sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Comércio Internacional com Moçambique (2018-2019 e Jan-Nov 2019-2020)

 

Comércio Internacional de mercadorias
com Moçambique
2018-2019
Janeiro-Novembro 2019-2020

                                                    "Disponível para download >>> aqui "

1 – Nota introdutória

Entre outras organizações, Moçambique é um dos quinze países-membros da “Southern Africa Development Community – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC).

Organização criada em 1992, tem entre os seus principais objectivos aprofundar a cooperação económica entre os seus membros e estimular o comércio de produtos e serviços entre os seus actuais quinze países-membros: África do Sul, Angola, Botswana, Eswatini (Suazilândia), Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Rep.D.Congo, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe, actualmente com nove membros, após a integração de Timor-Leste e da Guiné Equatorial.

São objectivos desta organização, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus membros.

Neste trabalho encontra-se reunido um conjunto de dados sobre o comércio externo de Moçambique em 2018 e 2019, com base em estatísticas constantes da publicação “Estatísticas do Comércio Externo de Bens”, do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique.

No tratamento das importações e das exportações por tipos de produtos, foram calculadas também as correspondentes quotas de Portugal, estas a partir de estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, com aplicação das necessárias conversões de valores Cif/Fob para cada um dos fluxos comerciais.

Analisa-se depois a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre Portugal e Moçambique em 2018 e 2019 e no período acumulado de Janeiro a Novembro de 2019 e 2020.

2 – Comércio Externo de Moçambique

As importações de mercadorias em Moçambique decresceram acentuadamente entre 2015 e 2016. Cresceram a partir de então, mas mantendo-se sempre abaixo do nível que detinham em 2015.

Por sua vez, as exportações, que haviam decrescido ligeiramente de 2015 para 2016, aumentaram significativamente no ano seguinte (+36% face ao valor que detinham em 2015), para se manterem praticamente ao mesmo nível até 2019.

2.1 - Balança Comercial

Os dados de base, de fonte moçambicana, publicados em dólares, foram neste trabalho convertidos a Euros. De acordo com os dados disponíveis, a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif) do país foi deficitária entre 2015 e 2019, com um défice neste último ano de -2,5 mil milhões de Euros.

2.2 – Importações por grupos de produtos

A importações e exportações de produtos estão aqui agregadas em onze grupos de produtos (ver conteúdo definido em Anexo).

As principais importações moçambicanas em 2019 incidiram no grupo Màquinas, aparelhos e partes” (19,4% do Total), principalmente máquinas eléctricas, muito diversificadas, como telefones, circuitos electónicos integrados, díodos, fios e cabos eléctricos, receptores de TV e suas partes, interruptores e aparelhos de protecção eléctrica, aquecedores eléctricos, motores e transformadores eléctricos e circuitos impressos, entre muitos outros.

A quota de Portugal neste grupo de produtos, calculada com base em dados de exportação de fonte INE de Portugal, convertidos a valores Cif, terá sido de 5,3% (6,3% no ano anterior).

Seguiram-se os grupos “Energéticos”, 18,3% do Total, com destaque para os combustíveis e óleos (quota de 0,3%), “Agro-alimentares”, 16,8%, principalmente cereais, gorduras e óleos, peixe e bebidas alcoólicas (quota de 2,7%), e “Químicos”, 16,3%, como sais de fúor, produtos farmacêuticos, plásticos, borracha e adubos (quota de 3,8%).

2.3 – Exportações por grupos de produtos

Em 2019, os grupos de produtos dominantes nas exportações de Moçambique foram “Energéticos”, 41,8% do Total (46,0% em 2018), principalmente carvão, energia eléctrica e gás de petróleo, “Minérios e metais”, 34,9% (35,9% no ano anterior), essencialmente alumínio e suas obras, e “Agro-alimentares” 16,6% (12,4% em 2018), como tabaco, castanha de cajú, bananas e outras frutas, sementes de oleaginosas, açúcar de cana, legumes secos e crustáceos.

As quotas de Portugal foram praticamente nulas nos dois primeiros grupos e de 5,2%, em 2019, no grupo “Agro-alimentares” (6,5% em 2018).

