Comércio Internacional da pesca,
preparações, conservas e outros
produtos do mar
(2023-2024)
(Disponível para download >>> aqui )
Portugal, detentor
de uma das maiores “Zonas Económicas Exclusivas” (ZEE) a nível europeu e
mundial, mantém, no âmbito da “Pesca, preparações, conservas e outros
produtos do mar” uma balança comercial deficitária, com as importações
(Fob) a representarem cerca do dobro do valor das exportações (Fob).
O peso destes produtos,
no contexto do comércio global, foi tendencialmente decrescente ao longo dos
últimos cinco anos do lado das importações (de 2,8%, em 2020, para 2,5%, em 2024),
e tendencialmente crescente no âmbito das exportações (de 1,7% para 1,8%).
Neste trabalho
vai-se analisar a evolução das importações e das exportações anuais destes
produtos em 2024 (versão preliminar), face a 2023 (versão definitiva), a partir de
dados de base divulgados no portal do ‘Instituto Nacional de Estatística’
(INE), com última actualização em 2 de Março de 2025.
2 – Balança
Comercial
Em 2023 e 2024 a Balança
Comercial destes produtos do mar foi deficitária, com défices (Fob-Cif)
respectivamente de -1238 milhões e -1283 milhões de Euros.
Em 2024 as importações
cresceram em valor +5,0% e as exportações +6,3%, tendo a défice aumentado +3,6%.
O grau de cobertura das importações pelas exportações subiu de 52,0% para 52,6%.
Entre os agregados de
produtos aqui considerados destacam-se o “Peixe”, os “Crustáceos,
moluscos e outros invertebrados aquáticos” e as “Preparações e conservas
de peixe, de crustáceos e moluscos”, que representaram 97,9% do total das
importações e 98,8% do total das exportações em 2024.
Na figura seguinte pode
observar-se a Balança Comercial das sete componentes em que foram agregados os
produtos em análise.
Como se pode observar, “Preparações
e conservas de peixe, crustáceos e moluscos” foi a única componente em que
o saldo da Balança Comercial foi positivo em cada um dos anos em análise, +33,5
milhões de Euros em 2023 e +54,4 milhões em 2024.
Os maiores défices
incidiram nas componentes “Peixe” (-998 milhões de Euros em 2023 e ‑1032
milhões em 2022) e “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”
(respectivamente -258 milhões e -267 milhões de Euros).
Apresentam-se em Anexo
quadros e gráficos com a Balança Comercial da desagregação de cada uma das componentes
por produtos a 4 ou 6 dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação das
quantidades transaccionadas.
3 –
Importação
Em 2024 as importações deste
conjunto de produtos cresceram +5,0% face ao ano anterior (+129,4 milhões de
Euros) tendo o maior acréscimo cabido à componente “Peixe” (+5,2%, +85,0
milhões), seguida de “Crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos”
(+3,7%, +22,5 milhões) e “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e
moluscos” (+7,4%, +22,1 milhões de Euros.)
Nas importações de “Peixe” assumem relevância
as de bacalhau, nos seus diversos estados, que serão mais adiante abordadas com
algum pormenor.
3.1 – Mercados
de Origem
Em 2023 o principal
mercado de origem das importações destes produtos foi a Espanha (43,8% do
Total), seguida dos Países Baixos (10,0%) e da Suécia (8,0%).
Alinharam-se depois a China
(3,8%), a Dinamarca (3,6%), o Equador
(3,1%), a Noruega (3,1%), a Federação Russa (2,9%), a Índia (1,7%), a Alemanha
(1,6%), a França (1,6%), Marrocos (1,2%), a África do Sul (1,1%), o Vietname
(1,1%), a Grécia (0,9%), Turquia (0,8%), a Itália (0,8%), a Mauritânia (0,8%),
o Chile (0,7%) e a Namíbia (0,6%).
Este conjunto de países
representou 91,1% do Total das importações dos produtos do mar em 2024 (91,0%
em 2023).
4 – Exportação
Em 2024 as exportações
cresceram em valor +6,3% face ao ano anterior (+84,4 milhões de Euros), tendo ocorrido
acréscimos nas componentes “Preparações e conservas de peixe, de crustáceos e
moluscos” (+43,0 milhões de Euros), “Peixe” (+31,4 milhões) e “Crustáceos,
moluscos e outros invertebrados aquáticos” (+14,4 milhões).
Seguiram-se, com
decréscimos em valor, as exportações de “Farinhas e outros produtos da pesca” (-3,1
milhões de Euros), “Gorduras e óleos de peixe de mamíferos
aquáticos” (-790 mil Euros), “Sal, águas-mãe de salinas e algas”
(-340 mil Euros) e “Extractos e sucos de carnes”, de peixe,
crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos (-331 mil Euros).
