Comércio Externo de Moçambique
Trocas comerciais de Portugal com Moçambique
(2019-2020 e Jan-Nov 2020-2021)
( disponível para download >> aqui )
1 – Nota introdutória
Entre outras organizações, Moçambique é um dos estados-membros da “Southern Africa Development Community – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral” (SADC), Comunidade que integra actualmente dezasseis países: Africa do Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini (a antiga Suazilândia), Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Congo (RD), Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Organização criada em 1992, na sequência do fim do apartheid na África do Sul, sucedendo à SADCC, esta criada em 1980 por nove dos actuais membros da SADC, tem entre os seus principais objectivos aprofundar a cooperação económica e estimular o comércio de produtos e serviços entre os seus membros. As línguas oficiais são o inglês, o português e o francês,
Moçambique foi também, em 1996, um dos
fundadores da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), a par de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São
Tomé e Príncipe. Em 2002 foi admitido Timor-Leste e mais recentemente, em 2014,
a Guiné-Equatorial, observador associado desde 2006.
Entre os objectivos da CPLP, no âmbito
da cooperação em todos os domínios, situa-se o desenvolvimento de parcerias
estratégicas e o levantamento de obstáculos ao desenvolvimento do comércio
internacional de bens e serviços, tornando-o assim numa importante alavanca para
o desenvolvimento do espaço económico lusófono e consequente melhoria das
condições de vida das suas populações.
Neste trabalho encontra-se reunido um conjunto
de dados sobre o comércio externo de Moçambique em 2019 e 2020, com base em
estatísticas constantes da publicação “Estatísticas do Comércio Externo de
Bens - 2020”, do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique.
Analisa-se depois a evolução das importações
e das exportações de mercadorias de Portugal com Moçambique em 2019 e 2020 e
período acumulado de Janeiro a Novembro de 2020 e 2021.
2 – Comércio Externo de Moçambique
Por sua vez, as exportações, após uma subida acentuada de 2016 para 2017, mantiveram-se na mesma ordem de grandeza até 2019, para desacelerarem também em 2020, até um nível pouco acima do que detinham em 2016
2.1 - Balança Comercial
(2016-2020)
Os
dados de base, de fonte moçambicana, publicados em dólares, foram neste
trabalho convertidos a Euros. De acordo com os dados disponíveis, a Balança
Comercial de mercadorias (fob-cif) do país foi deficitária entre 2016 e 2020,
com um défice nos dois últimos anos da ordem dos -2,5 mil milhões de Euros. Em
2020 registaram-se quebras em valor de ‑14,6% nas importações e de -24,7% nas
exportações.
2.2 – Importações por grupos de produtos (2019-2020)
A importações e exportações de produtos
estão neste trabalho agregadas em onze grupos de produtos (ver conteúdo definido em Anexo).
As principais importações moçambicanas
em 2020 incidiram no grupo “Agro-alimentares” (19,8% do Total),
principalmente peixe congelado, carne de aves domésticas e outra, leite e lacticínios.
Seguiram-se os grupos “Químicos”,
18,5% do Total, com destaque para os aglutinantes para moldes de fundição,
produtos farmacêuticos, reagentes de laboratório, insecticidas, adubos e
fertilizantes, entre outros, “Máquinas, aparelhos e partes” (17,4%),
principalmente não eléctricas, “Energéticos” (14,3%), designadamente
combustíveis, óleos e energia eléctrica, “Minérios e metais” (10,7%),
principalmente ferro, aço e suas obras, alumínio e suas obras, ferramentas e cimento, e “Material de
transporte terrestre e partes” (7,9%), principalmente veículos automóveis
com predominância dos de transporte de mercadorias, e também tractores e
atrelados. Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos
acabados diversos” (5,3%), “Têxteis e vestuário” (3,2%), “Madeira,
cortiça e papel” (1,9%), “Calçado, peles e couros” (0,6%)
e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5%).
A quota de Portugal no conjunto das
importações em 2020, de acordo com os dados oficiais moçambicanos, foi de 3,6%,
tendo as maiores quotas incidido nos grupos “Produtos acabados diversos” (12,4%),
“Madeira, cortiça e papel” (9,0%), “Têxteis e vestuário”
(7,1%), “Minérios e metais” (4,0%), “Químicos” (3,9%)
e “Máquinas, aparelhos e partes” (3,6%).
