Comércio Internacional de mercadoriasde Portugal com o Reino Unido2021-2022Janeiro-Julho 2022-2023
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1 - Introdução
Tendo aderido às “Comunidades Europeias”, a
par da Dinamarca e da Irlanda, em 1 de Janeiro de 1973, o Reino Unido abandonou
a União Europeia em 31 de Janeiro de 2020, após prolongadas negociações, saída
apelidada de "Brexit" (British+Exit), regendo-se actualmente as relações mútuas
por acordos relacionados com os direitos dos cidadãos.
Em 2019 e 2020 o Reino Unido (incluindo a Irlanda
do Norte), ocupava a 8ª posição entre os principais fornecedores de mercadorias
de Portugal, tendo passado para a 14ª posição em 2021 e 2022.
Por sua vez as exportações portuguesas para o Reino
Unido, que em 2019 e 2020 se situavam em 4º lugar entre os principais destinos,
antecedidas da Espanha, França e Alemanha, passaram para o 5º lugar,
ultrapassadas pelos EUA.
Entre 2000 e 2022, o saldo da balança comercial foi
favorável a Portugal, à excepção dos anos de 2008 (saldo nulo) e 2010 (défice de apenas
-179 milhões de Euros).
No ano do “Brexit”, 2020, decresceram tanto
as importações como as exportações, mas enquanto as exportações recuperaram
significativamente nos dois anos seguintes, as importações, após nova quebra em
2021, acentuada, aumentaram ligeiramente no ano seguinte.
De acordo com dados de fonte ’International
Trade Centre’ (ITC), calculados a partir de estatísticas do Reino
Unido (HM Revenue & Customs - HMRC), a quota de Portugal nas
importações do Reino Unido em 2021 e 2022 terá sido respectivamente de 0,5% e
0,6% e de 0,4% e 0,3% nas exportações.
Analisa-se neste trabalho a evolução do comércio
internacional de mercadorias de Portugal com o Reino Unido de 2020 a 2022 e
período de Janeiro a Julho de 2022 e 2023, com base em dados de fonte “Instituto
Nacional de Estatística de Portugal” (INE), em versão definitiva até 2022 e
preliminar para 2023, com última actualização em 8 de Setembro de 2023.
2 – Comércio de Portugal com o Reino Unido
2.1 – Balança
Comercial
Após
uma descida acentuada face ao ano anterior, -48,5%, as importações portuguesas
com origem no Reino Unido aumentaram +17,1% em 2022, rondando 1,2 mil milhões
de Euros. No período de Janeiro a Julho de 2023, face ao período homólogo do
ano anterior, as importações cresceram +10,3%.
Do
lado das exportações assistiu-se a um crescimento sustentado, de 3,1 para 3,8
mil milhões de Euros entre 2020 a 2022, tendo-se mantido nos primeiros sete
meses de 2022 e 2023 em cerca de 2,2 mil milhões de Euros.
Na
sequência deste comportamento o saldo da Balança Comercial aumentou de 1,1 para
cerca de 2,7 mil milhões de Euros entre 2020 e 2022, tendo-se mantido
praticamente ao mesmo nível nos primeiros sete meses de 2022 e 2023 (-4,6%),
com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações, superiores a
300% em 2022 e no período de Janeiro a Julho de 2023.
2.2 – Importação
Numa análise por
grupos de produtos (ver a composição dos grupos em Anexo), as principais
importações portuguesas com origem no Reino Unido nos primeiros sete meses de
2023 incidiram nos grupos “Minérios e metais” (26,4% em 2023 e
26,2% em 2022), principalmente desperdícios de ferro ou aço, aço inoxidável,
chumbo e produtos laminados planos, “Máquinas, aparelhos e partes”
(17,2% e 12,9%), muito diversificadas, com predomínio de “bulldozers”,
niveladoras, escavadoras e semelhantes, empilhadoras, máquinas de elevação de
cargas, aparelhos telefónicos, monitores, bombas para líquidos, torneiras e
válvulas, máquinas automáticas para processamento de dados e impressoras, entre
muitas outras, “Agro-alimentares” (13,9% e 11,0%), com destaque
para o trigo e sua mistura com centeio, álcool etílico, cevada e preparações
alimentícias diversas, “Químicos” (13,5% e 14,7%), principalmente
hidrocarbonetos cíclicos como benzeno, ácidos nucleicos, fenóis, insecticidas,
fungicidas e herbicidas, catalisadores, reagentes de laboratório, aglutinantes
para moldes, preparações para lavagem e soda cáustica, entre outros e “Material
de transporte terrestre e partes” (13,2% e 7,5%),
essencialmente automóveis de passageiros, mas também para o transporte de
mercadorias e partes e peças de veículos automóveis.
