1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 10 de Dezembro de 2020, para o período acumulado de Janeiro a Outubro de 2020, e definitivos para o ano de 2019, as exportações de mercadorias, face ao mesmo período do ano anterior, decresceram em valor ‑11,5% (‑5,8 mil milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações de -16,5% (-11,0 mil milhões).
Estas descidas reflectem quebras mensais significativas, em termos homólogos, verificadas de Março a Julho, principalmente nos meses de Abril e Maio (-39,2% e ‑39,4% nas importações e -41,3% e -38,8% nas exportações). A partir de então, e até Setembro, o volume destas quebras, face ao mês homólogo do ano anterior, reduziu-se sucessivamente, situando-se a taxa de variação em -8,8% nas importações, tornando-se mesmo ligeiramente positiva nas exportações, +0,2%, para em Outubro se inverter esta tendência, com taxas de -11,8% nas importações e de –2,2% nas exportações.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo Total
corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido excluído), registaram no
período acumulado de Janeiro a Outubro uma quebra de ‑10,5% (‑3,7 mil milhões de
Euros), tendo as exportações para os países terceiros decaído -14,0% (‑2,1 mil milhões).
Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) diminuíram –15,9% (-7,9
mil milhões de Euros), com as originárias dos países terceiros a decrescerem -18,0% (-3,2
mil milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -31,2% ao situar-se em -11,7
mil milhões de Euros (menos 5,3 mil milhões do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de 4,1 mil milhões no comércio intracomunitário e de -1,1
mil milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif)
das importações pelas exportações subiu de 74,7%, em 2019, para 79,2%, em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020,
neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 431 para 301 Euros/Ton, após prática estagnação em torno de 288 Euros nos quatro
meses anteriores.
Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.
Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos”, Capº 27 da NC (11,5% e 9,0% do total das importações em 2019 e 2020, no período em análise, 5,7% e 4,5% na vertente das exportações), o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações no comércio global sobe, em 2020, de 79,2% para 83,1%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Em 2020, no
período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que
representaram 71,6% do total (70,7% em 2019), decresceram em valor -10,5%, contribuindo
com -7,4 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global
negativa de -11,5%.
As
exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 28,4%
do total em 2020 (29,3% em 2019), decaíram -14,0%, contribuindo com -4,1 p.p.
para a taxa de ‘crescimento’ global.
Os
principais destinos nos primeiros dez meses de 2020 foram a Espanha (25,3%), a França
(13,7%), a Alemanha (12,0%), o Reino Unido (5,6%), os EUA (5,0%), a Itália (4,3%),
os Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,6%), a Polónia, o Brasil e
a Suíça (1,3% cada), a Suécia (1,1%) e a Turquia (1,0%), destinos que representaram 79,7% do total das exportações.
Angola, o
terceiro principal mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e
dos EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –30,4% em 2020 (-316,8
milhões de Euros), envolvendo a totalidade dos onze grupos de produtos. As
maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-85,9 milhões de Euros), “Agro-alimentares”
(-67,0 milhões), “Químicos” (‑47,2 milhões),
“Minérios e metais” (-42,8 milhões), “Produtos
acabados diversos” (‑29,6 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-20,9
milhões), e “Têxteis e vestuário” (-13,3 milhões de Euros).
Entre os
principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’ (negativo)
das exportações neste período (-11,5%), pertenceram à Irlanda (+0,1 p.p.), Roménia
(+0,06 p.p.), Suécia (+0,05 p.p.), Suíça (+0,04 p.p.) e Dinamarca (+0,03 p.p.).
O maior contributo
negativo coube a Espanha (‑2,5 p.p.), seguida da Alemanha (-1,5 p.p.), do
Reino Unido (-1,1 p.p.), da França (-0,9 p.p.), da Itália (-0,7 p.p.), de
Angola, e Provisões de Bordo para Países Terceiros, EUA, Países Baixos e Canadá (todos
com -0,6 p.p.).
Os maiores acréscimos, de
pequena monta, nas expedições para o espaço
comunitário, em termos homólogos, incidiram na Irlanda e na Roménia. Os maiores
decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos e Provisões
de Bordo, seguidos da Áustria, Bélgica, Grécia, Polónia, Finlândia, Eslováquia,
Eslovénia, Bulgária e Malta.
