1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), com última actualização em 9 de Outubro de 2020, para o período
acumulado de Janeiro a Agosto de 2020, e dados já definitivos para o ano de
2019, as exportações de mercadorias, face ao mesmo período do ano anterior, decresceram
em valor ‑14,1% (‑5,6 mil milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações
de -18,3% (-9,7 mil milhões).
Estas descidas reflectem quebras mensais significativas, em termos
homólogos, verificadas de Março a Julho, principalmente nos meses de Abril e
Maio (-39,2% e ‑39,5% nas importações e -41,3% e -38,7% nas exportações). A
partir de então o volume destas quebras face ao mês homólogo do ano anterior
tem-se vindo a reduzir sucessivamente, situando-se no mês de Agosto em ‑11,6% nas
importações e -1,4% nas exportações.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo Total
corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido excluído), registaram no
período de Janeiro a Agosto uma quebra de ‑13,4% (‑3,8 mil milhões de Euros),
tendo as exportações para os países terceiros decaído -15,8% (‑1,8 mil milhões).
Por sua vez, as importações vindas da UE (chegadas) diminuiram –18,4% (-7,2 mil
milhões), com as originárias dos países terceiros a decrescerem -18,2% (-2,6
mil milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -30,6% ao situar-se em -9,4
mil milhões de Euros (menos 4,1 mil milhões do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de 3,4 mil milhões no comércio intracomunitário e de
746 milhões no extracomunitário). Em termos globais, o grau de cobertura
(Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 74,5%, em 2019, para 78,4%,
em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020,
neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 435 para 307 Euros/Ton., com prática estagnação nos últimos três meses.
Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos”, Capº 27 da NC (11,6% e 9,4%
do total das importações em 2019 e 2020 no período em análise, e 5,9% e 4,8% na
vertente das exportações), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações
sobe, em 2020, de 78,4% para 82,4%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Em 2020, no
período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que
representaram 71,4% do total (70,9% em 2019), decresceram em valor -13,4%, contribuindo
com -9,5 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global
negativa de -14,1%.
As
exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 28,6%
do total em 2020 (29,1% em 2019), decaíram -15,8%, contribuindo com -4,6 p.p.
para o ‘crescimento’ global.
Os
principais destinos nos primeiros sete meses de 2020 foram a Espanha (25,1%), a
França (13,7%), a Alemanha (12,0%), o Reino Unido (5,5%), os EUA (5,2%), a Itália
(4,3%), os Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%), a Polónia e o
Brasil (1,3% cada), a Suíça e a Suécia (1,2% cada) e a Turquia (1,0%), destinos
que representaram 79,7% do total das
exportações.
Angola, o
terceiro maior mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e dos
EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –29,4% em 2020 (-240,3
milhões de Euros), envolvendo a totalidade dos onze grupos de produtos. As
maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-68,7 milhões de Euros), “Minérios
e metais” (-37,9 milhões), “Químicos”
(‑37,5 milhões), “Agro-alimentares” (-33,1 milhões), “Produtos acabados diversos” (‑25,7 milhões),
e “Têxteis e vestuário” (-13,5 milhões) e “Madeira, cortiça e papel”
(-13,2 milhões de Euros).
Entre os
trinta principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’
negativo das exportações neste período (-14,1%), pertenceram à Irlanda (+0,13
p.p.), à Suécia (+0,04 p.p.) e a Cabo Verde (+0,01 p.p.).
O maior contributo
negativo coube a Espanha (‑3,0 p.p.), seguida da Alemanha (-1,8 p.p.), do
Reino Unido e França (-1,3 p.p. cada), da Itália (-0,9 p.p.), dos EUA (‑0,8
p.p.), dos Países Baixos (-0,7 p.p.), de Angola (-0,6 p.p.), das Provisões de
Bordo para Países Terceiros e Canadá (-0,5 p.p. cada).
Os maiores acréscimos, em Euros,
nas expedições para o espaço comunitário,
em termos homólogos, incidiram na Irlanda e na Suécia. Os maiores
decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Itália e Países Baixos, seguidos
das Provisões de Bordo, Áustria, Bélgica, Polónia, Grécia, Eslováquia,
Finlândia, Bulgária e Eslovénia.
