domingo, 15 de outubro de 2023

Comércio Internacional de mercadorias - Série mensal - Janeiro a Agosto de 2023

 

Comércio Internacional 
de mercadorias
- Série mensal -
(Janeiro a Agosto de 2023)

( disponível para download  >> aqui )

1 - Balança comercial

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o período de Janeiro a Agosto de 2022 em versão definitiva e de 2023 em versão preliminar, com última actualização em 10 de Outubro, as exportações de mercadorias em 2023 aumentaram, em termos homólogos, +0,3% (+156 milhões de Euros), a par de um decréscimo das importações de -2,7% (-1930 milhões). 

A partir de Janeiro de 2021, nas estatísticas de base do INE foram acrescentados, na sequência do “Brexit”, dois códigos de países, “XI-Reino Unido (Irlanda do Norte)” e “XU-Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte)”, apresentando-se a zeros a posição pautal com o código “GB-Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. Nos quadros desta série mensal manteremos, para já, este código GB, correspondente ao somatório dos valores correspondentes aos dois novos códigos.

As exportações para o espaço comunitário (expedições), cujo total corresponde aqui aos actuais 27 membros, registaram no período em análise um acréscimo de +0,5% (+168 milhões de Euros), tendo as exportações para os Países Terceiros decrescido -0,1% (-12 milhões). Por sua vez, as importações com origem na UE (chegadas) aumentaram +5,4% (+2641 milhões) e as originárias dos Países Terceiros decresceram -20,0% (-4571 milhões de Euros). 


O défice comercial externo (Fob-Cif), -10,5% face a 2022, situou-se em -17819 milhões de Euros (inferior em 2086 milhões ao do ano anterior), a que correspondeu um agravamento de 2473 milhões no comércio intracomunitário e uma redução de 4558 milhões no extracomunitário. Em termos globais, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações subiu de 72,3%, em 2022, para 74,5%, em 2023.

A variação do preço de importação do petróleo repercute-se no valor das exportações de produtos energéticos, com reflexo na Balança Comercial. No período de Janeiro a Agosto de 2023 o valor médio de importação do petróleo bruto desceu de 750 Euros/Ton, no mesmo período de 2022, para 545 Euros/Ton.

Para além da variação da cotação internacional do barril de petróleo, medida em dólares, a variação da cotação do dólar face ao Euro é também um dos factores determinantes da evolução do seu preço em Euros (o gráfico inclui já a cotação média do mês de Setembro).

Se excluirmos do total das importações e das exportações o conjunto dos produtos “Energéticos” (Capº 27 da NC), que pesou 11,9% no total das importações em 2023 e 6,8% nas exportações, o grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações em 2023 sobe de 74,5%, no comércio global, para 78,8%.

2 – Evolução mensal

3 – Mercados de destino e de origem

3.1 - Exportações

No período em análise de 2023 as exportações para a UE (expedições), que representaram 70,4% do Total, cresceram +0,5%, contribuindo com +0,3 pontos percentuais (p.p.) para uma taxa de ‘crescimento’ global de +0,3%. As exportações para o espaço extracomunitário (29,6% do Total), decresceram -0,1%, com contributo praticamente nulo para a taxa de ‘crescimento’ global.

Os dez principais destinos das exportações no período em análise de 2023 foram a Espanha (25,6%), a França (13,3%), a Alemanha (10,9%), os EUA (6,4%), o Reino Unido incl. Irlanda NT (4,7%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,6%), Angola (1,7%) e a Polónia (1,5%), que representaram 74,4% do total.

Angola, o terceiro principal mercado entre os países terceiros no ano de 2022, depois dos EUA e do Reino Unido, registou no período em análise um aumento de +1,2% nas nossas exportações (+10,3 milhões de Euros).

Ocorreram decréscimos nos grupos de produtos “Agro-alimentares” (-25,2 milhões de Euros), “Madeira, cortiça e papel” (-14,4 milhões), Químicos (-7,7 milhões), “Têxteis e vestuário” (-3,6 milhões), “Calçado, peles e couros” (-2,3 milhões) e “Produtos acabados diversos” (-2,0 milhões).

Os acréscimos incidiram nos grupos de produtos “Máquinas, aparelhos e partes” (+45,3 milhões de Euros), “Material de transporte terrestre e partes” (+9,8 milhões), “Minérios e metais” (+7,0 milhões), “Energéticos” (+2,7 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (+574 mil Euros).

