preparações, conservas e
outros produtos do mar
1 – Nota
introdutória
Portugal,
detentor de uma das maiores Zonas Económicas
Exclusivas (ZEE) a nível europeu e mundial, mantém no âmbito da pesca, preparações,
conservas e outros produtos do mar, uma balança comercial deficitária,
Neste trabalho vai-se analisar a evolução
destas trocas comerciais com o exterior, a partir de dados de base divulgados
pelo Instituto Nacional de Estatística em versão definitiva para 2019 e ainda
preliminar para 2020, com última actualização em 9 de Fevereiro de 2021.
2-
Peso do sector no comércio internacional global
As importações deste conjunto de
produtos representaram 2,8% das importações globais em 2020 (2,7% em 2019) e as
exportações, com um peso no Total tendencialmente decrescente nos últimos dois
anos, 1,7% (1,8% em 2019).
3
– Balança Comercial
A balança comercial
destes produtos do mar foi deficitária em 2019 e 2020, com défices (Fob-Cif) respectivamente
de -1115 milhões de Euros e -1019 milhões, o que representou um decréscimo de -8,6%.
Em 2020, face
ao ano anterior, as importações decresceram -11,9% e as exportações decaíram -15,3%,
com o grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) a descer de
49,0% para 47,1%.
Entre os agregados de produtos considerados
destacam-se, nas duas vertentes comerciais, o “Peixe”, os “Crustáceos,
moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, produtos que representaram no
seu conjunto, nos dois últimos anos, cerca de 98% das importações e das
exportações totais.
O único agregado em que a Balança Comercial
foi favorável a Portugal foi o de “Preparações e conservas
de peixe, crustáceos e moluscos”, +22,1
milhões de Euros em 2019 e +31,9 milhões em 2020.
Os défices
dominantes incidiram no “Peixe”, -825,6 milhões de Euros em 2019 e -778,7 milhões
em 2020 e no agregado “Crustáceos,
moluscos e outros invertebrados aquáticos”, respectivamente -281,5 e -251,0 milhões de Euros.
Em Anexo apresentam-se
quadros e gráficos com a balança comercial dos diversos componentes desagregados
por produtos a quatro ou seis dígitos da Nomenclatura Combinada (NC), com
indicação das respectivas quantidades transacionadas.
4 – Importação
Em 2020 as importações deste conjunto
de produtos decresceram -11,9% face ao ano anterior (‑260,0 milhões de Euros). As
maiores quebras couberam ao “Peixe”, -166,4 milhões de Euros, e aos “Crustáceos,
moluscos e outros invertebrados aquáticos”, -103,5 milhões.
4.1 – Mercados de
origem
Em 2020 os principais fornecedores deste
conjunto de produtos foram a Espanha (40,8%), a Suécia (13,0%), os Países Baixos
(8,7%), a China (3,7%), a Dinamarca (3,2%) e a Rússia (2,5%), países que
totalizaram 71,9% dos fornecimentos.
Os maiores decréscimos,
em Euros, couberam a Espanha (-67,6 milhões), à Rússia (-40,4 milhões), à
China (-22,1 milhões), à Índia (-16,3 milhões) e ao Senegal (-14,5 milhões).
Por sua vez, entre os 25 maiores fornecedores os acréscimos incidiram no Equador (+8,3 milhões), Marrocos (+4,7 milhões), Turquia (+4,4 milhões), Itália (+1,2 milhões) e Alemanha (+925 mil Euros).
5 – Exportação
As exportações decresceram -15,3% em
termos homólogos (-164,4 milhões de Euros).
A principal quebra incidiu no “Peixe”,
componente com um peso de 48,7%n no Total em 2020 (-119,5 milhões de Euros). Seguiram-se
os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados
aquáticos“, 21,2% do total (-73,0 milhões), principalmente moluscos, excluindo
conservas.
A estas descidas contrapôs-se um
aumento das exportações de “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos”, 28,3%
do Total (+13,1 milhões de Euros), principalmente preparações e conservas de peixe.
5.1 – Mercados de destino
Em 2020 as expedições portuguesas de
mercadorias para o espaço intracomunitário representaram 78,6% do Total, com predomínio
do mercado espanhol (47,1% do Total). Entre os países terceiros o destino
dominante foi o Brasil (6,4%).
Os maiores decréscimos em Euros,
couberam a Espanha (-129,4 milhões), Itália (-22,2 milhões), Brasil (-19,9
milhões), China (-6,6 milhões), Angola (-3,8 milhões) e Polónia (-1,6 milhões).