No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores
acréscimos nas exportações destacaram-se os do Japão, Coreia do Sul, Gibraltar,
Israel e Ceuta.
Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino Unido, seguido dos EUA, Angola, Provisões de Bordo, Canadá, Marrocos, China, México, Egipto, Argélia, África do Sul, Noruega, Índia e Suíça.
3.2 - Importações
De
Janeiro a Agosto de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE
representaram 73,4% do total (73,4% também em 2019), registaram um decréscimo
de -18,4% e contribuíram com -13,5 p.p. para uma taxa de variação homóloga
global de ‑18,3%%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑18,2%,
representando 26,6% do total em 2020 e 2019, com um contributo para o ‘crescimento’
global de -4,8 p.p..
Os
principais mercados de origem das importações em 2020, foram a Espanha (32,0%
do Total), a Alemanha (13,2%) e a França (7,1%).
Seguiram-se
os Países Baixos (5,6%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9%), o
Reino Unido (2,8%), o Brasil (2,7%), a Nigéria e os EUA (1,7% cada).
Estes
países representaram, no seu conjunto, 79,3% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑18,3%)
destacou-se o do Brasil (+1,0 p.p.), seguido da Nigéria (+0,5 p.p.), e de
Taiwan (+0,1 p.p.).
Os maiores contributos negativos
couberam a França (-4,4 p.p.), Espanha (-3,9 p.p.), e Alemanha (-2,3 p.p.).
Seguiram-se a Federação Russa e a Itália (-1,0 p.p. cada), o Azerbaijão, Angola e Bélgica (-0,7 p.p. cada), a Arábia Saudita (-0,6 p.p.) e os EUA (-0,5 p.p.).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+1585 milhões de Euros), aos EUA (+1005milhões) e ao Reino Unido (+653 milhões). Seguiram-se a Turquia (+353 milhões) e Angola (+229 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-5338 milhões de Euros), seguido dos da China (‑1652 milhões), da Alemanha (-1631 milhões), dos Países Baixos (-1104 milhões) e da Itália (-733 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os
capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em 2020, representando
54,3% do total, foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (14,3% do total e ‑10,6% de
TVH), “Agro-alimentares” (14,1% e TVH
+2,5%), “Químicos” (13,3% e ‑11,1%) e “Material de transporte terrestre e partes”
(12,9% e -26,0%).
À
excepção do grupo “Agro-alimentares”, (+119 milhões de Euros), em todos
os restantes dez grupos se registaram decréscimos nas exportações face a
2019. Os maiores contributos para o decréscimo global (-5,6 mil milhões de
Euros), couberam aos grupos “Material de transporte
terrestre e partes” (-1,5
mil milhões de Euros), “Energéticos” (‑727 milhões), “Máquinas,
aparelhos e partes” (-571 milhões), “Quimicos” (-563 milhões), “Minérios
e metais” (-524 milhões), “Produtos acabados diversos” (‑502
milhões) e “Têxteis e vestuário” (-489 milhões de Euros).
5.2 – Importações
Em 2020,
os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 73,1% do total, foram “Químicos”
(18,7% do total e TVH -6,4%), “Máquinas, aparelhos e partes” (18,3% e
TVH -14,4%), “Agro-alimentares”
(16,3% e TVH -5,1%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,4% e TVH -29,5%) e
“Energéticos” (9,4% e TVH -33,7%).
Verificaram-se decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -9,7 mil milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos” (-2,1 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-1,9 mil milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (‑1,5 mil milhões). “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões), “Minérios e metais” (-685 milhões de Euros) e “Químicos” (-557 milhões).
6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 25,1% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5ª
posição, precedida do Brasil, dos EUA, da França e da Roménia).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,7%), a
Alemanha (12,0%), o Reino Unido (5,5%), os EUA (5,2%), a Itália (4,3%), os
Países Baixos (3,8%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,7%) e Polónia (1,3%). Estes
dez países representaram 75,0% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 32,0% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (2ª posição, precedida da Nigéria)
e “Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, depois da França, Alemanha
e EUA).
Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,2%), a França (7,1%), os Países Baixos (5,6%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9 %), o Reino Unido (2,8%), Brasil (2,7%) e Nigéria (1,7%). Estes dez países cobriram 77,84% das importações totais.
Alcochete, 10 de Outubro de 2020.
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