Entre os principais destinos, os maiores contributos positivos para o ‘crescimento’ das exportações neste período (+0,3%) pertenceram à França (+1,0 p.p.), a Marrocos (+0,5 p.p.), à Bélgica (+0,3 p.p.), à China (+0,2 p.p.) e à Polónia, Turquia, Roménia, Alemanha, Brasil e Eslováquia (+0,1 p.p. cada).

Os maiores contributos negativos couberam aos EUA (-0,59 p.p.), aos Países Baixos (-0,43 p.p.) e à Espanha (-0,36 p.p.). 

Os maiores acréscimos nas expedições para o espaço comunitário incidiram em França, seguidos dos da Bélgica, Polónia, Roménia, Alemanha, Eslováquia, República Checa, Provisões de Bordo, Suécia, Bulgária e Hungria. Os maiores decréscimos ocorreram com os Países Baixos, Espanha, Itália, Dinamarca, Irlanda, Finlândia e Lituânia.



No conjunto dos Países Terceiros, entre os maiores acréscimos nas exportações destacaram-se Marrocos, a Argélia, o Japão, os Emiratos Árabes Unidos, a China, a Austrália, a Turquia, o Brasil, a Suíça, a Ucrânia e o Vietname.

Entre os maiores decréscimos evidenciaram-se os dos EUA, de Gibraltar, das Provisões de Bordo, do Panamá, do Reino Unido, da Argentina, da Noruega, de Israel e do Catar.

3.2 - Importações

No período de Janeiro a Agosto de 2023 as chegadas de mercadorias com origem na UE, que representaram 73,9% do total, registaram um acréscimo de +5,4% e contribuíram com +3,7 p.p. para uma taxa de variação homóloga global de -2,7%.

As importações com origem no espaço extracomunitário registaram no mesmo período um decréscimo de -20,0% representando 26,1% do total, com um contributo para o ‘crescimento’ global de -6,4 p.p..

Os principais mercados de origem das importações em 2023 foram a Espanha (33,5% do Total), seguida da Alemanha (11,6%), da França (6,7%), dos Países Baixos (5,3%), da China (5,0%), da Itália (4,9%), do Brasil (3,7%), da Bélgica (3,1%), dos EUA (2,3%) e da Polónia (2,0%).

Estes países representaram, no seu conjunto, 78,1% do total das importações.


Entre os contributos positivos para a taxa de variação homóloga das importações no período em análise (-2,7%) destacou-se o da Espanha, (+1,2 p.p.), seguido dos da Irlanda (+0,9 p.p.), da França (+0,7 p.p.), da Alemanha (+0,5 p.p.), da Polónia (+0,3 p.p.), e da Rep. Checa, Ucrânia, Suíça, Países Baixos e Roménia (0,1 p.p. cada).

Os principais contributos negativos incidiram nos EUA (-1,0 p.p.), na Nigéria (-0,9 p.p.), no Brasil (-0,8 p.p.) e no Azerbaijão (-0,5 p.p.).

Nas duas figuras seguintes relacionam-se os maiores acréscimos e decréscimos do valor das importações com origem intracomunitária e nos Países Terceiros, entre o período de Janeiro a Agosto de 2023 e de 2022.



4 – Saldos da Balança Comercial        

No período de Janeiro a Agosto de 2023, os maiores saldos positivos da balança comercial (Fob-Cif) couberam à França (+2193 milhões de Euros), aos EUA (+1685 milhões), ao Reino Unido (+1649 milhões), a Angola (+722 milhões) e a Marrocos (+388 milhões).

O maior défice, a grande distância dos restantes, pertenceu a Espanha (-10121 milhões de Euros), seguida da China (-2939 milhões), da Alemanha (‑2423 milhões), do Brasil (-1984 milhões) e dos Países Baixos (-1756 milhões).

5 – Evolução por grupos de produtos

5.1 – Exportações

Os capítulos da Nomenclatura Combinada (NC-2 Ξ SH-2), foram aqui agregados em 11 grupos de produtos (ver ANEXO).