2.3 – Exportações por grupos de produtos (2019-2020)
Em 2020, os grupos de produtos
dominantes nas exportações de Moçambique foram “Energéticos” (38,2%
do Total), designadamente carvão, energia eléctrica e gás natural, “Minérios
e metais” (38,1%), principalmente alumínio e suas obras, e minérios de titânio,
tântalo, vanádio, nióbio e zircónio, e “Agro-alimentares” (17,8%
do Total), com destaque para os crustáceos, castanha de cajú, bananas,
oleaginosas, frutos leguminosos secos, tabaco e açúcar.
Seguiram-se os grupos “Têxteis e
vestuário” (1,9%), “Madeira, cortiça e papel” (1,7%), “Químicos”
(1,2%) e, com pesos inferiores a 1,0%, “Máquinas, aparelhos e partes”,
“Produtos acabados diversos”, “Aeronaves, embarcações e
partes” e “Calçado, peles e couros”.
A quota de Portugal no conjunto das exportações
moçambicanas em 2020, de acordo com dados oficiais do país, foi de apenas 0,6%,
tendo as maiores quotas incidido nos grupos “Produtos acabados diversos” (4,8%),
“Agro-alimentares” (3,0%), “Têxteis e vestuário” (2,8%),
“Máquinas, aparelhos e partes” (2,5%) e “Calçado, peles e
couros” (2,1%).
2.4 – Mercados de origem das importações (2019-2020)
Em 2020 o
principal mercado de origem das importações moçambicanas foi a África do Sul (30,8%),
seguida da China (10,7%) e da Índia (9,0%). Neste ano Portugal ocupou a 6”
posição, com 3,6% do Total, precedido destes países, dos Emiratos e de
Singapura.
Os quadros estatísticos constantes da publicação do INE de Moçambique,
que serviram de base a este trabalho, não incluem as Ilhas Comores no
conjunto dos estados-membros da SADC, embora o país tenha sido admitido na
organização em 2017, tornando-se membro de pleno direito em Agosto de 2018. As importações com origem no espaço da SADC,
excluindo as ilhas Comores, representaram 33,7% do Total em 2020 (32,0% em 2019),
cabendo à África do Sul uma quota de cerca de 90% nos dois anos.
As importações de Moçambique com
origem no espaço da UE-27 (Reino Unido excluído) representaram 10,6% das
importações globais em 2020 (12,0% em 2019), tendo Portugal sido o primeiro
fornecedor neste contexto (33,5% em 2020 e 30,2% em 2019).
Seguiram-se, em 2020, entre os
principais fornecedores comunitários, a Itália (16,0%), a Alemanha (11,9%), os
Países Baixos (8,2%), a França (5,8%), a Bélgica e a Espanha (5,5% cada).
2.5 – Mercados de destino das exportações (2019-2020)
Em 2020 o principal mercado de destino
das exportações de Moçambique foi ainda a África do Sul, 23,1% em 2020 e 18,2%
em 2019, seguida, em 2020, pela Índia 11,8%, Reino Unido 10,2%, China 7,3%,
Itália 6,6% e Países Baixos 5,7%, tendo Portugal pesado 0,6% no Total.
Em 2020 as exportações no âmbito da
SADC representaram 29,3% do Total para o Mundo (22,6% em 2019), com destaque
para a África do Sul, 78,7% e Zimbabwe 10,9%.
As exportações para a UE-27 (Reino
Unido excluído) pesaram 24,0% em 2020 (27,6% no ano anterior), tendo Portugal
ocupado a 6ª posição no ‘ranking’, com 2,6%, precedido da Itália, 27,7%, dos
Países Baixos, 24,0%, da Bélgica, 15,9%, da Espanha, 12,2% e da Polónia, 9,0%.
3 – Comércio Internacional
de Portugal com Moçambique
As importações portuguesas de
mercadorias com origem em Moçambique mantiveram-se, entre 2017 e 2019 mais de
10% acima do nível que detinham em 2016, para descerem praticamente a esse
nível em 2020. Por sua vez, as exportações, após uma quebra em 2017 e 2018,
recuperaram nos dois anos seguintes, mantendo-se contudo abaixo do nível de
2016.
