Comércio Internacional de mercadoriasde Portugal com a Federação Russa(2017 a 2021)
( disponível para download >> aqui )
1 – Nota
introdutória
A Federação Russa ocupou em 2020 e 2021
a 16ª e a 13ª posição entre os mercados de origem das importações portuguesas
de mercadorias, respectivamente com 0,8% e 1,3% do Total. Entre os mercados de
destino das nossas exportações, ocupou o 36º lugar em 2020,
com 0,3%, e o 39º em 2021, também com 0,3%.
Depois de se apresentarem alguns dados
estatísticos sobre o comércio externo deste país face ao mundo no período de 2016 a 2020, de
fonte International Trade Centre (ITC), baseados
em estatísticas das alfândegas da Federação, designadamente
a sua balança comercial, os principais mercados das importações e exportações, sua
evolução por grupos de produtos e correspondente peso de Portugal em 2020, vai-se
neste trabalho analisar a evolução do comércio internacional de mercadorias de
Portugal com este país no período de 2017 a 2021, com base em dados estatísticos
divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística de Portugal (INE), definitivos até 2020 e preliminares para 2021,
com última actualização em 9 de Fevereiro de 2022.
2 – Alguns dados sobre
o comércio externo da Federação Russa
2.1 – Balança Comercial
De acordo com os dados disponíveis até
2020, medidos em Euros, a Balança Comercial do país é-lhe favorável, tendo o
seu saldo aumentado de 93,3 para 178,8 mil milhões de Euros entre 2016 e 2018 e descido para 92,4 mil milhões em 2020.
O grau de cobertura das importações
pelas exportações, que em 2018 atingiu 188,7%, situou-se em 145,5% em 2020.
Em 2020 o principal parceiro comercial
da Federação Russa, em ambas as vertentes comerciais, foi a China, com 23,7% das
importações e 14,6% das exportações. Seguiram-se, entre as principais origens
das importações, a Alemanha (10,1%), os EUA (5,7%), a Bielorrússia (5,4%), a
Itália (4,4%), a França (3,5%), a Coreia do Sul e o Japão (3,1% cada), a Turquia e o
Cazaquistão (2,2% cada), a Polónia (2,1%), o Vietname (1,7%), os Países Baixos, a Ucrânia e a República Checa (1,6% cada), e a Índia (1,5%).
Do lado das exportações, a seguir à China
alinharam-se os Países Baixos (7,4%), o Reino Unido (6,9%), a Alemanha (5,5%), a
Bielorrússia e a Turquia (4,7% cada), o Cazaquistão (4,2%), a Coreia do Sul
(3,7%), os EUA (3,3%), a Itália (3,0%), a Polónia (2,8%), o Japão (2,7%), a Finlândia
(2,1%), a Ucrânia (1,9%), a Índia e a Bélgica (1,7% cada).
No mesmo ano, Portugal representou 0,2%
das importações russas e 0,1% das exportações, tendo ocupado respectivamente a 54ª
e a 50ª posição no respectivo “ranking”.
2.2 – Importações por
grupos de produtos
Do quadro
seguinte constam as importações da Federação Russa no período de 2016 a 2020
(últimos dados disponíveis), por grupos de produtos, e o correspondente peso de
Portugal em 2020. Para o cálculo do peso de Portugal foram considerados os dados de
base de fonte INE, em versão definitiva, com utilização do factor fixo 0,9533
para a conversão de valores Cif / Fob (cerca de 0,1% em termos globais).
Em 2020 os
grupos de produtos com maior peso nas importações do país foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (31,7% do Total) e “Químicos” (18,3%), seguidos
de “Agro-alimentares” (12,5%), “Produtos acabados diversos”
(11,3%), “Minérios e metais” (8,3%), “Material de transporte
terrestre e partes” (8,3%) e “Têxteis e vestuário” (5,1%).
2.3 – Exportações por
grupos de produtos
As principais
exportações da Federação Russa incidem no grupo de produtos “Energéticos”,
que em 2020 representou 42,1% do total, contra 52,2% no ano anterior.
Seguiram-se,
entre os mais importantes, os grupos “Minérios e metais” (20,9%), “Produtos
acabados diversos” (12,9%), “Agro-alimentares” (8,4%) e “Químicos”
(6,7%).
Com pesos
inferiores alinharam-se depois os grupos “Máquinas, aparelhos e partes”
(3,8%), “Madeira, cortiça e papel” (3,6%), “Material de transporte
terrestre e partes” (1,0%), “Têxteis e vestuário” (0,4%), “Calçado,
peles e couros” e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,1% cada).
