quinta-feira, 27 de março de 2025

Evolução das exportações e importações de Produtos Industriais Transformados (2020-2024)

 

Evolução das exportações e importações
de Produtos Industriais Transformados
por níveis de intensidade tecnológica
(2020-2024)

                                        (disponível para download  >> aqui)                                         

1 - Introdução

A evolução do nível de intensidade tecnológica das exportações e importações de Produtos Industriais Transformados (PIT), com maior valor acrescentado do que os restantes, tem um reflexo directo na balança comercial de mercadorias, sendo na exportação um importante indicador de desenvolvimento industrial.

Pretende-se neste trabalho analisar a evolução do comércio internacional português destes produtos a partir de dados de base de fonte “Instituto Nacional de Estatística” (INE) para os anos de 2020 a 2023, em versões já definitivas e de 2024 em versão preliminar, com última actualização em 12 de Março de 2025.

Os níveis de intensidade tecnológica considerados são os propostos pela OCDE, definidos com base na Revisão-3 da International Standard  Industrial Classification(ISIC Rev.3: Alta tecnologia - 2423, 30, 32 33, 353; Média-alta tecnologia - 24 excl.2423, 29, 31, 34, 352, 359; Média-baixa tecnologia - 23, 25 a 28, 351 e Baixa tecnologia - 15 a 22, 36 e 37).

A partir da tabela correspondente ao ano de 2007, com recurso à “Classificação Tipo do Comércio Internacional” da ONU (CTCI/SITC Rev.3) e à “Nomenclatura Combinada” a oito dígitos em uso na União Europeia (NC-8), tomando-se em consideração as sucessivas alterações pautais anuais, foi construída uma tabela em NC-8 abrangendo o período de 2007 a 2024.

2 – Balança comercial de Produtos Industriais Transformados                    por níveis de intensidade tecnológica (2020-2024)

Ao longo do período de 2020 a 2024, o saldo (Fob-Cif) da balança comercial anual portuguesa de “Produtos Industriais Transformados” foi negativo, tendo-se verificado um acréscimo sustentado do défice, de -8,2 mil milhões de Euros para -18,2 mil milhões.


No período em análise foi negativo o saldo da Balança Comercial dos produtos de Alta e de Média-alta tecnologia, não suficientemente compensado pelos saldos positivos verificados nos produtos de Média-baixa e de Baixa tecnologia, com um quota no conjunto muito inferior.


3 – Exportação de Produtos Industriais Transformados,                              por níveis de intensidade tecnológica (2020-2024)

Em 2020 o peso dos Produtos Industriais Transformados na exportação global situou-se em 94,1%, tendo decrescido para 93,3% em 2021. A partir de então aumentou sucessivamente, atingindo 93,7% em 2024.

Em 2024, o maior peso entre os níveis de intensidade tecnológica incidiu na Baixa tecnologia (33,2% e 33,0% em 2023), seguida da Média-alta tecnologia (28,8% e 30,5%), da Média-baixa tecnologia (24,1% e 23,9%) e da Alta tecnologia (13,9% e 12,5%).

O peso dos produtos de Alta tecnologia no total das exportações de Produtos Industriais Transformados, que decaíra de 11,5%, em 2020, para 9,9 em 2021, recuperou sucessivamente nos anos seguintes, atingindo 13,9% em 2024.

Aqui se enquadram, por ordem decrescente do seu peso em 2024, os “Produtos farmacêuticos” (34,8% do total deste nível), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (30,8%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão” (26,7%), a “Aeronáutica e aeroespacial” (4,2%) e o “Equipamento de escritório e computação” (3,5%).

O peso dos produtos de Média-alta tecnologia, que em 2020 e 2021 havia atingido 31,9% do total dos Produtos Industriais Transformados, decresceu tendencialmente a partir de então, situando-se em 28,8% em 2024.

Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu valor em 2024, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (42,9% do total deste nível), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,6%), os “Produtos químicos excepto farmacêuticos” (17,6%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (14,2%) e o “Equipamento ferroviário e de transporte n.e.” (3,7%).

Por sua vez, o peso do conjunto dos produtos de Média-baixa tecnologia, após uma subida de 21,8%, em 2020, para 25,8%, em 2022, reduziu-se nos anos seguintes, situando-se em 24,1% do Total em 2024. Incluem-se aqui, por ordem decrescente do seu peso em 2024, os “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustíveis nucleares” (26,6% deste nível), “Produtos da borracha e do plástico” (24,7%), “Fabrico de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (19,7%), “Metalurgia de base” (14,7%), “Produtos minerais não metálicos” (13,7%) e “Construção e reparação naval” (0,7%).

Por fim, nos produtos de Baixa tecnologia, assistiu-se a uma desaceleração do seu peso no período em análise, de 34,9%, em 2020, para 33,2%, em 2024. Incluem-se a este nível os “Produtos alimentares, bebidas e tabaco” (36,9% em 2024), os “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (31,6%), a “Pasta, papel, cartão e publicações” (13,8%), “Manufacturas n.e. e reciclagem” (10,2%) e a “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (7,6%).