Os principais acréscimos incidiram nas
exportações para França (+7,1 milhões), Reino Unido (+6,3 milhões), Alemanha
(+3,7 milhões), Suíça e EUA (+2,9 milhões cada), Bélgica (+2,2 milhões), Japão
(+2,0 milhões), Países Baixos (+1,7 milhões) e Vietname (+1 milhão de Euros).
6 – Importação e exportação
de sardinha
São conhecidas as limitações impostas
ultimamente à pesca da sardinha em zonas em que habitualmente operam os pescadores
portugueses e espanhóis, face à acentuada redução do “stock” de sardinha verificada ao longo da última década, tendo
havido mesmo um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração
do Mar (ICES) que aconselhava a sua proibição.
Em 2020, face ao ano anterior, aumentou a importação de sardinha fresca, refrigerada ou congelada (+20,1% em valor e +29,1% em quantidade) e também a sua exportação (respectivamente +18,1% e +36,8%).
Em 2020 o principal mercado de origem foi
a Espanha (64,0%), seguida à distância pelo Reino Unido (18,5%), Marrocos (9,0%),
Croácia (4,3%) e França (3,1%). Por sua vez, o principal mercado de destino das
exportações foi ainda a Espanha (64,9%), seguida da França (7,8%), dos EUA (7,4%),
do Canadá (6,8%), da Suíça (2,5%), da Alemanha (1,6%), do Reino Unido e
Luxemburgo (1,4% cada).
As principais exportações portuguesas de sardinha incidem nas tradicionais conservas (com um elevadíssimo grau de cobertura das importações pelas exportações), que registaram em 2020 acréscimos de +23,3% em valor e +25,3% em quantidade.
As
importações destas conservas, que representaram neste ano cerca de 14% do valor das
exportações, registaram o significativo aumento em relação ao ano anterior de
+79,3%.
Em 2020, o
principal destino das conservas de sardinha foi a França (34,3%), seguida do Reino
Unido (14,5%), Áustria e EUA (7,9% cada), Bélgica (6,7%), Alemanha (5,0%),
Espanha (3,1%) e Países Baixos (3,0%).
Os principais
fornecedores foram a Espanha (55,1%), Marrocos (17,7%) e a Alemanha (16,3%).
7 – Importação e exportação
de bacalhau
O bacalhau, também conhecido em
Portugal pela designação de “fiel amigo” por não se deteriorar por
longos períodos de tempo, ocupa uma posição importante na alimentação dos
portugueses, sendo as suas importações mais de quatro vezes superiores às
exportações
A importação de bacalhau, nos seus diversos estados, representou 26,1% do conjunto dos componentes em análise em 2020 (27,1% em 2019), com a exportação a pesar respectivamente 13,6% e 13,4% do Total.
Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se
o ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado’ (64,8% em 2019), seguido do ‘Congelado, excluindo filetes’ (25,1%).
O principal mercado de origem do
bacalhau foi a Suécia (38,2% do Total em 2019 e 43,1% em 2020), seguida dos
Países Baixos (21,7% e 25,0%, respectivamente), da Rússia (14,8% e 9,4%) e da Espanha
(8,3% e 8,6%).
Sabe-se que uma grande parte do bacalhau
consumido em Portugal tem origem na Noruega, país extracomunitário
limítrofe da Suécia, mas os dados estatísticos disponíveis apontam para um
fornecimento, pela Noruega, em 2020, de apenas 2,1 mil toneladas (13,8 milhões
de Euros), contra 29,8 mil toneladas no valor de 217 milhões de Euros fornecidos
pela Suécia.
Tudo indica que a prevalência da Suécia
entre os fornecedores de Portugal contabilizados pelo INE reside no facto de
ser este um país de “introdução em livre prática” na União Europeia do
bacalhau norueguês destinado a Portugal, após cumpridas as formalidades
aduaneiras.
Em 2020 Portugal exportou 18,6 mil toneladas de bacalhau (21,4 mil no ano anterior), principalmente ‘Congelado, excluindo filetes’ e ‘Seco, salgado, em salmoura ou fumado”.
Em 2020 as principais exportações de
bacalhau tiveram por destino o Brasil (35,1%), a França (18,8%) e a Espanha
(13,9%).
Seguem-se, em Anexo, quadros e gráficos com a balança comercial dos componentes do conjunto dos produtos da pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar consideradas neste trabalho, desagregadas por produtos da NC a 4 ou 6 dígitos e indicação das quantidades transaccionadas.
Alcochete, 9 de Março de 2021.
ANEXO
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