domingo, 28 de janeiro de 2018

Comércio Externo da Guiné-Bissau e com Portugal (2012-2016 e Jan-Nov 2016-2017)


Comércio Externo da Guiné-Bissau
(2012-2016)
Comércio com Portugal
(2012-2016 e Jan-Nov 2016-2017)

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1 – Nota introdutória


Não tendo sido possível dispor de dados estatísticos relativos ao passado recente do comércio internacional de mercadorias da Guiné-Bissau com origem em fontes  nacionais, foram neste trabalho utilizados dados de base do “International Trade Centre” (ITC), no caso dos produtos transaccionados entre 2012 e 2016, e de fonte “UNCTAD”, estes constantes de publicação de um organismo do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, no caso dos mercados de origem e de destino das mercadorias em 2015, em ambos os casos construídos a partir de informação fornecida pelos parceiros comerciais do país (mirror statistics).
Segue-se uma análise da evolução do comércio de Portugal com a Guiné-Bissau entre 2012 e 2016 e no período de Janeiro a Novembro de 2016 e 2017, a partir de dados estatísticos de base do Instituto Nacional de Estatística português (INE).
2 - Alguns dados sobre o comércio externo
      da Guiné-Bissau

2.1 – Balança Comercial


A balança comercial da Guiné-Bissau é deficitária, tendo-se aproximado a taxa de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações de um equilíbrio em 2013 (93,6%) e em 2015 (96,4%), para se situar em 79,1% em 2016, de acordo com os dados disponíveis. Em 2016, as importações terão crescido em valor +19,5% face ao ano anterior e as exportações decrescido -2,0%, com o défice a atingir -67 milhões de Euros.
2.2 – Exportações e importações de mercadorias
As principais exportações da Guiné-Bissau assentam em produtos agrícolas, essencialmente castanha de cajú (de que é um dos maiores produtores e exportadores mundiais), mas também peixe congelado, tendo o grupo de produtos “Agro-alimentares” representado mais de 95% das exportações totais em 2016, de acordo com os dados disponíveis (ver a definição do conteúdo dos grupos de produtos em quadro anexo).
O segundo grupo com maior peso em 2016 foi o dos “Minérios e metais” (4,1%), essencialmente ouro e minérios de alumínio.
Entre 2012 e 2015 destacaram-se também as exportações do grupo “Madeira, cortiça e papel”, essencialmente constituídas por madeira em bruto, que registaram uma quebra acentuada em 2016.

As importações, muito diversificadas, encontram a sua maior expressão também no grupo “Agro-alimentares (41,3% do total em 2016), principalmente cereais, bebidas alcoólicas, gorduras e óleos, leite e lacticínios, açúcar, café, chá e especiarias, farinhas, preparações e conservas de carne, peixe, crustáceos e moluscos, carnes e tabaco manufacturado, entre outros.
Seguiu-se o grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (10,8%), destacando-se aqui as importações de máquinas e aparelhos eléctricos, como grupos electrogéneos com motor de pistão ou a diesel de potência >375 KVA, , aparelhos para recepção, emissão, conversão ou transformação de voz, imagens ou outros dados, televisores a cores, telefones para redes celulares e outras sem fio, pilhas e baterias de óxido de mercúrio, e máquinas e aparelhos mecânicos, como aparelhos de ar-condicionado, refrigeradores-congeladores e suas partes, compressores de ar rebocáveis, partes de máquinas automáticas para tratamento de dados e congeladores horizontais, entre outros.
Seguiu-se o grupo “Energéticos” (10,1%), essencialmente constituído por produtos refinados do petróleo, como gasolina, gasóleo e fuel.

No grupo “Minérios e metais” (9,9%), destaque para as importações de ferro e aço e suas obras, cimentos Portland, alumínio e suas obras, obras diversas de metais comuns e ferramentas.
No grupo “Químicos” (8,5%) inserem-se principalmente as importações de plásticos, sabões e outras preparações de limpeza e velas, produtos farmacêuticos, tintas e vernizes, borracha e suas obras e produtos de perfumaria e cosmética.
No grupo “Material de transporte terreste e partes” (5,9%), destacam-se as importações de veículos para o transporte de mercadorias, travões e servo-freios, automóveis de passageiros, ciclomotores, motocicletas até 250 cm3 e veículos para tracção de pequenos atrelados.
Seguiu-se o grupo “Produtos acabados diversos” (5,7%), incluindo produtos muito diversificados, principalmente mobiliário, candeeiros e outros aparelhos de iluminação, produtos cerâmicos, mármore e granito trabalhados, telhas e ladrilhos, obras de asfalto em rolos, instrumentos e aparelhos de óptica, de medida ou de precisão, instrumentos médico-cirúrgicos, vidro e suas obras, entre outros.
No grupo “Têxteis e vestuário” (5,3% do total em 2016), salientaram-se as importações de artefactos têxteis confecionados, calçado e artefactos de uso semelhante, usados, de tecidos estampados de fios de filamentos artificiais, de linhas de fibras sintéticas para costurar, de fibras de nylon para fiação, de fios simples de fibras acrílicas não acondicionados para venda a retalho, e de vestuário e acessórios de malha, entre outros.
Por fim, com menor expressão, alinham-se os grupos “Madeira, cortiça e papel” (1,1%), “Calçado, peles e couros” (0,8%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6%).
2.3 – Principais mercados de destino e de origem
Em 2015, o principal mercado de destino das exportações guineenses foi a Índia (81,6%), seguida do Vietname (12,9%), da China (7,2%) e do Togo (5,6%). Portugal foi o destino de apenas 0,1% das exportações guineenses.

