1 - Balança comercial
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), com última actualização em 8 de Janeiro de 2021, para o período
acumulado de Janeiro a Novembro de 2020, e definitivos para 2019, as
exportações de mercadorias, face ao período homólogo do ano anterior, decresceram
em valor ‑10,5% (‑5,8 mil milhões de Euros), a par de uma quebra nas importações
de -16,0% (-11,8 mil milhões).
Estas descidas reflectem quebras mensais significativas, em termos
homólogos, verificadas de Março a Julho, principalmente nos meses de Abril e
Maio (-39,2% e ‑39,4% nas importações e -41,3% e -38,8% nas exportações). A
partir de então, e até Setembro, o volume destas quebras, face ao mês homólogo
do ano anterior, reduziu-se sucessivamente, situando-se a taxa de variação em
-8,7% nas importações, tornando-se mesmo ligeiramente positiva nas exportações,
+0,2%. Em Outubro inverteu-se esta tendência, com taxas de -11,4% nas
importações e de –2,3% nas exportações,
para em Novembro se situarem respectivamente em -12,1% e -0,4%.
As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total
corresponde aqui aos actuais 27 membros (Reino Unido excluído), registaram no
período acumulado de Janeiro a Novembro uma quebra de ‑9,5% (‑3,7 mil milhões
de Euros), tendo as exportações para os países terceiros decaído -12,7% (‑2,0
mil milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) diminuíram
–15,0% (-8,2 mil milhões de Euros), com as originárias dos países terceiros a decrescerem
-18,6% (-3,6 mil milhões).
O défice comercial externo (Fob-Cif) decresceu -32,3% ao situar-se em -12,6
mil milhões de Euros (menos 6,0 mil milhões do que no ano anterior), a que
correspondeu uma redução de 4,4 mil milhões no comércio intracomunitário e de -1,6
mil milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura
(Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 74,8%, em 2019, para 79,7%,
em 2020.
A
variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das
exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. Em 2020,
neste período, o valor médio unitário de importação do petróleo desceu, face a 2019,
de 431 para 297 Euros/Ton.
Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida
em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos
factores determinantes da evolução do seu preço em Euros.
Se
excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que no
período em análise pesou 9,0% no total das importações em 2020 e 4,5% do lado das
exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações no
comércio global sobe de 79,7% para 83,4%.
2 – Evolução mensal
3 – Mercados de destino e de origem
3.1 - Exportações
Em 2020, no
período em análise, as exportações nacionais para a UE (expedições), que
representaram 71,6% do total (70,9% em 2019), decresceram em valor -9,5%, contribuindo
com -6,8 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global
negativa de -10,5%.
As
exportações para o espaço extracomunitário, que representaram os restantes 28,4%
do total em 2020 (29,1% em 2019), decaíram -12,7%, contribuindo com -3,7 p.p.
para a taxa de ‘crescimento’ global.
Os
principais destinos nos primeiros dez meses de 2020 foram a Espanha (25,4%), a França
(13,6%), a Alemanha (11,9%), o Reino Unido (5,7%), os EUA (4,9%), a Itália (4,4%),
os Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,3%), Angola (1,6%), a Polónia (1,4%), o Brasil
/1,3%), a Suíça (1,2%), a Suécia e Marrocos (1,1% cada), destinos que representaram 79,7% do total das exportações.
Angola, o
terceiro principal mercado entre os países terceiros depois do Reino Unido e
dos EUA, registou uma quebra em valor nas exportações de –30,0% em 2020 (-346,6
milhões de Euros), envolvendo a totalidade dos onze grupos de produtos. As
maiores descidas incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (-90,7 milhões de Euros), “Agro-alimentares”
(-85,1 milhões), “Químicos” (‑50,1 milhões),
“Minérios e metais” (-43,8 milhões), “Produtos
acabados diversos” (‑28,3 milhões), “Madeira, cortiça e papel” (-23,0
milhões), e “Têxteis e vestuário” (-14,6 milhões de Euros).
Entre os
principais destinos, os maiores contributos
positivos para o ‘crescimento’ (negativo)
das exportações neste período (-11,5%), pertenceram à Irlanda (+0,14 p.p.), Roménia
(+0,06 p.p.), Suécia e Suíça (+0,04 p.p. cada), e Dinamarca (+0,03 p.p.).
O maior contributo
negativo coube a Espanha (‑1,9 p.p.), seguida da Alemanha (-1,4 p.p.), do
Reino Unido (-1,0 p.p.), da França (-0,8 p.p.), das Provisões de Bordo para
Países Terceiros, Angola, EUA, Itália e Países Baixos (todos com -0,6 p.p.) e Provisões
de Bordo para Países Comunitários (-0,5 p.p.).
Os maiores acréscimos, nas
expedições para o espaço comunitário,
em termos homólogos, incidiram na Irlanda, seguida da Roménia. Os maiores
decréscimos couberam a Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos e Provisões
de Bordo, seguidos da Áustria, Bélgica, Grécia, Finlândia, Eslováquia, Polónia,
Chipre, Eslovénia e Bulgária.
No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores
acréscimos nas exportações destacaram-se os do Japão, de Gibraltar, da
Coreia do Sul e de Israel.
Entre os maiores decréscimos evidenciou-se o Reino Unido, seguido das Provisões
de Bordo, Angola, EUA, Canadá, Marrocos, México, Egipto, Argélia, China, Brasil
e África do Sul.
