sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Comércio Internacional com Moçambique (2018-2019 e Jan-Nov 2019-2020)

 

Comércio Internacional de mercadorias
com Moçambique
2018-2019
Janeiro-Novembro 2019-2020

                                                    "Disponível para download >>> aqui "

1 – Nota introdutória

Entre outras organizações, Moçambique é um dos quinze países-membros da “Southern Africa Development Community – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC).

Organização criada em 1992, tem entre os seus principais objectivos aprofundar a cooperação económica entre os seus membros e estimular o comércio de produtos e serviços entre os seus actuais quinze países-membros: África do Sul, Angola, Botswana, Eswatini (Suazilândia), Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Rep.D.Congo, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Moçambique foi também, em 1996, um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe, actualmente com nove membros, após a integração de Timor-Leste e da Guiné Equatorial.

São objectivos desta organização, no âmbito da cooperação em todos os domínios, o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços entre os seus membros.

Neste trabalho encontra-se reunido um conjunto de dados sobre o comércio externo de Moçambique em 2018 e 2019, com base em estatísticas constantes da publicação “Estatísticas do Comércio Externo de Bens”, do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique.

No tratamento das importações e das exportações por tipos de produtos, foram calculadas também as correspondentes quotas de Portugal, estas a partir de estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal, com aplicação das necessárias conversões de valores Cif/Fob para cada um dos fluxos comerciais.

Analisa-se depois a evolução das importações e das exportações de mercadorias entre Portugal e Moçambique em 2018 e 2019 e no período acumulado de Janeiro a Novembro de 2019 e 2020.

2 – Comércio Externo de Moçambique

As importações de mercadorias em Moçambique decresceram acentuadamente entre 2015 e 2016. Cresceram a partir de então, mas mantendo-se sempre abaixo do nível que detinham em 2015.

Por sua vez, as exportações, que haviam decrescido ligeiramente de 2015 para 2016, aumentaram significativamente no ano seguinte (+36% face ao valor que detinham em 2015), para se manterem praticamente ao mesmo nível até 2019.

2.1 - Balança Comercial

Os dados de base, de fonte moçambicana, publicados em dólares, foram neste trabalho convertidos a Euros. De acordo com os dados disponíveis, a Balança Comercial de mercadorias (fob-cif) do país foi deficitária entre 2015 e 2019, com um défice neste último ano de -2,5 mil milhões de Euros.

2.2 – Importações por grupos de produtos

A importações e exportações de produtos estão aqui agregadas em onze grupos de produtos (ver conteúdo definido em Anexo).

As principais importações moçambicanas em 2019 incidiram no grupo Màquinas, aparelhos e partes” (19,4% do Total), principalmente máquinas eléctricas, muito diversificadas, como telefones, circuitos electónicos integrados, díodos, fios e cabos eléctricos, receptores de TV e suas partes, interruptores e aparelhos de protecção eléctrica, aquecedores eléctricos, motores e transformadores eléctricos e circuitos impressos, entre muitos outros.

A quota de Portugal neste grupo de produtos, calculada com base em dados de exportação de fonte INE de Portugal, convertidos a valores Cif, terá sido de 5,3% (6,3% no ano anterior).

Seguiram-se os grupos “Energéticos”, 18,3% do Total, com destaque para os combustíveis e óleos (quota de 0,3%), “Agro-alimentares”, 16,8%, principalmente cereais, gorduras e óleos, peixe e bebidas alcoólicas (quota de 2,7%), e “Químicos”, 16,3%, como sais de fúor, produtos farmacêuticos, plásticos, borracha e adubos (quota de 3,8%).

2.3 – Exportações por grupos de produtos

Em 2019, os grupos de produtos dominantes nas exportações de Moçambique foram “Energéticos”, 41,8% do Total (46,0% em 2018), principalmente carvão, energia eléctrica e gás de petróleo, “Minérios e metais”, 34,9% (35,9% no ano anterior), essencialmente alumínio e suas obras, e “Agro-alimentares” 16,6% (12,4% em 2018), como tabaco, castanha de cajú, bananas e outras frutas, sementes de oleaginosas, açúcar de cana, legumes secos e crustáceos.

As quotas de Portugal foram praticamente nulas nos dois primeiros grupos e de 5,2%, em 2019, no grupo “Agro-alimentares” (6,5% em 2018).

2.4 – Mercados de origem

Os cinco principais mercados de origem das importações moçambicanas em 2019 foram a África do Sul (28,7%), a China (11,4%), os Emiratos Árabes Unidos (8,0%), Singapura (6,8%) e a Índia (6,1%). Portugal terá ocupado a 6ª posição com 3,6% do Total (7º lugar no ano anterior, com 3,3%).

As importações com origem no espaço da SADC representaram 32,0% do Total em 2019 (30,8% em 2018), cabendo à África do Sul uma quota de cerca de 90% nos dois anos.

