Comércio Internacional de Portugal com os PALOP
(Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)
2020-2024
Analisa-se
neste trabalho a evolução do Comércio internacional de mercadorias de Portugal
com os “Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa” (PALOP), também
designados por ex-Colónias, no seu conjunto e individualmente, no período 2020-2024, com base em dados divulgados pelo “Instituto Nacional de Estatística de
Portugal” (INE), em versões definitivas até 2023 e preliminar para 2024, com última actualização em 10-2-2025.
2 –
Conjunto dos PALOP
O
peso do conjunto dos PALOP na importação anual de mercadorias de Portugal com
origem nos Países Terceiros foi tendencialmente decrescente entre 2020 e 2024 (2,5%
do Total para 0,5%), tendo sido também tendencialmente decrescente a exportação (de 9,7%
para 7,9%).
No
quadro seguinte pode observar-se a evolução do peso relativo de cada um dos
países componentes no Total das importações e das exportações de Portugal com os PALOP entre 2020 e 2024.
Entre
2020 e 2024 Angola ocupou a primeira posição em ambas as vertentes, seguida de
Moçambique e Cabo Verde nas importações, e de Cabo Verde e Moçambique nas
exportações.
Os
gráficos seguintes mostram o ritmo de evolução anual das importações e
exportações de Portugal com o conjunto dos PALOP e com cada um dos seus componentes
entre 2020 e 2024.
2.1–
Balança Comercial
No
período em análise a Balança Comercial foi favorável a Portugal, com elevados graus
de cobertura das importações pelas exportações.
O
saldo da balança aumentou sustentadamente entre 2023 e 2023, estabilizando em
2024 com 1,7 mil milhões de Euros.
O
peso dos PALOP no Comércio Internacional global de Portugal desceu de 1,4% em
2020 para 0,3% em 2024 na Importação e de 3,1% para 2,6% na Exportação.
2.2–
Importação
As posições pautais a oito dígitos da Nomenclatura
Combinada (NC-8) foram aqui agregadas, nas duas vertentes comerciais, em 11
grupos de produtos (ver Anexo).
A
importação portuguesa com origem no conjunto dos cinco PALOP tem como forte componente o grupo “Energéticos”,
centrado em Angola e constituído por óleos brutos do petróleo, que representou
52,7% do Total em 2024 (73,3% em 2023).
Seguiu-se
o grupo “Agro-alimenares” com 27,9% do Total (14,3% no ano
anterior).
Com
pesos inferiores, alinharam-se depois os grupos Têxteis e vestuário”
(5,0% e 2,1% em 2023), “Madeira, cortiça e papel” (4,2% e 4,1%), “Minérios
e metais” (3,6% e 2,5%), “Produtos acabados diversos” (2,8%
e 0,9%), “Calçado, Peles e couros”
(2,0% e 0,9%), “Máquinas, aparelhos e partes” (1,2% e 1,6%), “Material
de transporte terrestre e partes” (0,3% e 0,2%), “Aeronaves,
embarcações e partes” (1,0% e nulo em 2023) e “Químicos” (0,1%
nos dois anos).
No
quadro seguinte constam as principais importações por Capítulos da Nomenclatura
(NC2/SH2) efectuadas em 2024 e os correspondentes valores em 2023.
2.3
– Exportação
Na
Exportação, bem mais diversificada, destacaram-se em 2024 os grupos de produtos
“Máquinas, aparelhos e partes” (23,7% e 26,6% em 2023), “Agro-alimentares”
(23,0% e 22,0%) e “Químicos” (16,7% e 15,5%).
Seguiram-se,
entre os principais, os grupos “Minérios e metais” (11,2% e 10,5%),
“Produtos acabados diversos” (9,0%
e 9,6%) e “Energéticos” (6,9% e 5,8%).
Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel” (3,4% e 3,6%), “Material de transporte terrestre e partes” (2,7% e 3,0%), “Têxteis e vestuário” (2,2% nos dois anos), “Calçado, peles e couros” (0,6% em ambos os anos) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,5% nos dois anos).
No
quadro seguinte constam as principais exportações por Capítulos da Nomenclatura
(NC2/SH2) efectuadas em 2024 e correspondentes valores em 2023.
2.4
– Balança Comercial de Portugal com cada um dos PALOP
No
quadro seguinte consta a Balança Comercial de Portugal com cada um dos PALOP no
período 2020-2024.
Segue-se
uma análise da evolução das importações e das exportações de Portugal com cada
um dos países componentes, no período 2020-2024.
3 -
Angola
3.1
- Balança Comercial
Em
2024, face ao ano anterior, as importações registaram uma descida de -64,7% e
as exportações uma quebra de -18,4%, com o saldo da balança a decrescer ‑5,7%.
3.2
– Importação
A
principal importação portuguesa com origem em Angola incide no grupo de
produtos “Energéticos”, essencialmente constituída por petróleo
bruto, tendo representado 73,6% do Total em 2024, contra 85,8% em 2023.