Seguiram-se,
com pesos inferiores, os grupos “Produtos acabados diversos” (6,8% e 7,5%),
“Têxteis e vestuário” (2,9% e 3,3%), “Madeira, cortiça e papel”
(2,6% e 3,8%), “Energéticos” (1,3% e 10,0%), “Calçado, peles e
couros” (1,2% e 1,1%) e “Aeronaves, embarcações e partes”
(1,0% e 2,1%).
A
quebra acentuada verificada no grupo “Energéticos”, face a igual período
de 2022, incidiu em sua grande parte nas importações de gás.
Na
figura seguinte identificam-se por Grupos de produtos, a dois dígitos da
Nomenclatura (NC-2), os principais produtos importados no período de Janeiro a
Julho de 2023, a par dos correspondentes no período homólogo do ano anterior.
2.3 – Exportação
As principais
exportações portuguesas para o Reino Unido no período em análise de 2023
couberam ao grupo de produtos “Material de transporte terrestre e partes”
(19,6% e 13,6% em 2022), com destaque para os automóveis de passageiros e
partes e peças de veículos automóveis, seguidos dos veículos para 10 ou mais
pessoas, veículos para o transporte de mercadorias, motociclos e bicicletas sem
motor.
Seguiram-se os
grupos “Máquinas, aparelhos e partes” (13,2% e 11,9%), muito
diversificadas, com destaque para os fios e cabos eléctricos, monitores,
aparelhos que utilizam mudança de temperatura, partes de aparelhos de rádio e
televisão, refrigeradores e congeladores, caldeiras não eléctricas para
aquecimento central, caixas de fundição e partes de motores de pistão, “Agro-alimentares”
(12,0% e 10,0%), principalmente vinhos, conservas de tomate, molhos e produtos
de padaria e pastelaria, “Minérios e metais” (12,3% e 10,2%),
como barras de ferro ou aço, fio-máquina, cimentos hidráulicos, recipientes
para gases, telas e redes metálicas, construções metálicas e suas partes,
reservatórios para quaisquer matérias excepto gases, barras e perfis de
alumínio, tubos e perfis ocos, cordas e cabos de alumínio para uso eléctrico,
cadeados e fechaduras, entre muitos outros, “Têxteis e vestuário”
(10,4% e 11,5%), principalmente “T-shirts”, roupa de cama, mesa e
toucador, camisolas e “pullovers” de malha, fatos, casacos e calças para
homem, cordéis e cordas, e vestuário para senhora, entre outros, “Químicos”
(9,8% e 9,5%), como chapas, tiras e lâminas de plástico, pneus novos,
medicamentos, obras diversas de plástico, rolhas, tampas e cápsulas de
plástico, colofónias e hormonas, “Produtos acabados diversos”
(9,7% e 8,9%), muito diversificados, com predomínio de assentos mesmo
transformáveis em cama, contadores, móveis, pedra natural de cantaria ou
construção, artigos cerâmicos de uso doméstico, ladrilhos de cerâmica, fibras
ópticas, lavatórios e outros artigos sanitários em cerâmica, estatuetas e objectos de decoração e obras de gesso ou à
base de gesso, “Madeira, cortiça e papel” (9,5% e 9,9%),
principalmente papel e cartão, obras de cortiça natural, cortiça aglomerada,
obras de marcenaria e carpintaria, papel higiénico, lenços, guardanapos e
semelhantes, painéis de partículas de madeira e lenha em qualquer estado, “Calçado,
Peles e couros” (3,5% e 3,4%), com destaque para o calçado com a parte
superior em couro natural, seguido do calçado impermeável, calçado com a parte superior
em matérias têxteis, partes de calçado, malas, maletas, pastas, estojos e
semelhantes, entre outros.
O grupo “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,3% e 0,2% no período homólogo de 2022),
correspondeu à exportação de “drones”, embarcações de desporto e partes
de aeronaves. A exportação de “Energéticos” representou 0,1% do
Total em 2023 e 8,6% em 2022. A principal exportação em 2023 incidiu em gás de
petróleo, que foi nula no ano anterior. A quebra acentuada verificada entre os
dois períodos ficou a dever-se ao facto de não se terem exportado em 2023 óleos
leves destinados a sofrerem um tratamento definido, nem gasóleo.
Alcochete,
1 de Outubro de 2023.
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