2.4 – Mercados de origem

Os cinco principais mercados de origem das importações moçambicanas em 2019 foram a África do Sul (28,7%), a China (11,4%), os Emiratos Árabes Unidos (8,0%), Singapura (6,8%) e a Índia (6,1%). Portugal terá ocupado a 6ª posição com 3,6% do Total (7º lugar no ano anterior, com 3,3%).

As importações com origem no espaço da SADC representaram 32,0% do Total em 2019 (30,8% em 2018), cabendo à África do Sul uma quota de cerca de 90% nos dois anos.

2.5 – Mercados de destino

Os principais destinos das exportações moçambicanas em 2019 foram a África do Sul, com 18,2% do Total, seguida da Índia, 16,8%, da China, 6,9%, da Itália, 6,5% e dos Países Baixos, 6,3%, que no ano anterior haviam ocupado a 3ª posição no ‘ranking’ com 12,2% do Total.

De acordo com dados de fonte ITC, Portugal terá ocupado em 2018 a 16ª posição, com 0,8% do total e a 21ª em 2019, com 0,7%.

No âmbito da SADC, coube ainda à África do Sul a primeira posição como receptor das exportações moçambicanas, com 81,4%, seguida do Zimbabwe, com 6,7%.

3 – Comércio Internacional de Portugal com Moçambique

As importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique têm-se mantido, ao longo dos últimos três anos, moderadamente acima do nível de 2015. Por sua vez as exportações com este destino decresceram significativamente entre 2015 e 2017, invertendo este comportamento nos últimos dois anos, mas mantendo-se ainda muito abaixo do nível que detinham em 2015.

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique é amplamente favorável a Portugal. Dado o significativo desfasamento entre o valor das importações e das exportações, o grau de cobertura das primeiras pelas segundas é muito elevado.

Ao longo dos últimos cinco anos o maior saldo positivo ocorreu em 2015, com +317 milhões de Euros, seguido de uma acentuada quebra no ano seguinte (-43,6%, com 179 milhões de Euros), descida que prosseguiu em 2017 (-22,3%), situando-se então em +139 milhões de Euros. Nos últimos dois anos inverteu-se este comportamento, atingindo o saldo +162 milhões de Euros em 2019.

No período de Janeiro a Novembro de 2020, face ao homólogo do ano anterior, o saldo manteve-se em torno de +150 milhões de Euros.

3.2 – Importações por grupos de produtos                                                       2018-2019 e Janeiro-Novembro 2019-2020

As importações de mercadorias com origem em Moçambique centram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares”, tendo representado nos dois últimos anos e primeiros onze meses de 2020 mais de 90% do Total, com destaque para as importações de crustáceos, de açúcar de cana, de tabaco e de moluscos.

Segue-se o grupo “Têxteis e vestuário”, com um peso de 6,4% nos primeiros onze meses de 2020, essencialmente composto por fios de algodão, algodão não cardado nem penteado, fios de outras fibras têxteis vegetais, cordéis, cordas e cabos revestidos a borracha ou plástico, e outros artefactos não especificados, incluindo moldes para vestuário.

O grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, com produtos muito diversificados e de fluxo irregular ao longo do período em análise, representou 2,3% do Total em 2020.

Os restantes grupos tiveram um mais reduzido significado.

3.3 – Exportações por grupos de produtos                                                       2018-2019 e Janeiro-Novembro 2019-2020

As principais exportações portuguesas para Moçambique incidem no grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, tendo representado 31,1% do Total no período em análise de 2020. Muito diversificadas, estas exportações incidem predominantemente em máquinas eléctricas, como se pode observar em quadro com a desagregação dos grupos por produtos definidos a quatro dígitos da Nomenclatura.

Seguiu-se o grupo “Químicos” (22,6% do total em 2020), com destaque para os reagentes de diagnóstico e laboratório, medicamentos, tubos, embalagens e outros artefactos de plástico, e matérias corantes, entre muitos outros produtos. 

