Comércio Externo da ArgentinaPortugal-Argentina2018-2022Janeiro-Julho 2022-2023
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1 - Introdução
No presente trabalho analisa-se a evolução recente
do Comércio Externo da Argentina face ao mundo a partir de dados de base do “International
Trade Centre” (ITC) e de Portugal com a Argentina, com base em estatísticas
do “Instituto Nacional de Estatística de Portugal” (INE).
A
Argentina é um dos quatro países fundadores, em 1991, do “Mercado Comum do
Sul”, mais conhecido por MERCOSUL, uma união aduaneira de
livre-comércio, a par do Brasil, Paraguai e Uruguai, aguardando a Bolívia
ratificação da sua adesão.
O
MERCOSUL abrange presentemente uma área de cerca de 15 milhões de Km2,
com uma população de 295 milhões de habitantes.
As
principais importações e exportações em 2022 couberam ao Brasil (respectivamente
72,5% e 75,4% do Total), seguido da Argentina (20,3% e 19,9%).
De acordo com dados calculados
pelo ITC, com base em estatísticas do “Instituto Nacional de Estadística y
Censos” da Argentina, Portugal terá pesado em 2022 apenas 0,3% nas importações
e 0,2% nas exportações da Argentina.
2 – Comércio
Externo da Argentina
Ao longo do último
quinquénio o ritmo de ‘crescimento’ do valor das importações anuais manteve-se
até 2021 abaixo do nível que detinham em 2018, aumentando significativamente em
2022. Por sua vez o ritmo das
exportações, à excepção do ano de 2020, manteve-se acima do nível de 2018,
tendo registado em 2022 uma acentuada aceleração.
2.1 – Balança
Comercial da Argentina (2018-2022)
A Balança Comercial da Argentina face ao mundo foi ‘superavitária’ entre 2019 e 2022, tendo registado neste último ano um saldo de +11,6 milhões de Euros, na sequência de um crescimento das importações, face ao ano anterior, de +36,2%, a par de um aumento das exportações de +28,2%, com um elevado grau de cobertura das importações pelas exportações (Fob/Cif) de 115,9%.
2.2 – Importações por grupos
de produtos
Em 2022 as principais importações da Argentina por
grupos de produtos (definição do conteúdo dos grupos em Anexo) incidiram nos
grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (25,0% do Total em 2022 e 25,6% em
2021), “Químicos” (24,5% e 26,7%) e “Energéticos” (15,9% e 9,2%).
Seguiram-se os grupos “Material de transporte
terrestre e partes” 89,9% e 10,2%), “Minérios e metais” (7,6% e
9,2%), “Agro-alimentares” (6,1% e 7,8%) e “Produtos acabados
diversos” (5,8% e 6,1%). Com pesos bastante inferiores alinharam-se depois
os grupos “Têxteis e vestuário” (2,3% e 2,2%), “Madeira, cortiça e
papel” (1,8% em cada um dos anos), “Calçado, peles e couros” (1,0% e
0,8%) e “Aeronaves, embarcações e pates” (0,3% e 0,4%).
De acordo com os dados do ITC, em 2022
Portugal terá pesado 0,3% no Total das importações da Argentina, cabendo as
maiores quotas aos grupos de produtos “Madeira, cortiça e papel” (1,6%
do total do grupo), “Têxteis e vestuário” (0,6%), “Químicos”
(0,5%) e “Produtos acabados diversos” (0,4%), com destaque para os
aparelhos ópticos, médicos e de precisão.
2.3 – Exportações por grupos de produtos
O grupo de produtos dominante nas exportações
argentinas em 2022 foi “Agro-alimentares” (54,6% e 64,5% em 2021),
principalmente constituídas por cereais, produtos para alimentação animal,
gorduras e óleos, sementes de oleaginosas e carnes.
Seguiram-se os grupos “Produtos acabados
diversos” (15,2% e 4,9%), “Material de transporte terrestre e partes”
(8,5% e 8,3%), “Químicos” (8,0% e 8,3%), “Energéticos” (6,5% e
5,5%), “Minérios e metais” (4,0% e 4,8%), “Máquinas, aparelhos e
partes” (1,7% e 1,8%), tendo registado os restantes grupos pesos inferiores
a 1,0%.
De acordo com os dados do ITC, em 2022
Portugal terá pesado 0,2% no Total das exportações da Argentina, cabendo as
maiores quotas aos grupos “Produtos acabados diversos” (0,7% do total do
grupo) e “Calçado, peles e couros” (0,5%).
2.4 –
Principais mercados de origem e de destino
Os três principais mercados de origem e de destino
do Comércio Externo da Argentina são a China, o Brasil e os EUA.
