segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Comércio Externo da África do Sul - Portugal-África do Sul (2018-2019 e Jan-Nov 2021)

 

Comércio Externo da África do Sul
(2016-2020)
Comércio de Portugal com a África do Sul
(2018-2020 e Jan-Nov 2020-2021)   

                                    ( disponível para download  >> aqui )

1 – Nota introdutória

Neste trabalho, com base em dados estatísticos divulgados pelo “International Trade Centre” (ITC) vai-se analisar, em termos genéricos, para o período 2016-2020, a evolução do comércio externo de mercadorias da África do Sul face ao mundo, as quotas de mercado de Portugal por grupos de produtos e a evolução da África do Sul no conjunto dos países da SADC-"Southern African Development Community", organização em que ocupa posição dominante em termos económicos e de que também fazem parte Angola e Moçambique.

Analisa-se aqui também a evolução das trocas comerciais de Portugal com a África do Sul entre os anos de 2016 e 2020 e período acumulado de Janeiro a Novembro de 2020 e 2021, a partir de dados de base do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE) em versão definitiva até 2020 e preliminar para 2021.

2 – Balança Comercial da África do Sul

Entre 2016 e 2020 a Balança Comercial foi favorável à África do Sul, com saldos oscilando entre 978 milhões de Euros, em 2018, e 14 878 milhões, em 2020.

Este acentuado acréscimo ficou a dever-se a uma quebra nas importações de -23,6%, acompanhada de uma descida das exportações de -7,1%

Entre 2016 e 2019 o ritmo de crescimento das exportações acompanhou de perto o das importações, tendo-se assistido em 2020 a uma desaceleração em ambas as vertentes, situando-se as importações mesmo abaixo do nível que detinham em 2016.

3 – Importações na África do Sul por grupos de produtos 

       - Peso de Portugal

Para uma análise do tipo de produtos transaccionados, as posições a dois dígitos do Sistema Harmonizado de codificação de mercadorias, utilizado pelo ITC, coincidentes com as posições da Nomenclatura Combinada em uso na União Europeia, foram agregadas em 11 grupos de produtos (ver Anexo).

Por grupos de produtos, as importações sul-africanas com maior expressão em 2020 (últimos dados disponíveis) integraram-se no grupo “Máquinas, aparelhos e partes”, tendo representado 23,4% do total.

Seguiram-se os grupos “Químicos” (17,4%), “Energéticos” (13,9%), “Produtos acabados diversos” (13,0%), “Agro-alimentares” (8,7%), “Minérios e metais” (7,1%), “Material de transporte terrestre e partes” (6,5%), “Têxteis e vestuário” (4,7%), “Madeira, cortiça e papel” (3,4%), “Calçado, peles e couros” (1,2%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,7%).

De acordo com dados de fonte ITC, Portugal pesou 0,31% nas importações de mercadorias efectuadas pela África do Sul em 2020.

Por grupos de produtos, as maiores quotas de Portugal incidiram nos grupos “Material de transporte terrestre e partes” (1,23%), “Têxteis e vestuário” (0,54%), e “Madeira, cortiça e papel” (0,51%).


4 –Exportações da África do Sul por grupos de produtos

     - Peso de Portugal

As exportações de mercadorias da África do Sul com maior peso em 2020 centraram-se no grupo de produtos “Minérios e metais” (47,8% do Total), principalmente platina e outros metais raros (paládio, ródio, irídio, ósmio e ruténio), ouro e diamantes, mas também minério de ferro.

Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares” (12,1%), “Material de transporte terrestre e partes” (9,9%), “Químicos” (8,4%), “Energéticos” (8,0%) e “Máquinas, aparelhos e partes” (7,5%).

Com menor expressão alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel” (2,1%), “Produtos acabados diversos” (2,0%), “Têxteis e vestuário” (1,3%), “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5%) e “Calçado, peles e couros” (0,4%)

Portugal terá pesado 0,2% nas exportações de mercadorias efectuadas pela África do Sul em 2020.

De acordo com os dados disponíveis, as maiores quotas de Portugal, incidiram nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (1,23%), “Químicos” (0,25%), “Material de transporte terrestre e partes” (0,20%), “Têxteis e vestuário” (0,17%) e “Calçado, peles e couros” (0,13%)

5 –África do Sul, enquanto país-membro da SADC

A SADC, Southern Africa Development Community” (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) é um importante bloco económico e político criado em 1992, com sede em Gaborone, capital do Botswana, de que fazem parte presentemente 16 países da África Austral: Àfrica do Sul, Angola, Botswana, Comores, Rep. Democrática do Congo, Essuatíni (antiga Suazilândia), Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícia, Moçambique, Namíbia, Seicheles, Tanzâniia, Zâmbia e Zimbabwe.

 A SADC tem por finalidade, entre os seus principais objectivos, o de estimular o comércio de produtos e serviços entre os países membros, reduzir e unificar as tarifas alfandegárias.

Esta Comunidade surgiu da transformação, em 1992, da então SADCC (Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral), que tinha sido criada em 1980 com o objectivo de reduzir a dependência económica dos países da região austral relativamente à África do Sul, em que vigorava então o regime do “apartheid”.

Entre 2016 e 2020, a Balança Comercial da África do Sul com os seus parceiros na SADC foi-lhe favorável, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações. 

Neste período, a Balança foi favorável com todos os países excepto com Angola até 2019, tendo-se tornado positivo o seu saldo em 2020 (+253 milhões de Euros). Neste ano os maiores saldos positivos ocorreram com o Botswana (+2,5 mil milhões de Euros), Moçambique (+2,1 mil milhões), Zimbabwe (+1,8 mil milhões), Namíbia (+1,7 mil milhões) e Zâmbia (+1,4 mil milhões).

