domingo, 23 de março de 2025

Comércio Internacional da Pesca (2023-2024)

 

Comércio Internacional da pesca,
preparações, conservas e outros
produtos do mar
(2023-2024)

(Disponível para download >>> aqui )


 1 - Introdução

Portugal, detentor de uma das maiores “Zonas Económicas Exclusivas” (ZEE) a nível europeu e mundial, mantém, no âmbito da “Pesca, preparações, conservas e outros produtos do mar” uma balança comercial deficitária, com as importações (Fob) a representarem cerca do dobro do valor das exportações (Fob).

O peso destes produtos, no contexto do comércio global, foi tendencialmente decrescente ao longo dos últimos cinco anos do lado das importações (de 2,8%, em 2020, para 2,5%, em 2024), e tendencialmente crescente no âmbito das exportações (de 1,7% para 1,8%).

Neste trabalho vai-se analisar a evolução das importações e das exportações anuais destes produtos em 2024 (versão preliminar), face a 2023 (versão definitiva), a partir de dados de base divulgados no portal do ‘Instituto Nacional de Estatística’ (INE), com última actualização em 2 de Março de 2025.

2 – Balança Comercial

Em 2023 e 2024 a Balança Comercial destes produtos do mar foi deficitária, com défices (Fob-Cif) respectivamente de -1238 milhões e -1283 milhões de Euros.

Em 2024 as importações cresceram em valor +5,0% e as exportações +6,3%, tendo a défice aumentado +3,6%. O grau de cobertura das importações pelas exportações subiu de 52,0% para 52,6%.

Entre os agregados de produtos aqui considerados destacam-se o “Peixe”, os “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e moluscos”, que representaram 97,9% do total das importações e 98,8% do total das exportações em 2024.

Na figura seguinte pode observar-se a Balança Comercial das sete componentes em que foram agregados os produtos em análise.


Como se pode observar, “Preparações e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” foi a única componente em que o saldo da Balança Comercial foi positivo em cada um dos anos em análise, +33,5 milhões de Euros em 2023 e +54,4 milhões em 2024.

Os maiores défices incidiram nas componentes “Peixe” (-998 milhões de Euros em 2023 e ‑1032 milhões em 2022) e “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (respectivamente -258 milhões e -267 milhões de Euros).

Apresentam-se em Anexo quadros e gráficos com a Balança Comercial da desagregação de cada uma das componentes por produtos a 4 ou 6 dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação das quantidades transaccionadas.

3 – Importação

Em 2024 as importações deste conjunto de produtos cresceram +5,0% face ao ano anterior (+129,4 milhões de Euros) tendo o maior acréscimo cabido à componente “Peixe” (+5,2%, +85,0 milhões), seguida de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+3,7%, +22,5 milhões) e “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e moluscos” (+7,4%, +22,1 milhões de Euros.)

 Nas importações de “Peixe” assumem relevância as de bacalhau, nos seus diversos estados, que serão mais adiante abordadas com algum pormenor.


3.1 – Mercados de Origem

Em 2023 o principal mercado de origem das importações destes produtos foi a Espanha (43,8% do Total), seguida dos Países Baixos (10,0%) e da Suécia (8,0%).

Alinharam-se depois a China (3,8%), a Dinamarca (3,6%), o Equador (3,1%), a Noruega (3,1%), a Federação Russa (2,9%), a Índia (1,7%), a Alemanha (1,6%), a França (1,6%), Marrocos (1,2%), a África do Sul (1,1%), o Vietname (1,1%), a Grécia (0,9%), Turquia (0,8%), a Itália (0,8%), a Mauritânia (0,8%), o Chile (0,7%) e a Namíbia (0,6%).   

Este conjunto de países representou 91,1% do Total das importações dos produtos do mar em 2024 (91,0% em 2023).

4 – Exportação

Em 2024 as exportações cresceram em valor +6,3% face ao ano anterior (+84,4 milhões de Euros), tendo ocorrido acréscimos nas componentes “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e moluscos” (+43,0 milhões de Euros), “Peixe” (+31,4 milhões) e “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+14,4 milhões).

Seguiram-se, com decréscimos em valor, as exportações de “Farinhas e outros produtos da pesca” (-3,1 milhões de Euros), “Gorduras e óleos de peixe de mamíferos aquáticos” (-790 mil Euros), “Sal, águas-mãe de salinas e algas” (-340 mil Euros) e “Extractos e sucos de carnes”, de peixe, crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos (-331 mil Euros).


4.1 – Mercados de Destino

Mais de 80% das exportações destes produtos tiveram por destino em 2024 a União Europeia, com destaque para a Espanha (55,3% do Total), França (10,3%), Itália (9,1%) e Brasil (6,1%).