No período de Janeiro-Agosto de 2023, os grupos que detiveram maior peso na estrutura foram “Máquinas, aparelhos e partes” (15,2% do Total e +1034 milhões de Euros face ao ano anterior), “Químicos” (13,5% e -399 milhões), “Agro-alimentares” (13,3% e +406 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (12,8% e +851 milhões) e “Minérios e metais” (10,2% e -300 milhões de Euros).

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (9,8% e +452 milhões), “Têxteis e vestuário” (7,7% e -227 milhões), “Madeira cortiça e papel” (6,9% e -459 milhões), “Energéticos” (6,8% e -1179 milhões), “Calçado, peles e couros” (3,2% e -2 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6% e -21 milhões de Euros).

5.2 – Importações

Em 2023 os grupos de produtos com maior peso foram “Máquinas, aparelhos e partes” (17,6% do Total e +701 milhões de Euros face ao ano anterior), “Químicos” (17,4% e -129 milhões), “Agro-alimentares” (15,5% e +886 milhões), “Material de transporte terrestre e partes” (12,0% e +1962 milhões) e “Energéticos” (11,9 % e -4683 milhões de Euros).

Seguiram-se os grupos “Minérios e metais” (9,1% e -507 milhões de Euros),  “Produtos acabados diversos” (6,0% e +240 milhões), “Têxteis e vestuário” (5,0% e -158 milhões), Madeira, cortiça e papel” (3,1% e -132 milhões), “Calçado, peles e couros” (1,8% e +35 milhões) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,7% e -145 milhões de Euros).

6 – Mercados por grupos de produtos

6.1 – Exportações

Entre os mercados de destino, a Espanha ocupou no período em análise de 2023 a primeira posição em 7 dos 11 grupos de produtos com 25,6% do total, ocorrendo as excepções nos grupos “Energéticos” (3ª posição, depois dos EUA e das Provisões de Bordo Extra-UE), “Calçado, peles e couros” (4ª posição, depois da França, Alemanha e Países Baixos), “Máquinas, aparelhos e partes” (2ª posição, depois da Alemanha) e “Aeronaves, embarcações e partes” (3ª posição, precedida do Brasil e da França).

Seguiram-se no “ranking” a França (13,3%), a Alemanha (10,9%), os EUA (6,4%), o Reino Unido e Irl NT (4,7%), a Itália (4,1%), os Países Baixos (3,7%), a Bélgica (2,6%), Angola (1,7%) e a Polónia (1,5%).

Estes dez destinos representaram 74,4% da exportação total.

6.2 – Importações

Na vertente das importações, a Espanha ocupou o primeiro lugar em dez dos onze grupos de produtos, com 33,5% do total.

A excepção foi o grupo ““Aeronaves, embarcações e partes” (4º lugar, depois da Alemanha, dos EUA e do Canadá).

Seguiram-se, no “ranking”, a Alemanha (11,6%), a França (6,7%), os Países Baixos (5,3%), a China (5,0%), a Itália (4,9%), o Brasil (3,7%), a Bélgica (3,1%), os EUA (2,3%) e a Polónia (2,0%).

Estes dez países cobriram 78,1% da importação total.

 7 – Valor dos grupos de produtos das exportações em 2023                      face a 2022, por meses homólogos não acumulados


Alcochete, 14 de Outubro de 2023.

 

ANEXO






quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Comércio Externo da Argentina e Portugal-Argentina 2018-22 e Jan-Julho 2022-23

 

Comércio Externo da Argentina
Portugal-Argentina
2018-2022
Janeiro-Julho 2022-2023

( disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

No presente trabalho analisa-se a evolução recente do Comércio Externo da Argentina face ao mundo a partir de dados de base do “International Trade Centre” (ITC) e de Portugal com a Argentina, com base em estatísticas do “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE).

A Argentina é um dos quatro países fundadores, em 1991, do “Mercado Comum do Sul”, mais conhecido por MERCOSUL, uma união aduaneira de livre-comércio, a par do Brasil, Paraguai e Uruguai, aguardando a Bolívia ratificação da sua adesão.

O MERCOSUL abrange presentemente uma área de cerca de 15 milhões de Km2, com uma população de 295 milhões de habitantes.

As principais importações e exportações em 2022 couberam ao Brasil (respectivamente 72,5% e 75,4% do Total), seguido da Argentina (20,3% e 19,9%).

De acordo com dados calculados pelo ITC, com base em estatísticas do “Instituto Nacional de Estadística y Censos” da Argentina, Portugal terá pesado em 2022 apenas 0,3% nas importações e 0,2% nas exportações da Argentina.

