Comércio Externo da África do Sul
(2016-2020)
Comércio de Portugal com a África do Sul
(2018-2020 e Jan-Nov 2020-2021)
( disponível para download >> aqui )
1 – Nota introdutória
Neste trabalho, com base em dados
estatísticos divulgados pelo “International
Trade Centre” (ITC) vai-se analisar, em termos genéricos, para o período 2016-2020,
a evolução do comércio externo de mercadorias da África do Sul face ao
mundo, as quotas de mercado de Portugal por grupos de produtos e a evolução da
África do Sul no conjunto dos países da SADC-"Southern African Development Community", organização em
que ocupa posição dominante em termos económicos e de que também fazem parte
Angola e Moçambique.
Analisa-se aqui também a evolução das
trocas comerciais de Portugal com a África do Sul entre os anos de 2016 e 2020
e período acumulado de Janeiro a Novembro de 2020 e 2021, a partir de dados de
base do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE) em versão
definitiva até 2020 e preliminar para 2021.
2 – Balança Comercial da África do Sul
Entre 2016 e 2020 a Balança Comercial foi
favorável à África do Sul, com saldos oscilando entre 978 milhões de Euros, em
2018, e 14 878 milhões, em 2020.
Este acentuado acréscimo ficou a
dever-se a uma quebra nas importações de -23,6%, acompanhada de uma descida das
exportações de -7,1%
Entre 2016 e 2019 o ritmo de
crescimento das exportações acompanhou de perto o das importações, tendo-se
assistido em 2020 a uma desaceleração em ambas as vertentes, situando-se as
importações mesmo abaixo do nível que detinham em 2016.
3 – Importações na África do Sul por grupos de produtos
- Peso de Portugal
Para uma análise do tipo de produtos transaccionados, as posições
a dois dígitos do Sistema Harmonizado de codificação de mercadorias, utilizado
pelo ITC, coincidentes com as posições da Nomenclatura Combinada em uso na
União Europeia, foram agregadas em 11 grupos de produtos (ver Anexo).
Por grupos de produtos, as importações
sul-africanas com maior expressão em 2020 (últimos dados disponíveis) integraram-se
no grupo “Máquinas, aparelhos e partes”,
tendo representado 23,4% do total.
Seguiram-se os grupos “Químicos” (17,4%), “Energéticos” (13,9%), “Produtos
acabados diversos” (13,0%), “Agro-alimentares”
(8,7%), “Minérios e metais” (7,1%), “Material de transporte terrestre e partes”
(6,5%), “Têxteis e vestuário” (4,7%),
“Madeira, cortiça e papel” (3,4%), “Calçado, peles e couros” (1,2%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,7%).
De acordo com dados de fonte ITC, Portugal
pesou 0,31% nas importações de mercadorias efectuadas pela África do Sul em 2020.
Por grupos de produtos, as maiores
quotas de Portugal incidiram nos grupos “Material
de transporte terrestre e partes” (1,23%), “Têxteis e vestuário” (0,54%), e “Madeira, cortiça e papel” (0,51%).
4 –Exportações da África do Sul por grupos de produtos
- Peso de
Portugal
As exportações de mercadorias da
África do Sul com maior peso em 2020 centraram-se no grupo de produtos “Minérios e metais” (47,8% do Total), principalmente
platina e outros metais raros (paládio, ródio, irídio, ósmio e ruténio), ouro e
diamantes, mas também minério de ferro.
Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (12,1%), “Material de transporte terrestre e partes”
(9,9%), “Químicos” (8,4%), “Energéticos” (8,0%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (7,5%).
Portugal terá pesado 0,2% nas exportações
de mercadorias efectuadas pela África do Sul em 2020.
De acordo com os dados disponíveis, as maiores quotas de Portugal, incidiram nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (1,23%), “Químicos” (0,25%), “Material de transporte terrestre e partes” (0,20%), “Têxteis e vestuário” (0,17%) e “Calçado, peles e couros” (0,13%)
5 –África do Sul, enquanto país-membro
da SADC
A SADC, “Southern
Africa Development Community” (Comunidade
para o Desenvolvimento da África Austral) é um importante bloco económico e
político criado em 1992, com sede em Gaborone, capital do Botswana, de que
fazem parte presentemente 16 países da África Austral: Àfrica
do Sul, Angola, Botswana, Comores, Rep. Democrática do Congo, Essuatíni (antiga Suazilândia),
Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícia, Moçambique, Namíbia, Seicheles,
Tanzâniia, Zâmbia e Zimbabwe.
A SADC tem por finalidade, entre os seus principais
objectivos, o de estimular o comércio de produtos e serviços entre os países
membros, reduzir e unificar as tarifas alfandegárias.
Esta Comunidade surgiu da
transformação, em 1992, da então SADCC (Conferência para a Coordenação do
Desenvolvimento da África Austral), que tinha sido criada em 1980 com o
objectivo de reduzir a dependência económica dos países da região austral
relativamente à África do Sul, em que vigorava então o regime do “apartheid”.
Entre 2016 e 2020, a Balança Comercial
da África do Sul com os seus parceiros na SADC foi-lhe favorável, com elevados
graus de cobertura das importações pelas exportações.
Neste período, a Balança foi favorável
com todos os países excepto com Angola até 2019, tendo-se tornado positivo o
seu saldo em 2020 (+253 milhões de Euros). Neste ano os maiores saldos
positivos ocorreram com o Botswana (+2,5 mil milhões de Euros), Moçambique (+2,1
mil milhões), Zimbabwe (+1,8 mil milhões), Namíbia (+1,7 mil milhões) e Zâmbia
(+1,4 mil milhões).