O Grupo de produtos “Agro-alimentares” pesou 13,6% no Total em 2020, constituído principalmente por conservas de peixe, vinhos, azeite, preparados de farinhas, enchidos de carne, preparações alimentícias diversas, margarina, café, peixe congelado, queijo, produtos de padaria e pastelaria, sumos, massas e frutas.

No grupo “Minérios e metais” (11,9% em 2020), destacam-se as construções e outras obras de ferro ou aço, as barras e perfis de alumínio, os cimentos hidráulicos, as ferragens e guarnições metálicas, e as construções em alumínio, entre outros produtos.

No grupo “Produtos acabados diversos” (8,6% em 2020), predominam o mobiliário, os candeeiros e outros aparelhos de iluminação, os aparelhos para análises físicas ou químicas, os ladrilhos e mosaicos cerâmicos, os assentos mesmo transformáveis em cama, os instrumentos médicos, o vidro de segurança e o material sanitário, como lavatórios e banheiras de cerâmica.

Seguiu-se o grupo “Madeira, cortiça e papel” (6,4% em 2020), com destaque para os livros e diverso material impresso, caixas, sacos e embalagens de papel e cartão, papel higiénico, lenços e fraldas, e obras de carpintaria para construção.

Os restantes grupos tiveram menor expressão: “Têxteis e vestuário” (2,5% em 2020), “Material de transporte terrestre e partes” (1,4%), “Energéticos” (1,1%), “Calçado, peles e partes” (0,8%), tendo sido praticamente nulas as exportações do grupo “Aeronaves, embarcações e partes”.


Alcochete, 22 de Janeiro de 2021.

ANEXO



quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Comércio internacional com a Índia - 2015-2019 e Janeiro-Novembro 2019-2020

 

Comércio Internacional de mercadorias
com a Índia
- A Índia face ao Mundo
- Comércio de Portugal com  a Índia
  (2015-2019 e Janeiro-Novembro 2019-2020)

                                                       (disponível para download >> aqui )

1 – Nota introdutória

A Índia, o maior país do subcontinente indiano e o 7º em área geográfica no mundo, faz fronteira com o Paquistão, China, Nepal, Butão, Bangladesh e Myanmar (antiga Birmânia). Com uma superfície de 3 287 mil Km2, compreende vinte e oito “Estados” (um dos quais Goa) e sete “Territórios da União” (um deles Damão e Diu). De acordo com estimativas do Banco Mundial para 2019 a sua população era então de 1 353 milhões de habitantes, o 2º país mais populoso do mundo, sendo de 2 100 US$ o seu PIB per capita (PPP).

Neste trabalho encontra-se reunido um breve conjunto de dados sobre o comércio externo da Índia face ao mundo entre 2015 e 2019, a partir de dados de base do “International Trade Centre” (ITC), e é analisada, com algum detalhe, a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre Portugal e a Índia ao longo desses anos e período acumulado de Janeiro a Novembro de 2019 e 2020, com base em dados estatísticos do Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 8 de Janeiro de 2021.

2 – A Índia face ao mundo

2.1 - Balança Comercial

De acordo com dados de fonte ITC disponíveis para o período de 2015 a 2019, a Balança Comercial do comércio externo de mercadorias da Índia foi deficitária entre 2015 e 2019, com um saldo de -139,0 mil milhões de Euros no último ano, tendo o défice atingido o seu valor máximo em 2018 (-156,9 mil milhões de Euros).

O grau de cobertura das importações pelas exportações oscilou, neste quinquénio, entre 63,6%, em 2018 e 73,2%, em 2016.

2.2 – Principais mercados do Comércio Externo da Índia em 2019
         Saldos positivos e negativos acima de mil milhões de Euros

Os principais países fornecedores das importações da Índia em 2019 foram a China (14,3% do Total), seguida dos EUA (7,3%), dos Emiratos Árabes Unidos (6,3%), da Arábia Saudita (5,6%) e do Iraque (4,6%). O primeiro país comunitário no ‘ranking’ foi a Alemanha (12ª posição com 2,6%), seguida da Bélgica (17ª e 2,0%), da Itália (26ª e 1,0%), da França (29ª e 0,8%) e dos Países Baixos (31ª e 0,8%), tendo Portugal ocupado o 95º lugar, com 0,03% do Total.