2 – Comércio Externo da Argentina

Ao longo do último quinquénio o ritmo de ‘crescimento’ do valor das importações anuais manteve-se até 2021 abaixo do nível que detinham em 2018, aumentando significativamente em 2022.  Por sua vez o ritmo das exportações, à excepção do ano de 2020, manteve-se acima do nível de 2018, tendo registado em 2022 uma acentuada aceleração.

2.1 – Balança Comercial da Argentina (2018-2022)

A Balança Comercial da Argentina face ao mundo foi ‘superavitária’ entre 2019 e 2022, tendo registado neste último ano um saldo de +11,6 milhões de Euros, na sequência de um crescimento das importações, face ao ano anterior, de +36,2%, a par de um aumento das exportações de +28,2%, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) de 115,9%.

2.2 – Importações por grupos de produtos

Em 2022 as principais importações da Argentina por grupos de produtos (definição do conteúdo dos grupos em Anexo) incidiram nos grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (25,0% do Total em 2022 e 25,6% em 2021), “Químicos” (24,5% e 26,7%) e “Energéticos” (15,9% e 9,2%).

Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” 89,9% e 10,2%), “Minérios e metais” (7,6% e 9,2%), “Agro-alimentares” (6,1% e 7,8%) e “Produtos acabados diversos” (5,8% e 6,1%). Com pesos bastante inferiores alinharam-se depois os grupos “Têxteis e vestuário” (2,3% e 2,2%), “Madeira, cortiça e papel” (1,8% em cada um dos anos), “Calçado, peles e couros” (1,0% e 0,8%) e “Aeronaves, embarcações e pates” (0,3% e 0,4%).

De acordo com os dados do ITC, em 2022 Portugal terá pesado 0,3% no Total das importações da Argentina, cabendo as maiores quotas aos grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (1,6% do total do grupo), “Têxteis e vestuário” (0,6%), “Químicos” (0,5%) e “Produtos acabados diversos” (0,4%), com destaque para os aparelhos ópticos, médicos e de precisão.

2.3 – Exportações por grupos de produtos

O grupo de produtos dominante nas exportações argentinas em 2022 foi “Agro-alimentares” (54,6% e 64,5% em 2021), principalmente constituídas por cereais, produtos para alimentação animal, gorduras e óleos, sementes de oleaginosas e carnes.

Seguiram-se os grupos “Produtos acabados diversos” (15,2% e 4,9%), “Material de transporte terrestre e partes” (8,5% e 8,3%), “Químicos” (8,0% e 8,3%), “Energéticos” (6,5% e 5,5%), “Minérios e metais” (4,0% e 4,8%), “Máquinas, aparelhos e partes” (1,7% e 1,8%), tendo registado os restantes grupos pesos inferiores a 1,0%.

De acordo com os dados do ITC, em 2022 Portugal terá pesado 0,2% no Total das exportações da Argentina, cabendo as maiores quotas aos grupos “Produtos acabados diversos” (0,7% do total do grupo) e “Calçado, peles e couros” (0,5%).

2.4 – Principais mercados de origem e de destino

Os três principais mercados de origem e de destino do Comércio Externo da Argentina são a China, o Brasil e os EUA.

Em 2023 o primeiro fornecedor das importações foi a China (20,8%), seguida do Brasil (19,9%) e dos EUA (12,7%).

Na vertente das exportações o Brasil ocupou a primeira posição (14,3%), seguido pela China (9,0%) e pelos EUA (7,6%).

De acordo com os dados do ICT, no mesmo ano Portugal terá pesado nas importações da Argentina escassos 0,3% e 0,2% nas exportações.

3 – Comércio Internacional de Portugal com a Argentina

Ao longo dos últimos cinco anos o ritmo de ‘crescimento’ do valor das importações anuais manteve-se acima do nível que detinham em 2018, tendo aumentado significativamente nos dois últimos anos.

Por sua vez o ritmo de ‘crescimento’ das exportações manteve-se até 2021 abaixo do nível de 2018, ultrapassando-o em 2022.

3.1 – Balança Comercial

Entre 2019 e 2022 e período de Janeiro a Julho de 2023, a Balança Comercial de mercadorias de Portugal com a Argentina foi deficitária.