No mesmo ano, o principal mercado de origem das importações foi Portugal (28,4% do total), seguido do Senegal (23,4%), da China (6,8%), Espanha (5,7%), Paquistão (4,5%), Índia (4,0%), Arábia Saudita (3,6%), Países Baixos (3,2%), França (2,9% e Turquia (1,9%).


3 – Trocas comerciais de Portugal com a Guiné-Bissau:
      2012-2016 e Janeiro-Novembro 2016-2017
Para as trocas comerciais de Portugal com a Guiné-Bissau vão agora ser utilizadas estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, com dados definitivos para os anos de 2012 a 2015, provisórios para 2016 e preliminares para o período de Janeiro a Novembro de 2017.
3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial com a Guiné-Bissau é fortemente favorável a Portugal, com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações.
No período de Janeiro a Novembro de 2017 as importações, num montante de apenas 261 mil Euros, cresceram +10,8% face ao período homólogo do ano anterior e as exportações +14,8%, com um saldo positivo da Balança Comercial de 83,7 milhões de Euros, +14,8% face ao ano precedente.
3.2 – Importações
O grupo de produtos com maior peso no total das importações ao longo dos últimos anos tem sido o dos “Minérios e metais”, mas no período em análise de 2017 assistiu-se a um reforço substancial do grupo dos produtos “Agro-alimentares”, que atingiu 84,6% do total, contra 13,3% do primeiro.
As importações de produtos agrícolas incidiram principalmente na castanha de cajú, seguida de sucos e extratos vegetais. Os minérios reportam-se essencialmente a desperdícios e resíduos de ferro.

3.3 – Exportações
O grupo de produtos dominante nas exportações portuguesas para a Guiné-Bissau nos primeiros onze meses de 2017 foi o dos “Energéticos” (41,7% do total), principalmente gasóleo, gasolina e jet-fuel, mas também óleos diversos.

Seguiu-se o grupo “Agro-alimentares” (26,4%), com destaque para a cerveja, vinho e outras bebidas alcoólicas, leite e lacticínios, gorduras e óleos, carnes e miudezas comestíveis, preparações à base de cereais e preparações de frutas e de produtos hortícolas.
Do grupo “Minérios e metais” (8,5%), foram exportados principalmente cimentos hidráulicos, ferro, aço, alumínio e suas obras, obras diversas de metais comuns e ferramentas.
O grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (8,2% do total), inclui produtos muito diversificados. Destacam-se as bombas de ar e compressores, as máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades, as bombas para líquidos, os refrigeradores e congeladores, os “bulldozers” e outras máquinas para obras públicas, as máquinas e aparelhos de uso agrícola, as máquinas de impressão, as máquinas-ferramentas para trabalhar pedra, produtos cerâmicos ou vidro, as torneiras e válvulas e os aparelhos de ar-condicionado. Entre os dispositivos eléctricos predominaram os grupos electrogéneos e conversores rotativos, os fios e cabos, os transformadores, os motores e geradores, os emissores de rádio e TV, os díodos e outros semi-condutores, os aparelhos para interrupção, seccionamento e protecção, os aparelhos de sinalização, os quadros eléctricos e cabinas e os telefones.
No grupo “Produtos acabados diversos” (5,7%), destaca-se o mobiliário, os produtos cerâmicos, o mármore, granito e suas obras, elementos pré-fabricados para construção, ladrilhos e pedra de cantaria ou construção, blocos e tijolos.
As exportações do grupo “Químicos” (4,5%) centraram-se nos plásticos, produtos farmacêuticos, tintas e vernizes, adubos, sabões, ceras e velas, produtos de perfumaria e cosmética e borracha e suas obras.
No grupo “Material de transporte terrestre e partes” (3,2% do total), as principais exportações incidiram nos veículos para o transporte de mercadorias, automóveis de passageiros, partes e peças de veículos, reboques e tractores.
● Os restantes grupos de produtos têm peso pouco significativo: “Madeira, cortiça e papel” (1,0%), “Têxteis e vestuário” (0,7%), “Calçado, peles e couros” (0,1%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,01%).

     27 de Janeiro de 2018.

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