Nos cinco anos em análise o peso das
importações na África do Sul com origem na SADC, no total do comércio mundial, foi
da ordem dos 6% a 7%, tendo o das exportações oscilado entre 20% e 24%.
Em 2020 os principais mercados de origem,
no âmbito desta Organização, foram Essuatíni, a ex-Suazilândia (28,7%), Namíbia
(19,4%), Moçambique (17,2%), Botswana (10,7%), Lesoto (6,4%), Maurícias (4,0%),
Zâmbia (3,6%) e Zimbabwe (2,9%), países que totalizaram 92,4%.
Os principais mercados de destino
foram Botswana (18,7%), Moçambique (17,6%), Namíbia (15,3%), Zimbabwe (12,7%),
Zâmbia (9,8%), Essuatíni (6,7%) e Lesoto (6,0%), países que representaram 86,8%
do Total.
Neste mesmo ano, em termos globais, o principal
país (bem definido) em ambas as vertentes foi a China, seguidda Alemanha e EUA
na importação, por ordem inversa na exportação.
Em 2020 o peso de Portugal nas
importações sul-africanas terá sido de 0,3%, e de 0,2% nas exportações.
6 – Comércio de Portugal com a África do Sul (2018-2020 e Jan-Out 2020-2021)
6.1 - Balança
Comercial
A Balança Comercial de Portugal com a
África do Sul foi deficitária entre 2018 e 2020, tendo-se o seu saldo tornado
positivo no período de Janeiro a Novembro de 2021 (+39,1 milhões de Euros), na
sequência de uma quebra das importações de -19,6%, face ao mesmo período do ano
anterior, e um incremento das exportações de +49,3%.
6.2 - Importações
O grupo de produtos dominante
nas importações portuguesas com origem na África do Sul é “Agro-alimentares”
(73,8% do Total nos primeiros onze meses de 2021 e 76,0% em 2020), com destaque
para os citrinos e peixe. Seguiram-se os grupos “Químicos” (17,4%
e 8,3%, respectivamente), principalmente polímeros de propileno e outras
olefinas em formas primárias, “Material de transporte terrestre e partes” (3,2%
e 12,2%), designadamente veículos de passageiros e para o transporte de mercadorias,
“Máquinas, aparelhos e partes” (1,6% e 1,0%), principalmente
radares e aparelhos de radionavegação e radiotelecomando, e “Minérios e
metais” (1,6% e 0,6%), com destaque para os fios de ferro ou aço,
caixas de fundição e moldes.
Alinharam-se depois, com pesos
inferiores a 1% nos dois anos, os restantes grupos: “Têxteis e
vestuário” (0,9% e 0,6%), “Produtos acabados diversos” (0,5%
e 0,3%), “Madeira, cortiça e papel” (0,4% e 0,1%), “Energéticos”
(0,4% e 0,6%), “Calçado, peles e couros” (0,1% e 0,2), e “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,0% nos dois anos).
Seguem-se quadros com a distribuição
por grupos de produtos, definidos a dois dígitos da Nomenclatura Combinada, e sua
desagregação a quatro dígitos da Nomenclatura.
6.3 - Exportações
Nas exportações destacou-se o grupo de
produtos “Material de transporte terrestre e partes” (47,3% do
Total em 2021 e 32,2% no ano anterior), principalmente veículos automóveis de
passageiros e veículos para o transporte de mercadorias.
Seguiu-se na estrutura o grupo “Máquinas,
aparelhos e partes” (12,4% em 2021 e 19,8% em 2020), onde se destacaram
as exportações de fios e cabos eléctricos, motores e geradores eléctricos, refrigeradores
e congeladores, caixas de fundição e moldes para metais, vidro, borracha ou
plástico, partes de radares e receptores de rádio ou TV, e aparelhos mecânicos
com função própria não especificados.
No grupo “Químicos” (11,6%
e 9,7%), predominaram as folhas, tiras e lâminas de plástico, medicamentos, pneus
novos, tintas e vernizes, e PVC em formas primárias.
No grupo “Agro-alimentares”
(10,5% e 13,3%), destacaram-se o bagaço e outros resíduos de óleos vegetais, conservas
de tomate, massas alimentícias, glicerol, chocolate, conservas de peixe, produtos
de padaria e pastelaria, vinhos, azeite, leveduras, produtos à base de cereais,
e malte, entre outros.
Com pesos mais reduzidos alinharam-se
depois os grupos: “Madeira, cortiça e papel” (6,0% e 6,5%), principalmente
obras de cortiça natural ou aglomerada, papel e cartão não revestidos; “Minérios
e metais“ (4,7% e 8,0%), como cal, fios e cordas de ferro ou aço, rolhas
e cápsulas em metais comuns, fogões em ferro ou aço, laminados planos e facas,
entre muitos outros; Têxteis e vestuário” (3,3% e 4,9%), com destaque para os tecidos e roupas de cama, mesa,
toucador ou cozinha, artefactos têxteis para uso técnico, fibras sintéticas para
fiação, veludos e pelúcias; “Produtos acabados diversos” (2,9%
e 4,1%), como ladrilhos e outro material cerâmico, assentos mesmo transformáveis
em cama, louça e outros artigos cerâmicos e de vidro; “Calçado, peles e
couros” (0,9% nos dois anos), designadamente calçado.
As exportações de produtos “Energéticos”,
com um peso reduzido (0,3% e 0,5%), incidiram maioritariamente em benzóis, toluóis
e outros produtos da destilação da hulha, em 2021, e produtos refinados do
petróleo em 2020, tendo sido praticamente nulas as exportações de “Aeronaves,
embarcações e partes”.