Entre os países de destino das exportações indianas destacaram-se, a grande distância dos restantes, os EUA (16,8%), seguidos dos Emiratos Árabes Unidos (9,1%) e da China (5,3%).

O maior saldo positivo da Balança Comercial da Índia em 2019 ocorreu com os EUA (+17,3 mil milhões de Euros) e o maior saldo negativo coube às trocas com a China (-45,7 mil milhões de Euros).

2.3 Importações e exportações na Índia por grupos de produtos

Os capítulos da Nomenclatura (SH-2) foram aqui agregados em 11 grupos de produtos em cada uma das vertentes comerciais (ver Anexo).

Nos quadros seguintes, a par do valor das importações e das exportações em cada grupo de produtos de 2015 a 2019 consta, para cada um deles, o contributo de Portugal em 2019, de acordo com os dados constantes na base de dados o ITC.


Nas importações, o grupo de produtos dominante em 2019 e no ano anterior foi “Energéticos” (respectivamente 31,9% e 33,3%), seguido de “Minérios e metais” (20,0% e 20,9%), “Máquinas aparelhos e partes” (19,9% e 18,8%) e “Químicos” (13,8% e 13,3%).

Do lado das exportações destacou-se o grupo “Minérios e metais” (20,9% do Total em 2019 e 21,8% em 2018), seguido de “Químicos” (18,3% e 17,3%), “Energéticos” (13,8% e 15,0%), “Máquinas, aparelhos e partes” (11,2% e 10,0%), “Têxteis e vestuário” (11,1% e 11,5%) e “Agro-alimentares” (10,8% e 10,9%).

3 – Comércio de Portugal com a Índia

Em 2019 a Índia ocupou a 9ª posição nas importações de Portugal com origem nos Países Terceiros (3,9% do Total) e a 7ª no período de Janeiro a Novembro de 2020 (3,6%).

Na vertente das exportações ocupou a 26ª posição em 2019 (0,7% do Total) e a 30ª nos primeiros onze meses de 2020 (0,6%).

Em 2019, no contexto do comércio da UE-27 com a Índia (Reino Unido excluído), Portugal ocupou a 8ª posição na importação, com 2,1% do Total, e a 17ª na exportação, com 0,3%.

Ao longo dos últimos cinco anos as importações portuguesas com origem na Índia cresceram a um ritmo sustentado, atingindo em 2019 um aumento de +80,4% face do valor que detinham em 2015.

Por sua vez as exportações cresceram +49,8% entre 2015 e 2017, decaíram no ano seguinte, tendo regressado em 2019 praticamente ao valor de 2017, representando um acréscimo de +50,1% face a 2015.

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de Portugal com a Índia, sustentadamente deficitária em termos anuais desde 2015, registou em 2019 um saldo de -710 milhões de Euros, com um grau de cobertura das importações pelas exportações de apenas 14,3%.

Nos primeiros onze meses de 2020 o défice baixou de -668 milhões de Euros, em igual período do ano anterior, para -487 milhões, com um grau de cobertura das importações pelas exportações de 15,7%.

3.2 – Importações por grupos de produtos

No período de Janeiro a Novembro de 2020 o grupo de produtos dominante nas importações foi “Têxteis e vestuário” (33,8% do Total em 2020 e 27,6% em 2019), seguido do grupo “Químicos” (27,7% e 21,4%, respectivamente).

No quadro seguinte relacionam-se, por grupos de produtos, os principais produtos importados, desagregados a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada.


3.3 – Exportações por grupos de produtos

No período de Janeiro a Novembro de 2020 as maiores exportações incidiram no grupo de produtos “Químicos (24,9% do Total e 23,3% no período homólogo do ano anterior), destacando-se entre outros produtos, os antibióticos, os polímeros de etileno, cloreto de vinilo e outras olefinas em formas primárias, e as essências de terebintina, pinheiro ou do fabrico de pasta de papel.