Seguiu-se
o grupo “Agro-alimentares” (17,8% e 8,8% no ano anterior) e, com pesos
inferiores, alinharam-se depois os grupos “Minérios e metais” (2,7%
e 2,2%), “Madeira, cortiça e papel” (2,3% e 1,0%), “Produtos
acabados diversos” (2,3% e 0,6%), “Máquinas, aparelhos e partes”
(0,8% e 1,4%) e “Material de transporte terrestre” (0,2% e 0,1%).
Foram paticamente nulas, ou mesmo nulas, as importações dos grupos de produtos ”Têxteis e vestuário” “Aeronaves, embarcações e partes”, “Químicos” e “Calçado, peles e couros”.
3.3
– Exportação
As
principais exportações portuguesas com destino a Angola em 2024 couberam aos
grupos de produtos “Máquinas, aparelhos e partes” (28,5% e 33,0%
no ano anterior), “Agro-alimentares” (19,7% e 17,6%) e “Químicos”
(17,6% e 15,8%).
Seguiram-se,
entre os principais, os grupos “Minérios e metais” (11,9%
e 10,8%) e “Produtos acabados
diversos” (10,0% e 11,0%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Madeira, cortiça e papel”
(3,3% e 3,1%), “Material de transporte terrestre e partes” (3,2%
e 3,6%), “Energéticos” (2,5% e 1,5%), “Têxteis e vestuário”
(2,2% em cada um dos anos), “Calçado, peles e couros” (0,6% nos dois
anos) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,6% e 0,8%).
4 –
Cabo Verde
4.1
- Balança Comercial
Em 2024
as importações portuguesas com origem em Cabo Verde (10,5 milhões de Euros)
ocuparam a terceira posição no conjunto dos PALOP, depois de Angola e
Moçambique, com 7,9% do Total, tendo registado um pequeno acréscimo face ao ano
anterior (+0,2%).
Por
sua vez, as exportações (392,1 milhões de Euros) ocuparam a segunda posição no
conjunto dos PALOP, depois de Angola (21,5% do Total), o que representou um
aumento de +8,8% face ao ano anterior.
A
Balança Comercial de mercadorias, favorável a Portugal, registou em 2024 um
saldo posiivo de +381,6 milhões de Euros, o que correspondeu um acréscimo de +
9,0% face ao saldo do ano anterior.
4.2
– Importação
Em
2024 as principais importações portuguesas com origem em Cabo Verde incidiram
nos grupos de produtos “Têxteis e vestuário” (51,1% do Total e
49,3% em 2023), “Calçado, peles e couros” (25,3% e 28,1%) e “Produtos
acabados diversos” (11,9% e 10,5%). Seguiram-se os grupos “Agro-alimentares”
(4,0% e 3,2%), “Minérios e metais” (2,8% e 1,8%),
“Máquinas, aparelhos e partes” (2,6% e 4,4%), “Energéticos”
(1,1% e 1,4%) e “Material de transporte terrestre e partes” (0,9%
e 0,7%). Com pesos inferiores alinharam-se os grupos “Aeronaves,
embarcações e partes” (0,2% e 0,3%), “Madeira, cortiça e papel”
(0,1% em cada ano) e “Químicos” (também 0,1% em ambos os anos).
Na
figura seguinte relacionam-se os principais produtos transaccionados, por
Capítulos da Nomenclatura (NC2/SH2).
4.3
– Exportação
Em
2024 as principais exportações couberam ao grupo “Agro-alimentares” (28,2%
e 31,6%), “Químicos” (14,4% e 13,7%), “Minérios e metais”
(14,2% e 13,8%), “Máquinas, aparelhos e partes” (13,8% e 12,6%) e
“Energéticos” (10,7% e 9,3%).
Seguiram-se
os grupos “Produtos acabados diversos” (8,3% e 8,1%), “Madeira,
cortiça e papel” (4,5% e 5,3%), “Têxteis e vestuário” (2,8%
e 2,5%) e “Material de transporte terrestre e partes” (2,1% e
2,3%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Calçado, peles e couros” (0,6% nos
dois anos) e “Aeronaves, embarcações e partes” (0,2% em ambos os
anos).
5 –
Guiné-Bissau
5.1
- Balança Comercial
A Balança Comercial de mercadorias, favorável a Portugal, com elevadíssimos graus de cobertura ao longo do último quinquénio, registou em 2024 um saldo posiivo de +121,3 milhões de Euros, a que correspondeu um decréscimo de -4,6% face ao saldo do ano anterior.
As
importações cifraram-se em escassos 358 mil Euros, contra 211 mil euros no ano
anterior Por sua vez, as exportações situaram-se em 121,7 milhões de Euros (-4,5%
face ao ano anterior).
5.2
– Importação
Em
2024 a principais importações incidiram nos grupos “Agro-alimentares”
(58,1% e 31,6% em 2023) e “Máquinas,
aparelhos e partes” (28,8% e 53,1%).
Seguiram-se
os grupos “Material de transporte terrestre e partes” (7,7% e
7,5%), “Madeira, cortiça e papel” (2,7% e 7,6%), “Químicos”
(2,0% e nulo em 2023), “Minérios e metais” (0,7% e nulo em 2023)
e “Produtos acabados diversos” (0,1% e 0,2%)
Com
importações nulas nos dois anos alinharam-se depois os grupos “Energéticos”,
“Têxteis e vestuário”, “Calçado, peles e couros” e “Aeronaves,
embarcações e partes”.