Nos primeiros sete meses de 2023, face ao período homólogo do ano anterior, as importações decresceram -32,2% e as exportações -71,8%, tendo-se situado o défice em -39 milhões de Euros, com um grau de cobertura (Fob/Cif) das importações pelas exportações de 39,4%.

3.2 – Importações por grupos de produtos

No período acumulado de Janeiro a Julho de 2023 as principais importações portuguesas com origem na Argentina centraram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares” (74,3% do Total em 2023 e 70,0% em igual período de 2022), com destaque para os legumes de vagem, tabaco, amendoim, gorduras e óleos, cereais como arroz milho e trigo, maçãs, peras, citrinos e nozes, mel, resinas e ouitros extractos vegetais. No período de Janeiro a Julho de 2022 haviam-se importado 26,2 milhões de Euros de sementes de girassol, tipo de importação que não se efectuou em 2023.

Seguiram-se os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (14,3% e 9,4%), principalmente partes e acessórios de veículos automóveis, “Químicos” (8,7% e 11,5%), como colofónias e ácidos resínicos, estabilizadores para borracha ou plástico, ácidos acíclicos, ácidos nucleicos e extractos tanantes e tintoriais, e “Calçado, peles e couros” (5,1% e 4,5%), essencialmente peles e couros. Os restantes grupos registaram pesos muito inferiores ou mesmo nulos.

Na figura seguinte identificam-se por Grupos de produtos, a dois dígitos da Nomenclatura Combinada (NC-2), os principais produtos importados por Portugal da Argentina no período de Janeiro a Julho de 2023, a par das correspondentes importações efectuadas no período homólogo do ano anterior. 

3.3 – Exportações com destino à Argentina

Nos primeiros sete meses de 2023 os grupos de produtos com maior peso nas exportações para a Argentina foram “Máquinas, aparelhos e partes” (26,5% do Total e 5,7% em 2022), principalmente constituído por máquinas automáticas para processamento de dados, máquinas para a indústria têxtil, partes de máquinas para o tratamento de substâncias minerais sólidas, refrigeradores e congeladores, balanças, máquinas-ferramenta, máquinas de impressão e partes de motores de pistão, entre outras, e “Madeira, cortiça e papel” (26,3% e 11,0%), principalmente cortiça aglomerada e natural, e suas obras.

Seguiu-se o grupo “Químicos” (13,9% e 61,4%), com destaque para as tintas, vernizes e pigmentos, tetraciclinas, preparações para lavagem e sabões, tendo o elevado peso deste grupo em 2022 ficado a dever-se à exportação de ácidos policarboxílicos, que não se efectuou em 2023.

Alinharam-se depois, por ordem decrescente, os grupos “Produtos acabados diversos” (11,0% e 4,4%), como pedra de cantaria ou construção, abrasivos, instrumentos para análises físicas e químicas, fibras ópticas, contadores, instrumentos de desenho, aparelhos médicos e outros de precisão, “Têxteis e vestuário” (7,0% e 8,0%), com destaque para os tecidos de malha, fibras sintéticas ou artificiais, tecidos para uso técnico, feltros, falsos tecidos, cordoaria e vestuário excepto de malha, “Material de transporte terrestre e partes” (6,6% e 5,1%), designadamente partes e peças de veículos automóveis, veículos automóveis para usos especiais, partes e acessórios de motociclos, “Minérios e metais” (6,6% e 3,8%), como ferramentas, talheres, rolhas, tampas, cápsulas e guarnições para interiores, em metais comuns,  e “Agro-alimentares” (1,9% e 0,8%), principalmente vinho, moluscos e açafrão, não se tendo exportado em 2023 produtos de padaria e pastelaria. Os restantes grupos registaram valores muito reduzidos ou mesmo nulos.


ANEXO


Alcochete, 6 de Outubro de 2023.



domingo, 1 de outubro de 2023

Comércio Internacional Portugal-Reino Unido - 2021-22 e Jan-Julho 2022-23

 

Comércio Internacional de mercadorias
de Portugal com o Reino Unido
2021-2022
Janeiro-Julho 2022-2023

( disponível para download  >> aqui )


1 - Introdução

Tendo aderido às “Comunidades Europeias”, a par da Dinamarca e da Irlanda, em 1 de Janeiro de 1973, o Reino Unido abandonou a União Europeia em 31 de Janeiro de 2020, após prolongadas negociações, saída apelidada de "Brexit" (British+Exit), regendo-se actualmente as relações mútuas por acordos relacionados com os direitos dos cidadãos.