Em 2023 o primeiro fornecedor das importações foi a
China (20,8%), seguida do Brasil (19,9%) e dos EUA (12,7%).
Na vertente das exportações o Brasil ocupou a
primeira posição (14,3%), seguido pela China (9,0%) e pelos EUA (7,6%).
De acordo com os dados do ICT, no mesmo ano
Portugal terá pesado nas importações da Argentina escassos 0,3% e 0,2% nas
exportações.
3 – Comércio Internacional
de Portugal com a Argentina
Ao longo dos últimos
cinco anos o ritmo de ‘crescimento’ do valor das importações anuais manteve-se acima
do nível que detinham em 2018, tendo aumentado significativamente nos dois
últimos anos.
Por sua vez o ritmo de
‘crescimento’ das exportações manteve-se até 2021 abaixo do nível de 2018, ultrapassando-o
em 2022.
3.1 – Balança
Comercial
Entre 2019 e 2022 e período de Janeiro a Julho de
2023, a Balança Comercial de mercadorias de Portugal com a Argentina foi
deficitária.
No período acumulado de Janeiro a Julho de 2023 as
principais importações portuguesas com origem na Argentina centraram-se no
grupo de produtos “Agro-alimentares” (74,3% do Total em 2023 e
70,0% em igual período de 2022), com destaque para os legumes de vagem, tabaco,
amendoim, gorduras e óleos, cereais como arroz milho e trigo, maçãs, peras,
citrinos e nozes, mel, resinas e ouitros extractos vegetais. No período de
Janeiro a Julho de 2022 haviam-se importado 26,2 milhões de Euros de sementes
de girassol, tipo de importação que não se efectuou em 2023.
Seguiram-se os grupos “Material de transporte
terrestre e partes” (14,3% e 9,4%), principalmente partes e acessórios
de veículos automóveis, “Químicos” (8,7% e 11,5%), como
colofónias e ácidos resínicos, estabilizadores para borracha ou plástico, ácidos acíclicos, ácidos nucleicos e
extractos tanantes e tintoriais, e “Calçado, peles e couros”
(5,1% e 4,5%), essencialmente peles e couros. Os restantes grupos registaram
pesos muito inferiores ou mesmo nulos.
Na
figura seguinte identificam-se por Grupos de produtos, a dois dígitos da
Nomenclatura Combinada (NC-2), os principais produtos importados por Portugal da
Argentina no período de Janeiro a Julho de 2023, a par das correspondentes
importações efectuadas no período homólogo do ano anterior.
3.3 – Exportações
com destino à Argentina
Nos primeiros sete meses de 2023 os grupos de
produtos com maior peso nas exportações para a Argentina foram “Máquinas,
aparelhos e partes” (26,5% do Total e 5,7% em 2022), principalmente constituído
por máquinas automáticas para processamento de dados, máquinas para a
indústria têxtil, partes de máquinas para o tratamento de substâncias minerais
sólidas, refrigeradores e congeladores, balanças, máquinas-ferramenta, máquinas
de impressão e partes de motores de pistão, entre outras, e “Madeira,
cortiça e papel” (26,3% e 11,0%), principalmente cortiça aglomerada e
natural, e suas obras.
Seguiu-se o grupo “Químicos” (13,9% e
61,4%), com destaque para as tintas, vernizes e pigmentos, tetraciclinas, preparações para lavagem e sabões, tendo o elevado peso deste grupo em 2022
ficado a dever-se à exportação de ácidos policarboxílicos, que não se efectuou
em 2023.
Alinharam-se depois, por ordem decrescente, os
grupos “Produtos acabados diversos” (11,0% e 4,4%), como pedra de
cantaria ou construção, abrasivos, instrumentos para análises físicas e
químicas, fibras ópticas, contadores, instrumentos de desenho, aparelhos
médicos e outros de precisão, “Têxteis e vestuário” (7,0% e
8,0%), com destaque para os tecidos de malha, fibras sintéticas ou artificiais,
tecidos para uso técnico, feltros, falsos tecidos, cordoaria e vestuário
excepto de malha, “Material de transporte terrestre e partes”
(6,6% e 5,1%), designadamente partes e peças de veículos automóveis, veículos
automóveis para usos especiais, partes e acessórios de motociclos, “Minérios
e metais” (6,6% e 3,8%), como ferramentas, talheres, rolhas, tampas,
cápsulas e guarnições para interiores, em metais comuns, e “Agro-alimentares” (1,9% e
0,8%), principalmente vinho, moluscos e açafrão, não se tendo exportado em 2023
produtos de padaria e pastelaria. Os restantes grupos registaram valores muito
reduzidos ou mesmo nulos.
ANEXO
Alcochete, 6 de Outubro de 2023.
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