3.2 - Importações
De
Janeiro a Novembro de 2020, as chegadas de mercadorias com origem na UE, que
representaram 74,5% do total (73,7% em 2019), registaram um decréscimo de -15,0%
e contribuíram com -11,1 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de ‑16,0%.
As
importações com origem no espaço extracomunitário registaram um decréscimo de ‑18,6%,
representando 25,5% do total em 2020 (26,3% em 2019), com um contributo para o ‘crescimento’
global de -4,9 p.p..
Os
principais mercados de origem das importações em 2020 foram a Espanha (32,3% do
Total), a Alemanha (13,5%) e a França (7,4%).
Seguiram-se
os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,5%), a Bélgica (2,9%), o
Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,3%), os EUA (1,8%) e a Nigéria (1,7%).
Estes países representaram, no seu conjunto, 79,9% das importações totais.
Entre os contributos
positivos para a taxa de variação homóloga das importações em 2020 (‑16,0%)
destacou-se o do Brasil (+0,7 p.p.), seguido da Nigéria (+0,2 p.p.), da China e
da Polónia (+0,1 p.p. cada).
Os maiores contributos negativos
couberam a França (-3,8 p.p.), Espanha (-3,1 p.p.) e Alemanha (-2,0 p.p.).
Seguiram-se Angola (-0,9 p.p.), a Federação
Russa (-0,8 p.p.), a Itália (-0,7 p.p.), a Bélgica (0,6 p.p.), a Arábia Saudita
e Azerbaijão (-0,5 p.p. cada) e os Países Baixos (-0,4 p.p.).
Nas duas figuras seguintes
relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos das importações com origem
intracomunitária e nos países terceiros.
4 – Saldos da Balança Comercial
Em 2020, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif)
couberam à França (+2144 milhões de Euros), aos EUA (+1288 milhões) e ao Reino
Unido (+1117 milhões). Seguiram-se a Turquia (+503 milhões) e Angola (+420 milhões).
O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-7540
milhões de Euros), seguido dos da Alemanha (-2453 milhões), da China (‑2311
milhões), dos Países Baixos (-1556 milhões) e da Itália (-1055 milhões).
5 – Evolução por grupos de produtos
5.1 – Exportações
Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO). Os grupos com maior peso nas exportações em 2020, representando 65,7% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (14,6% do total e ‑5,8% de TVH), “Material de transporte terrestre e partes” (14,1% e -16,6%), “Agro-alimentares” (13,8% e +2,1%), “Químicos” (13,2% e ‑7,2%) e “Produtos acabados diversos” (10,0% e -8,8%).
À
excepção do grupo “Agro-alimentares”, (+140 milhões de Euros), em todos
os restantes dez grupos se registaram decréscimos nas exportações face a
2019. Os maiores contributos para o decréscimo global (-5,8 mil milhões de
Euros), couberam aos grupos “Material de transporte
terrestre e partes” (-1,4
mil milhões de Euros), “Energéticos” (‑982 milhões), “Têxteis e
vestuário” (-571 milhões), ), “Minérios e metais” (-519 milhões) e “Quimicos”
(-508 milhões de Euros).
5.2 – Importações
Em 2020, os grupos de produtos com maior peso nas importações, representando 81,3% do total, foram “Máquinas, aparelhos e partes” (19,0% e TVH -9,9%), “Químicos” (18,5% do total e TVH -3,4%), “Agro-alimentares” (15,9% e TVH -4,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (10,8% e TVH -25,3%), “Energéticos” (8,7% e TVH -35,8%) e “Minérios e metais” (8,4% e TVH -12,3%).
Verificaram-se
decréscimos em todos os 11 grupos de produtos, num total de -11,8 mil
milhões de Euros, cabendo os mais significativos aos grupos “Energéticos”
(-3,0 mil milhões), “Material de transporte terrestre e partes”
(-2,3 mil milhões), “Aeronaves,
embarcações e partes” (‑2,0 mil milhões). “Máquinas, aparelhos e partes” (-1,3 mil milhões.
6 – Mercados por grupos de produtos
6.1 – Exportações
Entre os
mercados de destino, a Espanha ocupou em 2020 a primeira posição em 8 dos 11
grupos de produtos com 25,4% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Calçado, peles e couros” (4ª posição,
depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (6ª
posição, precedida do Brasil, da França, da Roménia, dos EUA e do Reino Unido).
Seguiram-se
no “ranking” a França (13,6%), a
Alemanha (11,9%), o Reino Unido (5,7%), os EUA (4,9%), a Itália (4,4%), os
Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,3%), Angola (1,6%) e a Polónia (1,4%). Estes
dez países representaram 75,0% das exportações totais.
6.2 – Importações
Na
vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em nove dos onze
grupos de produtos, com 32,3% do total, sendo as excepções os grupos “Energéticos” (2ª posição, precedida da Nigéria)
e “Aeronaves, embarcações e partes” (5º lugar, depois da França, Alemanha,
EUA e Ilhas Virgens Britânicas).
Seguiram-se,
no “ranking”, a Alemanha (13,5%), a
França (7,4%), os Países Baixos (5,5%), a Itália (5,2%), a China (4,5%), a Bélgica
(2,9 %), o Reino Unido (2,7%), o Brasil (2,3%) e os EUA (1,8%). Estes dez
países cobriram 78,2% das importações totais.
Alcochete, 10 de Janeiro de 2021.
ANEXO
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