Seguiu-se o grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (19,2% em 2020 e 24,0% em 2019), muito diversificadas, como máquinas de impressão, acumuladores eléctricos, motores e geradores eléctricos, partes de motores de explosão ou a diesel, fios e cabos eléctricos e fibra óptica, receptores de TV, bombas de ar ou vácuo, compressores, ventiladores, exaustores, caixas de fundição e moldes, entre muitos outros.

 Entre os “Minérios e metais” (17,7% em 2020 e 17,9% no ano anterior), destacaram-se os desperdícios, resíduos e sucata de alumínio e de cobre, os mármores e pedras calcárias em blocos ou placas, ferramentas e máquinas-ferramenta e laminados planos de ferro ou aço.

Seguiu-se o grupo “Madeira, cortiça e papel” (12,1% e 9,3%), com destaque para o papel e cartão para reciclagem, papel e cartão em rolos ou folhas, cortiça natural em bruto, simplesmente preparada ou aglomerada e suas obras.

As exportações de “Material de transporte terrestre e partes”, muito reduzidas em 2019, representaram 9,5% do Total em 2020, centradas nos automóveis de passageiros.

O grupo de produtos “Têxteis e vestuário”, que no período de Janeiro a Novembro de 2019 havia representado 11,0% das nossas exportações para a Índia, viu o seu peso descer para cerca de metade em 2020, incidindo principalmente em produtos e artefactos têxteis para usos técnicos, fitas de fios ou fibras e tecidos de vários tipos.

Cada um dos restantes grupos de produtos representou menos de 7,5% do total das exportações nos dois anos.

No quadro seguinte encontram-se relacionados, por grupos, os principais produtos exportados nos primeiros onze meses de 2019 e 2020, desagregados a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada.


Alcochete, 14 de Janeiro de 2021.

                                                                                     ANEXO


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Acréscimos e decréscimos das exportações - Produtos e mercados - Novembro 2020

 

Acréscimos e Decréscimos
das Exportações
por Produtos e Mercados
Evolução Mensal - Novembro de 2020

                                                        ( disponível para download  >> aqui )

1 - Nota introdutória

Neste trabalho pretende-se analisar onde incidiram os maiores acréscimos e decréscimos nas exportações portuguesas de mercadorias, por produtos e por mercados, ao longo dos onze primeiros meses de 2020, acumulados e não acumulados, face ao período homólogo de 2019. São para este fim utilizados dados de base divulgados no portal do Instituto Nacional de Estatística (INE), em versão definitiva para 2019 e preliminar para 2020, com última actualização em 8 de Janeiro de 2021.

2 – Exportações no período acumulado de Janeiro-Novembro                    2019-2020

Em 2020, no período acumulado de Janeiro a Novembro, as exportações de mercadorias decresceram em valor -10,5% face a igual período do ano anterior (-5,8 mil milhões de Euros), abrangendo todos os grupos de produtos à excepção do grupo “Agro-alimentares”, que aumentou 140 milhões de Euros, +2,1% (definição do conteúdo dos grupos em Anexo).

O maior decréscimo, em Euros, incidiu no grupo “Material de transporte terrestre e partes” (‑1,4 mil milhões de Euros).

Seguiram-se os grupos “Energéticos” (-982 milhões), “Têxteis e vestuário” (‑571 milhões), “Minérios e metais” (-519 milhões), “Químicos” (-508 milhões), “Produtos acabados diversos” (‑477 milhões), “Máquinas., aparelhos e partes” (-442 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-421 milhões), “Calçado, peles e couros” (-342 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (‑267  milhões de Euros).

Considerando a partição entre espaço Intra UE-27 (Reino Unido excluído) e Extra-UE, verifica-se que neste período, no seio da Comunidade, as exportações, que representaram 71,6% do Total, decresceram -9,5% face ao ano anterior (‑3,7 mil milhões de Euros). Por sua vez, para fora da Comunidade as exportações registaram uma quebra de ‑12,7% (-2,0 mil milhões).