Nos cinco anos em análise o peso das importações na África do Sul com origem na SADC, no total do comércio mundial, foi da ordem dos 6% a 7%, tendo o das exportações oscilado entre 20% e 24%.

Em 2020 os principais mercados de origem, no âmbito desta Organização, foram Essuatíni, a ex-Suazilândia (28,7%), Namíbia (19,4%), Moçambique (17,2%), Botswana (10,7%), Lesoto (6,4%), Maurícias (4,0%), Zâmbia (3,6%) e Zimbabwe (2,9%), países que totalizaram 92,4%.

Os principais mercados de destino foram Botswana (18,7%), Moçambique (17,6%), Namíbia (15,3%), Zimbabwe (12,7%), Zâmbia (9,8%), Essuatíni (6,7%) e Lesoto (6,0%), países que representaram 86,8% do Total.

Neste mesmo ano, em termos globais, o principal país (bem definido) em ambas as vertentes foi a China, seguidda Alemanha e EUA na importação, por ordem inversa na exportação.

Em 2020 o peso de Portugal nas importações sul-africanas terá sido de 0,3%, e de 0,2% nas exportações.


6 – Comércio de Portugal com a África do Sul                                                                      (2018-2020 e Jan-Out 2020-2021)

6.1 - Balança Comercial

A Balança Comercial de Portugal com a África do Sul foi deficitária entre 2018 e 2020, tendo-se o seu saldo tornado positivo no período de Janeiro a Novembro de 2021 (+39,1 milhões de Euros), na sequência de uma quebra das importações de -19,6%, face ao mesmo período do ano anterior, e um incremento das exportações de +49,3%.


6.2 - Importações

O grupo de produtos dominante nas importações portuguesas com origem na África do Sul é “Agro-alimentares” (73,8% do Total nos primeiros onze meses de 2021 e 76,0% em 2020), com destaque para os citrinos e peixe. Seguiram-se os grupos “Químicos” (17,4% e 8,3%, respectivamente), principalmente polímeros de propileno e outras olefinas em formas primárias, “Material de transporte terrestre e partes” (3,2% e 12,2%), designadamente veículos de passageiros e para o transporte de mercadorias, “Máquinas, aparelhos e partes” (1,6% e 1,0%), principalmente radares e aparelhos de radionavegação e radiotelecomando, e “Minérios e metais” (1,6% e 0,6%), com destaque para os fios de ferro ou aço, caixas de fundição e moldes.

Alinharam-se depois, com pesos inferiores a 1% nos dois anos, os restantes grupos: “Têxteis e vestuário” (0,9% e 0,6%), “Produtos acabados diversos” (0,5% e 0,3%), “Madeira, cortiça e papel” (0,4% e 0,1%), “Energéticos” (0,4% e 0,6%), “Calçado, peles e couros” (0,1% e 0,2), e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,0% nos dois anos).

Seguem-se quadros com a distribuição por grupos de produtos, definidos a dois dígitos da Nomenclatura Combinada, e sua desagregação a quatro dígitos da Nomenclatura.


6.3 - Exportações

Nas exportações destacou-se o grupo de produtos “Material de transporte terrestre e partes” (47,3% do Total em 2021 e 32,2% no ano anterior), principalmente veículos automóveis de passageiros e veículos para o transporte de mercadorias.

Seguiu-se na estrutura o grupo “Máquinas, aparelhos e partes” (12,4% em 2021 e 19,8% em 2020), onde se destacaram as exportações de fios e cabos eléctricos, motores e geradores eléctricos, refrigeradores e congeladores, caixas de fundição e moldes para metais, vidro, borracha ou plástico, partes de radares e receptores de rádio ou TV, e aparelhos mecânicos com função própria não especificados.

No grupo “Químicos” (11,6% e 9,7%), predominaram as folhas, tiras e lâminas de plástico, medicamentos, pneus novos, tintas e vernizes, e PVC em formas primárias.

No grupo “Agro-alimentares” (10,5% e 13,3%), destacaram-se o bagaço e outros resíduos de óleos vegetais, conservas de tomate, massas alimentícias, glicerol, chocolate, conservas de peixe, produtos de padaria e pastelaria, vinhos, azeite, leveduras, produtos à base de cereais, e malte, entre outros.

Com pesos mais reduzidos alinharam-se depois os grupos: “Madeira, cortiça e papel” (6,0% e 6,5%), principalmente obras de cortiça natural ou aglomerada, papel e cartão não revestidos; “Minérios e metais(4,7% e 8,0%), como cal, fios e cordas de ferro ou aço, rolhas e cápsulas em metais comuns, fogões em ferro ou aço, laminados planos e facas, entre muitos outros; Têxteis e vestuário” (3,3% e 4,9%), com  destaque para os tecidos e roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, artefactos têxteis para uso técnico, fibras sintéticas para fiação, veludos e pelúcias; “Produtos acabados diversos” (2,9% e 4,1%), como ladrilhos e outro material cerâmico, assentos mesmo transformáveis em cama, louça e outros artigos cerâmicos e de vidro; “Calçado, peles e couros” (0,9% nos dois anos), designadamente calçado.

As exportações de produtos “Energéticos”, com um peso reduzido (0,3% e 0,5%), incidiram maioritariamente em benzóis, toluóis e outros produtos da destilação da hulha, em 2021, e produtos refinados do petróleo em 2020, tendo sido praticamente nulas as exportações de “Aeronaves, embarcações e partes”.

À semelhança das importações, seguem-se quadros com a distribuição das exportações por grupos de produtos, definidos a dois dígitos da Nomenclatura Combinada, e sua desagregação a quatro dígitos da Nomenclatura.





Alcochete, 20 de Janeiro de 2022.

ANEXO


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