2.5 – Mercados de destino

Os principais destinos das exportações moçambicanas em 2019 foram a África do Sul, com 18,2% do Total, seguida da Índia, 16,8%, da China, 6,9%, da Itália, 6,5% e dos Países Baixos, 6,3%, que no ano anterior haviam ocupado a 3ª posição no ‘ranking’ com 12,2% do Total.

De acordo com dados de fonte ITC, Portugal terá ocupado em 2018 a 16ª posição, com 0,8% do total e a 21ª em 2019, com 0,7%.

No âmbito da SADC, coube ainda à África do Sul a primeira posição como receptor das exportações moçambicanas, com 81,4%, seguida do Zimbabwe, com 6,7%.

3 – Comércio Internacional de Portugal com Moçambique

As importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique têm-se mantido, ao longo dos últimos três anos, moderadamente acima do nível de 2015. Por sua vez as exportações com este destino decresceram significativamente entre 2015 e 2017, invertendo este comportamento nos últimos dois anos, mas mantendo-se ainda muito abaixo do nível que detinham em 2015.

3.1 – Balança Comercial

A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique é amplamente favorável a Portugal. Dado o significativo desfasamento entre o valor das importações e das exportações, o grau de cobertura das primeiras pelas segundas é muito elevado.

Ao longo dos últimos cinco anos o maior saldo positivo ocorreu em 2015, com +317 milhões de Euros, seguido de uma acentuada quebra no ano seguinte (-43,6%, com 179 milhões de Euros), descida que prosseguiu em 2017 (-22,3%), situando-se então em +139 milhões de Euros. Nos últimos dois anos inverteu-se este comportamento, atingindo o saldo +162 milhões de Euros em 2019.

No período de Janeiro a Novembro de 2020, face ao homólogo do ano anterior, o saldo manteve-se em torno de +150 milhões de Euros.

3.2 – Importações por grupos de produtos                                                       2018-2019 e Janeiro-Novembro 2019-2020

As importações de mercadorias com origem em Moçambique centram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares”, tendo representado nos dois últimos anos e primeiros onze meses de 2020 mais de 90% do Total, com destaque para as importações de crustáceos, de açúcar de cana, de tabaco e de moluscos.

Segue-se o grupo “Têxteis e vestuário”, com um peso de 6,4% nos primeiros onze meses de 2020, essencialmente composto por fios de algodão, algodão não cardado nem penteado, fios de outras fibras têxteis vegetais, cordéis, cordas e cabos revestidos a borracha ou plástico, e outros artefactos não especificados, incluindo moldes para vestuário.

O grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, com produtos muito diversificados e de fluxo irregular ao longo do período em análise, representou 2,3% do Total em 2020.

Os restantes grupos tiveram um mais reduzido significado.

3.3 – Exportações por grupos de produtos                                                       2018-2019 e Janeiro-Novembro 2019-2020

As principais exportações portuguesas para Moçambique incidem no grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, tendo representado 31,1% do Total no período em análise de 2020. Muito diversificadas, estas exportações incidem predominantemente em máquinas eléctricas, como se pode observar em quadro com a desagregação dos grupos por produtos definidos a quatro dígitos da Nomenclatura.

Seguiu-se o grupo “Químicos” (22,6% do total em 2020), com destaque para os reagentes de diagnóstico e laboratório, medicamentos, tubos, embalagens e outros artefactos de plástico, e matérias corantes, entre muitos outros produtos. 

O Grupo de produtos “Agro-alimentares” pesou 13,6% no Total em 2020, constituído principalmente por conservas de peixe, vinhos, azeite, preparados de farinhas, enchidos de carne, preparações alimentícias diversas, margarina, café, peixe congelado, queijo, produtos de padaria e pastelaria, sumos, massas e frutas.

No grupo “Minérios e metais” (11,9% em 2020), destacam-se as construções e outras obras de ferro ou aço, as barras e perfis de alumínio, os cimentos hidráulicos, as ferragens e guarnições metálicas, e as construções em alumínio, entre outros produtos.

No grupo “Produtos acabados diversos” (8,6% em 2020), predominam o mobiliário, os candeeiros e outros aparelhos de iluminação, os aparelhos para análises físicas ou químicas, os ladrilhos e mosaicos cerâmicos, os assentos mesmo transformáveis em cama, os instrumentos médicos, o vidro de segurança e o material sanitário, como lavatórios e banheiras de cerâmica.

Seguiu-se o grupo “Madeira, cortiça e papel” (6,4% em 2020), com destaque para os livros e diverso material impresso, caixas, sacos e embalagens de papel e cartão, papel higiénico, lenços e fraldas, e obras de carpintaria para construção.

Os restantes grupos tiveram menor expressão: “Têxteis e vestuário” (2,5% em 2020), “Material de transporte terrestre e partes” (1,4%), “Energéticos” (1,1%), “Calçado, peles e partes” (0,8%), tendo sido praticamente nulas as exportações do grupo “Aeronaves, embarcações e partes”.


Alcochete, 22 de Janeiro de 2021.

ANEXO



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