Seguiram-se, entre os principais países de destino os EUA (2,3%), o Reino Unido (1,7%), a China (1,6%), a Suíça (1,3%), a Alemanha e os Países Baixos (1,2% cada), a Bélgica (1,1%),  Áustria e o Canadá (0,9% cada) e Angola (0,8%).


5 – Importação e exportação de sardinha

Face à acentuada redução da espécie ao longo dos últimos anos em zonas em que operam habitualmente os pescadores portugueses e espanhois, existem limitações anuais impostas à pesca da sardinha, importante para o sector português da exportação de conservas, tendo mesmo havido um parecer científico do “Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES)” que aconselhava a sua proibição.


Em 2024 aumentou a importação de “Sardinha fresca, refrigerada ou congelada” (+10,4% em valor e +6,7% em quantidade) e aumentou a sua exportação (+19,3% e +32,9%, respectivamente). O valor médio por quilo subiu de 1,5 para 1,6 Euros na importação e desceu de 1,5 para 1,4 Euros na exportação. Os principais fornecedores foram a Espanha (78,5%), Marrocos (8,6%) e a França (7,5%). Os principais mercados de destino foram a Espanha (54,2%), a França (23,3%), o Canadá (5,3%), os EUA (4,1%) e a Alemanha (2,9%). 


Em 2024 aumentou a importação de “Conservas de sardinha” (+58,7%), cifrando-se em 6,2 milhões de Euros, com o valor médio por quilo a subir de 3,8 para 5,7 Euros.

A exportação, num valor de 83,4 milhões de Euros, aumentou +20,1% face a 2023, com o valor médio por quilo a subir de 6,5 para 7,0 Euros.


Em 2024 os principais mercados de origem foram a Espanha (52,5%), os Países Baixos (24,3%) e Marrocos (21,2%).

Os principais destinos foram a França (37,7%), o Reino Unido/Irl.NT (18,2%), os EUA (8,9%),  a Espanha (6,0%) e a Áustria (5,3%).

Seguiram-se a Bélgica (4,0%), os Países Baixos (3,2%), a Suíça (1,8%), a Alemanha (1,7%), Hong-Kong (1,5%), Macau (1,1%), o Brasil (1,1%), a Austrália (0,9%), o Canadá (0,9%), Israel, Colômbia e Itália (0,7% cada), a Finlândia e Angola (0,6% cada), a África do Sul (0,5%), a Dinamarca (0,4%) e a Suécia (0,3%).


6 – Importação e exportação de bacalhau

Em 2024 o bacalhau pesou 26,4% no total das importações dos produtos do mar (igual ao ano anterior) e 12,8% no total das exportações (12,7% em 2023).


O bacalhau ocupa uma posição importante na alimentação dos portugueses, tendo nos últimos dois anos o peso das importações sido cerca de quatro vezes superior ao das exportações.


Em 2024, face ao ano anterior, a importação de bacalhau aumentou +5,1% em valor e a exportação aumentou +7,3%. O valor médio por quilo da importação subiu de 7,1 para 7,9 Euros e o da exportação subiu de 9,0 para 10,0 Euros.


Entre os vários tipos de bacalhau destaca-se, nas importações, o “Seco, salgado, em salmoura ou fumado” (67,3% em 2024) e o “Congelado excluindo filetes” (21,5%).

Nas exportações predominaram, em 2024, o bacalhau “Congelado excluindo filetes” (43,8%), os “Filetes em qualquer estado” (21,3%) e o “Seco, salgado, em salmoura ou fumado” (20,9%).

Em 2024 os principais mercados de origem das importações de bacalhau foram os Países Baixos (30,1% do Total), a Suécia (25,7%), a Noruega (11,2%) e a Federação Russa (10,9%). 

Seguiram-se, entre os principais, a Espanha (7,2%), a Dinamarca (6,0%), a China (3,7%), a Lituânia (1,5%), os EUA (1,3%) e a Gronelândia (0,8%), conjunto de países que representaram 98,4% do Total.

Os principais países de destino foram o Brasil (37,4%), a Espanha (30,3%) e a França (11,7%).

Seguiram-se a Itália (3,3%), a Suíça (3,0%), os EUA (2,6%), Angola (2,3%), a Bélgica (2,0%), o Luxemburgo (1,5%) e o Reino Unido/ Irl.NT (1,1%), países que representaram 95,2% do Total.



Segue-se, em Anexo, em quadros e gráficos, a Balança Comercial da desagregação de cada uma das componentes por produtos a 4 ou 6 dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação das quantidades transaccionadas.


ANEXO




























Alcochete, 23 de Março de 2025.




Sem comentários:

Enviar um comentário