Em 2019 e 2020 o Reino Unido (incluindo a Irlanda do Norte), ocupava a 8ª posição entre os principais fornecedores de mercadorias de Portugal, tendo passado para a 14ª posição em 2021 e 2022.

Por sua vez as exportações portuguesas para o Reino Unido, que em 2019 e 2020 se situavam em 4º lugar entre os principais destinos, antecedidas da Espanha, França e Alemanha, passaram para o 5º lugar, ultrapassadas pelos EUA.

Entre 2000 e 2022, o saldo da balança comercial foi favorável a Portugal, à excepção dos anos de 2008 (saldo nulo) e 2010 (défice de apenas -179 milhões de Euros). 

No ano do “Brexit”, 2020, decresceram tanto as importações como as exportações, mas enquanto as exportações recuperaram significativamente nos dois anos seguintes, as importações, após nova quebra em 2021, acentuada, aumentaram ligeiramente no ano seguinte.

De acordo com dados de fonte ’International Trade Centre’ (ITC), calculados a partir de estatísticas do Reino Unido (HM Revenue & Customs - HMRC), a quota de Portugal nas importações do Reino Unido em 2021 e 2022 terá sido respectivamente de 0,5% e 0,6% e de 0,4% e 0,3% nas exportações.

Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio internacional de mercadorias de Portugal com o Reino Unido de 2020 a 2022 e período de Janeiro a Julho de 2022 e 2023, com base em dados de fonte “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2022 e preliminar para 2023, com última actualização em 8 de Setembro de 2023. 

2 – Comércio de Portugal com o Reino Unido

2.1 – Balança Comercial

Após uma descida acentuada face ao ano anterior, -48,5%, as importações portuguesas com origem no Reino Unido aumentaram +17,1% em 2022, rondando 1,2 mil milhões de Euros. No período de Janeiro a Julho de 2023, face ao período homólogo do ano anterior, as importações cresceram +10,3%.

Do lado das exportações assistiu-se a um crescimento sustentado, de 3,1 para 3,8 mil milhões de Euros entre 2020 a 2022, tendo-se mantido nos primeiros sete meses de 2022 e 2023 em cerca de 2,2 mil milhões de Euros.

Na sequência deste comportamento o saldo da Balança Comercial aumentou de 1,1 para cerca de 2,7 mil milhões de Euros entre 2020 e 2022, tendo-se mantido praticamente ao mesmo nível nos primeiros sete meses de 2022 e 2023 (-4,6%), com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações, superiores a 300% em 2022 e no período de Janeiro a Julho de 2023.

2.2 – Importação

Numa análise por grupos de produtos (ver a composição dos grupos em Anexo), as principais importações portuguesas com origem no Reino Unido nos primeiros sete meses de 2023 incidiram nos grupos “Minérios e metais” (26,4% em 2023 e 26,2% em 2022), principalmente desperdícios de ferro ou aço, aço inoxidável, chumbo e produtos laminados planos, “Máquinas, aparelhos e partes (17,2% e 12,9%), muito diversificadas, com predomínio de “bulldozers”, niveladoras, escavadoras e semelhantes, empilhadoras, máquinas de elevação de cargas, aparelhos telefónicos, monitores, bombas para líquidos, torneiras e válvulas, máquinas automáticas para processamento de dados e impressoras, entre muitas outras, Agro-alimentares (13,9% e 11,0%), com destaque para o trigo e sua mistura com centeio, álcool etílico, cevada e preparações alimentícias diversas, “Químicos” (13,5% e 14,7%), principalmente hidrocarbonetos cíclicos como benzeno, ácidos nucleicos, fenóis, insecticidas, fungicidas e herbicidas, catalisadores, reagentes de laboratório, aglutinantes para moldes, preparações para lavagem e soda cáustica, entre outros e “Material de transporte terrestre e partes” (13,2% e 7,5%), essencialmente automóveis de passageiros, mas também para o transporte de mercadorias e partes e peças de veículos automóveis.