O Total do espaço Intracomunitário foi aqui calculado, para ambos os anos, por somatório dos valores dos actuais parceiros de Portugal, acrescido das provisões de bordo, países não determinados e confidencialidade, quando atribuídos à União Europeia.

Em termos globais, o maior decréscimo coube a Espanha (-1,1 mil milhões de Euros). Com quebras superiores a 100 milhões de Euros seguiram-se a Alemanha (-794 milhões), o Reino Unido (-549 milhões), a França (-449 milhões), as Provisões de Bordo para Países Terceiros (‑350 milhões), Angola (-347 milhões), os EUA (-340 milhões), a Itália (-309 milhões), os Países Baixos (-308 milhões), as Provisões de Bordo para a UE (-292 milhões), o Canadá (-284 milhões), a Áustria (‑124 milhões) e a Bélgica (‑116 milhões).

O acréscimo mais significativo pertenceu ao Japão (+87 milhões de Euros), seguido de Gibraltar (+80 milhões), da Irlanda (+77 milhões), da Coreia do Sul (+76 milhões), de Israel (+42 milhões) e da Roménia (+36 milhões de Euros).

3 – Exportações no mês de Novembro de 2020 (não acumulado)                face a 2019, por Grupos de Produtos

Os grupos de produtos com maior peso nas exportações portuguesas no mês de Novembro de 2020, não acumulado, foram “Material de transporte terrestre e partes” (16,8%), “Máquinas, aparelhos e partes” (15,4%), “Agro-alimentares” (13,3%), “Químicos” (13,2%), e “Produtos acabados diversos” (10,4%).

Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (9,1%), “Têxteis e vestuário” (7,9%), “Madeira, cortiça e papel” (6,8%), “Energéticos” (4,0%) “Calçado, peles e couros” (2,6%), e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5%).

O maior decréscimo, face ao mês de Novembro de 2019, ocorreu no grupo “Energéticos” (-150 milhões de Euros), seguido dos grupos “Têxteis e vestuário” (-30 milhões) e “Calçado, peles e couros” (-24 milhões).

Registaram-se acréscimos nos restantes grupos de produtos: “Químicos” (+75 milhões), “Minérios e metais” (+33 milhões), “Máquinas, aparelhos e partes” (+32 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (+21 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (+13 milhões),“Produtos acabados diversos” (+8 milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (+2 milhões) e “Agro-alimentares” (apenas +5,2 mil Euros).

No quadro seguinte encontram-se relacionados, por grupos de produtos, os acréscimos e decréscimos verificados nas exportações dos principais tipos de produtos definidos a dois dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-2).

O grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, o segundo grupo com maior peso entre os onze grupos considerados (15,4% do Total), engloba máquinas e aparelhos mecânicos e eléctricos muito diversificados. No quadro seguinte encontram-se, desagregados a um nível mais fino da Nomenclatura Combinada (NC-4), os principais produtos exportados no período em análise e respectivos acréscimos e decréscimos com um valor absoluto superior a 750 mil Euros.

4 – Evolução mensal comparada das exportações                                        por grupos de produtos

Numa análise das exportações de mercadorias por meses não acumulados ao longo de 2020, face a 2019, por grupos de produtos, verifica-se que após uma quebra acentuada das exportações da generalidade dos grupos, em particular nos meses de Abril e Maio, se assistiu ao longo dos meses seguintes a uma aproximação aos níveis mensais do ano anterior, que foram já mesmo ultrapassados em alguns dos grupos, como se pode observar nos gráficos que se seguem.



Alcochete, 12 de Janeiro de 2021.


ANEXO




domingo, 10 de janeiro de 2021

Série mesnal - Janeiro-Novembro 2020 - Comércio Internacional

 

Comércio Internacional de mercadorias
- Série Mensal -
Janeiro a Novembro de 2020 

( disponível para download  >> aqui )

1 - Balança comercial

De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com última actualização em 8 de Janeiro de 2021, para o período acumulado de Janeiro a Novembro de 2020, e definitivos para 2019, as exportações de mercadorias, face ao período homólogo do ano anterior, decresceram em valor ‑10,5% (‑5,8 mil milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações de -16,0% (-11,8 mil milhões).