4.1 –
Mercados de Destino
Mais de 80% das
exportações destes produtos tiveram por destino em 2024 a União Europeia, com
destaque para a Espanha (55,3% do Total), França (10,3%), Itália (9,1%) e
Brasil (6,1%).
Seguiram-se, entre os
principais países de destino os EUA (2,3%), o Reino Unido (1,7%), a China (1,6%),
a Suíça (1,3%), a Alemanha e os Países Baixos (1,2% cada), a Bélgica (1,1%), Áustria e o Canadá (0,9% cada) e Angola (0,8%).
5 –
Importação e exportação de sardinha
Face à acentuada redução
da espécie ao longo dos últimos anos em zonas em que operam habitualmente os pescadores
portugueses e espanhois, existem limitações anuais impostas à pesca da
sardinha, importante para o sector português da exportação de conservas, tendo
mesmo havido um parecer científico do “Conselho Internacional para a
Exploração do Mar (ICES)” que aconselhava a sua proibição.
Em 2024 aumentou a
importação de “Sardinha fresca, refrigerada ou congelada” (+10,4% em valor e +6,7%
em quantidade) e aumentou a sua exportação (+19,3% e +32,9%, respectivamente).
O valor médio por quilo subiu de 1,5 para 1,6 Euros na importação e desceu de
1,5 para 1,4 Euros na exportação. Os principais fornecedores foram a Espanha (78,5%),
Marrocos (8,6%) e a França (7,5%). Os principais mercados de destino foram a
Espanha (54,2%), a França (23,3%), o Canadá (5,3%), os EUA (4,1%) e a Alemanha
(2,9%).
Em 2024 aumentou a
importação de “Conservas de sardinha” (+58,7%), cifrando-se em
6,2 milhões de Euros, com o valor médio por quilo a subir de 3,8 para 5,7
Euros.
A exportação, num valor
de 83,4 milhões de Euros, aumentou +20,1% face a 2023, com o valor médio por
quilo a subir de 6,5 para 7,0 Euros.
Em 2024 os principais
mercados de origem foram a Espanha (52,5%), os Países Baixos (24,3%) e Marrocos
(21,2%).
Os principais destinos
foram a França (37,7%), o Reino Unido/Irl.NT (18,2%), os EUA (8,9%), a Espanha (6,0%) e a Áustria (5,3%).
Seguiram-se a Bélgica (4,0%),
os Países Baixos (3,2%), a Suíça (1,8%),
a Alemanha (1,7%), Hong-Kong (1,5%), Macau (1,1%), o Brasil (1,1%), a Austrália
(0,9%), o Canadá (0,9%), Israel, Colômbia e Itália (0,7% cada), a Finlândia e
Angola (0,6% cada), a África do Sul (0,5%), a Dinamarca (0,4%) e a Suécia
(0,3%).
6 –
Importação e exportação de bacalhau
Em 2024 o bacalhau pesou 26,4%
no total das importações dos produtos do mar (igual ao ano anterior) e 12,8%
no total das exportações (12,7% em 2023).
O bacalhau ocupa uma posição importante na alimentação dos portugueses, tendo nos últimos dois anos o peso das importações sido cerca de quatro vezes superior ao das exportações.
Em 2024, face ao ano
anterior, a importação de bacalhau aumentou +5,1% em valor e a exportação aumentou
+7,3%. O valor médio por quilo da importação subiu de 7,1 para 7,9 Euros e o da
exportação subiu de 9,0 para 10,0 Euros.
Entre os vários tipos de
bacalhau destaca-se, nas importações, o “Seco, salgado, em salmoura ou
fumado” (67,3% em 2024) e o “Congelado excluindo filetes” (21,5%).
Nas exportações
predominaram, em 2024, o bacalhau “Congelado excluindo filetes” (43,8%),
os “Filetes em qualquer estado” (21,3%) e o “Seco, salgado, em
salmoura ou fumado” (20,9%).
Em 2024 os principais mercados de origem das importações de bacalhau foram os Países Baixos (30,1% do Total), a Suécia (25,7%), a Noruega (11,2%) e a Federação Russa (10,9%).
Seguiram-se,
entre os principais, a Espanha (7,2%), a Dinamarca (6,0%), a China (3,7%), a
Lituânia (1,5%), os EUA (1,3%) e a Gronelândia (0,8%), conjunto de países que
representaram 98,4% do Total.
Os principais países de
destino foram o Brasil (37,4%), a Espanha (30,3%) e a França (11,7%).
Seguiram-se a Itália (3,3%),
a Suíça (3,0%), os EUA (2,6%), Angola (2,3%), a Bélgica (2,0%), o Luxemburgo
(1,5%) e o Reino Unido/ Irl.NT (1,1%), países que representaram 95,2% do Total.
Segue-se, em Anexo, em quadros e gráficos,
a Balança Comercial da desagregação de cada uma das componentes por produtos a
4 ou 6 dígitos da Nomenclatura Combinada, com indicação das quantidades
transaccionadas.
ANEXO
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