Seguiram-se, com pesos inferiores, os grupos “Produtos acabados diversos” (6,8% e 7,5%), “Têxteis e vestuário” (2,9% e 3,3%), “Madeira, cortiça e papel” (2,6% e 3,8%), “Energéticos” (1,3% e 10,0%), “Calçado, peles e couros” (1,2% e 1,1%) e “Aeronaves, embarcações e partes” (1,0% e 2,1%).

A quebra acentuada verificada no grupo “Energéticos”, face a igual período de 2022, incidiu em sua grande parte nas importações de gás.

Na figura seguinte identificam-se por Grupos de produtos, a dois dígitos da Nomenclatura (NC-2), os principais produtos importados no período de Janeiro a Julho de 2023, a par dos correspondentes no período homólogo do ano anterior. 

2.3 – Exportação

As principais exportações portuguesas para o Reino Unido no período em análise de 2023 couberam ao grupo de produtos “Material de transporte terrestre e partes” (19,6% e 13,6% em 2022), com destaque para os automóveis de passageiros e partes e peças de veículos automóveis, seguidos dos veículos para 10 ou mais pessoas, veículos para o transporte de mercadorias, motociclos e bicicletas sem motor.

Seguiram-se os grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (13,2% e 11,9%), muito diversificadas, com destaque para os fios e cabos eléctricos, monitores, aparelhos que utilizam mudança de temperatura, partes de aparelhos de rádio e televisão, refrigeradores e congeladores, caldeiras não eléctricas para aquecimento central, caixas de fundição e partes de motores de pistão, “Agro-alimentares” (12,0% e 10,0%), principalmente vinhos, conservas de tomate, molhos e produtos de padaria e pastelaria, “Minérios e metais” (12,3% e 10,2%), como barras de ferro ou aço, fio-máquina, cimentos hidráulicos, recipientes para gases, telas e redes metálicas, construções metálicas e suas partes, reservatórios para quaisquer matérias excepto gases, barras e perfis de alumínio, tubos e perfis ocos, cordas e cabos de alumínio para uso eléctrico, cadeados e fechaduras, entre muitos outros, “Têxteis e vestuário” (10,4% e 11,5%), principalmente “T-shirts”, roupa de cama, mesa e toucador, camisolas e “pullovers” de malha, fatos, casacos e calças para homem, cordéis e cordas, e vestuário para senhora, entre outros, “Químicos” (9,8% e 9,5%), como chapas, tiras e lâminas de plástico, pneus novos, medicamentos, obras diversas de plástico, rolhas, tampas e cápsulas de plástico, colofónias e hormonas, “Produtos acabados diversos” (9,7% e 8,9%), muito diversificados, com predomínio de assentos mesmo transformáveis em cama, contadores, móveis, pedra natural de cantaria ou construção, artigos cerâmicos de uso doméstico, ladrilhos de cerâmica, fibras ópticas, lavatórios e outros artigos sanitários em cerâmica, estatuetas  e objectos de decoração e obras de gesso ou à base de gesso, “Madeira, cortiça e papel” (9,5% e 9,9%), principalmente papel e cartão, obras de cortiça natural, cortiça aglomerada, obras de marcenaria e carpintaria, papel higiénico, lenços, guardanapos e semelhantes, painéis de partículas de madeira e lenha em qualquer estado, “Calçado, Peles e couros” (3,5% e 3,4%), com destaque para o calçado com a parte superior em couro natural, seguido do calçado impermeável, calçado com a parte superior em matérias têxteis, partes de calçado, malas, maletas, pastas, estojos e semelhantes, entre outros.

O grupo “Aeronaves, embarcações e partes” (0,3% e 0,2% no período homólogo de 2022), correspondeu à exportação de “drones”, embarcações de desporto e partes de aeronaves. A exportação de “Energéticos” representou 0,1% do Total em 2023 e 8,6% em 2022. A principal exportação em 2023 incidiu em gás de petróleo, que foi nula no ano anterior. A quebra acentuada verificada entre os dois períodos ficou a dever-se ao facto de não se terem exportado em 2023 óleos leves destinados a sofrerem um tratamento definido, nem gasóleo.

À semelhança da importação, segue-se um quadro com as principais exportações, por Grupos de Produtos, desagregadas por posições a dois dígitos da Nomenclatura (NC-2) no período de Janeiro a Julho de 2023, a par das correspondentes exportações no período homólogo do ano anterior. 



ANEXO



Alcochete, 1 de Outubro de 2023.