No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores
acréscimos nas exportações destacaram-se os do Japão, da Coreia do Sul e de
Gibraltar.
Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino Unido, seguido de Angola,
Provisões de Bordo, EUA, Canadá, Marrocos, México, Egipto, China, Argélia e
Brasil.
3.2 - Importações
De
Janeiro a Outubro de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que
representaram 74,0% do total (73,5% em 2019), registaram um decréscimo de -15,9%
e contribuíram com -11,7 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de ‑16,5%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑18,0%,
representando 26,0% do total em 2020 (26,5% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’
global de -4,8 p.p..
Os
principais mercados de origem das importações em 2020 foram a Espanha (32,1% do
Total), a Alemanha (13,5%) e a França (7,3%).
Seguiram-se
os Países Baixos (5,4%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9%), o
Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,5%), os EUA (1,9%) e a Nigéria (1,7%).
Estes
países representaram, no seu conjunto, 79,7% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑16,5%)
destacou-se o do Brasil (+0,9 p.p.), seguido da Nigéria (+0,4 p.p.), da China e da Polónia (+0, 1 p.p. cada).
Os maiores contributos negativos
couberam a França (-3,8 p.p.), Espanha (-3,5 p.p.) e Alemanha (-1,9 p.p.).
Seguiram-se Angola (-1,0 p.p.), a Federação
Russa (-0,9 p.p.), a Itália (-0,8 p.p.), a Bélgica, Azerbaijão e Arábia Saudita
(-0,6 p.p. cada) e os Países Baixos (-0,4 p.p.).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+2008 milhões de Euros), aos EUA (+1154milhões) e ao Reino Unido (+968 milhões). Seguiram-se a Turquia (+456 milhões) e Angola (+338 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-6750 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (-2202 milhões), da China (‑2147 milhões), dos Países Baixos (-1401 milhões) e da Itália (-971 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os
capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em 2020, representando
65,4% do total, foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (14,5% do total e ‑6,9% de
TVH), “Agro-alimentares” (13,9% e +2,2%), “Material de transporte terrestre
e partes” (13,8% e -18,6%), “Químicos”
(13,2% e ‑9,0%) e “Produtos acabados
diversos” (10,0% e -9,9%).
À
excepção do grupo “Agro-alimentares”, (+135 milhões de Euros), em todos
os restantes dez grupos se registaram decréscimos nas exportações face a
2019. Os maiores contributos para o decréscimo global (-5,8 mil milhões de
Euros), couberam aos grupos “Material de
transporte terrestre e partes” (-1,4
mil milhões de Euros), “Energéticos” (‑831 milhões), “Quimicos”
(-581 milhões), “Minérios e metais” (-562 milhões) e “Têxteis e
vestuário” (-540 milhões de Euros).
5.2 – Importações
Em 2020,
os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 81,4% do total, foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (18,8% e TVH -11,3%), “Químicos” (18,5% do total e TVH -4,9%), “Agro-alimentares”
(16,1% e TVH -4,89%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,7% e TVH -26,8%),
“Energéticos” (9,0% e TVH -34,8%) e “Minérios
e metais” (8,3% e TVH -13,6%).
Verificaram-se
decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -11,0 mil
milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos”
(-2,7 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes”
(-2,2 mil milhões), “Aeronaves,
embarcações e partes” (‑1,6 mil milhões). “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões.
6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 25,3% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (6ª
posição, precedida do Brasil, da França, da Roménia, dos EUA e do Reino Unido).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,7%), a
Alemanha (12,0%), o Reino Unido (5,6%), os EUA (5,0%), a Itália (4,3%), os
Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,4%), Angola (1,6%) e a Polónia (1,3%). Estes
dez países representaram 75,0% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 32,1% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (2ª posição, precedida da Nigéria)
e “Aeronaves, embarcações e partes” (5º lugar, depois da França, Alemanha,
EUA e Ilhas Virgens Britânicas).
Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,5%), a França (7,3%), os Países Baixos (5,4%), a Itália (5,1%), a China (4,6%), a Bélgica (2,9 %), o Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,5%) e os EUA (1,9%). Estes dez países cobriram 78,0% das importações totais.
Alcochete, 12 de Dezembro de 2020.
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