5.3
– Exportação
Em 2024
o principal grupo de produtos nas exportações para a Guiné-Bissau foi “Energéticos”
(45,3% e 48,9% em 2023) e “Agro-alimentares” (31,5% e 30,9%).
Com
pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Produtos acabados
diversos” (6,1% e 4,8 %), “Máquinas, aparelhos e partes”
(5,6% e 5,2%), “Químicos” (4,5% e 3,6%), “Minérios e
metais” (2,6% e 3,4%), “Material de transporte terrestre e
partes” (1,8% e 1,4%), “Madeira cortiça e papel” (1,1%
e 0,8%), “Aeronaves, embarcações e partes” (0,7% e exportação nula
em 2023), “Têxteis e vestuário” (0,7% e 0,9%) e “Calçado,
peles e couros” (0,1% nos dois anos).
6
– Moçambique
6.1
- Balança Comercial
A Balança Comercial de mercadorias de Portugal com
Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos, com
elevados graus de cobertura das importações pelas exportações. O saldo da Balança
oscilou entre um mínimo de 154 milhões de Euros em 2021 e um máximo de 190
milhões em 2024.
6.2
- Importação
Pouco diversificadas, em
2024 as importações portuguesas de mercadorias com origem em Moçambique
centraram-se no grupo de produtos “Agro-alimentares” (72,9% do Total e 59,9%
em 2023. Seguiram-se “Madeira, cortiça e papel” (12,7% e 28,8%), “Minérios e
metais”
(6,7% e 4,6%), “Têxteis e vestuário” (4,3% e 4,0%), “Máquinas,
aparelhos e partes” (1,8% nos dois anos) e “Produtos acabados diversos” (1,1% e 0,4%). Com pesos inferiores
alinharam-se depois os grupos “Químicos” (0,2% e 0,1%) e ”Material de transporte terrestre e partes” (0,2% e 0,3%), tendo
sido nulas nos dois anos as importações dos grupos “Calçado, peles e couros”, “Aeronaves,
embarcações e partes” e “Energéticos”.
6.3
- Exportação
Em 2024 os grupos de
produtos com maior peso nas exportações foram “Máquinas, aparelhos e partes” (30,5% e 27,9% em 2023),
“Químicos” (24,9%
e 24,7%) e “Agro-alimentares” (18,9% e 21,0%). Seguiram-se os
grupos “Minérios e metais” (8,4% e 8,1%), “Produtos
acabados diversos” (8,0% e 7,4%), e “Madeira. cortiça e papel”
(3,1% e 5,2%). Com pesos inferiores alinharam-se depois os grupos “Têxteis
e vestuário” (1,7% e 2,0%), “Material de transporte terrestre e
partes” (1,5% e 1,9%), “Energéticos” (1,4% e 0,6%), “Calçado,
peles e couros” (1,1% em ambos os anos) e “Aeronaves, embarcações
e partes” (0,6% e nula em 2023).
7 –
São Tomé e Príncipe
7.1
- Balança Comercial
As
importações portuguesas com origem em São Tomé e Príncipe após terem decrescido
de 2,6 milhões de Euros, em 2021, para 575 mil euros em 2023, aumentaram +60%
em 2024, situando-se em 919 mil Euros. Por sua vez as exportações, que em 2022
atingiram cerca de 66 milhões de Euros, decaindo para 50,9 milhões no ano
seguinte, registaram em 2024 um acréscimo de +21,5%, situando-se em 61,8
milhões de Euros.
7.2
- Importação
Em
2024 as principais importações portuguesas com origem em São Tomé e Príncipe
incidiram nos grupos “Agro-alimentares” (58,1% e 33,2% no ano
anterior) e “Minérios e metais” (26,6% e 49,6%).
Seguiram-se os grupos “Têxteis e
vestuário” (14,2% e importação nula em 2023), e “Máquinas, aparelhos e partes”
(1,0% e 9,1%) e “Produtos acabados diversos” (0,1% e 0,3%).
Foram
nulas em 2024 as importações dos restantes grupos de produtos.
7.3
- Exportação
Em
2024 as principais exportações portuguesas para São Tomé e Príncipe couberam ao
grupo de produtos “Agro-alimentares” (44,2% e 46,2% em
2023), seguido dos grupos “Máquinas,
aparelhos e partes” (19,9% e 15,2%) e “Químicos” (11,7% e
12,7%).
Alinharam-se
depois os grupos “Produtos acabados diversos” (6,8% e 6,7%), “Minérios
e metais” (6,1% e 6,9%), “Material de transporte terrestre e
partes” (4,2% e 3,2%), “Madeira, cortiça e papel” (2,8% e
3,6%), “Têxteis e vestuário” (2,7% e 2,4%), “Energéticos”
(1,1% e 2,4%) e “Calçado, peles e couros” (0,5% em cada um dos
anos).
Em
2024 foram nulas as exportações do grupo “Aeronaves,
embarcações e partes”, que no ano anterior representara 0,1%
do Total.