Estas descidas reflectem quebras mensais significativas, em termos homólogos, verificadas de Março a Julho, principalmente nos meses de Abril e Maio (-39,2% e ‑39,4% nas importações e -41,3% e -38,8% nas exportações). A partir de então, e até Setembro, o volume destas quebras, face ao mês homólogo do ano anterior, reduziu-se sucessivamente, situando-se a taxa de variação em -8,7% nas importações, tornando-se mesmo ligeiramente positiva nas exportações, +0,2%. Em Outubro inverteu-se esta tendência, com taxas de -11,4% nas importações  e de –2,3% nas exportações, para em Novembro se situarem respectivamente em -12,1% e -0,4%.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido excluído), registaram no período acumulado de Janeiro a Novembro uma quebra de ‑9,5% (‑3,7 mil milhões de Euros), tendo as exportações para os países terceiros decaído -12,7% (‑2,0 mil milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) diminuíram –15,0% (-8,2 mil milhões de Euros), com as originárias dos países terceiros a decrescerem -18,6% (-3,6 mil milhões). 

O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -32,3% ao situar-se em -12,6 mil milhões de Euros (menos 6,0 mil milhões do que no ano anterior), a que correspondeu uma redução de 4,4 mil milhões no comércio intracomunitário e de -1,6 mil milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 74,8%, em 2019, para 79,7%, em 2020.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020, neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019, de 431 para 297 Euros/Ton.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que no período em análise pesou 9,0% no total das importações em 2020 e 4,5% do lado das exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações no comércio global sobe de 79,7% para 83,4%.

2 – Evolução mensal

3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

Em 2020, no período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que representaram 71,6% do total (70,9% em 2019), decresceram em valor -9,5%, contribuindo com -6,8 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global negativa de -10,5%.

As exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 28,4% do total em 2020 (29,1% em 2019), decaíram -12,7%, contribuindo com -3,7 p.p. para a taxa de ‘crescimento’ global.

Os principais destinos nos primeiros dez meses de 2020 foram a Espanha (25,4%), a França (13,6%), a Alemanha (11,9%), o Reino Unido (5,7%), os EUA (4,9%), a Itália (4,4%), os Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,3%), Angola (1,6%), a Polónia (1,4%), o Brasil /1,3%), a Suíça (1,2%), a Suécia e Marrocos (1,1% cada), destinos que  representaram 79,7% do total das exportações.

Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e dos EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –30,0% em 2020 (-346,6 milhões de Euros), envolvendo a totalidade dos onze grupos de produtos. As maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-90,7 milhões de Euros), “Agro-alimentares” (-85,1 milhões), “Químicos” (‑50,1 milhões), “Minérios e metais” (-43,8 milhões), “Produtos acabados diversos” (‑28,3 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-23,0 milhões), e “Têxteis e vestuário” (-14,6 milhões de Euros).

Entre os principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ (negativo) das exportações neste período (-11,5%), pertenceram à Irlanda (+0,14 p.p.), Roménia (+0,06 p.p.), Suécia e Suíça (+0,04 p.p. cada), e Dinamarca (+0,03 p.p.).

O maior contributo negativo coube a Espanha (‑1,9 p.p.), seguida da Alemanha (-1,4 p.p.), do Reino Unido (-1,0 p.p.), da França (-0,8 p.p.), das Provisões de Bordo para Países Terceiros, Angola, EUA, Itália e Países Baixos (todos com -0,6 p.p.) e Provisões de Bordo para Países Comunitários (-0,5 p.p.). 

Os maiores acréscimos, nas expedições para o espaço comunitário, em termos homólogos, incidiram na Irlanda, seguida da Roménia. Os maiores decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos e Provisões de Bordo, seguidos da Áustria, Bélgica, Grécia, Finlândia, Eslováquia, Polónia, Chipre, Eslovénia e Bulgária.


No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se os do Japão, de Gibraltar, da Coreia do Sul e de Israel.

Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino Unido, seguido das Provisões de Bordo, Angola, EUA, Canadá, Marrocos, México, Egipto, Argélia, China, Brasil e África do Sul.

3.2 - Importações

De Janeiro a Novembro de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 74,5% do total (73,7% em 2019), registaram um decréscimo de -15,0% e contribuíram com -11,1 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de ‑16,0%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑18,6%, representando 25,5% do total em 2020 (26,3% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’ global de -4,9 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2020 foram a Espanha (32,3% do Total), a Alemanha (13,5%) e a França (7,4%).

Seguiram-se os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,5%), a Bélgica (2,9%), o Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,3%), os EUA (1,8%) e a Nigéria (1,7%).

Estes países representaram, no seu conjunto, 79,9% das importações totais.

Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑16,0%) destacou-se o do Brasil (+0,7 p.p.), seguido da Nigéria (+0,2 p.p.), da China e da Polónia (+0,1 p.p. cada).

Os maiores contributos negativos couberam a França (-3,8 p.p.), Espanha (-3,1 p.p.) e Alemanha (-2,0 p.p.).

Seguiram-se Angola (-0,9 p.p.), a Federação Russa (-0,8 p.p.), a Itália (-0,7 p.p.), a Bélgica (0,6 p.p.), a Arábia Saudita e Azerbaijão (-0,5 p.p. cada) e os Países Baixos (-0,4 p.p.).

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem intracomunitária e nos países terceiros.


4 – Saldos da Balança Comercial

Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+2144 milhões de Euros), aos EUA (+1288 milhões) e ao Reino Unido (+1117 milhões). Seguiram-se a Turquia (+503 milhões) e Angola (+420 milhões). O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-7540 milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (-2453 milhões), da China (‑2311 milhões), dos Países Baixos (-1556 milhões) e da Itália (-1055 milhões).

5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em 2020, representando 65,7% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,6% do total e ‑5,8% de TVH), “Material de transporte terrestre e partes” (14,1% e -16,6%), “Agro-alimentares” (13,8% e +2,1%), “Químicos” (13,2% e ‑7,2%) e “Produtos acabados diversos” (10,0% e -8,8%).

À excepção do grupo “Agro-alimentares”, (+140 milhões de Euros), em todos os restantes dez grupos se registaram decréscimos nas exportações face a 2019. Os maiores contributos para o decréscimo global (-5,8 mil milhões de Euros), couberam aos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (-1,4 mil milhões de Euros), “Energéticos” (‑982 milhões), “Têxteis e vestuário” (-571 milhões), ), “Minérios e metais” (-519 milhões) e “Quimicos” (-508 milhões de Euros).

5.2 – Importações

Em 2020, os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 81,3% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (19,0% e TVH -9,9%), “Químicos” (18,5% do total e TVH -3,4%), “Agro-alimentares” (15,9% e TVH -4,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,8% e TVH -25,3%), “Energéticos” (8,7% e TVH -35,8%) e “Minérios e metais” (8,4% e TVH -12,3%).

Verificaram-se decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -11,8 mil milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos” (-3,0 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (-2,3 mil milhões), “Aeronaves, embarcações e partes” (‑2,0 mil milhões). “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões.

6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11 grupos de produtos com 25,4% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição, depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (6ª posição, precedida do Brasil, da França, da Roménia, dos EUA e do Reino Unido).

Seguiram-se no “ranking” a França (13,6%), a Alemanha (11,9%), o Reino Unido (5,7%), os EUA (4,9%), a Itália (4,4%), os Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,3%), Angola (1,6%) e a Polónia (1,4%). Estes dez países representaram 75,0% das exportações totais.

6.2 – Importações

Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze grupos de produtos, com 32,3% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (2ª posição, precedida da Nigéria) e “Aeronaves, embarcações e partes” (5º lugar, depois da França, Alemanha, EUA e Ilhas Virgens Britânicas).

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (13,5%), a França (7,4%), os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,5%), a Bélgica (2,9 %), o Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,3%) e os EUA (1,8%). Estes dez países cobriram 78,2% das importações totais.

 Alcochete, 10 de Janeiro de 2021.

ANEXO