Verde

Face a 2019, o ritmo de evolução das importações portuguesas com origem em Cabo Verde, após uma descida acentuada em 2020, inverteu esse comportamento a partir de então, mantendo-se contudo em 2023 ainda abaixo do nível de 2019 (86,2%).

Por sua vez o ritmo de ‘crescimento’ das exportações, que se manteve praticamente estacionário até 2021, aumentou a partir de então, atingindo nos dois anos seguintes cerca de 130% do valor que detinha em 2019.

3.1 – Balança Comercial

O saldo da Balança Comercial de Portugal com Cabo Verde é amplamente favorável a Portugal, tendo atingido +350 milhões de Euros em 2023 e +171,5 milhões no 1º Semestre de 2024.

No 1º Semestre de 2024, face ao homólogo do ano anterior, as importações registaram um decréscimo em valor de -0,6% e as exportações um aumento de +0,8%.

3.2 – Importações por grupos de produtos

Ao longo dos últimos cinco anos e 1º Semestre de 2024 as importações portuguesas de mercadorias provenientes de Cabo Verde incidiram principalmente nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Produtos acabados diversos”.

No 1º Semestre de 2024 estes três grupos de produtos representaram, no seu conjunto, 87,0% do Total das importações (85,0% no ano anterior): “Têxteis e vestuário” (52,3% e 49,8% em 2023), “Calçado, peles e couros” (23,2% e 26.5%) e “Produtos acabados diversos” (11,5% e 8,7%). Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (5,6% e 3,7%), “Máquinas, aparelhos e partes” (3,1% e 6,6%), “Minérios e metais” (2,3% e 1,6%), “Energéticos” (1,1% e 2,1%), “Material de transporte terrestre e partes” (0,7% e 0,8%), tendo sido praticamente nulas as importações dos restantes grupos.

No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2), os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.

3.3 – Exportações por grupos de produtos

Ao longo do período em análise as principais exportações portuguesas para Cabo Verde incidiram no grupo de produtos “Agro-alimetares” (30,7% no 1º Semestre de 2024 e 30,6% no semestre homólogo dp ano anterior).

Seguiram-se os grupos “Químicos” (15,6% e 14,0% respectivamente), “Minérios e metais” (14,3% e 15,3%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,8% e 12,9%),

Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados diversos” (8,8% e 8,1%), “Energéticos”  (6,3% e 8,8%), “Madeira, cortiça e papel” (4,5% e 4,6%),  “Têxteis e vestuário” (3,1% e 2,6%),  “Material de transporte terrestre e partes” (2,1% nos dois semestres), “Calçado, peles e couros” (0,7% em ambos os semestres) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% e 0,2%). 

No quadro seguinte encontram-se desagregados, por Capítulos da Nomenclatura, os principais produtos importados no âmbito de cada grupo de produtos.


ANEXO


Sem comentários:

Enviar um comentário