Portugal
terá pesado em termos globais cerca de 0,2% no Total destas exportações, de
acordo com os dados de base de fonte INE.
3 – Comércio de
Portugal com a Federação Russa
3.1 – Ritmo de evolução anual em valor das importações e exportações globais (2017-2021)
Com expressão relativamente pouco significativa, respectivamente 1,3% e 0,3% do Total das importações e das exportações em 2021, as importações foram tendencialmente decrescentes entre 2017, ano em que ocorreu o maior valor desde 2000, e 2020, a que se seguiu alguma recuperação em 2021, mas com um nível inferior ao de 2017. Por sua vez o ritmo das exportações cresceu de 2017 para 2018, tendo desacelerado a partir de então, com níveis praticamente idênticos ao de 2017 nos últimos dois anos.
3.2 – Balança Comercial
A Balança Comercial de Portugal com a Federação
Russa é desfavorável, tendo o défice diminuído de -1,4 mil milhões de Euros em
2017, para -335 milhões em 2020, subindo para -890 milhões em 2021.
Nesse período, o grau de cobertura das
importações pelas exportações cresceu de 11,4%, em 2017, para 16,7%, em 2021.
Ao longo dos últimos cinco anos, as principais
importações incidiram no grupo de produtos “Energéticos”, designadamente
óleos de petróleo (excepto óleos brutos), óleos e outros produtos provenientes
da destilação dos alcatrões de hulha a alta temperatura, gás de petróleo e
outros hidrocarbonetos gasosos .
Estas importações, que em 2017 haviam
atingido 1,4 mil milhões de Euros, decaíram sucessivamente até 2020, situando-se
então em 275 milhões, para em 2021 aumentarem para 729 milhões, representando
68,2% das importações globais.
Seguiram-se em 2021 os grupos: “Químicos” (11,8% do Total), principalmente
compostos da função nitrilo, polímeros, borracha sintética, negros de fumo e
outras formas de carbono; “Minérios e
metais” (10,3%), com destaque para os laminados planos de ferro ou aço, desperdícios
e resíduos destes metais e produtos ferrosos diversos; “Agro-alimentares”
(5,3%), principalmente peixe congelado; “Madeira,
cortiça e papel” (3,8%), com destaque para os contraplacados e folheados de
madeira, papel e cartão “kraft”.
Da figura seguinte constam os principais
produtos transaccionados no âmbito de cada grupo de produtos em 2021 e
correspondentes montantes em 2020, desagregados a quatro dígitos da
Nomenclatura Combinada (NC-4) em uso na União Europeia, coincidente a esse
nível com o Sistema Harmonizado.
3.4 – Exportações
por grupos de produtos
As principais exportações para a Federação
Russa inseriram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares”,
que em 2021 representou 29,6% do
Total, com destaque para as tripas, bexigas e buchos, vinhos, ovos e
produtos hortícolas preparados.
Seguiram-se os grupos; “Madeira, cortiça e papel” (17,2%), constituído
principalmente por cortiça aglomerada e suas obras; “Máquinas, aparelhos e partes” (13,3%), muito diversificados, com predomínio dos aparelhos de
aquecimento, torrefacção, secagem e outros, moldes e caixas de fundição, motores
e geradores eléctricos, fios e cabos eléctricos, máquinas agrícolas e
máquinas-ferramentas diversas; “Produtos
acabados diversos” (11,4%), com destaque para os assentos mesmo transformáveis
em cama, pedra de cantaria ou construção, mobiliário, ladrilhos, lajes e
mosaicos, e louça sanitária.
Com pesos inferiores alinharam-se
depois os grupos “Químicos” (8,7%), principalmente compostos da função
amina, medicamentos, material sanitário em plástico, chapas e folhas de
plástico e borracha sintética ou artificial em formas primárias; “Calçado,
peles e couros” (7,9%), principalmente calçado de couro; “Têxteis e
vestuário” (4,7%), muito diversificados; “Minérios e metais” (4,4%),
com destaque para os artefactos para higiene ou toucador em ferro ou aço inox;
“Material de transporte terrestre e partes” (2,2%), como partes e acessórios
de tractores e de automóveis, e bicicletas; “Aeronaves, embarcações e partes”
(0,7%), designadamente barcos de recreio, tendo sido nulas as exportações de “Energéticos”.
Da figura seguinte constam os principais
produtos transaccionados no âmbito de cada grupo de produtos em 2021 e
correspondentes montantes em 2020, desagregados a quatro dígitos da Nomenclatura
Combinada (NC-4) em uso na União Europeia, coincidente a esse nível com o
Sistema Harmonizado.
Alcochete, 25 de Fevereiro de 2022.
Sem comentários:
Enviar um comentário