3.1 – Balança Comercial - 2016-2020
e Jan-Nov 2020-2021
A Balança Comercial de mercadorias de Portugal
com Moçambique é amplamente favorável a Portugal. Dado o elevado diferencial
entre o valor das importações e das exportações, o grau de cobertura das
primeiras pelas segundas é muito elevado.
Ao longo do período 2016-2020 o saldo
anual, positivo, oscilou entre 139 e 179 milhões de Euros. No período de
Janeiro a Novembro de 2020 o saldo situou-se em 149 milhões de Euros, descendo
para 143 milhões em 2021.
3.2 – Importações por
grupos de produtos
2019-2020 e Jan-Nov 2020-2021
As importações de mercadorias com origem
em Moçambique, muito pouco diversificadas, centram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares”, tendo
representado em 2019 e 2020 mais de 90% do Total e 76,6% nos primeiros onze
meses de 2021, com destaque para as importações de crustáceos, tabaco
e, com menor expressão, moluscos e frutos tropicais, como cocos e castanha de cajú.
Em 2021, no mesmo período, não se importou açúcar de cana, que foi o segundo
produto dominante nas importações dos dois anos anteriores.
Seguiu-se neste período, a grande
distância do grupo anterior, com um peso de 16,9%, o grupo “Madeira, cortiça e
papel”, essencialmente composto por madeira em bruto, e também objectos
orçamentais em madeira, papel impresso e obras de cestaria.
Entres os restantes grupos de produtos,
com um mais reduzido significado, de referir “Minérios e metais” (3,3%), “Têxteis
e vestuário“ (1,5%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(1,3%) e “Produtos acabados diversos” (0,4%).
O conjunto dos restantes grupos, ”Material
de transporte terrestre e partes”, “Calçado, peles e couros”,
“Químicos”, “Energéticos” e “Aeronaves,
embarcações e partes” representaram apenas 0,1% do Total.
3.3 – Exportações por
grupos de produtos
2019-2020 e Jan-Nov 2020-2021
No período de Janeiro a Novembro de
2021 as principais exportações portuguesas para Moçambique couberam ao grupo “Máquinas,
aparelhos e partes”, que representou 28,5% do Total. Muito diversificadas,
estas exportações incidiram predominantemente em máquinas e aparelhos eléctricos,
como fios e cabos, aparelhos de telefonia e telecomunicações, interruptores e
aparelhos de protecção, quadros de distribuição de energia e máquinas
automáticas para processamento de dados.
Seguiu-se o grupo “Químicos”
(23,6% do total), com destaque para os reagentes de diagnóstico e laboratório, medicamentos,
matérias corantes, tubos, embalagens e outros artefactos de plástico entre
muitos outros.
O Grupo de produtos “Agro-alimentares”
pesou 15,6% no Total, constituído principalmente por conservas de peixe, vinhos,
preparados de farinhas, azeite, margarina, enchidos de carne, preparações
alimentícias diversas e café,
No grupo “Minérios e metais”
(11,1%), destacam-se as construções e outras obras de ferro ou aço, as barras e
perfis de alumínio, as construções em alumínio, e as ferragens e guarnições
metálicas.
No grupo “Produtos acabados
diversos” (10,5%), muito diversificado, predominou o mobiliário, os ladrilhos
e mosaicos cerâmicos, os assentos mesmo transformados em cama, os candeeiros e
outros aparelhos de iluminação, os aparelhos para análises físicas ou químicas,
o material sanitário, como lavatórios e banheiras de cerâmica, os instrumentos médicos,
a pedra de cantaria e construção, os contadores de gases, líquidos e
electricidade, o vidro de segurança e os aparelhos de raios X e outras
radiações, entre muitos outros..
Seguiu-se o grupo “Madeira,
cortiça e papel” (4,1%), com destaque para as caixas, sacos e embalagens
de papel e cartão, livros e diverso material impresso, papel higiénico, lenços
e fraldas, e obras de carpintaria para construção.
Os restantes grupos tiveram menor
expressão: “Têxteis e vestuário” (2,2%), “Calçado, peles e
partes” (1,5%), “Material de transporte terrestre e partes”
(1,4%), “Energéticos” (1,3%) e “Aeronaves, embarcações e partes”
(0,1%).
No quadro seguinte relacionam-se as
principais exportações, por grupos de produtos, desagregadas a 4 dígitos da
Nomenclatura Combinada.
Sem comentários:
Enviar um comentário