Ao longo do período de 2020 a 2024 cresceu significativamente o ritmo de crescimento nominal das exportações de Produtos Industriais Transformados, com destaque para os produtos de Alta tecnologia e de Média-baixa tecnologia.


3.1 –Partição das exportações entre espaço Intra e Extra UE-27                  em 2023 e 2024

As exportações de Produtos Industriais Transformados têm a União Europeia por principal destino (70,3% em 2024 e 69,3% em 2023).

No período em análise, o maior peso do espaço Intra-UE nas exportações de Produtos Industriais Transformados coube ao nível de Média-alta tecnologia (75,4% em 2024 e 74,8% em 2023).

Seguiu-se a Baixa tecnologia (71,5% e 70,7%), a Alta tecnologia (68,8% e 63,7%) e a Média-baixa tecnologia (63,3% em cada um dos anos).


4 – Importação de Produtos Industriais Transformados,                              por níveis de intensidade tecnológica (2019-2023)

O peso dos Produtos Industriais Transformados na importação global portuguesa, que em 2020 atingira 86,3%, decaiu para 81,3% em 2022, recuperando o crescimento nos dois anos seguintes, atingindo 86,1% em 2024.

Em 2024, o maior peso entre os níveis de intensidade tecnológica da importação incidiu na Média-alta tecnologia (38,4% e 38,5% em 2023), seguida da Baixa tecnologia (26,1% e 25,7%), da Alta tecnologia (18,1% e 17,2%) e da Média-baixa tecnologia (17,4% e 18,6%). 


O peso dos produtos de Alta tecnologia no total das importações de Produtos Industriais Transformados, que em 2020 representava 18,6%, desceu sucessivamente até 2022, quando atingiu 17,1%, para subir até 18,1% em 2024.

 Aqui se enquadram, em 2024, por ordem decrescente do seu peso, os “Produtos farmacêuticos” (32,4% do total deste nível), o “Equipamento de rádio, TV e comunicações” (30,5%), os “Instrumentos médicos, ópticos e de precisão” (18,6%), o “Equipamento de escritório e computação” (11,3%) e os produtos da área “Aeronáutica e aeroespacial” (7,2%).

O peso dos produtos de Média-alta tecnologia, que em 2020 representaram 38,7% do total dos Produtos Industriais Transformados, decresceu sucessivamente até 2022 (36,9%), situando-se em 38,5% em 2023 e 38,4% em 2024.

Aqui se englobam, por ordem decrescente do seu valor em 2024, os “Veículos a motor, reboques e semi-reboques” (36,5% do total deste nível), os “Produtos químicos excepto farmacêuticos” (29,5%), as “Máquinas e equipamentos n.e., principalmente não eléctricos” (21,2%), as “Máquinas e aparelhos eléctricos n.e.” (10,7%) e o “Equipamento ferroviário e de transporte n.e.” (2,0%).

Por sua vez, o peso dos produtos de Média-baixa tecnologia, que aumentara de 16,4%, em 2020, para 20,6%, em 2022, decaiu a partir de então, até 17,4% em 2024.

Inclui-se aqui “Metalurgia de base” (33,4% do total deste nível), “Produtos da borracha e do plástico” (20,8%), “Refinados de petróleo, petroquímicos e combustíveis nucleares” (18,4%), “Fabrico de produtos metálicos, excluindo máquinas e equipamentos” (17,6%), “Produtos minerais não metálicos” (9,2%) e “Construção e reparação naval” (0,6%).

Os produtos de Baixa tecnologia, após uma queda do seu peso de 26,3%, em 2020, para 24,9%, em 2021, viram o seu peso aumentar sustentadamente até 2024, atingindo 26,1%.

Incluem-se aqui “Produtos alimentares, bebidas e tabaco” (48,9%), “Têxteis, vestuário, couros e calçado” (29,0%), “Manufacturas n.e. e reciclagem” (10,0%), “Pasta, papel, cartão e publicações” (8,2%) e “Madeira e produtos da madeira e cortiça” (3,9%).

Em 2024, face a 2020, cresceu significativamente o ritmo das importações nominais de Produtos Industriais Transformados.


4.1 –Partição das importações entre espaço Intra e Extra UE-27                  em 2023 e 2024

As importações de Produtos Industriais Transformados têm a União Europeia por principal origem (80,9% em 2024 e 80,6% em 2023). Em 2024, o maior peso nas importações de Produtos Industriais Transformados, no âmbito do espaço Intra-UE, por níveis de intensidade tecnológica, coube aos produtos de Média-alta tecnologia (83,6% nos dois anos) e de Baixa tecnologia (82,4% e 82,9% em 2023). Seguiu-se a Alta tecnologia (76,8% e 75,7%) e a Média-baixa tecnologia (76,7% e 76,0%). 



Alcochete, 27 de Março de 2025.


Sem comentários:

Enviar um comentário